O Inesperável - Capítulo 02: Possibilidades

[Esme]

Bella havia deixado Renesmee para eu cuidar. Eu amava passar cada minuto ao lado dela sempre que Bella e Rosalie deixavam. Eu vagamente me lembrava de como era ter uma criança pequena por perto. Pude ter Daniel apenas por alguns dias em meus braços. A lembrança do rosto de meu pequeno era nublada através das lembranças humanas. Voltei minha atenção para Renesmee que agora aparentava ser uma criança de seis anos.

“Vovó, você consegue fazer isso aqui com a colher” - Ela estava torcendo mais um faqueiro de prata. Havíamos comprado mais de um para deixar de entretenimento para a “monstrinha”, como diria Emmett.

“Eu consigo sim.”- Sorri para ela e mostrei uma colher torcida. Ela pegou outra colher e uma pequena ruga se formou em suas expressões enquanto fazia força para torcer a colher. Imaginei que ela deveria estar com fome, pois fazia algumas horas que ela havia se alimentado de comida humana.

“Bem Nessie, hora de comer. O que você quer que a vovó prepare?”- Ela me tocou no rosto e me mostrou ovos com queijo. Ela adorava essa comida. Eu a peguei pela mão e a coloquei sentada na mesa pequena que tínhamos na cozinha para alimentação dela e de Jacob. Falando em Jacob, ele estava entrando na casa nesse exato momento, era engraçado, parecia que sentia cheiro de comida.

“Boa noite Esme!” - Ele me cumprimentou e veio ao meu encontro, tampando o nariz e beijando meu rosto. Era engraçada a cena e Nessie adorava.

“Boa noite docinho!” - Ele beijou o rosto dela, na verdade lambeu, ela detestava beijos molhados.

“Eca Jake... Boa noite!” - Ela o abraçou e ele a colocou de volta na mesa.

“Ovos crianças?’ - Eu disse. Ambos bateram palmas e fizeram que sim com a cabeça. Era engraçada a cena. Fritei ovos com queijo para ambos e preparei suco de laranja para eles.

“Pronto.” - Deslizei a comida para o prato dos dois. A maioria foi para Jacob, que a cada mordida comeria um ovo inteiro. Achava engraçado a maneira como ele comia. Eu já o via como filho também, aliás, todos eu amava incondicionalmente.

De repente ouvi o meu celular no bolso tocar, pelo visor identifiquei que era ele, meu anjo, meu eterno amor.

“Oi meu amor, pode falar.” - Eu disse para Carlisle, ele estava em seu turno no hospital da cidade de Forks.

“Esme meu bem, eu sai mais cedo do turno hoje... será que poderia reunir todos na sala por favor? Quero fazer um comunicado. Chego em aproximadamente 40 minutos, assim que terminar uma papelada aqui.” - Ele disse.

“Tudo bem meu amor, eu reunirei sim... apenas Alice e Bella não chegaram ainda, mas pela hora que saíram já devem estar retornando. Eu os reúno sim, eu te amo! Até daqui a pouco...” - Eu desliguei o telefone e subi para trocar Nessie que estava toda suja de suco que Jacob derrubou nela. Olhei com cara feia pra Jacob.

“Bem como você já está grandinho, trate de limpar a bagunça que o mocinho fez. Posso ser boazinha, mas sujou, limpou.” - Nessie dava palminha de felicidade ao ver que Jacob estava encrencado.

“ Tudo bem, só vou limpar porque você é uma vampira legal e não quero que fique brava comigo!” - Eu estava subindo com Nessie rindo de Jacob com a vassoura na mão.

No andar debaixo eu podia ouvir meus filhos chegando na mesma hora. Senti o cheiro de Bella se aproximando.

“ Oi filha!” - Eu a cumprimentei - “ Seu pai pediu para que nos reuníssemos na sala, ele está vindo para nos contar uma novidade.” - Bella me olhou, beijou a cabeça de Nessie e descemos para a sala de estar. Fui ao encontro da pequenina Alice.

“Oi filha!” - Eu a cumprimentei e beijei sua bochecha.

“Oi mãe!” - Ela respondeu, era uma glória para mim ser chamada de mãe, mesmo que alguns deles tivessem quase a mesma idade que a minha, pois para mim sempre seriam crianças.

“Como foram as compras?” - Eu perguntei para ela, pois cada compra para Alice além de uma realização era uma aventura também, eu não cansava de ouvir as histórias da baixinha.

“Ai Esme, fomos em tantas lojas, compramos muitas coisas. Sabe aquele cartão de crédito em nome da Bella, que chegou faz uma semana? Gastamos todo seu limite. Imagina que comprei um vestido lindo para você usar no dia do aniversário da Bella. Ele é de uma cor creme, e comprei um par de brincos de ouro que ficarão perfeitos com ele. Eu já vi... estava deslumbrante! Comprei um vestido lindo rosa para Nessie... e como eu sei que os Quileutes virão, eu comprei roupas para eles também... Leah, para ela comprei um vestido branco que combine com a cor da dela... Enfim, nossa festa de aniversário para Bella vai ser um estouro!” - Ela começou a quicar e bater palminhas, ou seja, o jeito tão Alice Cullen de ser.

“Que bom que aproveitaram. Estou esperando Carlisle chegar. Ele acabou de me ligar e disse que está com uma novidade para me contar. Pediu para que nos reuníssemos na sala, disse que era importante. Você consegue ver o que é?” - Foi quando notei que ela estava paralisada. Sempre que ela fazia isso era porque estava tendo uma visão. O que será que nos aguardava dessa vez? Foi quando notei Edward se aproximando dela.

“O que foi Edward? O que ela viu?” - Eu segurei a mão de Alice. Edward não estava com um rosto tão bom.

“ Problemas mamãe, ela viu problemas!” - Ele respondeu a pergunta com severidade, o que me assustou no momento. Será que sou tão chata assim? Ou não mereço o amor deles. Será que eles me amam?

“ Vem Alice, vamos lá fora, dar uma volta?” - Edward a chamou para ir para fora, provavelmente para eu não escutar o que estava acontecendo. Observei-os sair e fui em direção à cozinha. Jacob havia deixado ela em perfeito estado.

Abri um livro de receitas, iria fazer um bolo para Nessie e Jacob. O bolo seria simples, era de cenoura e cobertura de chocolate, e como ainda restavam alguns minutos para Carlisle chegar, o que eu precisava fazer era me ocupar de alguma coisa.

Peguei os ingredientes e comecei a fazer o bolo, mas aquela sensação, aquele pensamento de que eles não me viam como uma verdadeira mãe me abalava profundamente. Depois que preparei a massa do bolo eu o coloquei no forno para assar, a família já estava reunida na sala e ouvi o Mercedes de meu marido estacionar na garagem da mansão.

Ele já estava reunindo todos quando Edward e Alice entraram na sala. Ambos foram para o lado de seus parceiros. Como eu amava essa família, mas é tão triste pensar que o amor que sinto não possa ser recompensado, mas não tem importância para mim seriam sempre minhas crianças. Eu observava à todos com cuidado. Quando Carlisle iria começar, Edward ergueu a mão.

“Pai, queria te interromper um pouco e dizer à Esme que nós a amamos muito e que ela é a melhor mãe do mundo, a mãe que qualquer pessoa gostaria de ter!” - Às vezes me esquecia do dom dele, ele estava respondendo ao meu pensamento. Eu soprei-lhe um beijo e sorri.

“ Eu ouvi essa baixinha...” - Alice no mínimo deve tê-lo agredido com pensamentos. Carlisle pigarreou e chamou a atenção de todos, enquanto segurava a minha mãe e então se virou para mim.

“Querida, antes de tudo, quero que saiba que todos amamos você, que você é a melhor avó, mãe e mulher que alguém poderia ter. Hoje no hospital, eu entrei na emergência, e lá estava uma criatura que me surpreendeu. Essa criança é muito parecida com seu filho. O pai dele, matou a esposa e depois atirou no filho e se matou. Entenda, não é para substituir ninguém, mais sim para suprir a sua necessidade de tê-lo com você. Eu sempre acreditei em reencarnação e sei que essa criança é seu bebê. A bala acertou próximo ao seu coração, ele só não morreu por um milagre, pois tive tempo de salvá-lo. Quero que ele seja seu, meu filho, irmão de todos os outros. Milagrosamente, ele resistiu até a mordida. Por favor, não quero ferir seus sentimentos. Ele está no andar de cima, deitado na cama que era de Edward. Vamos, quero que você o conheça...” - Eu soltei sua mão por impulso e ao mesmo tempo ele à pediu de volta. Com meus pensamentos gritando por meu pequeno, eu peguei à mão daquele que amei por toda vida e existência e fui até o conhecido estranho. Que de alguma forma, agora poderia ser definitivamente meu.