Eu Te Amo - Capítulo 04

Assim que chegamos à loja de roupas para bebês, Alice ficou muito agitada, como se fosse disparar para todas as direções pegando tudo que pudesse.

- Comporte-se – eu alertei.

Ela emburrou. – Por que me trouxe, então?

- Porque gosto de sua companhia. E sabia que se eu saísse para fazer compras sem você teria de ouvir suas reclamações por muitas horas.

- Tem razão. Me diga o que você quer comprar exatamente.

- Não sei bem.

- Isso eu já sei.

- Acho que algo unissex. Não sabemos qual o sexo do... feto. – Trinquei os dentes ao me referir àquilo.

“Por que está fazendo isso?”, Alice pensou. – Por ela – respondi em voz alta.

Ela desviou o olhar e foi para a sessão de sapatos. A segui. Logo uma vendedora se aproximou e Alice simplesmente a ignorou. Foi grosseiro e não consegui evitar uma risada. Alice podia ser insuportável quando se tratava de moda.

Ela me mostrou sapatos tão pequenos que não achei que pudessem servir em qualquer ser. Eram brancos e com certeza podiam ser para meninos ou para meninas. Tinham pequenos detalhes na parte de cima. Eram perfeitos. Até pude imaginá-los nos pés de um filho meu. Evitei lembrar que aquela coisa era “um filho meu”. Eu ainda tinha que trabalhar isso antes de presentear Bella.

Por Alice, definitivamente, teríamos levado a loja toda e foi um grande esforço convencê-la a levar apenas aquele par de sapatinhos. “Não entendo. Se queria só isso, por que me trouxe?”, ela pensava enquanto voltávamos para casa. – Eu já te disse, Alice. Gosto de sua companhia.

Agora foi em voz alta. – Sei que é difícil vê-la daquele jeito. É difícil ficar ouvindo as acusações de Rosalie. É difícil segurar a vontade de arrancar a cabeça daquele vira-lata.

- Também é uma das razões para eu ter vindo com você. É uma das poucas que não me acusa, mesmo sem me apoiar.

- Não é que eu não o apoie, Edward. Existe apenas uma coisa em que sou contra. Você já sabe o que é. Nas outras pode sempre contar comigo.

Baguncei seu cabelo. – Obrigado, baixinha.

Ela suspirou pesado com minha brincadeira e depois de algum tempo, me questionou. – Posso saber quando você vai dar o presente à Bella?

- Nem eu sei bem. Talvez mais tarde. Não sei. Não estou planejando nada. Quando eu achar que é o momento...

Alice ficou parada por um instante. – Não adianta você procurar nada no meu futuro. Eu não decidi – isso realmente me incomodou.

- Não estou olhando seu futuro. Preste atenção e me diga o que ouve. - Já estávamos perto de casa o suficiente para ouvir as conversas.

- Rose... – havia tanto receio em sua voz – posso te perguntar uma coisa?

- Claro, Bella. Sempre. O que foi?

- Hummmm... Eu estou pensando nisso há alguns dias, mas se você me desse uns conselhos, provavelmente seria de grande ajuda.

- É só me dizer. – Rosalie parecia realmente prestativa.

- Huh... Quero fazer amor com Edward – Bella falou em um fôlego só. – Pode parecer loucura, mas sinto tanto a falta dele – o tom da voz de minha mulher era de completo pesar.

Já Rosalie despejou toda sua indignação. – Como assim, Bella? Você não está se vendo? Mal consegue se mover sozinha. Vocês machucariam o bebê. Edward machucaria você e o bebê!

Acelerei o máximo que meu carro podia aguentar. Eu só queria chegar em casa e tirar minha mulher de perto de Rosalie. Agora eu já podia ver o rosto de Bella pelos pensamentos de Rosalie. Era de um sofrimento sem fim com a rispidez de minha irmã. Era de partir o coração. Mas Rosalie não parou. – Se está me dizendo isso para saber minha opinião... Eu sou totalmente contrária.

- Não é exatamente isso que eu estou pedindo, Rose. Eu quero e vou falar com o Edward. Tive tempo suficiente para pensar nisso. Acho que talvez ele também possa querer. Meu único receio é quanto às marcas de meu corpo. Sinto que ele pode me rejeitar- Não sei. Estou tão cheia de hematomas que tenho certeza que assim que ele os vir vai se sentir muito culpado. – Bella me surpreendeu com sua força, ao mesmo tempo em que me doeu ouvir suas preocupações.

Sai da rodovia pegando a estrada cheia de curvas que levava à minha casa. Rosalie já me ouvia. - Edward está chegando – ela alertou Bela.

- Por favor, não pense sobre isso perto dele – Bella sussurrou. E assim elas encerraram o assunto. E agora? O que eu devia fazer? Olhei para Alice.

- Não olhe para mim, Edward. Não mudei de opinião. A certeza é toda sua.

Bufei e estacionei o carro em frente à garagem. Alice desceu imediatamente. Jasper a esperava na porta da sala. Continuei dentro do carro. Estava aflito, mas senti uma onda de tranquilidade me afetando. Olhei para meus irmãos. Jasper tentava me acalmar com seu estranho dom, já que Alice não me acalmou com as palavras. Assenti em agradecimento. Eles me deixaram sozinho para pensar. Ouvi Bella perguntando por mim à Alice, que avisou que logo eu entraria para vê-la. Respirei fundo, peguei o embrulho no banco de trás e sai do carro, disparando para dentro da casa.

Bella estava deitada no sofá, como sempre. Rosalie nem olhou para minha cara desta vez. Estava com raiva, mas sequer me ofendia em seus pensamentos - um reflexo da conversa que teve com Bella. Ela saiu da sala nos deixando a sós. Me aproximei de Bella que, assim que me viu, abriu um grande sorriso.

- Hey, você sumiu – havia mais tristeza em sua voz do que eu gostaria de ter percebido.

- Mas agora estou aqui.

Ela se sentou com tanta dificuldade no sofá, mas não me deixou ajudá-la. Apenas olhou para que eu me sentasse também. Foi o que fiz e ela deitou a cabeça no meu colo.

- O que é isso? – e apontou para o embrulho.

- É o que estava fazendo. – Rasguei o papel tão rápido que duvido que ela tenha reparado. Abri a caixa e peguei os dois sapatinhos. Coloquei meus dedos dentro e os posicionei no alto de sua enorme barriga de grávida. – Queria te dar um presente.

Vi seus olhos enxerem de lágrimas. Ela piscou e a primeira caiu, seguida por muitas outras.

- É lindo, Edward. – Ela pegou os sapatos e os cheirou – Obrigada – e foi só o que ela disse.

Depois ficou olhando aqueles pequenos objetos com um amor inexplicável. Como ela poderia sentir tudo isso pela coisa e eu não? Ela sabia tanto quanto eu que estava morrendo por aquilo, mas em nenhum momento mostrou qualquer sombra de arrependimento por seguir adiante. Por que eu não conseguia sentir o mesmo?

Acariciei seus longos cabelos. Ela nunca tirou os olhos de meu presente.

- Amor, - eu chamei sua atenção para mim – eu queria te levar para um passeio esta noite.

- Um passeio? Eu nem consigo me movimentar aqui em casa, Edward – ela lamentou e fiquei com medo de tê-la ofendido.

- Eu te carrego. Você nem vai perceber – insisti.

A dúvida pairava em seu olhar. Percebi que ela estava escolhendo as palavras para não me magoar. – Prometo que, assim que o bebê nascer, deixo você me levar onde quiser. Agora é um pouco complicado para mim. - Ela esticou o braço e passou a mão no meu rosto. Fechei os olhos e senti seu aroma. Segurei sua mão virando a palma em direção a meus lábios e a beijei suavemente.

- Vou cobrar esta promessa depois, então. – Sorri. Ficamos ali parados até que Esme trouxe seu copo com tampa e canudo cheio de sangue.

- Minha querida, Carlisle pediu para eu trazer para você, já que Rosalie não foi buscar.

- Obrigada, Esme. – Bella soltou-se de minha mão e pegou o copo. A ajudei sentar-se e, sem soltar os sapatinhos, Bella tomou todo o sangue do copo. Isso a deixava tão mais forte. Era nítido. Esme não ficou na sala. Eu percebi nos últimos dias que todos eles, sem excluir ninguém, evitavam ficar no mesmo ambiente quando Bella e eu estávamos juntos. Eles não pensavam nisso quando eu estava por perto, mas fiquei imaginando se tinham combinado que diante de tudo o que se passava, merecíamos esses momentos só nossos. Assim que acabou com o sangue, Bella soltou um suspiro profundo.

- Você está cansada – observei.

- Um pouco. Mas não quero ir para o quarto.

- Por que não?

- Porque eu gosto quando você está comigo e você nunca vai lá – ela se entristeceu.

- É só porque eu achava que você precisava descansar e isso não aconteceria comigo por perto – tentei amenizar.

- Isso é verdade. Porém, - agora ela se divertia – eu trocaria qualquer coisa, incluindo descanso, para estar com você.