A Visita dos Franceses - Capítulo 50: Plenitude

[Bella]

Depois do mar de flashes que Alice nos fez ultrapassar para sair do quintal, eu imaginei que as coisas ficariam mais tranquilas dali em diante.

Eu quase não me sentia em Paris, e foi justamente isso que comentei com Edward. Parecia Forks, tão à vontade eu estava.

Abracei Edward pela cintura e ele fez o mesmo comigo. Um pequeno sorriso nos seus lábios me fez perder o fôlego.

Enquanto caminhávamos Tanya me contou o procedimento para alisar o cabelo de Nessie em detalhes além de minha compreensão. Ouvi Edward resfolegar um risinho baixo ao notar minha expressão confusa para os termos de moda que Lilith acrescentou ao discurso da loira arruivada que se tornara sua nova amiga.

Kate e Garrett nos abraçaram e se desculparam por não ficarem até o grand momento, pois o voo para a Nova Zelândia que os levaria a mais uma de suas aventuras em casal os já esperava.
Phoebe, sempre tão calada e distante, às vezes deixava o olhar se perder entre os campos verdes do quintal da mansão, e eu me perguntava o que se passava por sua cabeça.

Agnes, uma excelente anfitriã, chegou até nós com seu sobrinho Henry e nos abraçou, contando histórias da antiga Inglaterra para nos divertir durante a espera.

Henry era um rapaz encantador e gentil, com seus olhos vermelhos que brilhavam ao citar os antigos hábitos britânicos, por vezes balançando o negror marinho dos cabelos idênticos ao da tia.
Stuart e Dominique seguravam cada uma das mãos de Arthur, ouvindo educadamente nosso diálogo com os Colbert. O único dos Éclat que não estava em nossa roda de conversa era Dyllan, que acompanhara Tanya até a beira do vasto espelho-d’água, ambos rindo calorosamente.

Troquei um olhar rápido com Edward, sorrindo torto. Quem sabe não sairia algo dali?

E eu não me senti mais tão ameaçada. Pela mente mirabolante de Alice.

Além do mais, parecia uma comemoração normal.

Errada novamente.

Emmett e Rosalie saltaram as escadas numa velocidade empolgada e anunciaram os preparativos já prontos. Uma fresta de luz iluminou o gramado quando Jasper e Alice – com sorrisos que me deram calafrios – abriram minimamente a entrada e nos chamaram para dentro logo depois.

– Alice... Meu Deus.

Foi só o que eu consegui dizer ao abrir a porta dupla da mansão dos Colbert.

Me perguntei se estava mesmo na França. A não ser que Alice fosse sócia da Disney e nunca me contara, aquilo parecia uma mini réplica dos salões de festa do maior parque temático do mundo.
– Antes que você pergunte, o Mickey e as princesas mágicas não foram convidados, Bella – Emmett zombou, caindo numa gargalhada estrondosa em seguida. Impossível não rir junto.
E isso foi só a minha impressão. Até porque eu nunca estivera na Disney antes.

Com a decoração perfeita – um forro bastante alto que antes era de mogno envelhecido, agora estava salpicado de pontos de luz de cor roxa – minha mente aliviava-se ao deduzir a utilidade de Jacob.

É claro que havia algumas peculiaridades. Como a ausência da mesa de jantar, assim como a falta de qualquer alimento humano. Ou a longa plataforma lotada de presentes coloridos que me embrulhou o estômago.

Entretanto, meus temores se dissiparam ao ouvir a exclamação excitada de Nessie. Sorrimos com sua animação palpável; ela me fez querer dobrar o tamanho da plataforma e a enchê-la de novo.

– Obrigada, tia Alice! Obrigada, obrigada, obrigada – ela repetia durante pulos desajeitados de alegria enquanto a abraçava. Estava convivendo demais com a tia.

– Ora, vá em frente e abra logo os presentes, Nessie – Jacob reclamou e a arrancou de Alice, que o fuzilou divertida.

Eu o teria repreendido se Edward não falasse logo em seguida:

– Isso Nessie. Deixe-a de lado e depois diga que ela é a melhor tia do mundo... exatamente o que Alice quer – ele riu.

Todos rimos quando Alice lhe mostrou a língua e carregou Renesmee até a plataforma. Meu sorriso oscilou um pouco nas pontas quando ela olhou pra trás e me chamou com as mãozinhas estendidas.

Jake pegou um grande pacote retangular vermelho escuro com um “Felicidades Nessie!” escrito em sua caligrafia. Ele nunca pareceu tão feliz entre vampiros como agora.

– Esse é meu. Abra.

Renesmee segurou a caixa e sorriu radiante para ele. Depois soltou uma exclamação ao ver o que fez nossos olhos brilharem. Sim, os meus inclusive.

Era uma maquete minúscula tão realista de La Push que eu quase podia sentir o cheiro da maresia tão familiar ali entre nós. Mas o aroma de gesso e verniz era agradável; por um instante a coloração berrante que explodia da miniatura fez-me sentir em casa, entre os armários amarelos da cozinha de Charlie e o verde jade de Forks.

E não fui a única. Suspiros admirados e alguns “Charmant!” foram ouvidos; meu olhar periférico percebeu uma curiosidade fervente nos olhos azuis de Phoebe. Seria maravilhoso levá-la para La Push um dia. Meu instinto humano – que às vezes vinha à tona – me alertou sobre uma possível amizade entre a nova Denali e Nessie.

Jacob enfim falou algo.

– Eu rachei a cabeça pensando. No final a ideia nem foi minha, mas veio bem a calhar... é algo que os quileutes não costumam presentear, entendem? E algo diferente da coleção-Matisse-Renoir-ou-sei-lá-o-quê de vocês.

– É perfeito, Jacob. Quem diria que mãos tão grandes são tão talentosas para fazer miniaturas? – balancei minha pulseira com a miniatura do lobo – Aliás, quem lhe deu essa luz?

– Meggie. – Seu sorriso foi de orelha a orelha.

A cerimônia se prosseguiu com Agnes e Henry, que me presentearam com brincos metálicos e a Nessie com um broche medieval. Tanya já dera seu presente a Renesmee (um kit de manutenção para fios lisos que encantou Rosalie) e me encheu os braços com enormes casacos russos que eram exatamente a combinação do que eu usava para me proteger na neve com o que Alice mais amava. Algo me dizia que a bagagem voltaria com o dobro do peso para a América.

Eu quis abrir um buraco aos meus pés quando os outros Cullen (em nome de Alice, claro) me entregaram seu “mais do que merecido presente”.

Carlisle e Esme se afastaram um pouco nesse momento, para diminuir meu constrangimento. Lancei olhares mortais a Emmett tentando lembrá-lo do nosso pacto, mas sua resposta me fez estremecer.

– Já notou os próprios olhos dourados, maninha? Que tal uma quebra de braço?

Engoli em seco.

Edward passou o braço pelas minhas costas o encarando, mas riu empolgado quando eu escondi as algemas de aço resistente no bolso.

Os Éclat foram amáveis ao nos entregarem uma coleção de clássicos da literatura francesa que ajudariam Nessie a praticar o idioma.

– Basta um pouquinho de treino, querida – Dominique disse suavemente.

– E isso lembra que é minha vez.

Todos viramos para Edward.

Ele se abaixou até ficar na altura de Renesmee e a trouxe para perto com um brilho diferente nos olhos. Era aquela reverência novamente; aquele calor paterno que fazia meu coração inflar e meus olhos arderem.

– Eu sei que agora suas mãos são pequenas demais para isso. Mas é uma tradição da minha antiga família.

Ele tirou da plataforma uma caixa envelhecida com pérolas incrustadas que ainda exalavam um leve odor de poeira. Na tampa, uma pintura de uma jovem com grandes olhos verdes, longos cabelos de tom bronzeado e rosto adorável que com espanto notei ser idêntico ao de Renesmee. Idêntico ao de Edward.

– Minha mãe Elizabeth aprendeu a tocar piano aos seis anos, assim como minha avó, pelo que diz a lenda. Eu fui filho único e a tradição não me escapou. Agora é a sua vez, filha.

Meus lábios tremeram pela emoção. Quando as mãozinhas de Nessie subiram a tampa, pudemos ver partituras envelhecidas pelo tempo, mas ainda assim eternas.

– Logo você vai poder compor suas próprias melodias, como eu fiz. Mas por enquanto, você terá que receber aulas do pai que mais te ama no mundo.

Nessie soluçou e abraçou o pai apertado. Os vampiros estavam todos tocados; Jacob sorria como um irmão mais velho assistindo o caçula num momento feliz.

Edward se levantou com Nessie sentada em seus ombros, e se virou para mim sorrindo torto.

– Agora é minha vez? – deduzi.

Ele riu e entregou Renesmee a Jacob, me deixando intrigada.

Segurando minha mão, Edward me levou para o terraço enquanto a festa continuava dentro de casa. Algo me dizia que ele já combinara aquela pequena fuga com os outros, por isso a indiferença dos convidados à nossa saída súbita.

Foi só nesse momento que notei o quão importante foram esses últimos dias. O quanto – por mais masoquista que pareça – conveniente foi esse problema com os Volturi. Só assim nós descobrimos pessoas maravilhosas que o destino nos reservou. E que das quais eu já sentia falta. Pois eram justamente elas que completavam a família Cullen.

Abri a boca para lhe perguntar onde iríamos, mas no outro instante ela estava tomada pelos lábios de Edward e os pensamentos fugiram de minha mente. Segurei os cabelos de sua nuca e me encostei em seu abraço, respirando com dificuldade.

Mal percebi quando ele me pôs no colo, pulou para o térreo e correu colina acima. Apenas permaneci de olhos fechados, com os pensamentos lerdos, os cabelos voando contra o vento pela velocidade.

Só separamos nossos lábios quando ele sussurrou:

– Abra os olhos, Bella.

Com esforço, desviei da tentação de beijá-lo de novo.

Mirando o horizonte, reconheci linhas distantes que emitiam um padrão luminoso, só podendo ter sido planejadas. Elas convergiam para o centro, como num leque gigantesco.

No centro, obviamente alta e impávida, mas ainda minúscula, estava a famosa Torre Eiffel.
O ar sumiu dos meus pulmões.

Je T'aime – ele murmurou, seu nariz deslizando no meu.

Minhas sobrancelhas se arquearam. Seu riso fez cócegas em meu rosto.

– Eu te amo – ele traduziu.

Enlacei seu pescoço com mais força.

– Eu amo você – sussurei.

Dourado no dourado, nossa harmonia era perfeita.

– Amanhã, quando voltarmos para casa, esse clima de romance épico não precisa ser quebrado, sabe? – Edward sorriu malicioso – Quer dizer, ainda teremos o presente de meus irmãos.
Bati em seu ombro, rindo.

O zéfiro trouxe o perfume da Cidade Luz até nós.

Ambos o aspiramos, aproveitando o momento, dedicando-o à memória eterna.

– Agora você se sente em Paris? – ele me olhou intensamente.

Pensei nas minhas últimas reflexões e sorri.

Encostei minha cabeça no seu ombro.

– Agora eu me sinto completa.

3 comentários:

Bia Pattinson disse...

ADOREI mto legal ,lindAAAAAA!!!!
parabens para quem a criou..

Jaami disse...

ADOREI TB !!! ^^

Letícia Ingrid disse...

Mds que lindo !! *--* final mais que perfeito !!
Só estou curiosa eu realmente gostaria de ler sobre a BELLA usando algemas no EDWARD oh god que cena hilária...kkkkkkkkkkkkkk

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