Nascer do Sol - Capítulo 12: Hora de Mudar os Ares

Nota da autora: Alice voltou!!


Eu não conseguia abrir os olhos. Tão pouco consegui ouvir algum barulho ao meu redor. Estava mergulhada em silêncio e escuridão. Não sentia tanta dor, agora. A dor maior era o medo de ficar sozinha no escuro. Meu braço ainda queimava um pouco e sentia uma dormência nas pernas. Era uma sensação de impotência. Por mais que eu tentasse me mover, abrir meus olhos ou gritar para que alguém pudesse me ajudar, nada acontecia. Esta sensação durou ainda alguns momentos antes de eu acordar.

Quando finalmente consegui abrir os olhos, consegui visualizar onde me encontrava. Um lugar escuro, parecia até uma cripta. Não gostei de estar na escuridão. Porém, apesar do escuro e do lugar empoeirado, percebi que a minha visão funcionava muito bem. Estava chovendo lá fora e eu consegui ouvir perfeitamente as gotas da chuva caindo no teto. Elas eram altas, parecia que havia uma tempestade.

Levantei-me e tentei lembrar como havia chegado ali. Nada... Não consegui lembrar de absolutamente nada. Uma sede incontrolável queimou a minha garganta e tive sede de algo que não conhecia. Era horrível. Observei o ambiente na tentativa de encontrar alguém que me explicasse o que eu estava fazendo ali e me deparei com um pedaço de papel pendurado na porta.

Uma carta para mim? De quem seria?



Cara Alice,

Infelizmente não pude estar presente para explicar a você o que aconteceu. Forças maiores me levaram a ficar longe, onde seria mais seguro para você. Há algumas coisa que você precisa saber.

Primeiro, você é uma vampira. Caso não lembre, você é um ser imortal. Não morrerá a menos que outro vampiro tente te matar, então se mantenha longe de alguns destes. Isto para você vai ser fácil. Por favor, tente ficar longe dos humanos. Você é uma recém nascida e pode não resistir a tentação de matá-los. Sim, matá-los. Você se alimentará de sangue de agora em diante. Mas há outras alternativas, você descobrirá no momento oportuno. Também não deverá sair da América. Não vá ao velho continente. Existem vampiros que não são agradáveis e que poderiam causar mal a você. Evite sair quando o dia estiver ensolarado, isto denunciaria sua identidade. Você também poderá correr rapidamente e possui uma força incomum. Não esqueça de quem você é. Isto é o mais importante.

Adeus,

Seu caro amigo



Caro amigo? Amigo? Que amigo? Espera um momento, eu não fazia idéia de nada do que ele estava falando. Bom... Teria que descobrir sozinha. Resolvi sair, apesar da tempestade que caia lá fora. Quando abri a porta do ambiente que me encontrava, um velho lugar abandonado, vi que havia entardecido e que não havia tempestade. Apenas uma garoa. Leves gotas tocavam meu rosto, mas faziam um barulho ensurdecedor.

Então, eu tenho uma audição poderosa. Eu pensei. Ótimo! Estava deslumbrada com a minha capacidade. Tentei ouvir as coisas a meu redor. Na floresta, conseguia ouvir os pássaros cantando, algumas abelhas e até um urso bebendo água. Olhei ao redor e reparei que estava em uma antiga fazenda. Não havia nada além de cercas, grama alta e um celeiro. Havia uma poça de água e resolvi olhar como estava a minha aparência.

- Quem é esta? – eu perguntei, surpresa. A menina que estava refletindo na poça era tão bonita como eu nunca tinha visto. Mas eu também não lembrava de nenhum rosto, então eu não tinha parâmetro de beleza. Eu vi que ela era muito bela e tinha grandes olhos vermelhos. Será que existem olhos vermelhos? Eu pensei. Ignorei os meus pensamentos e continuei a observa-la. Estava meio despenteada, e suas roupas estavam amarrotadas, mas fora isso, ela era muito bonita. Levantei o braço e ela também o fez. Sorri e ela também o fez. – Então, esta sou eu! – eu disse, tocando minha face. Sorri novamente. Eu era muito bonita!

Olhei para as minhas vestes. Estavam sujas de terra. Que horror. Eu pensei. Eu não poderia ser vista naquelas vestes. Eu realmente necessito de vestes novas. Mas, o que eu posso fazer? Pensei. Olhei mais a diante e vi uma estrada de terra que com certeza me levaria há algum lugar. Decidi toma-la.

Lembro de ter andado por alguns quilômetros por aproximadamente uma hora quando eu lembrei de um detalhe importante.

- Espere um momento... Estou andando? A carta falou que eu poderia correr com rapidez. – eu falei para mim mesma. Eu gargalhei e resolvi experimentar. Comecei a andar e acelerar o passo. Eu comecei a sentir o vento batendo em meus cabelos e era como se meus pés deixassem o chão. Era uma sensação nova e eu descobri que eu adorava esta liberdade. – Realmente, eu gosto de correr. – falei mais uma vez, rindo da minha recém-descoberta.

A corrida durou apenas alguns segundos. Cheguei nas proximidades de uma pequena cidade. Parecia tarde, eu não tinha noção de horário. Algumas luzes estavam acesas, mas havia alguns becos escuros. Não sabia se era seguro eu adentrar e por algum momento eu hesitei. Mas então, eu vi.

Uma figura humana. Era um homem alto de cabelos longos e negros. Ele estava atacando uma jovem. Mas não a mataria. Ele titaria sua virtude à força e a deixaria no beco escuro.

Uma ira tomou a minha mente e eu tinha quase certeza que isso não tinha acontecido antes. Eu jamais permitira isto. Esta visão foi crucial para que eu entrasse na cidade. Hora de testar minha força, caro amigo. Eu pensei. Saí procurando o beco escuro da minha visão. Para uma cidade pequena, existem muitos becos escuros aqui. Eu bufei em meu pensamento. Então me concentrei em ouvir vozes ao meu redor.

- Camille, Georgine, venham jantar.

- Pela milésima vez, não estava olhando para a esposa do padeiro.

- Amanhã eu irei pedi-la em casamento. Estou tão feliz.

- Logo a garota passará por aqui. Ela faz este caminho todos os dias. – eu, enfim, o escutei.

Achei.

O beco ficava na rua atrás de onde eu estava. Corri até onde ele estava. Parei antes de entrar. Ele procurava uma vítima. Deixaria que pensasse que eu seria esta vítima.

Entrei no beco fingindo estar perdida. Ele pulou na minha frente.

- Olá, querida. – ele disse com um sorriso no rosto. Que nojo eu tive ao olhar para sua cara. Seu cheiro queimava a minha garganta. Eu estava com sede e ele tinha aquilo o que eu queria. Sangue. - O que uma garota tão linda quanto você faz sozinha durante a noite? – ele perguntou se aproximando. – Não sabe que existem pessoas de caráter duvidoso que poderiam fazer mal a você?

- Não me preocupo com isso. Mas você deveria. – eu disse, sinceramente. Não estava conseguindo controlar a vontade de mata-lo, nem a sede por teu sangue.

- Porque, querida? Você vai me machucar? – ele perguntou. Eu me mantive calada. -Vamos, benzinho, não seja tímida. Não vou te machucar... Muito.

- Acho que temos um problema, benzinho. – eu disse a ele. – Eu vou te machucar... Muito. – eu disse e rugi. Não sei de onde isto veio, mas pude ver o medo em seus olhos.

Então, pulei em cima dele. Não precisei fazer muita coisa. Quando o mordi e senti aquele líquido quente descendo em minha garganta, senti um prazer imenso. Logo me senti saciada pois ele era grande e tinha muito sangue.

Peguei alguns pedaços de madeira que estavam jogados por perto e coloquei na entrada do beco. Assim a garota não passaria por ali.

Assim que terminei, fiquei escondida no beco olhando o corpo sem vida no chão. Eu mal podia acreditar, eu havia matado alguém. Aquilo era horrível, eu tinha ciência de quão terrível este ato era, mas não poderia permitir que uma inocente se machucasse por causa de um monstro destes. Decidi que, se sentisse sede, iria atrás daqueles que oferecessem algum mal aos outros.

Enquanto a madrugada adentrava, eu peguei roupas nos varais. Vestidos, alguns lençóis para poder dormir e enrolar as roupas, dois pares de sapato. Até uma escova de cabelos que estava na janela de uma casa eu peguei e um pedaço de espelho.

Fui para fora da cidade onde havia aquela velha fazenda abandonada, resolvi trocar minhas roupas e arrumar os meus cabelos. Depois, peguei os lençóis e improvisei uma cama. Era tarde e era prudente dormir. Deitei e fechei os olhos.

Nada.

Virei para um lado, virei para o outro e nada. Sem sono, sem cansaço. Absolutamente nada.

Será que eu também não precisava dormir? Isso fazia muito sentido pra mim. Tantas coisas improváveis na minha nova vida, não dormir seria uma das mais normais.

Fiquei quieta, contemplando o nada. Isso era chato.

- Muito bem. – eu levantei. – Hora de mudar de ares.

Fiz minha trouxa de roupas e segui o meu caminho. Para onde? Não sabia, mas algo maior esperava por mim, isso eu tinha certeza.

1 comentários:

Taina disse...

oi acho que vc repetiu o capitulo

Postar um comentário

blog comments powered by Disqus
Blog Design by AeroAngel e Alice Volturi