As Quatro Estações - Capítulo 12: Dentro De Mim

Renesmee PDV

Eu ouvia vozes distintas vindo lá de cima.

- Meu Deus, Nessie!

- O que aconteceu?

- Ela desmaiou.

- Chamem Carlisle!

Minha mãe, meu pai... tia Alice? É. Eu conhecia essas vozes.

Logo depois, algo por volta de dois minutos, ouvi a voz de meu avô Carlisle também. Ele encostou dois dedos no meu pulso, tentando marcar a pulsação. Se eu tivesse forças para abrir os olhos, falar e levantar, eu diria a ele que eu estava sentindo minha pulsação fraca e desacelerada.

Mas eu não conseguia.

Então continuei deitada no chão.

Mas uma voz nova, chegando desesperada, me fez despertar.

- Nessie! – exclamou Jacob. – Deus, o que aconteceu com ela?

A voz dele tinha tanta dor, tanto desespero, que eu reuni minhas forças e abri os olhos, só para que ele se aliviasse.

- Estou... bem – falei com o máximo de voz que consegui. O que não foi muita coisa.

- Não está, não! – exclamou ele, correndo para me abraçar. Eu ainda estava meio zonza.

Olhei em volta. Meu pai e minha mãe estavam ali. E... Alice?

- Tia? – perguntei com a voz fraquinha. – O que está fazendo aqui?

Tia Alice ficou quieta.

Minha mãe correu para mim e me tirou dos braços de Jacob, tomando o lugar que eles ocupavam antes.

- Renesmee – sussurrou ela. – O que aconteceu? Você está bem?

- Eu... não sei – respondi. – Estou bem, mas... eu vomitei bastante... e depois desmaiei. Isso definitivamente não é normal.

Ela balançou a cabeça afirmativamente.

- Sim, não é normal – Sua voz não passava de um murmúrio. Seus olhos estavam alertas.

Ela olhou para Alice, aflita. Alice sacudiu a cabeça em afirmação. Meu pai rugiu, arregalando os lindos olhos dourados. Eu não estava entendendo porcaria nenhuma, e aparentemente Jacob também não.

- Filha – Mamãe olhou para mim outra vez. – Você está sentindo algo de... diferente?

Eu a encarei, confusa.

- Não. Estou até que bem... meio enjoada, só. E com uma vontade imensa de comer algo.

Minha mãe congelou.

- Algo? – repetiu ela. – Algo específico? Ou qualquer coisa?

- Algo específico – admiti, após parar para analisar minhas vontades estomacais. – Estou realmente com muita vontade de comer muffins. E não sei o porquê, afinal de contas geralmente eu me alimento de sangue.

Mamãe enterrou a cabeça nos braços. Meu pai fez o mesmo, e tia Alice simplesmente balançou a cabeça.

- Alice – chamou Bella. – Chame Carlisle.

Tia Alice assentiu, e saiu num átimo para chamar vovô.

- Mãe – eu estava começando a ficar realmente assustada. – O que está acontecendo? Já não entendo mais.

- Eu também não – disse Jacob. – Seria bem legal da parte de vocês uma explicação.

- Filha, você ainda não percebeu? – sussurrou meu pai. – Não percebeu os sintomas?

Uma ideia passou pela minha cabeça. Mas... não, Nessie. Você está delirando. Você não pode estar grávida... Há há, que piada.

- Eu... não.

- Nessie – a voz da minha mãe era urgente – Você está grávida.

Arregalei os olhos. Que merda foi essa?

Grávida?

Impossível.

- Mãe – murmurei trêmula. – Você não pode ter certeza disso.

- Não, eu não posso – concordou ela. – Mas eu tenho praticamente certeza. Chamamos Carlisle para que ele confirme.

E então eu me lembrei de uma coisa.

Eu devia ter menstruado há três dias.

Mas devia ser só um atraso bobo... Eu não podia estar grávida! Ia ser o pior azar do mundo.

Olhei para a minha mãe, que estava em perfeita aflição. Meu pai escutou meus pensamentos com relação à menstruação, e quase morreu de agonia.

Logo, meu avô Carlisle chegou, com a sua expressão de médico profissional já composta. Atrás dele vieram tia Alice, tio Jasper, tia Rose, tio Em e vovó Esme. Ele não parou nem nada, simplesmente veio até mim.

- Nessie – murmurou ele urgentemente. – Só tem uma coisa que pode confirmar sua gravidez, e acho que você sabe o que é.

Eu sabia. Mas eu não queria falar da menstruação na frente do tio Em e do tio Jazz... era constrangedor demais. Coloquei minha mão no rosto do meu avô, mostrando que eu devia ter menstruado há alguns dias. Ele fitou o nada, atentamente, pensativo. E por fim, levantou-se.

- Sem dúvidas. – Ele olhou para Jacob e meus pais. – Ela está grávida.

Balancei a cabeça, inconformada.

Jacob PDV

Aquilo era informação demais para mim. Fala sério. Foi a primeira vez que a gente transou... primeira e única! Como é que a gente podia ter aquela merda de azar?

Grávida?

Isso não podia ser possível. Não mesmo. Eu me recusava a acreditar, mas as palavras de Carlisle caíram como uma bomba em cima de mim.

- Carlisle, você tem certeza? – sussurrou ela, tirando as palavras da minha boca.

- Absoluta – Ele parecia tão aterrorizado quanto nós.

Bella estava paralisada, completamente. Edward também. E eu fui me paralisando à medida que minha ficha caía. Ninguém tinha nenhuma noção do que estava dentro de Nessie, afinal de contas, um lobisomem fazer sexo com uma meia-vampira e conseguir procriar alguma coisa realmente não é normal.

E então a dor veio. Aflição. Terror. Lembrei-me da gravidez de Bella, e de como ela ficou debilitada... eu não conseguiria viver com isso. Não conseguia nem imaginar Nessie daquele jeito... Deus.

- O que nós faremos agora? – perguntei. Carlisle balançou a cabeça.

- Não sei – respondeu. – Está fora de cogitação tirar a coisa daí de dentro...

- Está mesmo – interrompeu Nessie. – Se minha mãe sobreviveu a mim, eu vou sobreviver a... seja lá o que estiver aqui dentro.

Eu olhei para Nessie sem entender nada. O quê, ela queria a coisa?

Só podia ser filha de Bella.

- Nessie, você...

- É nosso filho – Ela me olhou um tanto ofendida. – E eu o terei. Vou assumir as conseqüências dos meus atos, assim como meu pai me ensinou a fazer.

Maldito seja Edward.

- Não, Nessie – Edward finalmente falou. – Isto é diferente. Você não precisa assumir dessa vez, se não quiser.

- Mas eu quero.

Nessie era teimosa até nos casos mais extremos. Acho que eu já devia estar acostumado com isso.

Edward balançou a cabeça.

- Nessie, eu... – Ele parecia estar escolhendo as palavras. – Quando sua mãe estava grávida de você, ela ficou muito debilitada. À beira da morte. – Ele fechou os olhos e sacudiu a cabeça, tentando afastar as lembranças devastadoras. - Eu não sei se eu suportaria isso outra vez...

Nessie foi até o pai, já mais fortalecida, e pegou a mão dele.

- Eu consigo, pai. Eu sei que consigo.

Aquilo foi a gota d’água para mim. Parecia que eu estava revivendo alguns anos atrás. As falas de Bella... igualzinha!

- Nessie, não corra esse risco – pedi. – Você está repetindo o que sua mãe disse há alguns anos. Ela morreu... chegou a morrer. E voltou graças ao veneno do seu pai. E nós sabemos que não podemos injetar veneno em você!

Eu estava desesperado, mas ela estava calma e olhou Edward com curiosidade.

- Por que vocês não podem me transformar em vampira?

- Nós não sabemos o efeito... que o veneno teria em você – respondeu ele.

- Bom, caso o pior aconteça, vocês poderiam tentar – sugeriu ela. Arregalei os olhos, horrorizado.

- O pior não vai acontecer, Nessie, está me ouvindo? Você não vai me deixar!

Ela encostou a cabeça em meu peito.

- Não vai acontecer. Eu jamais deixaria você – sussurrou ela. – Eu te amo. E vou passar por tudo isso. Eu sei que conseguirei.

Não teria jeito mesmo de impedi-la.