Ressurreição - Capítulo 08: Ressurreição

[Bella]

Comecei, aos poucos, retomar a consciência a partir do lugar mais escuro que existe. Tudo estava tão escuro …tão preto. Eu podia ouvir de vez em quando os lamentos de Edward, e sentia uma vontade de consolá-lo, mas estava tão difícil encontrar a minha voz. Procurei por todos os pontos escuros, mas estava tão perdida, tão esquecida das partes de meu corpo, que não podia ver nem sentir nada.. Isso seria o inferno? O nada absoluto.. ouvir as pessoas e não poder respondê-las, essa seria a agonia do Inferno?

Então comecei a sentir dor…. Ela começou com um ponto qualquer dentro de minha mente, eu não sabia localizá-la … Aonde estava essa dor? A dor começou a aumentar… Era uma dor gelada. Tentei, sem sucesso, encontrar minha visão, mas à minha frente só o negrume se estendia, meus olhos também estavam tão longes de mim…Eu não conseguia me mexer, não tinha pés, nem mãos, nem sequer corpo. A imagem dos amados de minha família, os rostos de cada um, apareceram, imponentes em minha mente, como se exigissem que eu reagisse.

Sim, claro! Eu reagiria! Eu não havia lutado por eles? Eu poderia viver por eles. Eu desejava isso. Mas eu também poderia suportar esse inferno – se todos eles sem mim, ficassem bem.

O gelo começou a ficar mais forte, e eu senti frio. Muito frio ….Queria me encolher, me aquecer, mas não podia. O gelo parecia ter sido injetado em minhas veias, em forma líquida. Estava tão gelado, que eu comecei a sentir a rigidez de meu corpo …. De minhas pernas e minhas mãos…Uns estalos soaram altos, e a cada estalo a dor do gelo aumentava.. Eu havia encontrado meu corpo. O gelo começou a correr com maior velocidade por todo o meu corpo, com uma fúria de uma imponente cachoeira, que parecia que minhas veias iam explodir em um jorro frio. O Gelo foi para a minha cabeça, passando antes por minha garganta. Que dor! Era a mesma intensidade da dor do fogo da transformação, e essa dor, era dor de gelo…Ah! Eu estava ressuscitando…era a dor de uma nova transformação…Quanto tempo essa tortura duraria? Eu não acreditava que estava passando por isso de novo!

Os estalos ficaram mais audíveis, e o espaço entre eles se encurtou. Todos os meus olssos começaram a estalar. Frio. Muito Frio. Meus lábios começaram a formigar, e eu trinquei os dentes para não gritar.

Edward. Ele devia estar ao meu lado, como esteve quando virei vampira. Esperando, dessa vez, que eu acordasse ou morresse de vez.

“ Por favor, Alice, me diga quanto tempo falta “

“ Boa pergunta, Edward. Eu também quero saber “.

Houve um silêncio sepucral. Quanto tempo? Quanto tempo mais? Eu não suportava mais. Não de novo. Eu não merecia tanta dor. Ninguém merecia tamanha dor.Duas vezes. Eu nunca havia perguntado a Edward sobre o assunto espinhoso da ressurreição de um vampiro. Agora me arrependia por não ter perguntado.

“ Apenas mais um pouco – Alice sussurrou – veja, ela está quase toda remontada, isso é algo impossível para qualquer vampiro. Normalmente leva um mês!“

Um mês? Os vampiros normais levavam um mês? Esse pensamento me atordoou. Um mês de frio…de gelo….

O gelo corria livremente, até que de líquido passou para sólido, como se pedras de gelo enormes corressem pelas pequeninas veias. A dor estava insuportável, inimaginável. O gelo engrossava, empurrando um ar ainda mais frio pelo meu corpo. Então a temperatura gelada começou a ceder a partir da ponta dos dedos e então acreditei que realmente havia encontrado a minha mão. Foi cedendo, cedendo até convergir em um único ponto gelado na garganta, sumindo. Em um dado ponto que quase não mais sentia o gelo no pescoço, o gelo explodiu e virou fogo. O fogo estourou solitário, queimando minha garganta com tal violência que não suportei. Levei a mão ao pescoço tentando apagá-lo, sufocá-lo. Gritei dolorosamente, minha voz soava tortura.

Automaticamente me curvei em posição fetal. O fogo pareceu perder a briga – e diminuiu, ficando apenas uma garganta seca e ardente de sede. Sede de Sangue.

Abri os olhos, atordoada. Pisquei várias vezes, olhei para minhas mãos, tentando acreditar que eu estava viva. Me sentia tão forte que poderia destruir um prédio inteiro. Meu escudo brilhou incrustado na minha pele, uma camada de metal líquido brilhava para mim. Eu podia sentí-lo em cada poro de minha pele.

Procurei por Alec e Jane, rosnando furiosamente, mas não os vi. Eu estava segura.

Edward colocou-se em meu campo de visão.

- Querida, você está viva…Lembra-se do que lhe aconteceu?

Mas é claro que me lembrava, como eu poderia esquecer? O machado brilhante de Alec. A morte. Dirigi-lhe um olhar. Ele era tão lindo, meu querubim imortal.

- Fiz tudo isso porque te amo. – minha voz cintilou mais perfeita que antes, sinos musicais entoaram pelo ar. Gostei da nova voz.

- Ah! Eu também te amo! – disse ele, simplesmente.

Edward me agarrou. Suas mãos desceram pela minha espinha enquanto sua língua passava por meus lábios. Seus lábios se separaram soprando seu hálito doce na minha boca, e eu descobri sua língua. Ele ofegava feito um louco, e eu podia sentir que respirar não era suficiente, eu precisava de mais ar. Pressionei meu corpo para se moldar nas formas dele. Então ele me ergueu e colocou –me em cima da mesa de nossa casa, puxando meus quadris e encaixando-o no seu.

A noite caiu e nos amamos furiosamente.

Vi o dia nascer e não sentia vontade de parar. As roupas estavam rasgadas pelo chão. Olhei-o e Edward me olhava também.

- Eu não pensei que pudesse a amar tanto assim – confidenciou.

- Viu que nem a morte pode me separar de você? – sorri, vitoriosa. Isso era verdade.

- Bella, quando vi você naquele estado, foi como se eu deixasse de existir. Como se todas as luzes se apagassem. Eu havia perdido a fé.. A minha esperança. Então agora é como se as luzes se acendessem, como se tudo fosse um pesadelo. Eu tenho motivos para viver.

- Nunca mais o deixarei – prometi.

- Nunca mais a perderei – devolveu ele.

Beijei-o mais uma vez.

- Para sempre – suspirei.