Sabe, é muito difícil ser uma criança de meses e aparentar ter anos de idade! As pessoas nunca sabem como te tratar ao certo, ainda mais quando essas pessoas são pessoas de fora de sua casa!
E era nessa enrascada em que eu estava metida.
O vovô Carlisle estava preocupado com a vinda dos Volturi. Bem, todos estavam dizendo que eles viriam. E viriam atrás de mim, porque eles acreditavam que eu era uma criança transformada em vampira.
Bem, se eles não brigassem e não machucassem ninguém, eu poderia até ir até o moço que manda lá e falar para ele do meu dom, e que eu não sou vampira não, que eu nasci da minha mãe.
Papai poderia muito bem ter tirado alguma foto de quando mamãe estava grávida, assim ajudava com o nosso caso.
Mas não tirou.
Mamãe, na verdade, não gosta de tirar fotos. A tia Alice gosta, mas mamãe não... Hmm... Será que a titia Alice tirou alguma escondida?!
Bem, vou perguntar agora. Onde será que a tia está?!
Desci as escadas correndo para procurar por alguém. Ninguém estava dentro de casa. Ouvi uns burburinhos lá fora, e depois ouvi um grande estrondo. É, todos estão treinando!
Apareci na varanda, e fiquei sentadinha esperando que papai me desse atenção. Demorou um pouco para ele ser derrotado pelo titio Emmett em um duelinho aí, mas depois ele veio.
- Sim, Nessie.
Eu ia colocar minhas mãozinhas em seu rosto, mas então me lembrei que não era preciso.
Papai, eu estou sozinha!
- Eu sei, eu sei, mas é perigoso ficar aqui fora. Todos estão treinando, de alguma forma, e... Bem, você vê. São todos vampiros! Somos fortes, querida. É perigoso para você!
Mas eu não quero ficar sozinha!
- Mas aqui não pode ficar!
Fiz um biquinho, e cruzei os braços. Quem sabe fazendo isso dá certo. Eu vi isso na TV e deu certo.
- Nada de biquinho, Nessie!
Papai! Não quero ficar sozinha!
Fiquei emburrada. Papai era chato, e ele não estava querendo me deixar ficar com todo mundo.
Foi aí que a Tanya chegou.
- Por que esse biquinho emburrado, querida? O que aconteceu?!
Bem, com ela eu teria de ser mais direta. Coloquei minha mãozinha em sua bochecha, e lhe mostrei papai não me deixando ficar lá fora. Mostrei papai me empurrando de volta para dentro de casa e me prendendo com um monte de cadeados e correntes lá dentro.
Ela acabou rindo, mas, na verdade, não era para ela rir. Era a verdade. Papai não me queria lá fora e eu tinha certeza de que faltava bem pouco para que ele realmente me trancasse lá com cadeados e correntes.
- Cadeados e correntes não vão te parar, querida. Você é forte!
Nossa, eu sou?!
- Na verdade, nem tanto. Você ainda é pequena, e não conhece a sua força. É melhor ficar lá dentro.
Ah, não... Mas vou ficar sozinha!
- Você tem as bonecas e ursinhos no seu quarto. Não vai ficar sozinha!
- Bem, se o problema é ficar sozinha, então vai ficar um pouquinho com Alistair. Ele é um pouquinho antipático, mas tenho certeza de que ficará, pelo menos, alguns minutos com você de companhia.
Bem, eu achava que a Tanya estava pirando, e que ficar com Alistair não era legal. Até porque ele mesmo não gostou muito de mim desde o começo, mas... Quem sabe?!
Me levantei e saí andando.
- Qualquer coisa, pense, querida. Estarei aqui fora! – papai avisou.
Está bem. Como se eu precisasse de ajuda. A Tanya acabou de dizer que eu era forte. Não mais forte que os outros, os vampiros de verdade, mas eu também era forte. E eu era forte porque tinha toda a minha família aqui perto, então, qualquer coisa, era só chamar meu papai.
Entrei em casa e fui direto ao porão.
Em um cantinho lá embaixo, eu consegui enxergar o moço. Mesmo sentado, deu para perceber que ele é um homem alto. Ele também tinha cabelos escuro, assim como o do titio Emmett, só que mais sem graça. O do tio eram encaracoladinhos...
- O que você quer aqui, criança?!
- Oi. – Era difícil falar quando não se conhece muitas palavras para falar!
- Oi.
- Sozinha.
- Quem?
- Nessie.
- Ah...
Ele ficou sem reação. Ficou apenas lá, sentado, sem nada a fazer... Ele era bem sem gracinha, né...
- História?!
- História? – Confirmei o meu pedido com a cabeça. – Bem, quer que eu lhe conte?! – Confirmei novamente.
Ele levantou o olhar para uma pequena janela e ficou pensativo. Alguns segundos se passaram e ele não fez nada. Ficou apenas imóvel. Ele era bom nisso.
Me sentei perto dele, no chão. Ele se afastou um pouco ao perceber que eu estava chegando perto, mas depois ficou mais calmo ao ver que eu só iria me sentar no chão – em um lugar não tão perto dele. Se eu queria companhia, teria que agir da forma que ele quer.
- Bem... “Era uma vez, um moço de expressões muito bonitas, mas muito solitário...”
- Tio Jasper?
- Não, não era o carinha estranho.
- “E esse rapaz era um soldado, um soldado muito solitário...”
- Tio Jasper?
- Não, não é ele.
- Tio Jasper não soldado?!
- Bem, acho que ele foi, mas não é ele.
- Sim, Jasper soldado.
- Está bem, mas ele não é importante! – Ok, vamos ficar quietinha, Nessie!
- Eu escutei essa!
Olhei para o lado e vi o tio Jasper.
- O que faz? Contando histórias de terror para a menina?! Não tem amor próprio?!
Ohh... Titio Jasper era um bom soldado. Eu acho.
- Que bom que escutou, assim não precisa ir ao otorrinolaringologista!
Ai, meu Deus! Onde?!
Ah não... Titio estava em perigo! Ele ia para algum lugar que os Volturi deveriam conhecer, e o Alistair está dizendo isso para enganar o tio Jasper!
Corri para o tio Jasper, que me pegou no colo.
- Não fique assustada, Nessie. Está tudo bem!
Maldito dom do tio Jasper! Aquele medo todo se foi! E a vontade de falar para papai que o Alistair era um moço malvado se foi também.
- Bem, vou ficar com você, está bem, Nessie?!
Coloquei minha mão em sua bochecha, e lhe mostrei imagens dele me entregando no colo de papai. Ele fez uma careta, mas depois cedeu.
- Edward está meio ocupado, mas pode arranjar um tempinho para você, Nessie.
Saímos de lá e fomos para o quintal da casa da vovó. Papai estava lá sentado em um canto prestando atenção nas lutas, mas depois desistiu ao ver que o tio Jasper estava me levando para conversar.
- Nessie quer falar com você!
- Ok, Nessie. Pode falar.
- Alistair falou tio Jasper otinostoplastolista!
- Como?!
Aii...
O moço lá falou que o tio Jasper não precisa ir ao otinostoplastolista!
- Que bom, né filha!
O tio Jasper ficou sem entender, e continuou a simplesmente me segurar em seu colo. Coitado, papai estava confirmando que ele não precisava ir nesse médico. E agora?! Isso era bom?!
Coloquei minha mãozinha no rosto do tio Jasper de novo, e disse que queria o vovô. E lá ele foi me levar para vovô, que estava abraçado à vovó.