De Repente... Religiosa - Capítulo 08: De Repente... Religiosa

Pe. Edward

"Sabe, eu adorei a Bella! Ela é tão legal e divertida..." Alice disse enquanto preparava seu chocolate quente, mas estava se saindo estupidamente ruim nisso.

Peguei o chocolate de suas mãos e comecei a preparar eu mesmo, enquanto revirava os olhos.

"Obrigada, maninho." Ela sorriu e pulou feito uma gatinha no balcão da cozinha e balançou as pernas livres no ar por um momento. "Você notou algo estranho na mamãe?"

Eu fui até a despensa pegar canela e despejei na xícara, calado em meus próprios pensamentos.

"Edward!" Alice chamou com voz irritada.

"Oi?" Olhei para ela que estreitou os olhos.

"Onde sua cabeça está?"

"Ah desculpe..." Eu disse dando uma mexida no chocolate. "Aqui está, senhorita sou um desastre na cozinha."

Ela revirou os olhos e pegou a xícara enquanto dava leves assopradas.

"Onde você foi ontem à noite depois que me trouxe aqui?" Ela perguntou tomando um gole do chocolate, mas com os olhos fixos em mim.

"Eu fui á casa da mãe de novo." Tentei parecer o mais indiferente o possível. "Eu peguei um dos filhotinhos..."

"E trouxe para cá?" Ela sorriu esperançosa.

"Não. Eu dei para Bella."

"Bella?" Ela olhou confusa. "Por que você deu um cachorro para Bella?"

"Oras... Ela gostou, e eu dei. Além do que ela deve se sentir muito sozinha, sem família aqui em NYC, ainda mais com o caso do namorado. Por experiência própria, eu sei o que um amigo de quatro patas pode fazer..." Disse preparando uma xícara de café para mim.

"Mas pelo visto," Ela disse com mais um gole. "Ela ganhou não um amigo de quatro patas."

Passei minha mão pelos cabelos tentando ignorar o comentário dela.

"Mas você voltou bem mais tarde, você ficou conversando com ela?" Ela bebeu do chocolate. Eu pausei se deveria ou não contar á ela. Decidi que quem não deve, não teme.

"Eu não deixei que ela me visse quando entreguei Sky, mas depois eu fiquei um pouco de plantão na frente do prédio, no caso daquele garoto Mike aparecer por lá. Ela estava bem perturbada na igreja, e acho que aconteceu mais coisa do que ela quis contar... Na verdade ela não me contou muita coisa." Observei confuso. Alice assentiu e ficou pensativa por um minuto.

"Sabe, nunca vi você tratar uma pessoa com tanto... Afeto, como você trata a ela. A não ser..."

"Alice!" Disse com impaciência. "Eu sou padre e se você ler alguma coisa sobre isso você vai ver que nosso papel é aliviar o sofrimento das pessoas, ajudá-las. É isso o que eu estou fazendo."

"Eu sei disso, Edward. E por que você está tão furioso com o que eu estou falando? Não é uma simples ajuda?"

"É... Claro que é."

"Então o quê?"

"Porque eu estou cansado de você e a mamãe acharem que eu não posso sentir nada fraternal por uma mulher, porque sou padre." Desabei tudo enquanto largava minha xícara de café na mesa. "Estou cansado de vocês de repente acharem que tudo vai se repetir! Mas não vai!" Eu gritei enquanto saía raivoso da cozinha.

Eu sabia que Alice estava ali estacada olhando para o nada, depois da minha cena. Mas eu pouco me importava no momento. Minha natureza me dizia que eu me arrependeria e que eu pediria perdão depois, mas não agora.

Aprecei meu passo até a catedral que já estava lotada de gente para a missa da manhã. Cumprimentei várias pessoas com um aceno de cabeça enquanto ia até a sacristia trocar de roupa.

Quando a missa começou me vi procurando com os olhos se Bella estava ali. Minha mãe estava em algum canto sorrindo para mim e eu retribuí.

Encontrei-a com os olhos durante a missa e um sorriso se preencheu em minha boca, mas eu o contive. Ela acenou discretamente e com os lábios eu pude distinguir que ela falava "Au-Au".

No meio da missa rezei, rezei com todas minhas forças que minha mãe e Alice tirassem qualquer idéia que estivesse passando na cabeça delas. Que elas parecem com aquele preconceito bobo o tempo todo de achar que todas eram "Garotas Problemas."

Porque eu tinha provas de que Bella não era uma. Eu vira nos olhos dela. E isso era uma prova irrefutável. Se eu acreditasse em reencarnações, que é algo que definitivamente não acredito, eu diria que entre outra vida eu havia sido o pai ou irmão mais velho dela.

E agora eu voltara como padre – que não deixava de ser pai- e ela havia parado aquele dia na igreja para que eu pudesse ajudá-la, como bom pároco que eu sou.

Bella

Eu cheguei um pouco atrasada na missa, mas logo sentei em um banco relativamente perto de onde – depois fui perceber – estava sentada Esme.

Na hora do ofertório – que todos saem de seus lugares – ela me viu e pareceu surpresa por um momento depois acenou com um pequeno sorriso. Eu retribuí gentilmente.

Quando a missa terminou me senti um patinho sendo observada por todos. Quer dizer, eu tinha certeza que eu se tivesse com minhas antigas roupas religiosas eu não estaria sendo TÃO observada.

Edward entrou na sacristia e voltou minutos depois se aproximando.

"Olá. Bom dia." Ele disse sorrindo.

"Bom dia." Retribuí. "Nada melhor do que uma missa para começar o sábado."

Ele riu jogando a cabeça para trás em um movimento lindo.

"Nada melhor." Ele concordou.

"Obrigada." Eu disse percebendo que eu estava com poucas lágrimas nos olhos.

"Pelo quê?" Ele pareceu momentamente confuso, acho que mais pelos meus olhos marejados.

"Por Sky." Falei. "Ela é linda e tenho certeza de que ela vai ser uma ótima companhia."

"É essa a intenção..." Sorriu, e eu me lembrei com vergonha do que eu dissera para Sky em um ato 'inconsciente' hoje mais cedo.

"Eu trouxe o editorial." Mostrei atrapalhada, o envelope amarelo que eu trazia em minhas mãos.

"Ah..." Ele disse pegando-o e uma corrente elétrica se passou pelo meu corpo com o toque. Eu tentei reprimir um arrepio. O poder de Deus é grande... "Bem vamos á um lugar mais fechado."

Lugar mais fechado? Como assim lugar mais fechado? Ele queria dizer... Oh, nós estávamos em lugar fechado, certo? Lugar aberto seria o Central Park? Natureza? Essas coisas...

Mesmo com minhas inúmeras perguntas eu o segui sem fazer nenhuma delas. Eu não queria parecer boba e idiota com ele. Já me bastava a quão boba e idiota eu sou por natureza, eu não precisava de mais 'itens' para reafirmar o meu currículo.

Acabou que o 'lugar fechado' era uma salinha que parecia que era usada para reuniões. Edward estendeu uma cadeira para eu sentar – o que eu achei totalmente século XX, mas eu adorei – e ele se sentou em outra do lado oposto, enquanto lia o editorial atentamente.

Enquanto ele lia com a testa franzida eu joguei minha cabeça para trás como uma criança dentro de uma capela cujo teto tem várias figuras legais, e observei a pequena salinha de reuniões.

Perguntei-me se operações na bolsa, e jogos de bilhar aconteciam por ali.

Tinha uma enorme cruz de madeira em um canto que eu achei meio macabra – Desculpe, desculpe... Não foi minha intenção. Perdoe-me. – um armário enorme que eu imaginei que continha paninhos de todos os tipos e bordados.

Perguntei-me se eles faziam artesanato por aqui...

E as cadeiras e a mesa – Ah... – Era totalmente o estilo da igreja mais tradicional de NYC. Era de um estilo antigo, que faria Leonardo da Vinci querer se sentar ali para buscar inspiração para acrescentar mais mistério em Monalisa, mais do que aquela filha da mãe já tem.

Quando voltei minha cabeça para o lugar – e acabou minha 'excursão' infantil – me deparei com Edward me olhando com um olhar divertido. Eu corei instantaneamente.

"É que eu não tive infância..." Tentei arranjar uma desculpa.

Ele riu. "Não se preocupe. Acho interessante."

"Ah..." Disse. Enquanto eu baixava meus olhos para o papel. Mas foi quando eu percebi a enorme cruz que ele carregava no peito em forma de colar por cima de sua camisa pólo. Era de madeira e quase... Macabra como que eu havia visto em cima do armário.

"É uma relíquia..." Disse acariciando a cruz, que foi quando eu percebi que ele havia visto minha observação. Eu corei. "Ganhei no seminário do bispo responsável."

"É... Huh, interessante..." Eu não falaria que era meio assustadora, mas devemos confessar que ficou bem nele.

"Bella..." Ele colocou o jornal na mesa e se inclinou para mais perto de mim. Logo eu senti o cheiro de loção pós barba impregnar minhas narinas. Eu respirei fundo aquilo como que para ter mais. Ele me olhou confuso e eu espirrei para disfarçar.

"Desculpe..." Hehe.

"Espero que não tenha sido Sky que fez isso."

"Não, imagina..." Na verdade foi uma maneira de disfarçar que eu estava cheirando sua loção pós barba. Se eu dissesse isso, ele me expulsaria da igreja me chamando de herege. – Até uma semana atrás eu não sabia o que significava essa palavra, as pessoas me chamavam de vez em quando, mas só depois das minhas pesquisas é que eu fui ver o que significava!

Aumento de vocabulário, a gente se vê por aqui!

"Então..." Edward continuou, interrompendo meu raciocínio. "Sabe... Eu não sei se eu devo perguntar isso..." Aquela loção... "Eu nem sei se tenho esse direito." Ele parecia meio constrangido. Deu vontade de apertar as bochechas dele.

"Se não tem, eu te dou." Eu disse sem pensar. Ele me olhou por uns segundos no estilo - Uh? – depois riu.

"Bem... Então deixa eu te perguntar..." Mas ele logo acrescentou. "Mas se não quiser responder, não precisa."

"Ok. Tudo bem." Disse ajeitando minhas pernas e quando eu fiz isso - OPS!- eu encostei-me às pernas dele que estavam esticadas do outro lado da mesa. Quem mandou ter perna grande? Eu corei e estiquei de volta. Ele sorriu.

"Ontem quando te vi na igreja... Você estava muito abalada por causa de Mike... Tem alguma coisa além de você ter descoberto que ele participava daquele clã lá que está te perturbando?"

Oh, essa me pegou de surpresa. Eu lambi meus lábios com a ponta da língua – porque ela ficou instantaneamente seca – e mudei a posição de minhas pernas.

"Se não quiser responder, não precisa..." Ele disse carinhosamente. Eu ergui meus olhos para ele e vi seus olhos verdes cheios de preocupação. E eu quase estremeci com a perspectiva de mentir para ele. Eu não queria fazer isso. Mas também não podia dizer 'olha, além de ele me usar e me fazer de idiota todos esses anos, ele também fez uma chantagem com as pessoas que eu amo, para dar 100 mil dólares. ' Não, definitivamente não.

"Não... Tudo bem." Disse. "É a coisa de sempre... Quer dizer... Ontem eu fui à redação pegar o editorial... Estava vazio porque foi aniversário de morte do patrono do jornalismo... Mas ele estava lá. Eu nunca contei para ele que eu descobri tudo e quando eu falei, ele ficou nervoso e falou coisas ruins." Não foi uma total mentira... Mas eu sabia que eu mentia, muito, MUITO mal. Só esperava que certo cara lá de cima tivesse me ajudado. Ah... Eu teria que me confessar com um padre – sem ser Edward – e dizer que eu menti para um padre. Será que eu iria para o inferno por causa disso?

Edward, porém me olhou atentamente, como se ele pudesse ver minha alma através dos meus olhos. Eu me senti terrivelmente culpada por causa disso.

Quer dizer, ultimamente ele só tem me ajudado e feito coisas boas por mim. E como eu retribuía? Eu mentia para ele quando ele estava preocupado.

Mas o que ele poderia fazer? Chorar junto comigo? Perder os cabelos junto comigo?

Mesmo que ele pudesse liberar a grana, - que linguagem de traficante. – eu não aceitaria. Mamãe e papai sempre me ensinaram que orgulho serve para isso. Agora... Eu estava me preocupando se orgulho seria o responsável também pela minha morte, e das pessoas que eu amava.

O que ele poderia fazer?

De repente... Edward me olhou com uma expressão que eu não consegui entender, contornou a mesa e se sentou bem perto de mim. Sua loção pós barba inundou minhas narinas, e eu estremeci. Se não bastasse isso, ele procurou minhas mãos que estavam juntas no meu colo e juntou com as suas, que estavam terrivelmente quentes.

Ele levantou-as aos lábios e deu um leve beijo, na moda antiga como ele havia feito antes. Sua sobrancelha arqueou e ele me olhou de uma maneira quase cínica, mas que fazia só ele ficar mais lindo.

"Edward..." Eu sussurrei. Ele abanou a cabeça e com a ponta do indicador ele fechou meus lábios lenta e dolorosamente.

Eu me sentia quente de repente enquanto ele se aproximava cada vez mais de mim. Seu corpo se aproximando... Chegando perto. Aquela loção pós barba...

"Bella..." Ele sussurrou sedutoramente quase que saboreando o meu nome em seus lábios, enquanto sua boca estava a milímetros da minha. "Bella... Bella..." Ele repetiu. Depois eu ouvi um barulho forte de algo batendo na mesa e tudo voltou ao normal.

Eu percebi que estava arfando... E Ohmeudeus eu vou morrer. Eu estava inclinada na direção de Edward na mesa com a boca aberta, e com ele me olhando com os olhos arregalados.

"Oh..." Disse SUPER sem graça e me encostando novamente. Enxuguei a baba que estava no canto da minha boca e desviei meu olhar. "Bonita cruz." Disfarcei.

"Você já disse..." Ele falou pesando suas palavras. "Bella, tudo bem?"

Mordi meus lábios e dei meu melhor sorriso amarelo. "Tudo ótimo, senhor padre." A não ser o fato de que eu estava sonhando o que você poderia fazer em relação ao Mike. Ohmeudeus, se antes eu precisava confessar. Agora eu já fui designada sem passagem de volta para o inferno!

Ele me olhou atentamente como que conferindo que não precisasse chamar a ambulância para me levar para um manicômio quando ele falou:

"Talvez, depois você se sinta mais segura em me dizer." Ah... Ele sabia que eu escondia algo a mais dele. Eu sabia que eu não conseguiria disfarçar a apreensão que eu sentia.

"Desculpe Edward..." Eu estava me sentindo um lixo. Mas cara, eu nunca havia me sentido daquele jeito, por ninguém. Eu devo ter feito uma cara terrivelmente perturbada, quando ele pegou minha mão nas suas – do outro lado da mesa, carinhosamente e não como na minha alucinação – e deu leves batidinhas.

"Não precisa."

"Eu sei... Mas" Me enrolei. "É que eu não acho que eu devo te preocupar com certas coisas."

Ele sorriu ternamente.

"Aliás, nós só nos conhecemos há uma semana." Só isso? Para mim era bem mais. "Mas... Você pode ter certeza que pode contar comigo para tudo. E se não se sentir a vontade, Alice gostou muito de você."

"Eu também gostei dela."

"Está vendo...? Você não está tão sozinha, você sempre vai ter alguém para contar."

"Eu confio nisso." Retribuí com um sorriso emocionado. Algumas lágrimas caíram lentamente dos meus olhos, e Edward carinhosamente com a ponta dos dedos tratou em enxugá-las. E nesse exato momento alguém entrou na pequena salinha. Eu me assustei.

"Oh, desculpe padre Edward." Uma mulher de mais ou menos trinta anos entrou na sala, e observou –descaradamente- de cima á baixo a mão de Edward no meu rosto. Edward sorriu e tirou a mão gentilmente. "Eu volto outra hora..."

"Não precisa, senhora Willians." Edward disse indo cumprimentá-la.

Eu não olhei para ela, somente me levantei com a melhor cara – ei, eu não estava fazendo nada – que eu tinha.

"Então, Ed... Huh, Padre Edward. Eu já vou indo nessa."

"Ah claro... Mas já?" ele perguntou com a testa franzida.

"É eu tenho... Huh, que comprar ração." A mulher segurava uma cruz com as mãos enquanto me olhava de cima á baixo. "Espero que tenha gostado do artigo, sai na segunda na edição matinal."

"Ah claro." Ele disse pegando o artigo. Será que ele estava tão nervoso quanto eu estava? "Eu adorei. Muito boa análise."

"Obrigada." Falei sem jeito. "Huh, tchau." Acenei para ele e para a mulher que fez alguma coisa como um "saí".

Eu estava quase fechando a porta quando Edward me chamou de novo.

"Sim?"

"Suas roupas. Você esqueceu em casa."

"Ah claro..." Ele andou até um armário e pegou uma pequena sacola onde estavam as minhas roupas. Ele me entregou e eu sorri.

Agora a mulher estava com os olhos TOTALMENTE esbugalhados. Com uma expressão aterrorizada, olhando da mão de Edward, para as roupas esquecidas, e eu que as pegava.

"Se não tiver alguma coisa, é só falar. Eu procuro por lá." Ele disse piscando.

Eu pensei que a mulher teria um colapso.

"Muito obrigada, padre. Ah... Então, tchau!" Despedi de novo e fui embora, achando que a qualquer momento os olhos daquela mulher sairiam rolando por debaixo da porta.

Quando eu estava saindo da igreja em direção ao meu carro alugado, ouvi uma voz atrás de mim me chamar. Eu vi que era a tal mulher da sala.

"Moçinha!" Ela chamou. Eu continuei andando tranquilamente. Provavelmente não estava falando comigo. "Moçinha, ô de vermelho!" Ah... Eu tenho péssimas recordações desse "ô de vermelho!". Garotos adoram esse tipo de coisa, o que me aborrece. Com certeza quem estava sendo chamada deveria pensar a mesma coisa. "Ô de vermelho!" Chamou de novo.

Caramba! Quem estava ali que não atendia logo a mulher? Olhei para minha blusa e... Hehe, eu estava de vermelho.

"Oi?" Me virei para ver a mulher dos olhos ambulantes.

Ela parou na minha frente sem fôlego, e deu um sinal para que eu esperasse. Ah claro, eu tinha todo o tempo do mundo para isso.

Quando ela retomou o fôlego ela colocou a mão na cintura e me encarou:

"Você disse que estava indo comprar ração, certo?"

"Certo..." Afirmei não sabendo onde aquilo iria chegar.

"Eu conheço um lugar ótimo. Eu posso te levar até lá."

"Ah é? E o que tem?"

"Huh, ração..."

"Eu sei... Mas tem um lugar aqui do lado."

"Mas lá tem rações que deixam seu cão mais inteligente." Ela assentiu como se fosse cientista de uma marca famosa de ração.

"Jura?"

"Sim. Se quiser, eu te mostro."

"Eu adoraria." Sky vai ficar inteligente que nem o pai. Ops, ah de novo não, Bella!

"Então vamos." Ela disse com um sorriso que eu não gostei. Por um momento eu me perguntei do por que alguém se interessaria tanto por me levar á comprar ração intelectual, mas logo deixei de lado. Sky merecia o melhor.

"Acho melhor eu dirigir... É melhor do que dar instruções." A mulher disse. "A propósito meu nome é Mary Willians."

"Prazer. Bella." Eu disse. Deixei-a entrar no motorista enquanto olhava pela janela do carro e via Edward saindo da igreja. Uma jovenzinha se aproximou pedindo um autógrafo no CD dela. Edward olhou depois para o carro que estava ali e enxergou-me e a mulher dentro, ele franziu a testa, mas antes que eu pudesse dar um tchauzinho, a mulher arrancou pneus.

Depois de andarmos quase vinte minutos, eu já comecei a me perguntar se aquela loja era no laboratório dela. Eu imaginei uma prateleira de livros, em que você puxava um e a estante rodava revelando um grande laboratório de rações. Sim, eu sou fã do Laboratório do Dexter.

"Huh, estamos indo para onde?" Perguntei olhando ao redor e vendo que já tínhamos passado centro da cidade e da movimentação. Estava um dia frio – Outubro, dã! – E as pessoas andavam agasalhadas para todos os lugares. Mas ali, eu não via nada. Pelo menos eu nunca tinha ido naquela direção.

A mulher estava com uma expressão conturbada, meio louca. Sabe aquela expressão de uma pessoa que acabou de beber uma dose de vodca pura e faz aquela cara enquanto o negócio desce ardendo?

"Estamos chegando." Ela disse.

"Tipo... É uma loja... Afastada?"

"É, com certeza é afastada." Ela garantiu.

"Ok..." Onde eu havia ido me meter... Vai que ela estava me seqüestrando para pesquisas no laboratório dela. Eu não sou cobaia! Não sou cobaia!

De repente ela parou o carro e se virou para mim me fuzilando com os olhos. Eu logo estremeci e me encostei ainda mais no banco do carro.

"Sabe... Eu vi o que aconteceu ali naquela sala."

"O quê?" Perguntei.

"Você e as roupas..."

"Ei, não foi nada demais. Você está meio mente poluída..."

"Cala a boca." Oh. Depois era mulher de igreja. "Eu sei bem o que eu vi ali. E só quero te dizer uma coisa querida..."

Eu estava com medo daquela mulher.

"Faz um ano que eu venho todos os dias na missa. Faz um ano que eu faço trabalho voluntário, e faço parte do grupo de organização das missas. Faz um ano que eu estou tentando trair meu marido com o padre!"

"Oh..." Eu esbugalhei meus olhos. "Você não tem vergonha...?"

"E agora vem uma garotinha que nem menstruou ainda, do nada, vir com conversinha e momentos depressivos para cima do MEU padre!" Eu já havia menstruado. Quem ela pensa que é para falar assim comigo?

"Ei... Assim como a igreja é público, eu acho... Bem, o padre é público também! Você não pode falar MEU padre! É nosso padre!"

"Cala a boca." Ela repetiu abrindo a porta do carro e me jogando para lá. Quando fui ver eu estava no meio de uma estrada com um vento gelado percorrendo minhas narinas. Cadê meu casaco nessas horas? "Aquela igreja já está cheia de garotas problemas, para ter mais uma como você."

"Eu não sei do que você está falando..." Eu tentei voltar para o carro, mas ela me impediu com um braço.

"Sabe sim. Você está apaixonada por ele! Assim como todos." Ela disse fechando a porta e levando o MEU carro alugado para longe, me deixando ali no frio.

Mas quer saber? Nada estava importando muito, exceto o que ela havia acabado de dizer. "Você está apaixonada por ele!"

Eu não estava apaixonada por ele! Não, definitivamente. Não tinha como EU estar apaixonada por um padre! Mas é claro que não. Ele era só meu amigo, um instrumento que Deus colocou em minha vida para me colocar no caminho da salvação. Eu estava perdida, e Deus não poderia se materializar em minha frente e dizer "Oi eu sou Deus. Prazer. Está vendo? Eu existo. Vá á igreja." Claro que não. Edward era esse instrumento, fazia boas coisas para mim, me deu Sky, e somente.

Mas que mulher louca! Achar que eu estava apaixonada por um padre! Haha, essa é boa. Ridículo! Insosso! Essa é boa... Apaixonada...

Depois de um tempo é que eu fui começar a tremer mesmo. O frio estava de matar, e eu agradeci por não estar nevando.

Eu agradeci que pelo menos a mulher teve o bom senso de jogar a bolsa para fora. Agora e o carro? Se ela não devolvesse até a noite, viria uma multa junto com a polícia inteira ao meu apartamento na segunda feira. Olha, que ótimo.

Peguei meu celular e vi que estava fora de área. Haha, que legal. Peguei minha bolsa e me levantei começando a caminhar lentamente até pegar sinal e ligar para Rose vir me buscar. Agora como que ela me acharia seria uma coisa interessante.

Eu estava tão ocupada resmungando internamente sobre como essas pessoas de igreja eram loucas, e como ser de igreja não era o sinônimo de bonzinho, quando eu ouvi o barulho de motor atrás de mim.

Provavelmente era um seqüestrador que estava vindo me pegar. Eu decidi correr o mais rápido que eu podia sem olhar para trás.

O barulho do motor parou, mas logo surgiram passos atrás de mim, que logo começaram a correr. Ah... Não me deixa morrer não! Eu juro que nunca estive apaixonada por um padre! Não! A mulher é louca!

O ser estava cada vez mais perto e quando eu fui ver eu tropecei e cai de cara no chão fofo.

"Bella? Bella? Você está bem?" Eu conhecia aquela voz...

Braços fortes me seguraram e me levantaram, mas minha cabeça começou a rodar, na verdade eu não conseguia nem mais saber onde eu estava.

Senti alguma coisa papada descendo pela minha testa e eu estremeci, mas acho que foi mais pelo frio.

"Ah meu Deus. Ajude-me." Ouvi a voz soando preocupada enquanto tentava me pegar. "Por favor, Bella. Acorde. Acorde. Não faça isso. Não faço isso comigo." A voz repetiu enquanto me carregava para algum lugar.

E aquelas palavras foram à última coisa que eu ouvi.

Quando eu voltei a abrir meus olhos eu percebi que eu estava dentro de um carro pelo movimento que estava tendo. Minha cabeça estava coberta por alguma coisa, e pelo pouco que eu pude ver pelos meus olhos entreabertos tinha um braço musculoso dirigindo o volante.

Eu voltei a fechar meus olhos e eu estremeci com um pouco de frio. Uma mão apertou uma espécie de cobertor que tinha a minha volta e colocou a mão na minha testa. Ouvi um forte suspiro.

"Oh Bella. As coisas que você me faz passar."

Quando eu voltei a acordar, a dor de cabeça já havia passado e eu me sentia muito bem. Mas eu ainda estava cansada, por isso optei por continuar de olhos fechados.

"Como ela está?" Reconheci a voz de Rose.

"Bem melhor." Ouvi a voz de um homem responder. Essa voz estava perto de mim, como se estivesse bem ao meu lado. "A cor dela voltou ao normal..."

"O pálido de sempre." Rose riu. "Essa garota só me dá susto."

"E eu então?" A voz respondeu com um pouco de humor. "Conheço há uma semana, mas já vi cada coisa..."

"Bem. Quando ela acordar você me avisa, Edward? Emmet está lá na sala com Alice, eu vou para lá também."

"Ok. Eu vou ficar aqui rezando." Ouvi uma porta se fechar e eu abri meus olhos. Minha visão ficou meio nublada, mas depois eu consegui enxergar onde eu estava com clareza. O problema era que eu não conhecia onde eu estava.

Usei minhas mãos para reconhecer o local, mas só encontrei uma cama fofa embaixo de mim. O travesseiro que eu estava deitada era bem fofo e continha um cheiro... Maravilhoso. Eu estava quase vendo estrelinhas faiscantes...

Depois tudo começou a voltar pra minha mente. A mulher doida, a acusação dela, e todas aquelas barbaridades. A mão que me segurou e meu momento de inconsciência. Ótimo, que legal. O meu lado de má sorte começou a mostrar as caras novamente.

Ouvi uma voz baixa, como se estivesse rezando e virei minha cabeça para me deparar com a imagem de Edward ajoelhado perto da cama , com as mãos unidas segurando um terço enquanto rezava de olhos fechados.

Eu sorri. Fora ele que me encontrara. Não importava onde eu estava, se ele estava ali, eu sabia que eu estaria segura.

Ele abriu os olhos percebendo algum movimento meu, e se abriu um enorme sorriso de boas vindas e alívio em sua boca.

"Acordou Bella Adormecida."

Eu tentei rir.

"Como se sente?"

"Bem. Muito bem." Acrescentei. Quer dizer, tirando a vergonha por sei lá o que aconteceu. "Onde eu estou?"

"Na minha casa. Esse é meu quarto." Ele pareceu meio constrangido. "Eu não tinha a chave de seu apartamento, então tive que trazê-la para cá."

"Lembre-me de te dar a chave qualquer dia desses..." Eu disse, mas depois corei absurdamente. Ele riu.

Um pequeno latido surgiu de algum canto, e Edward sorriu enquanto se abaixava para pegar uma bolinha de pêlo que era Sky.

"Você não disse que não tinha a chave do meu apartamento?" Arqueei uma sobrancelha.

Ele sorriu. "Quando eu liguei para Rose ela foi lá e buscou Sky e algumas roupas também."

"Ah... Dá-me ela."

"Olha a mamãe, olha Sky." Ele disse fofamente. Eu suspirei enquanto a pegava. Eu fiz esforço para me sentar e Edward me ajudou. Sky se empenhou em lamber minhas mãos.

"Estou me sentindo uma inválida com isso. E até que estou bem pelo o que aconteceu... Quer dizer, o que aconteceu mesmo?"

Ele sorriu enquanto acariciava Sky que estava no meu colo.

"Quando você caiu, você bateu a cabeça. E eu te vi com aquela mulher no carro, eu estanhei, ela dirigindo, vocês nem se conhecem. Então por precaução eu as segui. Desculpe."

"Por ter me seguido?" Perguntei confusa.

"Não. Disso eu não me arrependo." Ele suspirou. "Pela mulher... Ela é meio estranha comigo na igreja, mas eu não posso dizer para ela se afastar de mim. Ela pensou que tinha algo entre a gente."

"É... Ela pensou que eu estava apaixonada por você." Disse meio 'isso não é possível', depois corei. "Quer dizer, eu realmente não estou apaixonada por você." Corrigi.

"Oh, eu sei." Ele disse se levantando. "Quer que eu chame Rose? Ela está aqui desde quando eu liguei."

"Desde quando eu estou aqui?"

"Faz umas duas horas. Tem um curativo aqui na testa..." Ele colocou a mão levemente em um curativo e apertou gentilmente. "Pelo jeito está bom. Eu não sou nenhum médico, mas acho que dá para o gasto."

"Você que fez?" Mudei Sky de posição na minha perna.

"Aham..." Ele mordeu os lábios meio não sabendo o que fazer. "Eu vou chamar Rose."

"Não, espera."

Ele se virou e me encarou.

"Obrigada. De novo. Acho que você é sei lá... Meu anjo da guarda."

Ele deu uma forte gargalhada enquanto saia do quarto.

"Eu acho que para as asas ainda falta muito. Então vamos dizer tipo que eu sou seu pai."

Eu sorri, mas por dentro eu me senti estranha com aquilo. Aff... Deve ser a batida na cabeça. De repente Emmet, Rose e Alice irromperam no quarto.

"Ouvi risadas lá do outro lado da rua. Esse urso é você Edward?" Emmet perguntou brincando. Edward deu um tapa de brincadeira nele.

"E aí Bella como está?" Rose perguntou se aproximando da cama.

"Pronta para outra." Sky rosnou levemente no meu colo e todos riram.

"Sabe, eu sempre desconfiei daquela mulher..." Alice disse se sentando perto de mim também. "Mas pode ficar tranqüila que vamos tomar providências."

"Mas Bella, nos conte o mistério do ano... Por que você foi com a aquela mulher? Ainda por cima dirigindo o seu carro?" Emmet perguntou.

"Alugado." Corrigi. "Ah... Foi culpa da Sky." Disse apontando a pequena cachorra indefesa. Ela rosnou levemente, e saiu abanando o rabinho em direção á Edward, que a pegou no colo.

"Sky?"

"Ah... Vocês vão me obrigar a contar isso?" Disse pegando o travesseiro e cobrindo minha cara com ele. Uh-ou. Má idéia. Aquele cheiro ali. Bem... Enquanto todos achavam que eu estava me escondendo, eu estava mais era cheirando o cheiro de Edward.

Até que Rose acabou com minha brincadeira arrancando o travesseiro da minha cara.

"Desembucha."

"Ah... Bem..." Disse olhando para minhas mãos. "Prometam que não vão rir!"

"Prometo."

"De acordo."

"Tanto faz..."

"Isso depende."

"Não, Emmet! Prometa."

"Ok."

"Bem..." Suspirei. "A mulher veio com uma história de ração inteligente para cachorro. Eu me interessei. E fui com ela."

Eles me olharam petrificados, e depois tiraram as mãos detrás das costas e começaram a rir.

Revirei meus olhos, sabendo que não se poderia confiar em mais ninguém hoje em dia.

Pe. Edward.

"Tem certeza de que não quer ficar aqui Bella?" Alice perguntou para Bella.

Ela abanou a cabeça enquanto se levantava da cama.

"Não. Já abusei demais da hospitalidade de vocês."

"Não nos importamos, realmente Bella." Respondi verificando se ela estava realmente bem.

Ela olhou agradecida para mim e sorriu. "Até anjos precisam de descanso."

Eu fiquei meio emocionado com as palavras dela e me virei para ela não ver. Até que Rose entrou no quarto.

"Edward, tem algumas pessoas aí fora querendo falar com você."

"Ok." Eu disse saindo da sala e aproveitando a deixa para me recompor.

Fui até o portão da casa paroquial, e encontrei outro padre e algumas mulheres da igreja.

"Olá, John!" Cumprimentei o padre.

"Boa tarde." Ele estava com uma expressão séria.

"Algum problema?" Perguntei.

"Na verdade... Essas senhoras," O padre parecia meio constrangido. "Foram até a minha paróquia e me contaram alguns boatos, e eu queria ver aqui se era verdade."

"Boatos?" Olhei para elas, e vi-as olhando para todos os lados menos para mim.

"Sim." O padre torceu as mãos, nervoso.

"Desembucha homem." Apressei.

"Elas me contaram que você está dando muita atenção para uma jovem bonita, mais ou menos de sua idade. E que estão surgindo suspeitas a cerca dela."

"O quê?" Perguntei com a aquela expressão "Mas que coisa é essa?"

"Elas me disseram que encontrou você dando uma roupa que ela 'supostamente' esqueceu em sua casa, falando com ela em reservado, ela em sua casa, na casa de seus pais... E bem, você já sabe como é a língua do povo."

"Não acredito que agora deu para me seguirem." Disse exasperado.
"Então é verdade?" John perguntou chocado.

"Sim. Mas vocês estão levando isso tudo na malícia. Me estranha, vocês mulheres de igreja levaram tudo para o outro lado. Pois fiquem sabendo que a moça estava passando por momentos difíceis, eu somente a ajudei, minha irmã Alice deu roupas para ela já que ela não tinha nenhuma em vista, saímos em um jantar em família, pois ela é amiga de todos, eu devolvi as roupas que ficaram em casa. Eu conversei sim em particular, em caráter de confissão. E acho que isso está explicando tudo." Passei a mão pelos meus cabelos.

"E me estranha vocês, que se dizem mulheres de igreja, ao invés de estarem rezando, estão cuidando da vida do padre, pensando coisas erradas. Vão confessar! E, por favor, não comigo senão é o mês inteiro de penitência. E quanto á você John, me estranha á você que sempre eu admirei acreditar em alguma coisa dessas. Você sabe tão bem como eu, qual é o papel de um padre, e que para exercer isso não importa se a pessoa é velha, jovem, bonita ou feia. Passar bem."

Fechei o portão e me virei furioso para dentro da casa.

"Edward..." O padre voltou a chamar, mas eu não me voltei. Eu já estava de saco cheio. Agora além de minha mãe e Alice ficarem falando em meu ouvido, tinham também os padres e as carolas da igreja! Eu mereço...

Bella

"Vou pedir para Edward te levar para sua casa." Alice disse enquanto me acompanhava até a sala.

"Não precisa, Al." Emmet disse. "Eu e Rose levamos ela."

"É, eu não quero incomodar mais o Edward."

"Mas, nada a ver..." Edward entrou meio raivoso na sala, cortando o que quer que Alice fosse dizer. Eu olhei com uma sobrancelha arqueada para ele.

Ele passou a mãos pelos cabelos, nervoso e andou de um lado para outro. Depois que ele foi perceber que quatro pessoas o observavam.

"Ah... Oi."

"O que aconteceu Edward?" Alice perguntou se aproximando dele.

"Problemas na igreja." Ele disse pousando os seus olhos em mim. "Está tudo bem?"

"Aham." Disse pela milésima vez naquele dia.

"Vou te levar então para casa."

"Emmet já disse que..."

"Não eu levo. Eu me sinto responsável por isso."

"Que é isso. A culpa é de Sky..." Coitada da cachorra.

"Mas eu te dei ela. Então sem discussões."

Emmet encolheu os ombros e eu segui Edward até a garagem, e até o seu volvo. Despedi-me de Alice, Emmet e Rose.

Por todo o caminho Edward continuou nervoso, apertando a mão forte no volante. Perguntei-me o que poderia ter acontecido para ele ficar daquele jeito. A questão era que eu nunca o vira assim. Mas também, garota, fazia uma semana que eu o conhecia. Que na verdade parecia um mês.

"Está tudo bem...?" Perguntou cautelosamente.

"Aham." Ele respondeu seco. Tá bom...

Batuquei a ponta dos meus dedos no assento, enquanto com a outra mão eu segurava Sky que se empenhava em querer ir para o colo de Edward.

Edward parou o carro de repente, e quando eu fui ver estávamos na frente de meu prédio. Eu não sabia o que fazer.

"Então... Huh, obrigada por tudo." Tentei abrir a porta, mas a mão dele me impediu me segurando forte pelo braço.

"Bella?" Ele chamou. Eu me virei sentindo um formigando onde ele tinha me segurado.

"Sim, Edward..." Sussurrei.

"Eu..."

"Sim?" Fui me aproximando dele, sem perceber. "Pode falar Edward." Eu me aproximei mais. Ele ergueu os olhos e estava muito pertos, eu tomei um susto e cai para trás. Hehe. Que lindo! Sky achou lindo também.

"Você está bem?"

"Claro. Nunca estive melhor em toda minha vida." Garanti corando.

"Eu queria te dar uma coisa." Um beijo? Eeeeeeeeeer! Bella! Se acalme! Bella! Ele é padre. Foi o acidente, Deus! Eu juro que foi!

"O que é?" Quando eu fui ver ele estava tirando algo de seu pescoço, primeiramente eu pensei que era a enorme cruz dele, mas depois vi que era uma medalhinha.

"É um escapulário." Ele disse meio constrangido. "Eu sempre carreguei comigo, e acho que agora você precisa mais do que eu."

"Ah... Edward é lindo." Eu toquei na pequena corrente com a imagem, maravilhada.

"Posso colocar?"

"Claro." Eu disse. Ele se aproximou e colocou a corrente em volta do meu pescoço gentilmente, enquanto via como ficou. Era um colar, com dois pingentes, um atrás outro na frente. O da frente com a imagem de Nossa Senhora e o de trás com a imagem do menino Jesus. Ele falou enquanto colocava.

"Nunca vi uma pessoa que se mete em tantas confusões em tão pouco tempo como você. Por isso acho que você precisa disso. Vai te proteger."

As lágrimas começaram a descer.

"Obrigada."

"Tente se mantiver segura." Ele disse, e dessa vez ele não enxugou minhas lágrimas. Ele se virou para frente e eu abri a porta do carro, saindo no vento frio.

Acenei para ele, e fechei a porta do carro, não sem antes o ouvir murmurar:

"Pouco me importa o que outros estão pensando..."

E assim ele arrancou pneus e desapareceu pela esquina. Eu sorri ainda parada no meu lugar, com Sky em meus braços e a corrente fazendo pressão contra meu coração.

Boa tarde, hoje o seu sábado a noite está programado, para: Primeiro, comprar uma ração decente para a senhorita Sky que está ocupada no momento mordendo suas roupas.

Segundo, tomar banho, se arrumar e vestir algo que não seja um tope ou uma micro saia.

Terceiro, pegar algum meio de locomoção e ir para a Catedral St. Patrick's.

Quarto, ir á missa mais uma vez nesse dia.

E foi o que aconteceu. Dessa vez, eu me certifiquei de que eu iria sozinha para o pet shop, comprei uma ração decente – que não incluía inteligência junto- e Sky adorou enquanto comia e se engasgava depois pela sua rapidez.

Tomei banho, coloquei uma roupa também e assisti mais uma missa junto com o resto da população feminina. Joguei cada olhar estreitado para as jovenzinhas que elas ficaram até com medo.

Ah qual é, quem elas pensavam que era? Iam à igreja para ver o padre? Haha!

Edward sorriu no meio da missa e confesso que eu fiquei meio sem ar por um momento, quer dizer, eu só fui ver que a missa tinha terminado quando a senhora Lucas veio me cumprimentar.

"Como vão os filhos?" Ela disse com aquele sorriso de vovó que dava vontade de apertar.

"Ah vão bem. Mas é filha."

"Jura?" Ela arregalou os olhos.

"Aham."

"Como se chama?"

"Sky."

"Sky? Que nome estranho..."

"Bem... Se você for ver bem de perto... Não é não."

"Quem é o pai?" Ela perguntou.

"Pai?" fiquei olhando para todos os lados em busca de um possível pai para minha filha. Um, o homem barrigudo que empurrava à força a mulher da igreja? Dois, o coroinha que arrancava caquinha do nariz e depois colava em baixo do altar?

É, huh, não...

"Então minha filha? Mãe solteira?" Ela perguntou brincando.

"É... Edward!"

"Oi? O padre Edward...?"

"Oi Bella!" Ele disse se aproximando. "Oi Senhora Lucas."

"Hehe. Oi" Ela disse com aquela cara brincalhona que ela tinha. "Acredita que Bella acaba de dizer que você é o pai do filho dela?"

Os olhos dele se arregalaram tanto... Mais tanto, que...

"É brincadeira da senhora de Lucas." Disse passando meus braços em volta de sua cintura, e dando 'leves' tapinhas de 'amizade. '

Ela riu de esguelha.

"Ah claro... Bella estava só chamando o senhor." Ela corrigiu.

"Ah claro." Ele disse passando a mão pelos cabelos.

"Edward!" O chamaram da porta. Vi que era Alice acenei para ela que retribuiu.

"Bom, tenho que ir. Até mais."

"Até" Me despedi sussurrando.

A senhora Lucas seguiu meu olhar e depois me olhou sorridente enquanto ajeitava sua bolsinha em seu ombro.

"Sabe... Até que ele não seria um mau pai para o seu filho. Pena que ele é padre." Ela piscou e saiu da igreja.

"É filha..." Corrigi rolando os olhos. Ops...

Bom dia. Olhe a programação de seu dia.

Um, tire essa cara horrorosa de quem acabou de acordar. Dê comida para Sky. E lembre-se de fechar a porta.

Dois: reclame do frio que está tendo, também fale mal da sua chefa por não dar aumento para você comprar os presentes de Natal, e pegue algum meio de locomoção para a Catedral St. Patrick's.

Três: Vá à missa e admirei as lindas figuras do altar, as lindas toalhas, as lindas roupas do coroinha... O lindo padre... Não, isso não está na programação.

Quarto: Preste atenção na missa, moçinha!

E foi isso o que eu fiz! Eu estava tão contente comigo mesma. Edward acenou de novo, e ficou meio assustado quando me viu pela terceira vez em um mesmo final de semana na missa. Ah qual é, ele ficaria mais ainda se eu viesse no meu estilo gospel fashion.

Voltei para casa, almocei um miojo bem suculento, e fiquei brincando com Sky. Eu estava rolando com ela, para todos os cantos, todos os lados... Até que eu bati a cabeça na TV. Doeu um pouquinho, e ela foi toda bonitinha e pequenininha lamber minha cabeça, e eu juro que pensei que meu anjo da guarda viria a qualquer momento me salvar como ele havia feito ultimamente, mas não veio.

Grande ilusão.

Rose me ligou me chamando para ir a um barzinho qualquer de noite com Emmet. HAHA, por acaso estava escrito na minha testa 'vocação para vela'? Só se for vela de igreja, meu bem.

Pensando bem, acho que ela não queria mesmo que eu fosse. Talvez ela achasse que nós não estivéssemos muito juntas esses dias e quis compensar.

Eu estava lá deitada no tapete esperando chegar 7 horas para poder ir á missa de novo, quando o telefone tocou novamente.

"Alô?"

"Dois meses." E desligou.

Eu até já sabia do que era. Eu estremeci só de saber que nem tudo eram flores. Quer dizer velas e terços.

Senti-me como no filme do chamado, só que ao invés de sete dias, foram dois meses. Se para resolver isso, seria igual ao filme, eu logo fazia uma 'cópia' da chantagem com alguém, e ai anulava. Mas bem... Não seria muito legal, o mundo inteiro cercado por chantagens... Melhor não.

Mike ligara para me lembrar da chantagem e dos 100 mil. Eu não sabia de onde eu iria tirar talvez roubar o dizimo da igreja, ou rodar bolsinha na esquina. Como ele achava que eu ganharia esse dinheiro? Ele pelo menos devia ter aprendido no tempo que ele esteve comigo de que eu sou POBRE, e leio revista da CRÁUDIA.

Mas quer saber? Taquei o telefone longe e deixei-o por lá. Sky abanou o rabinho feliz como se soubesse o que eu havia acabado de fazer.

Mas logo eu me arrependi... Vai que 'importantes' pessoas, queriam fazer 'importantes' ligações. Hunf!

Quando deu seis e meia me apresei, peguei o meio de locomoção, dei tchau para o porteiro Wars, e fui para onde? A catedral St. Patrick's, baby.

A missa transcorreu normal como sempre. A senhora Lucas acenou de algum lugar da missa com um sorriso cínico. Mas apesar disso eu adorava aquela velhinha. Lembrava-me a minha vó.

Meu celular tocou no meio do nada. O toque do meu celular era uma música do Edward. Mas dessa vez foi eu que coloquei e não Rose com suas brincadeiras.

Sabe quando todos ficam olhando para os lados e cantos para saber quem é o infeliz que deixou o celular ligado? Pois então. Edward estava lendo alguma coisa na bíblia então ele nem prestou atenção. Eu saí de fininho, olhando pro céu, apreciando as pinturas, até que quando ninguém mais podia me ver eu corri e atendi o celular.

"Alô?"

"Poxa, até que enfim. Já estava indo desligar."

"Oi mãe" Disse sorrindo. "Quanto tempo."

"Oi minha filha linda. Por isso mesmo que eu liguei."

"Ah... Jura?" Chutei uma pedrinha no chão.

"Sim. Quando você entra de férias?"

"Acho que só perto do Natal." Mordi meus lábios.

"Ah... Mas acho que sua mãe pode ir te ver, não pode? Mesmo no trabalho?"

"Claro que sim, mãe."

"Então ok, eu vou estou trabalhando em um projeto novo de argila, então daqui um mês mais ou menos eu vou para NYC."

"E por que já me avisa agora?" Hello, faltava um mês ainda.

Ela riu. "É para você ter tempo de esconder alguma coisa se você estiver fazendo coisas de errado."

"Que é isso, mãe." Mordi meus lábios. "Eu nunca fiz nada de errado em minha vida..."

"Aha acredito. Até mais querida."

"Beijo." Desliguei.

Coloquei o celular no bolso, chutei mais algumas pedrinhas, olhei para o céu e corri para dentro da igreja o mais rápido que eu pude.

Perdi alguma coisa? Ah? Oi? Não... Edward ainda estava lá. Sorri. Ele parecia mesmo um anjo.

Quando acabou a missa, as pessoas foram indo embora aos poucos. Quando eu fui ver Edward estava na minha frente me cumprimentando.

"Poxa... Você realmente está religiosa."

Eu sorri. "De repente."

"Sabe Bella, eu tenho uma proposta para te fazer..." Ele falou me olhando sério. Bem, em minha humilde vida eu só conhecia dois tipos de propostas, a de namoro e a de casamento. Ohmeudeus, o que esperar de um padre?

"Sim?"

"Você sabe a Mary Willian?"

Eu franzi minha testa tanto, mais tanto que acho que eu estava parecendo um buldogue. Aquela mulher me dava arrepios. Sério.

"Aquela que meio que te 'seqüestrou'..." Ele continuou como se eu não tivesse entendido.

"Ah claro."

"Então... Ela fazia parte do nosso grupo voluntário do orfanato para ajudar crianças de rua. E como ela... Foi embora, e já que você está tão empenhada na igreja, eu resolvi te fazer esse convite." Ele sorriu.

Eu fui repetindo e repetindo o que ele me falou na minha mente lentamente. Como se fosse um disco arranhado. Acabou que eu gostei da idéia.

Quer dizer, eu nunca tive um contato maior com crianças, a não ser quando eu mesma era uma, e joguei uma coleguinha de cima do escorredor, detalhe: Não foi pelo escorregador que ela caiu.

Também teve aquela vez que eu coloquei terra na comida do parquinho, e disse para a menininha que era chocolate.

É... Eu tinha boas experiências com crianças. Mas só tinha uma dúvida.

"Você é voluntário também?"

"Claro." Ele sorriu. "Papel de padre não é só rezar missas."

É... Eu sabia. A idéia começou a se formar em minha mente. Eu... Sky... Edward, e um monte de criançinhas felizes rodando ao nosso redor, e chamando de papai e mamãe. ! Eu tenho que me confessar, urgente. É o efeito de tantas missas, Deus! É o efeito.

"Aceito." Disse apertando a mão dele como se tivéssemos fazendo um negócio. "Quando vai ser?"

"Todos finais de semana. Começa semana que vem."

"Ótimo." Eu disse criando várias imagens em minha mente. Ficamos ali encarando um ao outro sem saber o que fazer, até que eu decidi tomar a iniciativa.

"Vou indo então..." Virei às costas, mas ele me chamou de novo.

"Bella?"

"Oi?"

"Fiquei muito feliz de você ter vindo às missas nesse final de semana." Ele falou com olhos verdes brilhando.

"Eu também... Quer dizer, huh, eu fico feliz, por você ficar feliz..."

Ele sorriu. "Está usando o escapulário?"

"Claro." Disse apalpando-o automaticamente por cima da camiseta. "Nunca vou tirar agora."

"Que bom."

Eu sorri.

"Bella?"

"Huh?"

"Você vai voltar às missas semana que vem?"

"Claro. E ao orfanato também. Posso levar Sky?"

"Elas vão adorar." Ele disse com um sorriso.

"Edward... huh," Eu decidi perguntar algo que estava me perturbando. "Por que você ficou tão nervoso depois que aquelas pessoas foram falar com você?"

Ele passou a mão pelos cabelos.

"As pessoas falam demais, e rezam de menos."

"Ah... Entendo." Estava na cara que ele não queria falar sobre aquilo.

"Então, tchau." Ele disse se virando dessa vez. Acho que ele ficou meio bolado.

"Edward!" O chamei.

"Oi?" Eu fiz o meu melhor sorriso inocente.

"Reza por mim?"

Ele sorriu também por cima do ombro.

"Sempre."

E assim eu fui feliz para casa, depois de um longo final de semana. Sorrindo, por saber que embora não estivesse com Edward, ele estaria pensando em mim. Ou melhor. Rezando por mim.

18 comentários:

Hermione disse...

Bom dia vamos acordar mulherada!!!!! Saudações TRICOLORES às Corinthianas! Ahh... Ainda sou eu... só mudei o avatar em homenagem ao visual fashion da Super Emma... eterna Hermione! E essa fic hein... babados fortíssimos... ela já desperta nele emoções bem diferentes do amor fraternal... bobinho... só tá negando! Mas parece que tem um mistério aí hein... "Estou cansado de vocês de repente acharem que tudo vai se repetir! Mas não vai!" Hummmm não sei não... acho que no passado existiu outra mulher!!!

Hermione disse...

Ué kd meu avatar novo? Pq em outros lugares saiu e aqui não! Confusa!!!!

Bebetty_rp disse...

KKKKKKKKKKKKKKK A BELLA É MUITO DOIDA, TEM Q RIR DELLA.KKKKKKKKKKKKKKKKKK HUM,QUEM SERÁ A PESSOA Q O EDWARD JÁ SE APAIXONOU? EU APOSTO NA TANYA,E VCS?

Alice Luttz disse...

Acho que a tal da Tanya se transformou em uma garota com a Bella e o Edward se encantou por ela quase deixando de ser padre para ficar com ela.

Saudades CORINTHIANA para uma Tricolor.

Alice Luttz disse...

Tambem. Ração inteligente foi boa.
KKKKKKKKKKKKKK'

Alice Luttz disse...

Ou tambem. Não esta aparecendo aqui. Vou trocar de novo.

Laurinha disse...

Eu tbm aposto nela Bebetty!
Pq se ela entra na história é só piriguetagem.

Laurinha disse...

OMG!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Boa desculpa Bella, mto boa mesmo!
Eu amei a sky, apesar de ser um nome estranho pra uma cadelinha.
Poxa só segunda eu vou saber oq acontece buaaaa, + se postasem dois caps. por dia ñ ia me fazer perder a cabeça pensando no que vai acontecer.

Bebetty_rp disse...

saudações CORINTHIANA a uma TRICOLOR!!! HERMI, seu avatar ta fashon!

Bebetty_rp disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkk coitada!MENTIRA! não vo mesmo com a cara dela!

Hermione disse...

Valeu Bebetty, sou super fã das duas... da Hermione (personagem) e da Emma Watson (atriz)
!

Hermione disse...

É isso aí Alice... ano novo, avatar novo! DEZ!

Hermione disse...

Será que o Edward se apaixonou pela Tanya? Será que foi por causa dela que ele entrou para o sacerdócio? Tipo uma desilusão amorosa e aí ele virou padre? Ou será que ela criou uma situação constrangedora para ele na ordem? Ahhhhhhhh chega logo segunda-feira!

Noeme disse...

Gente essa fic é babadoO viu??? Eu estou adorandoOO
A Bella é muitoooO doidaaa
Gente eu odeio a piriguete da Tania

Alice Luttz disse...

O seu tambem. Chique esse cabelo novo né?
Mais nem pagando corto assim. E só pra corajosa. E eu não sou.
Perfeito o avatar.

Alice Luttz disse...

Gosto só da Emma. Não sou fã de HP. Sou mais Hsm.
Amo a VANESSA e o ZAC. ZANESSA sempre.

Amy Lee disse...

Que fofo , o Edward deu a correntinha pra ela *o*Pena que ainda não caiu a ficha na Bella qe ela está apaixonadapor ele. Parece que a ficha não caiu pro Ed tbm.

Camilla disse...

É muito bom reler De repente.....Religiosa. Me emocionei muito da primeira vez, e vejo que não vai ser diferente agora. Essa história me marcou muito. Parabéns a autora.

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