Do You Want To Play? - por Rainbow


Sinopse: Ele é um homem sádico. Ele irá fazer o melhor jogo de horror de todos. Para participar você só tem que responder: Do You Want To Play?

Pelos monitores eu vi os dez acordando, o medo em seus rostos em não saber onde estavam, em não conhecer os outros com quem estavam juntos. Eles encaravam as câmeras, alguns bravos, todos em pânico. Esperei até que todos estivessem devidamente assustados para pegar o microfone e contatá-los. Podia vê-los, mas eles só ouviam a minha voz.

- Bem vindos, novos jogadores. Primeiro nível. O duto de ar contém uma dose letal de estricnina. Há um molho de chaves abaixo do monitor, e três portas à frente de vocês. Apenas uma das portas se abre para cinco seringas de antídoto.

Enquanto isso eu iria ficar assistindo, me deliciando com o pavor deles da morte. Não demorou muito para que começassem a brigar pelas chaves e por quem iria pegar umas das seringas. Eu adorava aquilo. Me excitava ver os outros sofrendo. Aqueles iriam ser bons jogadores, não iriam ficar gritando e pedindo socorro igual aos anteriores. Esses eram inteligentes.

Com apenas quarenta e sete segundos faltando, eles conseguiram obter todas as portas abertas. As seringas estavam na última porta. Houve praticamente uma luta para os cinco conseguirem injetar a agulha em alguma parte do corpo. Alguns conseguiram por pouco, teve uma ruivinha que foi injetada acidentalmente, enquanto brigava pela seringa com um cara loiro. Logo os pequeninos vidros caíram no chão e as pessoas que não conseguiram o antídoto ficaram desvairadas. Demorava mais dois minutos para fazer efeito e eu tinha que me trocar, acabara ficando animadinho demais. Como eu queria estar lá com eles! Eu deveria contatá-los.

- Parabéns aos que conseguiram. Mas eu esqueci de avisar uma coisa: no duto só havia oxigênio. A estricnina estava nas seringas e não possui antídoto. Próximo nível para os que sobreviverão.

Desliguei as luzes e os injetados ficaram histéricos. O sonífero só foi liberado no duto depois que os sons agonizantes das pessoas se asfixiando cessaram, e não gostei quando tudo ficou silencioso. Parecia inocente demais. O próximo nível já estava preparado, e levei todos para lá. Eles acordaram no mesmo ritual anterior, surpreendidos por estar em um ambiente novo. Eu tinha que falar com eles.

- Segundo nível. Cada ladrilho ao chão ativa uma surpresa para quem o pisa ou para outra pessoa. Os que chegarem ao outro lado passam para o próximo nível.

O que aconteceu a seguir foi um festival de gritos, berros, choros e todos os outros tipos de reações às brincadeiras, por assim dizer. Haviam mil oitocentos e vinte e seis ladrilhos pequenos, que davam a metade de um pé comum. Portanto eles sempre pisavam em mais de um ao dar um passo.

Era um lança-chamas para lá, dardos envenenados para cá. Eles pareciam valsar por se movimentarem a todo segundo. Não demorou muito para que os mortos começassem a cair no chão, mantendo vários ladrilhos pressionados de uma vez, torturando os outros jogadores. Eu não conseguia parar de dar risada e de me extasiar observando-os. Mas minha diversão durou apenas mais meia hora, por que três conseguiram atravessar a sala. Uma morena pequenininha, um loiro entediante e uma mulher mais velha do que os dois. Eu particularmente esperava mais pessoas, mas eles pareciam que iriam me entreter melhor do que se eu tivesse que ficar vigiando um monte de gente. Desliguei o mecanismo que ativava as armadilhas pelos ladrilhos e abri a porta de metal que havia à frente deles, dando para uma outra sala, só que um pouco mais estreita do que a anterior. Afinal, eles não iriam passar muito tempo ali mesmo.

Teria de falar com eles de novo, embora apreciasse melhor se eles descobrissem o que fazer sozinhos. Mas regras eram regras.

- Terceiro e último nível. Há dez entradas e vocês são três, então cada um escolhe a sua. O primeiro que chegar ao centro ganha o jogo - Pena que eu omitia coisas, por exemplo, que eles estariam apenas sob pequenos pontos de luz no teto e o que aguardava quem conseguisse chegar ao centro. Mas era aquilo que trazia toda a diversão. Não estragaria meus próprios planos, não é?

Dos cinco, a morena que tinha cara de frágil era a que encontraria uma surpresa primeiro. Ela pegou a entrada do meio e o caminho da esquerda na bifurcação do terceiro corredor, onde havia borrifadores de ácido. Ah, a pequena gritou tanto que eu acabei gozando novamente. Desliguei a câmera dela, porque os outros eram mais importantes no momento.

O cara que brigou com a ruivinha pela seringa encontraria uma surpresa em seguida, pois já estava na metade do seu percurso, um longo corredor sem bifurcações, no qual eu mais tive de trabalhar. Queria deixar aquele perfeito. Como ele era franzino, ficaria muito legal achatadinho. Apertei uma tecla do computador e logo as paredes se estreitavam. Foi legal, porque em poucos segundos ele tinha que correr de lado e depois gritou enquanto seu corpo era prensado pelas duas paredes. O sangue escorria rápido, e de repente ele parou de gritar. Ainda bem que eu esperei mais para me trocar, por que a última iria demorar um pouco.

Sobrara apenas a mulher que tinha a típica feição de mãe. Era dela o caminho que levava ao centro do labirinto. Era ela quem iria ganhar. Ela deveria ter percebido que o seu caminho estava fácil demais, apenas com o longo trecho em que saíam grossos pregos do chão e furavam seus delicados pés. Claro que eu sempre deixava o melhor para o final. Digitei os comandos no computador para que liberasse os lobos na entrada dela e desci para saudá-la, mas depois de me trocar. - Eu sou um sádico desgraçado - falei para mim mesmo, rindo de como eu era criativo.

A mulher veio ao meu encontro ofegante e em pânico, os pés sangrando. Pressionei o controle que tinha nas mãos para que os lobos fossem segurados por um punhadinho de carne. Eles não demorariam a aparecer. Ela estava em choque, e não disse nada, apenas ficou com seus olhos arregalados para mim, respirando fundo, tentando recuperar o fôlego.

- Qual o seu nome? - perguntei, com um leve sorriso nos lábios.

- E-Esme - ela respondeu, ainda parada.

Me afastei um passo dela. Agora os lobos já deveriam estar quase chegando. Eu acho que havia esquecido de alimentá-los nos últimos dois dias. Eles deveriam estar com muita fome. - Parabéns, Esme, foi a primeira a chegar. Você venceu! - bem que poderia rolar uma dancinha da vitória, mas acho que ela não estava muito no clima. Respirei fundo. - Porém temo que não vá sair.

- O que? - ela parecia aterrorizada. Vi os olhos dos animais brilhando no escuro, vindo cada vez mais perto. Ela também os viu e começou a gritar novamente.

- Game Over - falei, antes de meu dedo apertar outro botão para que a chapa de ferro descesse entre nós e trancasse-a lá dentro.

E para você, que leu o que aconteceu com eles, eu pergunto:

DO YOU WANT TO PLAY?

Esta fic é uma das finalistas do Concurso "Doces Ou Travessuras?".

4 comentários:

Erika ♥ disse...

Jogos mortais? uhasuh. Criativo.

Pi Da Ros disse...

uauuuuuu q horrorrr

Bebetty_rp disse...

muito legal!essa oneshot é fantástica!!!

tete disse...

Ai,coitadinha... 

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