A Patricinha de Forks - Capítulo 10: Últimos Dias

Estávamos no baile, que estava arrasando...

Ângela e eu estávamos dançando todas as músicas, curtindo cada momento como se fosse o ultimo dia de minha vida, como se fosse a última noite em que eu poderia ver os meus verdadeiros amigos...

Quem sabe, essa seria a última vez que os veria todos juntos...

Na próxima, todos poderiam estar contando como é a vida de calouro em uma faculdade...

Ângela começou a me puxar, e fui sem saber para onde estava, até ver a Bella, que havia acabado de subir as escadas, e estava meia perdida no meio de tanta gente...

“Conseguimos!”

Ângela abraçou Bella. É, sabe... Acho que depois de tanta coisa que passamos juntas, eu vou sentir saudade dela também!!!

“Oi. O que achou do meu discurso? Muito clichê ou ‘auto ajuda’? Você odiou?!”

Fale a verdade, senão eu te mato!!!

“Não, acho que arrasou.”

“É como se eu tivesse nascido para liderar, não é?!”

Ângela começou a pular feito louca...

“Eu adoro essa música. Vamos!” ela me puxou de novo para a pista, e acabamos por deixar Bella sozinha lá. Mas, quem liga?! Ela está na casa dos pais do seu namorado... ela é amiga até da irmã dele, a Alice...

Ela vai sobreviver...

Voltamos para a sala, que era enorme. Continuamos dançando...

‘Cuz loooove, love is foreeever...

E cantando também...

Dançamos, dançamos, dançamos e dançamos... Essa noite foi a melhor de toda a minha vida.

Tiramos várias fotos, Ângela e eu. Mike, Eric, Tyler e Lauren também...

E depois dançamos, dançamos e dançamos...

Estava tarde. Mais de meia noite, e o povo estava começando a ir embora. Eu não tinha mais o que fazer. Meus pés já não aguentavam nem encostar no chão.

“Ai, estou cansada Jess...”

“Eu também Angels...”

“Está pensando em ir embora?!”

“Olha... Por mais que eu quisesse ficar aqui por toda a eternidade, eu quero sim ir embora. Quero minha cama. Quero tomar um banhinho bem refrescante na minha banheira, esfregar bem esse cabelo para tirar todo esse laquet e tirar toda essa maquiagem...”

“Você vai agora?!”

“Você quer ir agora?!”

“Ah, por mim tudo bem...”

“Então, tudo bem...” Me levantei e estendi a mão para que Ângela se levantasse também. “Vamos...”

Nos levantamos e começamos a passar por entre alguns alunos meio bêbados...

“Acho que é bom falar com a Alice antes. Ela foi muito legal em dar essa festa aqui na casa dela.”

“É mesmo. Vamos falar com ela.”

Começamos a procurá-la pelos cantos da casa, não encontrávamos ninguém. Nem Alice, nem seu namorado, nem o resto da família.

Fomos na cozinha, que aliás era muito bonita, depois fomos para todos os cômodos do primeiro e segundo andar da casa.

Nada. Ninguém da família.

Resolvemos subir.

Olhamos para os cantos, e depois vimos várias portas. Deviam ser os quartos.

“E agora?!” a Ângela me perguntou.

“Ah, vamos tentar.”

Abrimos a primeira porta. Era um quarto lindo, com detalhes em amarelo, laranja e azul. Tinha uma grande cama, algumas fotos na parede e mais uma porta – creio que fosse o banheiro.

“Ooiii?!” eu chamei. Ninguém lá dentro.

“Ninguém, Jess... Melhor só chamar...”

“É mesmo. Já pensou se o namorado da Alice surge aqui, no escuro?!”

“Ai, nem me fale, amiga... Me dá arrepios só de pensar nisso.”

“É, em mim também...”

“Então vai, chama eles...”

“Por que eu?!”

“Porque você é a oradora da turma. Você enfrentou centenas de pessoas, e não quer enfrentar meia dúzia deles?!”

“Prefiro enfrentar um dragão do que dar de cara com o namorado da Alice!”

Olhei indecisa para os lados. Respirei fundo e...

“Edward?!”

Ninguém respondeu.

“Alice?!” Olhei para Ângela. “Hei, alguém?! Bella, Emmett, Dr?!”

Ninguém.

“Ah, acho melhor irmos... Ninguém da família está aqui para falar conosco. É melhor irmos embora de uma vez.”

“Amanhã voltamos para agradecer, então...”

“É, é melhor do que ficar invadindo a casa deles... Me sinto mal fazendo isso...”

“É...” – eu nem tanto...

Foi nessa hora que uma porta se abriu. Ficamos paralisadas. O corredor estava escuro. Da janela no fundo do corredor, irradiava uma luz branca que iluminava algumas partes do chão.

Uma silhueta saiu de um quarto, e começou a vir em nossa direção.

Senti os pelos de minha nuca se arrepiarem, minhas pernas tremiam mais do que bambu verde. Agarrei os dedos de Ângela, que me agarraram em resposta.

“Procurando o banheiro?!”

Ah, que droga... Era o Jasper, o namorado da Alice...

“Não, na verdade, nós estávamos procurando a Alice ou alguém da família...” Ângela era corajosa em responder, mesmo tremendo...

“Ah. E o que vocês queriam falar?!” O nosso nervosismo foi se diluindo. “Eu sou da família...” ele riu. Acabamos rindo juntas.

É verdade, por mais estranho que ele seja, ele também é da família. Ele é um dos filhos adotivos...

“Então, nós queríamos agradecer pela festa. Foi muito legal da parte de vocês fazer uma festa na casa de vocês mesmo... A maioria das pessoas contrata um salão e nem liga para o que vai acontecer lá!”

“É, bem... Nossa casa é grande, e mesmo conosco morando aqui, às vezes sentimos que ela fica vazia.”

“Ah...” Então fale para o Carlisle me adotar também. Eu não acharei ruim em ajudar a preencher o espaço da casa. “É, a casa é grande mesmo.”

“Vocês querem falar com a Alice?!”

“Sim. Podemos?!” era Ângela.

“Sim, um minutinho só.”

Ficamos ali paradas, agora bem mais relaxadas do que antes. Ele voltou segundos depois...

“Alice está ocupada. Pode ser Esme?!”

“Sim, claro!” – Mamãe Cullen... Quem sabe falando com ela, eles não me adotam logo?!

Descemos as escadas, e fomos parar na cozinha. Esme estava jogando fora alguns copos plásticos.

“Esme?!”

Ela se virou.

“Oi, queridas...” ela veio nos cumprimentar, após enxugar a mão em um guardanapo. “Jéssica, seu discurso foi lindo. Tão tocante!!!”

Ah, eu sabia que ele tinha sido memorável!

“Ah, obrigada. Foi difícil de fazê-lo, sabe... Mas eu acho que me dei bem. Falei apenas o que eu sentia, sabe...”

“Sim, mas isso é o que importa. Dizer palavras com amor, palavras que saem do seu coração. Palavras ao vento todos sabem dizer... Meus parabéns!”

“Ai, obrigada!”

Depois dessa, fiquei me sentindo ‘a’ poderosa, né?!

“Bem, senhora Cullen, nós já estávamos de partida. Nós só estávamos procurando alguém para agradecer pessoalmente.”

“Sim. Vocês foram muito legais em dar essa festa para toda a sala e seus convidados. Foi muito legal da parte de vocês, muito mesmo...”

“Own, queridas, não precisavam agradecer. Alice adora dar festas... Sempre que temos alguma data em especial, é motivo para uma super festa para ela... E ela estava tão ansiosa para a festa de formatura!”

“Bem, ela fez um ótimo trabalho. Adoramos a festa!”

“Obrigada. Fico feliz por saber que se divertiram.”

“Elas estavam procurando pela Alice, mas ela está ocupada” era Jasper falando. Eu até tinha me esquecido dele...

“Ah, sim... Está mesmo. Ela está no banheiro, coitadinha...”

É, algumas pessoas bebem a mais do permitido em alguns eventos... Eu sempre soube que ela era animada demais...

“Nossa. Ela precisa ser levada ao hospital? Estamos de partida. Poderíamos levá-la lá!”

“Ah, não, não... Não será preciso. Carlisle está a ajudando!”

É, esse é o lado bom em se ter um médico como seu pai.

“Verdade, né... Desculpe...”

“Ok.”

“Então...” Ângela olhou para mim. “Vamos indo?!”

“Sim” respondi a ela, e então me virei à Esme. “Sra. Cullen, obrigada por tudo. Precisa de alguma ajuda com a limpeza ou algo do tipo?!”

“Não, não se preocupem com isso.”

“Hmm... Ok, então. Então vamos...”

Cumprimentei Esme. Sua mão estava tão gelada, ela devia estar lavando alguns copos antes de jogá-los. É, quando eu lavo louças, minhas mãos também ficam geladas...

“Obrigada” agradecemos juntas, e então saímos da casa.

Antes de entrar no carro, dei uma última espiada na casa. Ela era linda, e essa poderia ser a última vez que eu estava a vendo.

Antes de ir para o meu banho, deixei Ângela em sua casa.

Quando cheguei em casa, fui direto ao banheiro de meu quarto. Preparei um delicioso banho, e então relaxei.

* * *

Minhas malas estão prontas. Tudo está dentro, e não estou me esquecendo de nada... Não é?!

Vamos conferir de novo. Peguei a lista, abri todas as malas e comecei a fuçar nelas. Secador, maquiagens, baby liss, cremes para cabelos, cremes para o corpo e rosto, calçados e roupas... Muitas roupas...

Ok, está tudo certo. Ah, meu notebook e celular estavam em uma malinha separada...

Comecei a carregar tudo para o carro. Minha mãe me ajudou.

Ao fim, paramos exaustas. Olhando de fora do carro, ele estava abarrotado de coisas. Engraçado, quando as malas estavam espalhadas pela sala, pareciam ser só uma ou duas...

“Bom, acho que já está na hora, né filha?!”

“Sim.”

“Tem certeza de que quer ir sozinha?!”

“Sim, mãe... Eu tenho. Eu tenho de fazer isso sozinha. Já sou quase adulta! Tenho de me virar sozinha!”

“Hmmm... Ok, então minha bebê...” Minha mãe me abraçou forte. Fazia tanto tempo que ela não fazia isso. Me senti tão bem... “Quando chegar, me ligue, ok?!”

“Pode deixar.”

Entrei no carro. Dei a partida e saí. Aos poucos, a paisagem urbana de Forks deu lugar à vegetação verde cheia de musgos.

Abri bem o vidro do carro, e deixei que o ar entrasse feito louco ali dentro. Meu cabelo voava sem parar, às vezes até ricocheteava em meus olhos... Ainda assim, me senti tão livre quanto um passarinho...

Liguei o rádio e comecei a cantar a música que tocava, e então me dei conta – ou, pelo menos, comecei a me dar conta. O Ensino Médio tinha acabado, e dificilmente eu iria ver meus amigos novamente...

Mas, essa não é hora de nostalgia e tristeza. Eu tinha de olhar para frente e ter noção de que eu conheceria pessoas diferentes e aprenderia coisas novas.

É, eu acho que eu estava pronta para a minha faculdade de Jornalismo...

Tentei voltar minha atenção para a estrada, mas estava difícil... Agora, a próxima vez que eu veria essa cidadezinha de novo, seria só no casamento de Bella...

É, o tempo passou rápido!

Adeus Forks, adeus Estado de Washington...

FIM.