Uma Luz Para Minha Escuridão - Capítulo 03: Traição

Acordei na manhã seguinte com uma fome enorme. Aro havia entrado no quarto com o café da manhã como fazia todos os dias. O cheiro de leite me deixou enjoada, o que me fez correr imediatamente para o banheiro. Aro estava atrás de mim.

- Gianna, os bebês estão bem? – Ele me perguntou sem sequer importar-se comigo. Sem a preocupação de eu estar ruim. Continuei a colocar para fora todo o jantar da noite anterior.

- Ah, agora estou melhor. Nada para em meu estomago. Não sei o que fazer Aro! – De repente Aro saiu do quarto e retornou rapidamente com uma jarra nas mãos.

- Lembra-se de quando lhe pedi que teria de beber sangue humano para deixar os bebês mais fortes? Está na hora! Beba. – Ordenou ele com a voz severa. Percebi então que ele estava com sede, pois seus olhos estavam negros. Heidi ainda não havia retornado com a refeição deles.

Respirei fundo e prendi a respiração para encarar o que estava na jarra. O sangue desceu por minha garganta me causando ânsia, e os bebês ficaram menos agitados enquanto engolia aquele liquido vermelho. Não foi o suficiente.

- Traga mais por favor? Preciso de mais sangue. Ainda meus bebês devem estar com sede. – Assim que Aro saiu do quarto, levantei-me para tomar um banho. Mas antes, como Heidi ainda não havia retornado, resolvi dar uma volta pelo castelo. Meu ventre não estava tão grande para que precisasse ficar deitada, conseguia andar normalmente. Estava rígida demais. Meu corpo doía. Nessa hora, antes de entrar na recepção que ouvi a conversa que deu fim aos meus sonhos. Fim ao casamento com Aro. Fim ao sonho de pertencer ao clã Volturi. Descobri a Traição de Aro. Fiquei escondida atrás da porta enorme da recepção para ouvir melhor a conversa.

- Não agüento mais esse teatrinho idiota! Quando meu bebê nasce? Aro ela está insuportável. Não quero mais bancar a babá de uma humana. Ah me desculpe meu senhor, ando nervosa. Meu Matteo não nasce logo. - Jane se exaltava na frente de Aro, a simples guardiã do rei, é nada mais do que a mãe que ele deseja para meu filho. Meu conto de fadas era na verdade o pior pesadelo que poderia um dia sonhar em ter.

- Jane, meu amor, acalme-se. Faltam apenas um mês para Matteo nascer. E tenho uma ótima noticia para te dar minha cara. Teremos dois filhos, pois Gianna gera em seu ventre dois bebês. Os príncipes Volturi.

- Como assim? Aquela infeliz foi capaz de gerar dois bebês? Não acredito nisso! É uma felicidade dupla! - Ela o abraçou e o beijou com ternura. Lágrimas escorriam de meus olhos. Não conseguia mais ver aquela cena. Eu teria que fugir com meus bebês daquele lugar, onde sonhei que seria eternamente feliz ao lado do homem de meus sonhos. Foi tudo mentira. Enquanto pensava nesta possibilidade, meus bebês estavam me cutucando, me lembrando que eles agora eram o motivo pra continuar lutando. A luz de minha escuridão.

Comecei a juntar as minhas coisas, pensando em como faria para fugir do palácio. Para minha sorte, eu conhecia todas as passagens secretas daquele lugar. Estava arrumando minhas coisas quando Aro entrou no quarto.

- Minha cara, trouxe mais alimento para você. Ainda está com fome? - Com um sorriso forçado em meu rosto, virei e olhei para seus olhos, que agora estavam vermelhos, pois ele deveria ter aproveitado para tomar o sangue humano também.

- Sim meu amor, ainda sinto sede! - Ele me fitava, olhava minha barriga. Estava vindo em minha direção com as mãos esticadas para me abraçar quando percebeu o que eu estava fazendo.

- O que você está fazendo com suas roupas Gianna? Vai acabar fazendo mal aos bebês. Venha, deite-se aqui. - Ele me pegou no colo e deitou-me na imensa cama.

- Aro, só estava procurando algo para fazer. Não agüento ficar presa aqui neste quarto. É só isso. - De repente me deu um medo de que ele me tocasse para saber o que eu estava pensando, mas felizmente não aconteceu.

- Procure descansar meu amor. Nossa cerimônia de casamento será amanhã, ao anoitecer. Mais tarde trago o vestido que usará, ficará perfeito em você. Será como seu sonho sendo realizado.

- Ah... - Foi só o que consegui dizer. E assim ele me deixou no quarto.

Procurei em minha mente um lugar seguro, onde pudesse ir e proteger meus bebês. No fundo eu sabia que algo estava ruim. Vasculhei minha mente e lembrei-me de onde veio a idéia de Aro ter um filho. Sim, veio de seu último confronto com os Cullens. Edward, filho de nosso antigo amigo Carlisle tinha concebido um filho com a humana Bella. Esse era o motivo de Aro ter confrontado o clã vegetariano.

Parti para meu guarda-roupa pegando poucas peças para levar ao novo lugar que iria. O novo lugar que poderia ter meus bebês em sossego. Difícil seria fugir do rastreador Demetri, mas eu daria um jeito. Atirei as poucas peças em uma mala e peguei todo o dinheiro que eu havia ganhado com meu emprego de recepcionista, onde era bem remunerada pelos Volturi. Troquei rapidamente de roupa e passei por uma das saídas secretas do palácio. Peguei minha BMW e dirigi direto ao aeroporto, com o celular nas mãos encontrei o número desconhecido, que jamais havia discado.

- Telefonista, passagem de primeira classe para Seattle. Sim, o próximo vôo.

E assim, fui para o aeroporto com destino à Seattle. De lá tomaria o rumo que salvaria meus bebês. Estava indo à Forks. Precisava avisar Carlisle. Procurei em minha agenda telefônica o telefone da residência dos Cullens.

- Alô, residência dos Cullens.

- Quem fala? - Eu disse trêmula.

- Esme Cullen, quem é? - Ela disse com a voz mais doce possível.

- Aqui é Gianna. Esme fui traída pelos Volturi. Carlisle tem que me ajudar. Estou entrando no avião com destino à Seattle. Indo para Forks. - Ela me interrompeu.

- Não podemos. Acabamos de ser confrontados por ele. Ajudar você agora seria o fim de minha família. Me desculpe, mas não posso perder ninguém que eu amo. - Ela disse como se estivesse chorando no telefone.

- Esme estou grávida... de Aro... espero dois filhos dele... gêmeos. Por favor, me ajude. - De repente o telefone ficou mudo. O que seria de mim sem a ajuda dos Cullens. Mesmo assim eu iria tentar a ajuda deles, nem que fosse a ultima coisa que eu poderia fazer pelos meus filhos. Protegê-los do próprio pai.