Nascer do Sol - Capítulo 3: Dr. Cullen

A noite foi inquieta para mim. Não consegui dormir direito devido aos pesadelos. Toda vez que adormecia eu conseguia ver nitidamente a figura do assassino loiro de olhos escuros, negros como a noite. Ele gargalhava, sorria, matava. Que tipo de criatura era aquela? Que ser maligno era aquele que roubava a vida das pessoas?

Senti os raios de sol queimando levemente a minha pele quando acordei. Vovó tinha aberto a cortina do meu quarto. Desde que chegamos da casa dos Franklin não tínhamos conversado. Ela sentou-se à beira da minha cama e perguntou.

- Alice... Você... Realmente viu o assassinato da filha dos Simons? – ela perguntou com um olhar assustado.

- Sim. – eu respondi, olhando para o travesseiro em minha mão. – Acredita em mim?

- Sim, acredito. – ela me falou. Eu estranhei a colocação de vovó. Quem em sã consciência acreditaria em uma jovem que previa certos tipos de acontecimentos? – Sabe, sua tia Alice também via.

- Tia Alice? – eu questionei. Não falávamos muito sobre a minha tia Alice. Era como se fosse um assunto proibido ou algo assim.

- Sim. Sua tia Alice. – seu olhar estava distante. – Ela adivinhava coisas que iriam acontecer... Se uma jovem estava grávida ela sabia dizer se o bebê seria menino ou menina. Podíamos confiar nela para saber a época de estiagem e antecipar a colheita para que as plantas não morressem. Ela mesma previu o casamento de seus pais. – ela sorriu. – Mas também previu que seu noivo morreria na guerra. Infelizmente a sua carta chegou tarde demais para avisá-lo. Por isso ela morreu de desgosto. Sentiu-se culpada por não tê-lo alertado.

- Oh. Sinto muito, eu não sabia. – eu fiquei surpresa. – Acha... Acha que eu herdei esse talento?

- Sim. – ela disse, sinceramente. – Tanto que estamos indo para fora da cidade, não é mesmo? Não quero colocar você e Cynthia em perigo.

- E enquanto às outras jovens daqui, vovó? - eu perguntei, apreensiva.

- Receio que não há nada que possamos fazer a não ser dar o exemplo. – ela me disse. – O alerta já foi dado quando o assassino fez sua primeira vítima.

- Mas outras pessoas morrerão, vovó. Eu vi. Eu vi uma jovem morrendo nos braços daquele monstro. Ele se alimentava do seu sangue.

Vovó me olhou assustada. Mencionar que o assassino se alimentava do seu sangue foi forte demais.

- Ele... Ele se alimenta de sangue, você disse? – ela perguntou. Seus olhos estavam arregalados, sua face era puro terror.

- Sim... Em meus sonhos ele bebia o sangue para poder viver. Era como um leão, um animal... Não sei explicar. Foi a pior coisa que eu já vi na vida. – Eu disse a ela.

- Por Deus, Alice. – ela levou as mãos à boca. – Melhor nos apressarmos, então. Quero chegar a Biloxi antes que escureça... – ela ficou séria, fitando um ponto distante. – Por favor, vista-se e chame Cynthia. Tomem café e levem suas malas para o andar debaixo.

Vovó pareceu bastante alterada. Não quis contrariá-la, então eu fiz o que ela pediu. Chamei Cynthia, vesti a minha irmãzinha e descemos para tomar o café. Da cozinha, ouvi vovó apressando Eliza, nossa cozinheira.

- Ora, vamos Eliza, estamos com pressa. Acabe logo esses sanduíches e se vista. – ela andava atrás da senhora de pele escura e cabelos grisalhos. Era engraçado ver o comportamento das duas. Eliza sempre estivera com minha avó. Era um membro da família já que foram criadas juntas. Era engraçado ver o comportamento das duas, às vezes pareciam duas irmãs brigando. Eu podia ver a tranqüilidade nos olhos de Eliza enquanto vovó a apressava.

- Não me apresse. Não está vendo que estou cozinhando? – Eliza disse.

- Eliza, não temos tempo para discutir. Darei-te uma boa bronca ao chegar à casa de Peter e Adélia, mas agora adiante. Temos que sair daqui cedo. – ela dizia, colocando os sanduíches e pedaços de torta dentro de uma grande cesta. Seria um longo caminho e antes do meio dia.

O Estado do Mississipi, onde meus pais moravam, era vizinho ao Estado do Alabama, onde vovó morava. Meu pai, que havia sido fazendeiro a vida toda para poder ajudar vovó, ao casar-se com nossa mãe resolveu mudar-se para a cidade. Quando morava no Alabama, papai escrevia para o pequeno jornal da cidade. Encontrou emprego rapidamente em Biloxi com a ótima referência que recebeu.

Mamãe ficava em casa a maior parte do dia. Lia bastante, fazia o jantar para o meu pai. Eu não tinha certeza se ela se arrependera de deixar sua vida de quase princesa para ter que passar o dia como dona de casa. Mamãe era uma verdadeira dama. Falava francês, tocava piano, cozia, bordava, lia poemas e vestia-se impecavelmente. Não sei se nosso relacionamento era saudável, mas eu sabia que me sentia intimidada com a presença dela.

Meu pai, ao contrário, era bastante amoroso, do jeito dele. Era alegre e comunicativo e todos na sua antiga cidade admiravam seu jeito. Em Biloxi era constantemente convidado para várias festas na casa de seus amigos do trabalho. Desde pequena eu era levada para estas festas. Era a única hora em que a presença da minha mãe não me intimidava: quando saíamos. Mamãe gostava de me arrumar, isso era fato. Vestidos, laços, fitas, arranjos nos cabelos, desde pequena foi assim e isso se repetia com Cynthia. Tínhamos algo em comum, então.

Fomos recebidos na entrada da casa de nossa residência por nossos pais e a governanta, Anastácia. Ela era um pouco mais nova que Eliza, mas também era uma pessoa extremamente alegre. Eu gostava muito dela, sempre fazia as minhas vontades.

- Como foram de viagem? – papai deu um beijo no rosto da vovó. – Espera um pouco mamãe, onde estão minhas filhas? – ele olhou para mim e para a minha irmã. Ele sempre repetia a mesma coisa quando voltávamos do internato ou da casa da vovó. Cynthia adorava, mas eu já havia passado da idade de achar graça em certos tipos de coisas. Apenas sorria. – Cynthia era mais baixa do que esta mocinha e Alice era mais bem humorada. – ele disse, sorrindo.

- Bom vê-lo também papai. – eu o abracei. Olhei para a figura baixa e magra ao seu lado. Mamãe não estava tão séria como de costume. Até deu um sorriso quando chegamos. – Mamãe. – eu cumprimentei. Ela abriu os braços e me deu um abraço, um pouco mais fraco que o do papai, mas ainda assim um abraço.

- Alice... bom vê-la se tornando uma moça tão crescida. – ela disse, se afastando. Sabia que mamãe esperava que eu me tornasse uma moça e, pelos costumes da época, estava quase na hora de ser prometida a algum rapaz de família. Espero que eu tenha a chance de me casar com quem eu escolher, assim como ela o fez. Cynthia atirou-se em seus braços. Cynthia não respeitava os limites de mamãe, ela insistia numa luta onde eu já havia levantado a bandeira branca: tornar mamãe menos fria e mais apta ao contato.

- Bom vê-la também, Naná, estava com saudades. – eu abracei Anastácia, que me deu um grande abraço forte.

- Fiz bolo de chocolate, torta de framboesa com nozes e pão fresco, do jeito que vocês gostam. – ela disse, abraçando Cynthia também.

Terminados os cumprimentos e abraços, entramos na residência. Era espaçosa, havia um número significativo de quartos, banheiros. Uma lareira aconchegante era um dos meus lugares preferidos, além da cozinha onde eu podia ter longas tardes de conversas com a Naná enquanto ela cozinhava. Depois de algumas horas, papai entrou em meu quarto.

- Alice? Posso falar com você? – ele perguntou.

- Claro, entre. – eu disse, sentando-me em minha cama.

- Sua avó... bem, sua avó me contou o real motivo pelo qual estão aqui. – ele confessou. – Você apresenta o mesmo dom que a sua tia Alice, não é mesmo?

- Não sei ao certo, apenas posso ver algumas coisas em meus sonhos ou quando estou acordada... – eu suspirei. – Eu vi a menina Simons sendo morta... Eu vi o senhor Sullivan presenciando a cena. Eu também vi que outra garota será assassinada e...

- Calma, não há o que temer. – ele disse. – Você está segura aqui. Posso estar ficando louco em incentivar suas visões, mas eu vi o que aconteceu com a minha irmã. Ela realmente via coisas acontecendo, viu o seu noivo sendo morto na guerra e viu... viu seu avô e seu tio sendo mortos na floresta...

- Pelos lobos, eu soube dessa história papai. – eu respondi.

- Sabe, Alice... O que vou contar a você é preciso que você me prometa que não comentará com ninguém. – ele pediu. Havia aflição em seu olhar e sabia que o assunto seria sério.

- Claro. – eu confirmei. – Prometo.

- Sua tia Alice viu seu avô e seu tio sendo mortos... Por outro ser humano. – ele me disse. – Uma mulher... Ela tinha a pele pálida como a neve e longos cabelos vermelhos. Suas roupas estavam rasgadas. Ela atacou o seu avô primeiro e depois o seu tio. Nós encontramos os corpos afastados, deve ter dado tempo para o seu tio fugir e depois correu atrás dele. Eles... estavam secos. Não havia sangue quando Dr. Cullen o examinou.

- Dr. Cullen? – eu perguntei. Eu tive a impressão de ter ouvido este nome, mas não tinha certeza de onde. Ele me soava tão familiar.

- Sim, Dr. Carlisle Cullen. Ótimo médico. Curou várias vezes meus arranhões e cicatrizes por cair dos cavalos da propriedade. Eu era muito novo, lembro-me vagamente dele. Eliza sempre disse que ele era um “homenzarrão”. – ele sorriu. Imaginei Eliza derretida por um homem enquanto papai estava sendo cuidado e esta cena me fez rir. – Soube que fora morar na Califórnia... Mas faz tantos anos, pode ter morrido, sei lá.

- Ah. – eu disse. – Então acha que a mesma coisa que atacou Judy Simons matou meu avô e meu tio?

- Pelo menos da mesma espécie... – ele disse. – Alice, eu...

Antes que pudesse terminar a fala, vovó Brandon adentrou a sala rapidamente. Sua face era de puro terror.

- Por Deus, mamãe, o que aconteceu? – papai perguntou, assustado. – Onde está Adélia e Cynthia?

- Os... Os Franklin estão a caminho. – ela disse, aterrorizada. – Louise... ela está morta.

3 comentários:

Amy Lee disse...

.O.

Anônimo disse...

PELO AMOR DE DEUS!!!
TIRE ALICE DO PAÍS, DA CIDA, DO MUNDO!!! ELA PRECISA ESTAR EM SEGURANÇA!!! É O JAMES!! ELE VAI ATRÁS DA ALICE!!! SALVEM A BAIXINHA! SALVEM A BAIXINHA!!!!!! A BAIXINHAAAAAAAAA!!!

URGH... ah... calma... calma... estou tentando me acalmar... ur... ufa...
Bem... vamos ao próximo capítulo... ai... ainda estou nervosa... urr...

bjs.
- Mary Alice.

ádria disse...

muuuuuuuuuuuuito boa

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