Ensemble Pour Toujours - por Rainbow


Sinopse: “Quão tola seria eu, uma camponesa bastarda, para aventurar-me em um romance com o mais belo homem da face da Terra?” - Sulpicia

Ele era diferente de qualquer um que eu conhecera. Aro era perfeito. O amava de todo o coração, e tinha absoluta certeza de que ele me amava também. Pedira minha mão ao meu pai; não era o mais rico dos homens, mas lhe garantiu que nada nos faltaria, nunca.

O dia de nosso matrimônio fora o de mais alvoroço na vila. Todas as mulheres invejavam-me, mas ao mesmo tempo desejavam-me uma felicidade sem tamanho junto ao meu noivo. Estava prestes a ser infinitamente feliz, e tinha consciência disso.

Mas o que ocorreu minutos antes do casamento me amargurou.

Aro foi encontrado em um dos túneis que ligava o bosque a igreja. Pelo o que me disseram, estava... Doía-me o coração pensar que o amor de minha vida estava morto.

Não conseguia me lembrar muito da notícia, pois desfaleci e só acordei cinco horas depois, completamente desolada.

- Sulpicia? - minha irmã entrou no quarto. Fazia tempo que eu não mais saia dos meus aposentos, nem sabia que dia era - Seu banho está pronto.

- Obrigada - sussurrei. - Mas não desejo fazer nada agora.

- Irmã...

- Deixe-me sozinha apenas, Joanne! - Ela entendeu que eu não queria conversar, e fechou a porta atrás de si.

Fitei o céu fora da janela, e uma brisa fria fez as cortinas voarem. Estranho haverem brisas frias no meio do verão. Mas aquilo não me incomodava nem um pouco. Eu só queria ver a face do meu belo Aro novamente. Provar que nada daquilo tinha acontecido, que eu estava sonhando. Que ele ainda estava se arrumando e eu teria de me conter para não ir para a igreja antes que ele.

- Sulpicia - baixei meus olhos de repente, para o jardim que havia atrás de minha casa. Ouvira a voz de Aro. Aquilo não seria possível, e eu queria muito me prender à hipótese de ainda estar sonhando. - Supicia - Aro me chamou novamente.

Meu coração começou a bater rápido, minha respiração acelerou e eu corri para fora como se daquilo dependesse minha vida. Dependia sim, e também a minha felicidade, minha sanidade e meu amor.

O sol já se punha no horizonte, as nuvens coloridas embelezavam o céu, não ligando para a minha infelicidade. Eu caminhei, adentrando no bosque, ouvindo meu nome na voz melodiosa de Aro. Eu tremia, e comecei a correr, em busca dele, mas sem encontrá-lo. - Aro! - gritava. Meus pulmões quase explodiam com uma exigência demasiada. - Aro!

Milhões de motivos pelos quais eu não conseguia encontrá-lo passaram pela minha cabeça, me deixando confusa e perdida. Foi então que eu o avistei, estava a poucos metros de mim. Os seus olhos, antes sempre azuis, adquiriram uma cor vermelha intensa, como sangue. - Son couer est um luth suspendu; Sitôt qu’on lê touche, il résonne.

Seu coração sensível é um alaúde suspenso; Assim que você o toca, ele ressoa, pensei comigo mesma. Aro costumava citar frases em francês nas cartas que enviava a mim quando ainda me cortejava. Continuou a enviá-las mesmo depois de saber sobre meu amor por ele. Era um romântico incurável. - Meu amor... - eu o abracei. Sua pele estava gélida, embora não houvesse frio. Observando sua boca, percebi que havia um pequeno filete de sangue. - O que houve, se machucou? - perguntei, limpando-o. Não existia ferimento algum por baixo do sangue. Aquilo me intrigou. - Aro, por favor, diga-me, porque todos anunciaram sua morte, se está aqui para provar o contrário? Que terrível alma não quer que fiquemos juntos?

- Sulpicia, ninguém lhe informou errado.

A voz dele ficou sem emoção, me deixando assustada.

Seus olhos vermelhos brilharam em súplica.. - Tem certeza de que quer ficar comigo?

- Para sempre - falei instantaneamente. Mas que pergunta tola. Eu estava certa do que queria. E eu queria Aro comigo até o fim dos meus dias.

- Nem mesmo a morte pode nos separar agora, meu amor - ele me apertou mais contra seu corpo frio. Ainda que com um pouco de medo, eu me sentia aconchegada.

Um trovão anunciou a chuva, e finas gotas começaram a cair no bosque. Aro beijou meu pescoço e depois senti uma terrível dor. Ele havia me mordido. Afastei-me petrificada de Aro, que desapareceu de minha vista no mesmo instante. Meu corpo incendiava. Caí sobre as folhas no chão do bosque, o coração batendo num ritmo acelerado. Um ardor anteriormente inexistente me consumia, e eu urrava na tentativa de que alguém me ouvisse e fizesse aquela dor insuportável passar. Mesmo depois de ter desmaiado a dor não me deixava. Ah, eu queria morrer de uma vez! Queria que isso parasse! Mas era interminável. Passei o que me pareceu dias naquela agonia, sem ninguém para me resgatar. Porque meu amor fizera isso comigo, me traíra deste jeito?

A chuva aumentava, se tornava uma tempestade, com trovões cada vez mais frequentes. A tempestade encharcava-me as vestes, trazia frio até meus ossos. Parecia que conspiravam para ninguém me encontrar. Uma névoa densa se apoderou de minha mente e senti o coração bater violentamente no peito. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, só não queria que aquilo se prolongasse.

De repente eu estava livre do fogo, das batidas do meu coração. Arfei, mas não precisava mais do ar. Abri os olhos devagar, notando que tudo se tornara mais nítido, mais colorido, mais bonito. Encarei Aro, que estava na minha frente. - O que você fez comigo? - assustei-me com a minha voz, agora parecia uma composição musical.

Aro sorriu. - Eu nunca me perdoaria se soubesse que eu a havia matado... - ele parecia falar com si mesmo. - Foi esse o modo que encontrei para atender ao seu desejo.

Eu estava com medo e tremia. - Não entendi.

Ele veio a passos lentos e precisos, parecia não querer se aproximar de mim. - Agora você é imortal, meu amor, isso significa que ficaremos juntos definitivamente para sempre.

Sempre acreditei nele, mas aquilo era ridículo. Seus olhos não mentiam e não conseguiam me convencer. Aro desapareceu novamente e em um segundo um cheiro gostoso me encontrou. Era doce, mas não parecia comida. Nunca o havia sentido antes. - Este é o cheiro que você deve estar sentindo agora - Aro reapareceu, trazendo consigo um corpo humano, do qual jorrava uma pequena quantidade de sangue. O que? Não podia ser. O sangue não tem cheiro, pensei comigo.

Aro pegou uma de minhas mãos, e eu não consegui me esquivar, pois uma corrente elétrica perpassou meu corpo, me fazendo querer ficar presa à ele. - Claro que sangue tem cheiro. Bem, você não tinha percebido isso; nem eu, antes. Mas agora ambos sabemos - seu rosto ficou a centímetros do meu. - Sulpicia, você é uma vampira.

Franzi o cenho, não compreendendo. A cada segundo toda aquela estória se tornava mais absurda. - Apenas respire fundo. - Eu fiz o que ele disse e me surpreendi. O cheiro doce foi captado rapidamente, e eu queria provar, não apenas sentir. Meus olhos se viraram para o corpo no chão à poucos passos de onde eu estava. Vinha dali o cheiro bom, do corpo.

Foi um movimento involuntário, eu não queria faze-lo.

Tirei Aro do meu caminho e cravei os dentes no corpo. Logo o sangue jorrou para dentro da minha boca, e minha garganta implorava por mais. Sentia-me um monstro por estar fazendo aquilo, mas não conseguia parar, a sede era imensa. Notei a presença de Aro me rondando e como um animal, rosnei guturalmente a ele.

Eu era uma vampira?

Mesmo depois que aquele corpo estava completamente drenado, meu organismo implorava por mais. - Posso ir com você? - Aro perguntou, mas eu não respondi. Apenas corri, com uma velocidade descomunal.

Não demorou para que a vila onde eu morava fosse devastada. Sugara cada mísera pessoa. Chorei sem lágrimas quando percebi ter matado minha própria família. E o que eu era não me arrependia disso, continuava a matar, até que minha sede fosse saciada por um tempo. Tempo esse que passei conversando com Aro, sabendo o que ele havia descoberto sobre no que havíamos nos transformado. O rótulo de ‘vampira’ não me agradava, eu ainda não compreendia o que ele significava inteiramente.

A sede não cessaria, a chacina não cessaria. Nunca. Esse era o preço que eu deveria pagar, por desejar até o íntimo do meu ser ficar para sempre com meu amor. Eu deixei minha raiva de lado ao saber que ele me transformara em ... vampira... por um motivo: porque ele não queria sentir a vontade monstruosa de me matar.

A sensação muito conhecida de minha mente ter abandonado meu corpo acabou, e eu fitei aqueles olhos vermelhos que aprendi a amar também, embora eles significassem a nossa maldição imortal. - O que estava procurando? - perguntei quando ele soltou minhas mãos e me abraçou.

- Seu lado da história. - Aro abaixou a cabeça e sussurrou em minha orelha. - Je t‘ame.

Eu sorri. - Também te amo.

Esta fic é uma das finalistas do Concurso "Doces Ou Travessuras?".

3 comentários:

Naty_13 disse...

mto legal
nunka tinha lido uma historia sobre o aro
bjus

Bebetty_rp disse...

bem criativa,gostei d+!parabéns a escritora!

MELLISA disse...

Adoro Aro e Sulpicia só não entendi porque Aro mandava cartas em frances para Sulpicia se eles morram na Italia mas a historia ficou muito legal nunca imaginei esse lado romantico de Aro e nas outras fics que li Sulpicia era como Alice .

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