Jasper
Eu me peguei contando os minutos para anoitecer. Mas o dia estava demorando uma eternidade. Eu queria ir para a cidade, encontrar a minha donzela e a proteger. Estar perto dela, sentir o seu delicioso aroma, poder brincar com seus cabelos dourados... Pequenos fios de ouro à luz de um sol escaldante.
Fiquei sentado vendo a vida acontecer ao meu redor. Os pássaros cantando animados com seus filhotes, alguns estavam ensinando a cantar, outros a voar. O vento balançava intensamente as árvores, algumas folhas caíam. Ao fundo da floresta eu podia escutar pequenos roedores. Aqui perto há um lago, devem ser castores.
A vida acontecia por todos os lados, menos no mesmo local onde eu estava. A minha vida estava mais parada do que água em poço. Como é que podia fazer as coisas animarem? Só se as horas passarem mais rápido. Mas, para um vampiro, os minutos demoram tanto...
Mesmo assim, fiquei sentado em um dos galhos altos das árvores. Não havia muitos animais por perto, já que o senso de perigo deles é mais aguçado. Essa era uma das vantagens em ser um vampiro, não havia ninguém feliz o bastante para me incomodar.
Mas, às vezes, ficar sozinho também me incomodava.
Agora, no momento, eu queria ver como a Rosalie estava passando seu dia. Será que estava bem?! Só ela me fazia sentir bem, com ou sem pessoas por perto. Bem, de preferência se ela estivesse por perto de mim.
Mesmo assim, fiquei sentado esperando o céu escurecer. Perdido em meus devaneios, o céu aparentou pretejar rapidamente.
Com isso, aproveitei e saí em direção à cidade. Nem prestei atenção se Peter e Charlotte estavam por perto. Eu era grandinho o suficiente para me virar e me proteger sozinho.
Peter
Eu estava preocupado com Jasper ultimamente. Ele estava indo muito à cidade. Não sei se ia se alimentar, ele não passava muito tempo perto de mim... Acho que estava com vergonha de mostrar seus olhos vermelhos. Será que estavam muito lívidos?
Charlotte saiu de trás das árvores. Trazia consigo uma expressão preocupada.
- Vi Jasper sair correndo. Não sei aonde ele vai ao certo, mas tenho quase certeza de que está indo para a cidade de novo... Ele está indo muito para lá!
- Eu sei, estou preocupado com isso também...
- Será que anda se alimentando demais? Por isso que anda triste?
- Não sei. Será?!
- Não sei, mas que ele estava correndo com muita vontade... Ah, como ele estava, viu?!
- Bom, Jasper à parte, vem me dar um abraço!
- Own... Claro, amor!
E num abraço, esqueci de tudo. E de Jasper.
Jasper
Corri pela cidade em busca de Rosalie. Eu sabia muito bem onde é que ela morava, onde ficava a casa de sua melhor amiga e até mesmo dos lugares que ela gostava de ir. Tinha uma sorveteria na esquina da praça e o cinema.
Tinha também uma livraria que ela sempre ia, mas dificilmente eu a vi sair com um livro. Ela saía de lá mesmo era com revistas. Muitas!
De qualquer jeito, corri pelos telhados em busca de alguém pela rua que representasse perigo. Ninguém. Perfeito. Nenhum daqueles arruaceiros da noite anterior estava perambulando. Corri atrás do paradeiro da minha beldade loira, mas ela também não estava caminhando por aí.
Não encontrei ninguém que eu reconhecesse. Mas então, para minha curiosidade, escutei alguém pular de telhado a telhado. Aprumei meus sentidos para saber quem estava fazendo bagunça, e então vi um rapaz. Não aparentava ser muito mais novo do que eu.
Não pensei duas vezes. Corri atrás dele. Eu o pararia para ver o que ele procurava nessa cidade. Ele corria muito, era um vampiro. Ele que não se intrometa a ir atrás de Rosalie. Se ele for, ele vai se arrepender...
Fui de telhado a telhado correndo, cheguei a destruir algumas telhas no desespero.
- Hei, você! O que quer? Pare de correr já!
Ele então parou. Ele não era recém criado, pois não tinha super velocidade, mas sabia muito bem dos seus limites como vampiro.
- Quem é você?
- Eu é quem lhe pergunto. Estou aqui há mais tempo do que você. Quem é você? O que quer por aqui? Como chegou aqui? Está atrás de quem?
- Calma, eu só estou viajando sem rumo.
- Duvido.
- Acredite em mim, eu estou apenas passando por aqui. Se quiser, vou embora!
Bem, seus sentimentos não mentiam para mim. Ele estava dizendo a verdade.
- Só quero saber como chegou aqui.
- Com meus pés, obviamente. Como acha que cheguei?
- Seu engraçadinho! Acha isso muito engraçado, não?! Some daqui, vai embora!
- Comprou a cidade?
- Isso não te interessa. Agora saia daqui!
- Saio quando eu quiser!
- Ou quando eu lhe obrigar!
Parti para cima dele. Ele não foi esperto o suficiente, não intencionava escapar de minha investida. Peguei seus braços e mais do que rapidamente lhe apliquei um golpe. Ele caiu de joelhos e comecei a esmagar seu lindo pescocinho. Ele não respirava, não por conta do golpe, mas sim por vontade própria. Ainda assim, ele ficou imóvel. Não sabia o que fazer ou a quem buscar como apoio. Se mostrava preocupado, com medo, mas tentava se mostrar corajoso e forte. Tsc tsc tsc... Tentou se desvencilhar empurrando com os pés, mas eu me mantive intacto.
- Você não vai fugir...
- Quem é você?
- Quem é você?! Eu já lhe disse que como eu cheguei primeiro, eu mando aqui, seu vagabundo. O que quer aqui?
- Eu estou só de passagem...
- Como chegou aqui?
- Estou passando de cidade a cidade. Não vim fazer mal a ninguém, a não ser aos que já fazem mal aos outros.
- O que quer dizer com isso?
- Eu só me alimento das pessoas más, as escorias da sociedade. Bandidos, assaltantes, criminosos em geral...
- Hmm...
- Acreditou em mim?
- Sim.
- Como acreditou?
- Não lhe devo respostas.
- Eu te respondi, agora seja gentil e me responda. Não vim fazer mal a ninguém que você se preocupa.
- Como sabe que eu me preocupo com alguém?
- Eu... eu sei...
- Você tem algum dom? Qual seu dom?
- Você também tem um dom, certo?!
- Cala a boca e me responde. Qual é o seu dom?!
- Eu consigo ler mentes...
Filho da p***.
- Olha o palavreado.
Infeliz. Que raiva. Mas, será que ele ouve tudo mesmo? Duvido.
- Sim, ouço tudo mesmo!
- Todas as palavras?
- Todas!
- Sério mesmo? Não está mentindo?
- Não.
Bem, eu percebi que não estava mentindo mesmo... Inferno.
- Você tem o dom de saber se as pessoas mentem?
- Não. Bem, mais ou menos.
- Então qual é?!
- Eu sei manipular as emoções dos seres vivos. Não importa se é pessoa ou animal. Eu consigo manipular da forma que eu bem entender.
- Ah... Qual seu nome mesmo?
- Jasper Whitlock.
- Prazer, Edward Masen.