Eternamente Dourado - Capítulo 6: Hora do Almoço

Pensei em Bella por toda aquela manhã, não conseguia tirá-la da minha cabeça. Para meu desânimo, descobri que os humanos do sexo masculino dessa escola ainda a cobiçavam. E era tão egoísta da minha parte querer negá-la tudo aquilo. Eu sabia que se ficasse longe dela, eventualmente ela casaria com Mike Newton ou alguém do tipo. Senti-me horrivelmente culpado por me envolver com uma humana cujas necessidades eu não podia suprir, enquanto haviam tantos pretendentes em potencial para o cargo.

Ainda assim, ela disse o meu nome…

Eu não podia mais ignorá-la. Não poderia saber ao certo, mas esperava fortemente que ela sentisse o mesmo por mim. Talvez, não o mesmo que eu, mas perto o suficiente.

Carlisle estava certo, eu precisava pisar nesse terreno com muito cuidado. Pensei em uma de minhas opções originais, provar que as impressões de Bella sobre mim eram infundadas. Mas, eu tinha imensa dificuldade com desmerecê-la como pessoa, então não podia mais considerar isso uma saída.

Quais eram minhas outras opções? Eu podia partir, esperar alguns anos e permitir a ela viver uma vida normal. Eu sempre estaria observando, claro, pronto para segurá-la caso ela caísse. Poderia eu desejá-la de longe sabendo que talvez ela jamais seria minha?

Ou, eu poderia cobiçar essa frágil humana por meus próprios desejos egoístas. Rosalie estava absolutamente correta, eu iria para o inferno, não haviam duvidas sobre isso. Talvez…Eu pudesse ter certeza de que não traria Bella comigo. Afinal, não precisaria de muito para fazê-la sair correndo e gritando.

Um acordo então. Eu cobiçaria Bella mas, também deixaria claro que ela tinha a escolha de ir embora a qualquer momento. Ela não tinha nenhuma obrigação para comigo. Ela poderia me deixar, seria incrivelmente doloroso mas eu aguentaria a dor por ela, pelo bem de manter sua preciosa humanidade.

Você estará lá na hora do almoço? Ouvi Jasper perguntar da sala de aula ao lado.

“Sim, se Bella puder se sentar conosco, ” murmurei minha resposta.

Uma longa pausa seguiu antes de Jasper responder. Eu não acho que consigo…Quero dizer…Isso seria estranho.

“Então eu sentarei com ela em uma mesa diferente, ” eu disse rapidamente.

Sinto muito, mas você sabe quão difícil é as vezes….

“Eu sei, Jasper. Foi insensível da minha parte até perguntar. Tudo bem. ”

Tem certeza?

“Afirmativo. ” Eu não me importava com a oportunidade de sentar sozinho com Bella e Deus sabe que Rosalie daria um xilique de qualquer forma.

Veio a hora do almoço, acenei para Jasper conforme passei por nossa mesa habitual, dando a ele consentimento para contar aos outros. Então encontrei uma mesa vazia e agradavelmente isolada, sentei e esperei.

Assisti Bella entrar na cafeteria. Seus olhos foram até minha família e desapontamento coloriu seu rosto. Ela estava desapontada por não me ver lá? Ela sentiu minha falta tanto quanto eu senti a falta dela? Só o tempo diria.

Ela só comprou uma garrafa de limonada e sentou desanimadamente com seus amigos. Olhei fixamente para ela. Olhe em minha direção! , eu queria gritar. Olhe para mim! Eu estou esperando por você Bella, esperei tanto tempo…

“Edward Cullen está te encarando de novo, ” Jessica disse. “Queria saber porque ele está sentando sozinho hoje. “

Pergunte-se o quanto quiser, Jessica. Eu tenho meus olhos apenas para Bella.

Bella levantou a cabeça em um estalo. Ela seguiu os olhos de Jessica até os meus. Eu sorri do outro lado da cafeteria. Uma vez certo de que tinha a atenção dela, ergui uma mão e movi o dedo indicador para ela se juntar a mim. Ela olhou incrédula. Eu pisquei.

“Ele quer dizer você?” Jessica perguntou em tom um tanto insultante. Ele não pode estar se referiando à ela…

Oh, sim, eu estou.

“Talvez ele precise de ajuda com seu dever de casa de Biologia, ” Bella murmurou para Jessica. “Hum, melhor eu ir ver o que ele quer. “

Tive que lutar contra a vontade de rir. Não somente ela estava mentindo de novo pelo bem da amiga, mas, eu certamente não precisava de ajuda com meu trabalho escolar.

Quando ela alcançou minha mesa, ela ficou de pé atrás da cadeira a minha frente, parecendo insegura.

“Por que você não senta comigo hoje?” perguntei, sorrindo.

Ela se sentou automaticamente, mas me observou com cautela. Eu ainda estava sorrindo. Esperei para ela dizer a primeira palavra, ou dar o primeiro passo.

“Isso é diferente, ” ela disse, finalmente.

“Bom…” pausei. Estou apaixonado por você, Bella! Tanto que quero dizer, tão pouco que poderia dizer. “Decidi que já que vou para o inferno, melhor então fazer direito. ” Bem, era a verdade pelo menos.

Ela me encarou, parecendo estar esperando por algo, eu não sabia o que.

“Você sabe que eu não faço a mínima idéia do que você quer dizer, ” ela apontou finalmente.

“Eu sei. ” Sorri de novo.

Por que Bella está se sentando com Edward Cullen? Jessica Stanley.

Wow…ela está se saindo bem com Edward… Angela Webber soou respeitosamente impressionada.

Eu não gosto disso… Nem um pouco… O senso de cavalheirismo de Mike Newton estava vivo e bem, embora mal direcionado.

Isso é tão injusto! Ela consegue se sentar com um Cullen e eu não? Ela nem é tão bonita! Lauren estava cuspindo pensamentos venenosos novamente. Lauren Mallory lembrava-me freqüentemente de uma cobra. Nada feroz como uma cobra real ou uma naja, mais como uma cobra de jardim. De mente pequena e sempre no caminho.

“Acho que seus amigos estão bravos comigo por roubar você, ” informei Bella.

“Eles irão sobreviver, ” ela respondeu casualmente.

“Contudo, eu posso não te devolver, ” eu disse sugestivamente.

Ela engoliu seco.

Eu ri. “Você parece preocupada. “

“Não, ” ela disse, mas sua voz falhou, dedurando-a. “Surpresa, na verdade… O que causou tudo isso?”

Decidi ser honesto. “Eu te disse – cansei de tentar ficar longe de você. Então estou desistindo. ” Sorri.

“Desistindo?” ela repetiu, confusa.

“Sim – desistindo de tentar ser bonzinho. Agora apenas farei o que eu quiser e vou deixar os dados rolarem. ” Meu sorriso desapareceu conforme expliquei, sabendo muito bem que os dados podem cair em terra de ninguém, lugar onde a solidão reside. Ou possivelmente resultar na morte dela…

“Você me perdeu de novo. “

Eu sorri largamente, ela era tão adorável.

“Eu sempre falo demais quando estou conversando com você – esse é um dos problemas. ” Um de muitos, muitos problemas…

“Não se preocupe – eu não entendo nada, ” ela disse ironicamente.

“Estou contando com isso. ” Contanto que ela não entendesse minha verdadeira natureza, tudo ficaria bem.

“Então, em inglês claro, somos amigos agora?”

“Amigos…” Pensei, duvidoso. Poderia eu ser meramente amigo dela quando eu queria muito mais?

“Ou não, ” ela murmurou.

Eu sorri. “Bem, nós podemos tentar, eu suponho. Mas, estou avisando agora que não sou um bom amigo para você. ” Que comece a corrida…

“Você diz muito isso, ” ela notou.

“Sim, porque você não está me ouvindo. Eu ainda estou esperando que você acredite. Se você for inteligente, irá me evitar. ” Embora isso fosse a última coisa que eu queria…

“Acho que você já deixou sua opinião sobre meu intelecto muito clara, também. ” Seus olhos estreitaram-se.

Sorri desculpando-me.

“Então, contanto que eu esteja sendo…nada inteligente, vamos tentar ser amigos?”

“Isso parece bom, ” permiti.

Ela olhou para baixo, para suas mãos ao redor da garrafa de limonada. Parecia que ela estava pensando profundamente. Ela não queria que fôssemos amigos? Será que já pedi demais?

“O que você está pensando?” Perguntei curiosamente.

Ela olhou em meus olhos e ficou confusa.

“Estou tentando decifrar o que você é, ” ela soltou.

Meu maxilar apertou, mas, mantive meu sorriso no lugar com algum esforço. Não, isso não poderia estar acontecendo tão rápido. Pisar no terreno com cuidado…

“Está tendo alguma sorte com isso?” Perguntei em um tom despreocupado.

“Não muita, ” ela admitiu.

Eu ri. “Quais são as suas teorias?”

Ela corou. Agora eu tinha que saber.

“Você não vai me contar?” Perguntei, inclinando a cabeça para um lado, sorrindo.

Ela balançou a cabeça. “Muito embaraçoso, “

“Isso é muito frustrante, sabe, ” eu reclamei. Por que ela não quer compartilhar seus pensamentos comigo?

“Não, ” ela discordou rapidamente, seus olhos estreitos, “Não consigo imaginar porque isso seria tão frustrante – só porque alguém se recusa a te dizer o que está pensando, mesmo quando ele está, o tempo todo, fazendo declaraçõezinhas enigmáticas designadas especialmente para que você fique acordada a noite toda se perguntando o que possivelmente ele quis dizer…Agora, por que isso seria frustrante?”

Fiz uma careta.

“Ou melhor, ” ela continuou, “digamos que a pessoa também fez um alto número de coisas bizarras – desde salvar a sua vida em circunstâncias impossíveis em um dia a te tratar como ninguém no outro, e ele nunca explicou nada disso também, mesmo depois de ter prometido. Isso, também, seria muito frustrante. “

“Você tem um temperamento um pouco forte, não tem?” Observei.

“Eu não gosto de dois pesos, duas medidas. “

Encaramos um ao outro, sem sorrir.

Eu lutaria com Cullen por ela… Ele não parece tão grande… Eu a conheci primeiro… Ela é minha garota…

Olhei por cima do ombro dela para encontrar Mike Newton tentando olhar ameaçadoramente para mim. Eu ri baixinho.

“O que?”

“Seu namorado parece achar que estou sendo desagradável com você – ele está debatendo se vem ou não apartar nossa briga. ” Ri baixo de novo.

“Eu não sei de quem você está falando, ” ela disse friamente. “Mas, tenho certeza de que está errado, de qualquer forma. “

“Não estou. Eu te disse, a maioria das pessoas é fácil de ler. “

“Exceto eu, claro. “

“Sim. Exceto você. ” Meu humor mudou. “Me pergunto o porque disso. ” Ela saberia? Ela carrega todas as perguntas para o mistério de sua mente?

Ela olhou para longe de mim e concentrou-se em abrir a tampa de sua limonada. Ela tomou um gole e encarou a mesa. Era apenas isso que ela teria de almoço? Com certeza ela precisaria de mais nutrientes do que uma garrafa de limonada.

“Você não está com fome?” Perguntei.

“Não. Você?” Ela olhou atenta para a mesa vazia a minha frente.

“Não, não estou com fome. ” Por comida humana? Nunca. De sangue? Bem…

“Você pode me fazer um favor?” Ela perguntou depois de um segundo de hesitação.

Eu estava desconfiado, que tipo de favor? Ela estava prestes a me pedir para deixá-la em paz? “Isso depende do que você quer. “

“Não é muito, ” ela me garantiu.

Eu esperei. Cauteloso, mas, curioso.

“Eu apenas queria saber…Se você poderia me avisar de antemão a próxima vez que decidir me ignorar para o meu próprio bem. Só para que eu esteja preparada. ” Ela olhou para a garrafa de limonada enquanto falava, traçando círculos na abertura com seu mindinho.

Ignorá-la para seu próprio bem…A forma que ela fraseava as coisas era infinitamente divertida. Novamente, se eu concedesse esse pequeno favor, talvez ela me concedesse um em retorno. Seria muito útil saber suas teorias.

“Parece justo. ” Ela olhou para cima, e eu pressionei meus lábios para evitar rir.

“Obrigado. “

“Então eu posso ter uma resposta em retorno?” Exigi.

“Uma. “

“Conte-me uma teoria. “

“Não essa. ” Ela discordou rapidamente.

“Você não especificou, você prometeu uma resposta, ” eu a lembrei.

“E você mesmo já quebrou promessas, ” ela me lembrou de volta.

“Só uma teoria – eu não vou rir. ” Não era coisa para rir.

“Sim, você vai, ” ela disse com certeza.

Era um velho truque e parte de mim estava se batendo por usá-lo em Bella. Entretanto, era muito mais importante que eu tomasse conhecimento sobre ela ter ou não visto além das minhas pretensões humanas. Eu olhei para baixo, e então lancei o olhar até ela por debaixo dos cílios, pedindo com meus olhos.

“Por favor?” Respirei, inclinando-me em sua direção.

Ela piscou, seus olhos pareceram vazios por um momento. Bem, eu não esperava que o truque fosse tãoeficiente.

“É…o que?” ela perguntou, deslumbrada.

“Por favor, me conte só uma pequena teoria. ” Mantive meus olhos nela.

“Hmm, bom, foi mordido por uma aranha radioativa?”

“Isso não é muito criativo, ” zombei. Eu estava, na verdade, um pouco desapontado com ela, ela parecia ter muito mais inteligência que isso. Não que eu quisesse que ela soubesse a verdade.

“Desculpe, é tudo que eu tenho, ” ela disse, ofendida.

“Você não está nem perto, ” provoquei.

“Sem aranhas?”

“Não mesmo. “

“E sem radioatividade?”

“Nenhuma. “

“Droga, ” ela suspirou.

“Criptonita também não me incomoda, ” eu ri.

“Não era pra você rir, lembra?”

Lutei para recompor meu rosto.

“Eu vou descobrir, eventualmente, ” ela me avisou.

“Queria que você não tentasse, ” eu disse seriamente.

“Por que…?”

“E se eu não for o herói? E se eu for o vilão?” Sorri, ainda a encarando intencionalmente.

“Ah, ” ela disse, enquanto seus olhos brilharam. Quase definitivamente um flash de intuição. “Entendo. “

“Entende?” Perdi meu sorriso. Tão cedo, tão cedo!

“Você é perigoso?” ela chutou. Ouvi seu pulso acelerar enquanto ela dizia as palavras.

Cedo demais. Eu nem tive a chance de cortejá-la de qualquer maneira antes que ela começasse a adivinhar corretamente. Ela não sabia tudo, mas sabia o suficiente para fazê-la correr para bem longe.

“Mas, não é mau, ” ela sussurrou, balançando sua cabeça. “Não, eu não acredito que você seja mau. “

“Você está errada, ” murmurei involuntariamente. Por que ela não podia ver quão mal eu era para ela? Eu juro, absolutamente nenhuma noção de auto-preservação.

Olhei para baixo, roubando a tampa da garrafa dela e girando-a de lado entre os meus dedos. Podia sentir seus olhos em mim.

O silêncio entre nós durou todo o restante do período de almoço.

De repente, ela pulou de pé. “Vamos nos atrasar. “

“Eu não vou para a aula hoje, ” eu disse, rodopiando a tampa rapidamente.

Certamente não seria benéfico aos humanos ter um vampiro sedento na mesma classe que feridas abertas e sangrando. Na verdade, seria incrivelmente não-saudável para todos os envolvidos. Particularmente Bella e seu doce sangue.

“Por que não?”

“É saudável matar aula de vez em quando. ” Sorri para ela, arrependido de não poder lhe contar a verdade.

“Bom, eu estou indo, ” ela me disse.

Voltei minha atenção para a tampa da garrafa, meu brinquedo improvisado. “Vejo você depois, então. “

Observei ela hesitar, mas então o primeiro sinal tocou, o que a mandou apressada pela porta. Fiquei ali na cafeteria, por um longo tempo depois que ela se foi.