Vermelho Como Seus Lábios - por Mariana Moro

Olhos vermelhos.

Estigmas do que eu carrego comigo. Reflexos da minha sede, do meu constante sabor, do meu desejo. Incontrolável e irreprimível.

Durante séculos – talvez milênios – eu andei sozinha. Andando e matando, andando e matando. Solitária. Em uma vida tingida de vermelho. Dos meus olhos, dos meus lábios, de sangue.

It's bugging me
(Está me aborrecendo)
Grating me
(Me irritando)
And twisting me around
(E me confundindo)

Eu era invencível. Insaciável. Nada podia me deter. Meu humor instável era minha principal característica como vampira.

E meus olhos vermelhos. Sempre, sempre, sempre.

Nada nunca desviou minha atenção das caçadas constantes. Sendo uma vampira milenar, eu sempre soube me concentrar. A sede sempre foi o foco principal da minha vida solitária.

Eu, mesmo com minha inteligência inumana, não conseguia contar quantas pessoas eu já havia matado. Era um número impressionantemente grande. Porque a caça era a única coisa que eu tinha para fazer em minha vida.

Até um certo dia. O dia em que todo o meu rumo mudou completamente. Meu desejo, minha insaciabilidade, meu humor, meu eu. Até meus olhos vermelhos mudaram – eu sentia como se agora houvesse chamas dentro dele. Queimando as labaredas, indicando que agora havia vida ali.

Yeah I'm endlessy
(Yeah, sou interminável)
Caving in
(Desmoronando)
And turning inside out
(E virando do avesso)

Eu estava pelos arredores de Montreal. Caçando, como sempre. Carregando comigo mesma uma sede interminável, inacabável. Um desejo por sangue impossível de acalmar.

Era muito comum eu cruzar com vampiros em meu caminho. Mas nunca nenhum deles me chamava a atenção; eu sempre fui mais ágil, mais forte, mais invencível que todos eles. Eu sempre tinha mais experiência em meus milênios de vida. Eu sempre fui mais bela.

Mas ele me prendeu de um jeito que não sei como explicar.

- Você é como eu.

Eu estava terminando de sugar o sangue de um homem, em um beco vazio, quando escutei sua voz sedutora. Me chamando.

Virei-me para olhá-lo.

- Quem é você? – perguntei rispidamente. Seu corpo e rosto estavam cobertos por uma longa capa avermelhada.

- Penso que você saiba o que sou.

Ele tirou a capa do rosto. Foi quase impossível me segurar para não tomá-lo em meus braços e beijá-lo. Eu nunca tive essa necessidade, mas aquele vampiro simplesmente era assim. Seus traços mais delicados, um branco translúcido colorindo seu rosto maravilhoso. Convidando-me.

Seus olhos eram de um vermelho muito vivo, o que indicava que era um recém-criado.

- Sei o que você é. Mas perguntei quem você é.

Ele aproximou-se mais.

- Edward Cullen. – Ele passou a mão pelos cabelos cor de cobre. – Qual é o seu nome?

Eu não devia dizer. Eu era anônima; todos que eu conhecia morreram há dois mil anos atrás. Mas senti um impulso de contar a ele.

- Isabella Swan.

Eu o encarei, fascinada. Eu nunca achara, em todos os meus dois mil e quatrocentos anos, um vampiro mais belo que eu. E então, acabara de ver. Um vampiro que parecia ser capaz de ser mais belo que todos os outros.

Tudo nele gritava magnificência. Inexperiência. Fragilidade. E uma imensa sensualidade.

Minha figura pós-caça – os olhos brilhando, os lábios pingando sangue – amedrontava até mesmo os vampiros. Então, com muita cautela, me aproximei do recém-criado maravilhoso à minha frente.

- O que você quer? – perguntei.

- Essa pergunta é um tanto complexa – ele respondeu. – Pode ser interpretada de vários sentidos.

Estreitei meus perigosos e vermelhos olhos, mas não muito. O suficiente para continuar o vendo. Eu não conseguia desviar meus olhos dele.

- Interpretando à sua maneira, então – retruquei ameaçadoramente. Ele ergueu uma sobrancelha. – O que você quer? – repeti.

'Cause I want it now
(Porque eu quero agora)
I want it now
(Eu quero agora)
Give me your heart and your soul
(Me dê seu coração e sua alma)
I'm not breaking down
(Eu não estou tendo um colapso)
I'm breaking out
(Eu estou fugindo)
Last chance to lose control
(Última chance para perder o controle)

- Quero descobrir quem você é.

Aquilo ecoou na minha cabeça por dias e dias à fio. Quando ele falou isso, simplesmente virou-se e foi embora. E me deixou ali, sem entender muita coisa.

E o recém-criado Edward Cullen preencheu minha cabeça por vários dias. Eu sentia que nunca mais o veria, nunca mais. Mas nem sempre Isabella Swan acerta.

Eu estava nos arredores de Montreal, caçando, como sempre. Minha eterna obsessão. E meu desejo irreprimível.

A rua estava total e completamente vazia. No escuro da noite. Mas escutei passos com minha audição apurada. Passos leves, deslizantes, ritmados.

Colocando-me em posição de ataque, arreganhando os dentes, olhei para trás.

Ele estava ali, me olhando curiosamente. Seus cabelos meticulosamente bagunçados reluziam em um tom acobreado à luz da lua, e seus olhos vermelhos me encaravam com certo interesse.

- Você de novo, Isabella Swan.

- Edward Cullen? – Eu o encarei, pasma. Com a coincidência e com a beleza.

Ele deu uma risada. Eu ergui uma sobrancelha.

- Por que está me olhando desse jeito?


- Ainda estou tentando decifrar você.


- E por que está tão vidrado nisso?


- Não estou vidrado... Tenho muitas distrações. Não sei se isso é normal nos vampiros, mas qualquer coisa me distrai. – Ele deu alguns passos à frente. – Mas você é um mistério, que prende constantemente uma parte da minha mente.


- Por quê?

Ele sorriu.

- Chega de perguntas. Eu vim atrás de você, buscando respostas.

Como assim, atrás de mim? Eu o encarei, dividida entre o fascínio e a desconfiança.

- Com tantas pessoas no mundo para escolher... – comecei.


- Você é a dona da única mente que eu não consigo ler.


- Você... tem o dom de ler mentes? – Aquilo me alertou imediatamente. Além de tudo, ele era perigoso. Armei um escudo em volta de mim. O escudo, o bloqueio, era o meu dom de vampira.

Ele se aproximou ainda mais.

- Leio. Menos a sua, como eu já mencionei.


- Mas que ótimo. Ser mais anormal do que eu já sou.

Ele sacudiu a cabeça tristemente.

- Você tem menos problema em ser anormal do que eu, presumo.


- E por que você acha isso?

- Você esbanja experiência... deve ser uma vampira velha.

Sorri, lisonjeada.

- Quase dois milênios e meio. – Sorri novamente ao ver seus olhos arregalarem-se discretamente. – Mas o que isso tem a ver?

- Bom... você deve ser anônima. Eu ainda tenho família... uma família que fui obrigado a abandonar.

Uma dor estranha me atingiu. Pena? Não. Isabella Swan não sente pena. Isabella Swan não sente... pelo menos era isso que eu achava.

- Conte-me sobre sua família – pedi. Ele aproximou-se mais e sorriu, antes de iniciar a narrativa em sua voz de mel.

Yeah it's holding me
(Yeah, está me segurando)
Morphing me
(Me mudando)
And forcing me to strive
(E me forçando a me dedicar)

Após aquele dia, Edward Cullen me seguiu algumas vezes. E eu o segui, em outras.

Eu me sentia estranha. Me sentia viva.

Meus olhos agora brilhavam, deixando o vermelho escuro e adquirindo um carmim intenso. Agora eu sorria. Algo que eu não sabia fazer antes de conhecê-lo.

E naquele dia, eu estava em algum lugar perto da Flórida. Eu raramente saía da América do Norte para caçar.

E ele apareceu novamente.

- Bom dia, Isabella.

- Bom dia.

Eu sorri para ele. Agora, era algo tão natural para mim! Ele também sorriu, aquele sorriso anormalmente sedutor, que me instigava.

- Como me achou hoje?

- Te achei na mente de alguns caminhoneiros que passavam pela estrada. Você realmente não vai querer saber as perversões que eles pensaram...

Eu ri.

- Deixe os detalhes de lado.

- Ok.

E ficamos nos olhando por um longo tempo. Ele se aproximou de mim, demais. Eu podia sentir a energia que emanava das curvas suaves do seu rosto.

- O que você est...


- Shhh.

Ele me calou, encontrando seus lábios com os meus. O sentimento que passou por mim foi inigualável; eu quase desfaleci nos braços de Edward. Se isso fosse possível.

Senti sua língua invadindo minha boca, e o desejo – que estava crescendo mais a cada vez que eu o encontrava – tomou conta de mim. Agora eu podia entender o que ele dizia sobre eu sempre ocupar um canto de sua mente, apesar das distrações. Sim, ele sempre estava nos meus pensamentos.

Suas mãos deslizavam ágeis pelas minhas costas e eu entrelacei os dedos em seus cabelos reluzentes. Uma queimação forte e incomum passava pelo meu corpo frio, onde ele deixava seus toques. Aquilo tudo era novo demais para mim.

- Esperei por esse momento desde o dia que te conheci – sussurrou ele, descendo os lábios para o meu pescoço. Eu soltei um gemido baixo e fui descendo as mãos, pela sua nuca, costas, até chegarem na sua cintura.

Inclinei o rosto e ele voltou seus lábios para os meus.

- Isso é incomum para mim – sussurrei em seus lábios. Ele arrepiou-se ao sentir meu hálito frio e arrasador. – Mas posso dizer que estou gostando. E muito.

To be endlessly
(Para ser interminável)
Cold within
(Frio por dentro)
And dreaming I'm alive
(E sonhando que estou vivo)

O amor estava nascendo dentro de mim.

Dia após dia.

Era como se meu coração pudesse voltar a bater.

O desejo era um sentimento constante em mim, toda vez que eu estava perto dele. Eu sabia que meu coração parara de bater há muito tempo – milênios a fio. Mas era como se ele pudesse bater novamente. Desenfreadamente, descontroladamente.

Edward Cullen foi a primeira coisa, em toda a minha vida, que conseguiu desviar meu foco de caças e sede, desejo e sangue. Era como se agora eu vivesse por ele, e só por ele.

A nossa primeira vez me trouxe a confirmação concreta de que os vampiros tem sentidos melhores. Eu consegui memorizar cada curva de seu corpo forte, lembrar de cada beijo, cada toque. De tudo. De todas as sensações, do calor eletrizante que percorreu meu corpo, mesmo diante de seus toques frios.

Eu já não me sentia como uma vampira. Os dias se passavam, e parecia que a cada dia eu vivia mais. Sorria mais, sentia mais, era mais.

E cada vez mais apaixonada por aquele recém-criado incrivelmente belo.

'Cause I want it now
(Porque eu quero agora)
I want it now
(Eu quero agora)
Give me your heart and your soul
(Me dê seu coração e sua alma)
I'm not breaking down
(Eu não estou tendo um colapso)
I'm breaking out
(Eu estou fugindo)
Last chance to lose control
(Última chance para perder o controle)

Anos se passaram. Séculos.

E eu não sabia como eu conseguia continuar viva. Ou melhor... talvez eu soubesse. Talvez a razão estivesse ali do meu lado.

- No que está pensando, meu amor? – sussurrou a voz mais linda do mundo no meu ouvido.

Me virei para sorrir e encarar Edward Cullen.

- Em nós. Principalmente.

Ele franziu a testa.

- Principalmente?


- Sou capaz de pensar em muitas coisas ao mesmo tempo. – Eu ri.

Ele tomou meu rosto entre as mãos e me beijou com a leveza que só seus lábios macios sabiam ter.

- Eu te amo.


- Eu também. – Murmurei. – Tanto tempo que eu demorei para te achar...

Ele deu uma risada.

- Tantos e tantos séculos caçando, matando, a poderosa Isabella Swan... amansada por Edward Cullen.

Eu não ousei discordar, pois era a maior verdade. Me limitei a rir.

Naquele dia, eu estava completando três milênios de vida. Ele, por sua vez, completara quinhentos anos na semana antecedente. Já se fazia quase este tempo que estávamos juntos. Em uma vida tão plena, tão feliz, tão viva, que nem parecíamos mais vampiros frios e sem sentimentos.

O amor consome. Te consome até sua última terminação nervosa, e agora eu tinha a confirmação disso.

E ele me olhou nos olhos. Aqueles olhos vermelhos e brilhantes, de um carmim intenso e arrasador.

Como meus próprios olhos.

Brilhantes por causa dele. Só por ele, e sempre seria assim.

Para sempre.

And I want you now
(E eu quero você agora)
I want you now
(Eu quero você agora)
I feel my heart implode
(Eu sinto meu coração implodir)
And I'm breaking out
(E eu estou fugindo)
Escaping now
(Escapando agora)
Feeling my faith erode

(Sentindo minha fé se desgastar)

Nota: A música da fic é Hysteria - Muse.

18 comentários:

Brenda disse...

MuitO BOOOmmm!!!
ParabénsS!!! :D

Cris disse...

Perfeita!!! Uma versão da história simplesmente arrasadora!!!! Parabéns!!!

@rainbow_juh disse...

Gostei muito mesmo! Parabéns por escrever algo tão bonito, Mariana!!
beijos ;D

JESSICA disse...

UAAU PERFEITA

Clara Cullen disse...

Mt bom! parabéns!

Anna K. disse...

muito muito bomm!!!!

Brenda disse...

MuitO boa msm deveria haver uma fic com históriA do edward e da bella desse jeito!! Gostei parabéns !!!! :D

Lia Brito disse...

Só tenho uma palavra : UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU !

Marii ♥ disse...

NOSSAA essa oneshot eé tao lindaa!! Ameiii mesmo os dois sendo vampiros eles se apaixonam um pelo outro, qr dizer eles foram feitos um para o outro!! AWWWN gostei mesmo ta de parabééns!!

Ana Maria disse...

Essa fic é muito legal. Concordo plenamente com quem a escreveu, pois as frases não poderiam ser colocadas de uma maneira melhor. O amor te consome mesmo, ele transforma a vida das pessoas de uma forma inesquecível.

Jaami disse...

ameei muito, parabéns mariana ♥

Taty disse...

oh gostei ficou muito legal a fikc

Rainbow fanfics disse...

song-fics4ever!!!
sou apaixonada nelas ♥

beatriz cs disse...

muito bom

Caroline s a disse...

muito legal

Bebetty_rp disse...

ai,mara!ta perfect!

Izabella disse...

AMEEEEEEEEI

Alessandra Cullen disse...

A-DO-REI!!
Muito fofo.
A Bella tá velinha, viu?
O E.D. também.

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