As Quatro Estações - Capítulo 15: A Guarda Drácula

Um tempo se passou. Pierre e Kathryn estavam morando com a gente agora, e eu já estava quase completando três meses de gravidez. Minha tia Alice nunca mais tivera nenhuma visão com Drácula, e isso estava nos despreparando para uma guerra. Talvez fosse simplesmente um alarme falso.

Mas, no dia anterior àquele, ela os viu novamente. E mergulhamos em tensão e alerta outra vez. Dessa vez ela viu todos com mais clareza, o que despertou a curiosidade de Kathryn.

Naquele dia, estávamos eu, Kathryn, mamãe e papai na sala. Eu não sabia onde estavam os outros.

Kathryn olhou pensativa para tia Alice.

- Fale-me sobre as características físicas deles, Alice. Conseguirei identificar os seis. Lembro-me deles como se fosse hoje.

Minha mãe manteve-se de pé. Tia Alice e meu pai sentaram-se lado a lado, compartilhando a mesma visão. Tia Alice se pronunciou.

- Hm... ok. Eu vejo... – Ela se concentrou. – Uma vampira loira. De cabelos encaracolados... bem bonita. E com um olhar meio fulminante.

- Esta é Katrina – disse Kathryn confiante. – Todos eles são muito diferentes entre si. É fácil identificá-los.

Katrina

Tia Alice assentiu. Eu me aproximei do meu pai.

- Onde estão todos os outros? – cochichei.

- Foram caçar – sussurrou meu pai de volta, em sua voz impecável. – Logo estarão de volta.

- Ok.

Tia Alice continuou com a descrição.

- Agora vejo um vampiro... Wow. Ele é bem velho... de cabelos brancos e uma barba longa. Muito semelhante a um monge.

Kathryn respondeu prontamente.

- Este é Jafar. O único da guarda que tem poderes. Ele move objetos com a mente.

- Wow.

Jafar

Tia Alice continuou.

- Agora é mais uma vampira... ela tem um cabelo louro avermelhado, meio ondulado. É um tanto menor que a primeira... Katrina, certo?

- Sim. Demetria – respondeu Kathryn. – Katrina tem uma cara meio... perigosa, mas Demetria é a mais forte.

Demetria

- Agora é mais um vampiro. Ruivo e alto.

- Viktor – respondeu Kathryn. – Tenho certeza.

Viktor

Tia Alice ficou em silêncio por alguns momentos, se concentrando no próximo guarda. E então falou.

- Outra vampira. Pálida até demais... em excesso. Seus cabelos são negros.

- Anya. – Kathryn estreitou os olhos. – Quase me matou, essa aí... talvez eu tenha a chance de dar o troco.

Anya

- Acho que esse é o último – disse tia Alice após um tempo de concentração. – Certo?

- Certo. É o sexto e último.

- Ele parece ser um pouco mais velho que os outros... só mais novo que o barbudo. Jafar, não é? – Kathryn assentiu e Alice continuou. – É bonito... bastante. Tem um cabelo castanho.

- É Stanislav. É o último nome que resta.

Stanislav

Ok. Minha vida própria era mais estranha e assustadora do que eu mesma poderia imaginar. Até alguns dias atrás, eu nem imaginava que a Drácula existia. Para mim, ele era um mito, um personagem de histórias fantasiosas. E agora ele era realidade, um ser perigoso que estava a fim de nos matar.

Jacob POV

- Jacob, mas que merda! Eu não agüento mais isso!

- Então saia da minha cabeça, Paul!

- Gostaria que isso fosse possível – grunhiu ele.

Paul. Detestável. Idiota. Boas palavras para descrevê-lo. Eu não tinha culpa de estar em uma guerra de vampiros, tinha? Não. Exato.

Mas, já que eu estava, precisava fazer de tudo para proteger a mulher que eu amava e nosso filho. Pode parecer hilário eu chegar e dizer: “Oi, vou lutar com Drácula”, mas de hilário não tinha nada. O ser mítico que virou realidade. Perigo. Precisava estar preparado...

- Jacob!

- Quer saber, Paul? Vá à merda. E fique por lá. Enquanto isso, vou ver Nessie.

Sem dar chance para ele responder, me transformei em lobo e corri pelas florestas. Eu sabia que Rachel ia brigar comigo depois, por tratar o noivo dela tão mal... mas que se danasse. Eu tinha coisas mais importantes para fazer.

Quando cheguei à casa, uma conferência muito estranha estava acontecendo.Alice, Nessie, Bella, Edward e a mutante que até hoje não sei o nome estavam sentados, aparentemente analisando alguma visão da baixinha.

- Hey – Alice me cumprimentou quando entrei, seu semblante preocupado. Nessie veio com a sua delicadeza singular até mim.

Beijei seus lábios delicados de leve.

- Bom dia, meu anjo.

- Bom dia.

Acariciei sua barriga, que já estava um pouco saliente, com leveza. Ela sorriu.

- Ele se mexeu hoje de manhã – disse alegremente.

- Sério?

Fiquei puto por dentro por não estar presente nesse momento. Mas ela sorriu e acariciou minha face.

- Mexeu. Ele é forte... igual a você.

Ela levantou a blusa alguns centímetros e eu pude ver um hematoma formando-se no lado direito de sua barriga. Dèja vu?

- O que estão fazendo? – perguntei.

- Alice teve mais uma visão – explicou-me Nessie -, e Kathryn está nos ajudando a identificar a Guarda Drácula.

Ergui uma sobrancelha.

- Como é?

- Tente ser menos lerdo, Jake – brincou Bella.

- Hilário, Bella. – Revirei os olhos.

Eu não estava com muito humor para piadas. Na realidade, as palavras Alice teve mais uma visão foram como um baque para mim. Forte. Chocante.

Já fazia um tempo que Alice não via algo sobre o assunto Drácula. A última visão que tivera foi o que nos trouxe a explicação de tudo. Drácula queria Kathryn e nosso filho em sua guarda. E, a partir disso, entendemos.

Mas depois disso, Alice não viu mais nada. E agora, isso! Palmas para o maldito que criou os vampiros. Sério, as vezes eu não acreditava em como os Cullens eram ímãs de problemas. Karma de Bella, creio eu.

Edward rosnou de leve ao ouvir meus pensamentos.

- Os ímãs aqui não somos nós, Jacob – disse, com um quê de ironia na voz. – Esse problema foi você que fez. Literalmente.

Eu nem tinha o que responder. Edward estava certo quanto àquilo. E agora eu iria fazer de tudo para proteger Nessie e nosso filho. Nossa família.

[...]

E assim o tempo foi se passando. Nesse estado de alerta constante. Alice até tivera mais algumas visões, mas nada que nos desse uma ideia de quem sairia vencendo naquela guerra.

Naquele dia, Nessie estava completando oito meses de gravidez. Até ali, fora uma gravidez normal, como a de qualquer outra. Humana. Mas nós sabíamos que, no fim, seria de outra maneira. Eu já estava ficando agoniado com tudo aquilo, mas Nessie se recusava a deixar Carlisle retirar o bebê. Igualzinha à mãe... Prefiro nem lembrar.

A barriga de Nessie estava enorme e cheia de hematomas. Era dèja vu demais para a minha cabeça.

Eu sabia que o dia daquela maldita guerra estava mais que perto. A tensão na casa dos Cullen era tão grande, que eu podia até apalpá-la.

E então, quando Alice chegou na sala, minha vida passou como um flashback pelos meus olhos.

- Está na hora – anunciou ela teatralmente.