Sol Poente - Capítulo 15: Fugitiva

Enquanto Emmett ia para longe de mim, tudo mudou. Recomecei a deixar marcas nas paredes, enquanto tudo escurecia. Escrevia palavras, que para mim não faziam sentido algum, descascando com minhas unhas a tinta da parede. Meu corpo não me obedecia mais, apenas Victória sabia o que eu estava escrevendo.

Um clarão de luz me atingiu. Parecia estranho para mim. Eu estava num corredor repleto de guardas, e luz vinha de uma tocha. Milhares de pessoas esperavam a porta. Vampiros assim como eu, que eram jogadas um a um, para serem comidos por animais, para divertirem as pessoas que assistiam. Depois, seus restos eram queimados. E eu seria a próxima.

Nem mesmo minhas roupas eram as mesmas de alguns segundos atrás. Eram encardidas, roupas de uma prisioneira. Os guardas olhavam para mim com indiferença. Eu me dirigia ao meu destino de morte, quando um deles me puxou melo pulso. Agradeci, e insistia que deveria ir, antes que nós dois morrêssemos, mas que seria eternamente grata. Era ele que dizia:

- Eu sinto que você deveria valer a pena, não é como todos naquela fila!

- Senhor, eu sou um monstro.

- Senhorita...

- Victória.

- Victória - ele disse - Sou James. Perdoe-me se fui grosseiro, mas não era a intenção. Eu vi o medo em seus olhos. Veja, eu sou solitário, e você precisa de minha ajuda. Por que não nos unirmos?

Ele chegou mais perto de mim, e tocou minha face. Senti o cheiro doce em sua pele, e perdi o controle sobre mim mesma.

Transformei-o.

* * *

Ao contrário do que pensei no momento, eu não estava tendo uma visão, e sim uma lembrança, uma lembrança de Victória. Eu podia entrar em sua mente.

Pensei muito no que vira. Rostos já conhecidos, tudo aquilo era muito confuso. Desta vez, não gostaria apenas de estar com Emmett ou com Carlisle, era um assunto a ser tratado com uma amiga. Carlisle me daria um encaminhamento para um psicólogo, e Emmett falaria o que eu gostaria de ouvir, mas apenas uma amiga como Vera me falaria o certo. Apenas Vera seria capaz de falar o que seria melhor para mim.

- Ah, querida! Sua amiga morreu! eu até que comecei a gostar dela mas... Fazer o quê? Ela morreu! Que diferença faz? Não fui eu.

- Quem é você? - perguntei.

- Acha que só você pode entrar na minha mente? Parece que o doutor não contou tudo o que sabia a você, certo? Bem, não vale a pena contar tudo a uma louca como você.

- Como está Vera? Eu preciso falar com ela...

- Ela morreu. Você é idiota? Mas saiba que seria muito bem vinda! Adoramos novos amigos, mesmo que dessa vez tenhamos que perder para ganhar...

- Você é cruel. É uma psicopata - pensei com toda a raiva possível.

- Cruel? Psicopata? Quantos anos você tem, dois? Já me deram apelidos piores... Bom, você está na fase da raiva, falta a aceitação. Vera será queimada ao anoitecer. Laurent não gosta que tenhamos que matá-la muitas vezes, sabe?

- Pare de tratar todos como se fossem objetos! Já dói muito ver a pessoa a quem você ama magoada, mais ainda morta, e saber que você não pode fazer nada para reverter a situação... É horrível. Você só pensa em si mesma.

- Não vou perder meu tempo com você. Se quiser ser ouvida, contrate uma psicóloga. Tchau.

Eu me desesperei. Não poderia esperar nem mais um segundo sequer. Se Vera estava morta, e Victória a tivesse matado, ela descobriria o que é morrer realmente.

Quebrei a parede.

Vi o dia.

Já era o pôr-do sol.

Tinha uma amiga a ser salva. Ou suas cinzas.

Fugi.

1 comentários:

Bebetty_rp disse...

gente,coitada da Rose parece louca!:0

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