De Repente... Religiosa - Capítulo 10: De Repente... Renée

Uma semana depois.

Pe. Edward

Dois casais estavam sentados perto de mim. Ótimo. Um deles estava quase matando o outro asfixiado pela língua e o outro colocava uma torneirinha para coletar o mel.

Fiquei observando a minha linda xícara de cappuccino, distraidamente mexendo com a pequena colher de metal, brincando com a espuma.

"Desculpe senhor, mas temos waffles pela metade do preço... Ohmeudeus é o padre Edward! Padre é o senhor?" Levantei meus olhos para a garçonete que estava ali na minha frente. Ela era loira e muita bonita, parecia que o emprego de garçonete nas Starbucks era algo temporário, e que logo ela estaria desfilando pela calçada própria para saltos da Wall Street.

"Sim, sou eu." Sorri. Com o meu humor atualmente, eu poderia muito bem responder 'É meu clone, obrigado. 'Mas realmente havia um Pai me olhando lá de cima.

"Nossa" Ela colocou as mãos no peito e olhou para cima com um sorriso. "Eu sempre quis te encontrar! Só te vejo pela TV, e tipo, a gente mora na mesma cidade."

"Nunca foi á Catedral?" Perguntei distraidamente, observando algumas pessoas virarem a cabeça para minha direção.

"Não..." Ela pareceu triste. "Quer dizer, meu namorado não deixa... Mas eu realmente sempre quis ir..."

"Então cadê esse seu namorado agora?" Ouvi uma voz conhecida atrás da moça. Ao mesmo tempo em que esticava minha cabeça para poder vê-la, a garçonete se virou para ela com as mãos na cintura.

"Sim?" A garçonete indagou a mulher. Que você já adivinhou quem era obviamente.

Bella.

Ela usava uma espécie de macacão de frio, e os cabelos estavam presos em uma trança mal feita, que deixava vários fios emoldurando o rosto dela. Ela estava ligeiramente corada e suas mãos também estavam na cintura encarando a mulher loira com uma expressão de raiva.

"Acho que já todos já sabem quem é o padre Edward Cullen. E para sua querida informação, ele já esteve aqui várias vezes nos últimos dias, porque ele é um bom freqüentador. Mas claro," Ela disse mexendo a mão no ar como que se tivesse se esquecido. "O seu namorado estava te enquadrando na despensa atrás do depósito. Por isso não pôde ver."

A garçonete ruborizou tanto, mais tanto que eu pensei que alguém finalmente poderia competir com Bella no quesito 'corada'. Ela fechou as mãos ao lado do corpo se controlando, enquanto Bella cruzava os braços no peito em uma atitude desafiadora.

"Quem você...?" O gerente das Starbucks apareceu por trás de nós gesticulando algo para a garçonete. Ela hesitou alguns segundos depois disse em uma voz fraca.

"Foi um prazer, padre Edward. A promoção de Waffles ainda está de pé. E..." Ela se virou para Bella. "Se certifique de aumentar os horários para confissões."

"Pode deixar que eu te aviso quando marcar." Bella disse sorrindo provocadora. A garçonete já estava longe, quando Bella gritou por cima do ombro. "E chame seu namorado também."

Eu estava de boca aberta o tempo todo, meio bobo, meio tonto, meio feliz. Esse lado eu realmente não conhecia de Bella, e nunca esperava conhecer.

Ela se virou para mim excitante e seu sorriso se apagou em uma careta de vergonha.

"É..." Ela disse coçando o lado da cabeça.

"Ah... Sente-se Bella." Eu me levantei e empurrei a cadeira para ela. Ela hesitou um pouco e se sentou logo depois cravando os olhos no cardápio como se fosse à coisa mais interessante do mundo.

Eu voltei para meu lugar, e olhei para ela curioso. Ela realmente percebia que eu a estava observando, porque suas bochechas coravam intensamente.

Ela me olhou de esguelha uma vez, e logo voltou a abaixar os olhos mudando de posição na cadeira.

Eu ri com aquela cena.

"Então..." Tentei controlar um riso. "O que foi tudo aquilo com a pobre garçonete?"

Ela encolheu os ombros parecendo não se importar.

"Não gosto de loiras."

"E... posso saber o motivo?"

Ela parou de tentar ler o cardápio e me encarou com uma expressão vazia.

"Lembram-me austríacas."

"Sua melhor amiga é loira, se lembra?" Mordi meus lábios para conter a risada. O jeito de Bella era totalmente engraçado e instigante, ainda mais como ela fazia para me evitar.

Ela mordeu os lábios e franziu o cenho.

"De natal vou dar uma tinta vermelho tomate para ela."

Eu ri. "Você é absurda, Bella."

"Olá. Posso servi-los mais alguma coisa?" Outra garçonete apareceu na nossa mesa. Ela era morena. O que Bella logo tratou de observar. Parecia que ela realmente não gostava de loiras agora.

"Quero esses waffles da promoção, por favor, pode deixá-los bem queimados. E um suco de tomate."

"Temos suco de laranja se preferir..."

"Prefiro tomate." Bella mostrou um sorriso angelical para garçonete que deu de ombros.

"E o senhor, padre Edward?" Ela me deu uma mistura de piscada com tique nervoso, o que levou Bella á pegar o cardápio e cutucar a garçonete.

"Pode levar o cardápio para lá? E, por favor, fique por lá também."

A garçonete arregalou os olhos. "Mas os cardápios ficam nas mesas."

Bella deu outro dos seus sorrisos angelicais, que já estava começando a perceber era algo como 'anjo do inferno'. Tentei controlar outra risada.

"É uma dieta. Chama'fique longe do padre', em que você não pode ver os cardápios para tirar a vontade de pedir mais coisas. Sim?"

"Ah... Claro." A garçonete piscou os olhos repetidas vezes. "Já trago o pedido."

"Não... Na verdade não quero mais." Disse. "Vai lá atender uma mesa do outro lado do recinto, tem gente te chamando."

A garçonete deu de ombros mais uma vez, me lançou um sorriso e foi até o balcão onde vi que estava a outra garçonete loira. As duas começaram a falar furiosamente, com certeza de certa cliente que enrolava a ponta dos dedos nos fios da trança, despreocupadamente.

"Vai dizer que não gosta de morenas também? Isso já é um masoquismo." Provoquei.

"O cabelo dela é pintado. O meu é natural. Portanto, só as tingidas que eu não gosto."

Abanei a cabeça, divertido enquanto imaginava como que ficaria a vida social de Bella se uma ruiva, e uma morena natural viessem á nossa mesa.

"Está de mau humor hoje, huh?" Bella continuou acariciando os cabelos. Ela parecia uma criança, e eu já estava me achando um padre pedófilo novamente.

"Nunca estive tão normal em toda minha vida." Bella disse com os olhos parecendo inocentes.

Eu ri, e terminei de um gole o resto do cappuccino da xícara. Hoje era sábado novamente, e fazia exatamente uma semana que fizemos nosso Halloween atrasado com as crianças do orfanato. É, também fazia uma semana da cena do vampiro e menina super poderosa. Uma semana que eu me descobrira um padre pedófilo, e uma semana depois de Emmet dizer que Bella também estava apaixonada por mim.

O que era uma verdadeira piada. Por que eu sabia que ela não estava apaixonada por mim! E na minha mente eu nem me permitia pensar mais sobre o assunto, porque eu não sabia o que aconteceria se eu soubesse que por um acaso do destino ela também nutrisse os mesmos sentimentos por mim.

Eu acho que se esse fosse um caso de incesto, poderia sair melhor do que um caso padre-paroquiana.

Também fazia uma semana do começo das alucinações. Ah... Como eu gostaria que essa frase fosse algo como: "Faz uma semana que eu tive uma alucinação."

Mas a verdade era que aquela havia sido apenas o começo, e tem se tornando a repetir cada dia que eu acordo e cada dia que eu tenho que tomar um bom banho frio em pleno inverno, ou rezar para que a neve chegue logo para poder me transformar em algum tipo de boneco de neve, com direito á terço de padre.

Havia virado até rotina, o que certamente não deveria ser. Mas pelo menos não era nada real, ou físico. Eu não tinha poder sobre minha mente, por isso que eu decidira lutar contra isso e me habituar. Já que eu nunca poderia ter aquilo. Ei, já que eu nuncaquis ter aquilo.

Bendito inglês, traduzido no português!

Bella pigarreou interrompendo minha conversa mental.

"Edward!" Bella sussurrou.

"Oi?" Prestei atenção nela e vi terror estampado no rosto dela. Céus, e se eu tivesse falado meus pensamentos em voz alta?

"Edward... Eu preciso que você me esconda."

"Por quê?" Comecei a olhar ao redor, mas ela me impediu segurando meu braço com muita força. Arqueei uma sobrancelha para ela. Ela sussurrou:

"Acho que Mike está aqui."

"Bella, mas..." Antes que eu pudesse falar, 'ei se esconda em baixo da mesa', ela pulou para a cadeira que estava ao meu lado e enterrou seu rosto no meu pescoço.

"Passa as mãos pela minha cintura, Edward..." Ela sussurrou. Eu automático e aturdidamente passei meus braços por volta dela. O cheiro dela logo impregnou minhas narinas, e eu senti a essência de lavanda que sempre estava presente em minhas alucinações. O cabelo dela cheirava levemente a morango e alguns fios de sua trança mal feita roçavam o meu nariz.

Eu estava tão paralisado e aturdido que só fui perceber realmente que Bella estava falando comigo, minutos depois.

"Edward, ele já foi embora...?"

"Eu não o conheço, Bella."

"Verde, ele está usando verde."

Eu levantei meus olhos e vistoriei o lugar. Um homem de blusa verde estava debruçado no balcão aparentemente flertando com a garçonete loira de alguns minutos atrás. Ele mexia o pé em movimentos giratórios no chão, enquanto uma mão segurava o queixo. Era ele. Mike Newton.

Eu sem perceber apertei meus braços em volta de Bella, querendo a proteger e não deixar que aquele Mike a magoasse de novo.

Apoiei minha cabeça no topo de sua cabeça beijando levemente seu cabelo no progresso. Bella pareceu tremer nos meus braços, o que eu culpei como sendo culpa inteiramente de Mike.

Meus olhos ainda encaravam o infeliz, observando quando ele entregou algum tipo de cartão para a garçonete que sorria como se houvesse ganhado o BBB, e pegava um copo para viagem. Ele deu uma última piscada para a loira e saiu dali. No caminho meus olhos o perfuravam tanto, que ele percebeu e me olhou da cabeça aos pés.

"Eu conheço você." Ele parou ao lado da minha mesa, abrindo um sorriso. "Você é o padre Edward Cullen, o famoso."

Bella endureceu tanto ao meu lado que pensei que tinha morrido e ido dessa para melhor, eu encarei ele com a mesma intensidade de antes.

"Eu também conheço você. Mike Newton, garanhões da cidade." Ele arregalou os olhos surpreso, e depois desceu o olhar para Bella, parecendo se divertir.

"Acho que você é dos meus. Aqui está meu cartão," ele disse me entregando um cartão vermelho em forma de cueca, eu encarei-o e depois voltei meu olhar para ele. Mike encolheu os ombros e deixou o cartão em cima da mesa. "Nós gostaríamos de sua presença. Nunca tivemos um padre em nosso meio."

"Eu não sou do seu tipo." Falei entre dentes.

Ele desceu o olhar para Bella novamente. "Não é o que parece." Ele deu uma piscadela e saiu do recinto enquanto bebia no canudinho do copo.

"Ele já foi...?" Bella perguntou ainda com o rosto apoiado no meu pescoço.

"Já..." Disse com voz carinhosa. Ela ergueu a cabeça relutante, e seus olhos estavam um pouco marejados.

"Está tudo bem, Bella. Ele já foi." Eu disse acariciando seu rosto com a ponta do dedo. "Está tudo bem." Dei um beijo inocente em sua testa. Bem, pelo menos era para parecer inocente para ela... Na verdade eu queria sentir como era a pele dela em contato com meus lábios. Eu era um condenado mesmo.

Ela assentiu surpresa com meu gesto e mordeu os lábios, corando.

"Está tudo bem aqui?" O gerente perguntou. Levantei meus olhos e neguei com a cabeça.

"Problemas na família." O gerente assentiu hesitante, mas deu de ombros e retornou atrás do balcão.

"Eu tenho medo dele..." Ela disse em uma voz fraca. Os olhos dela observavam algum ponto da minha camisa.

"Não precisa." Eu disse erguendo o seu queixo com minhas mãos, para ela encarar meus olhos e ver a sinceridade e a segurança que eu queria transmitir. "Qualquer coisa que acontecer, eu vou estar aqui para te proteger..."

Ouvi o barulho de um flash vindo de algum canto do recipiente, mas ignorei. Tudo o que me importava era Bella.

Ela me encarou analisando meus olhos e piscou em um ato de que ela havia entendido e visto minha sinceridade pura.

"Você é muito bom para mim, Edward. Por que você se importa tanto?"

Por que você é a mulher que eu amo. "Por que um bom padre ajuda seus paroquianos."

Ela sorriu relutantemente, e foi nesse momento que eu percebi que eu ainda estava com os braços em torno de sua cintura, e a mantinha em meus braços.

Ela pareceu perceber o mesmo, e se distanciou hesitante. Ela enxugou com a ponta do guardanapo algumas lágrimas que haviam caído e depois sorriu tentando parecer bem.

"Minha mãe chega em três horas. E temos vinte minutos para ir ao supermercado."

Eu suspirei contendo um sorriso. "Acho que temos uma jornada cultural pela frente."

Ela se levantou e eu a acompanhei enquanto deixava o dinheiro do cappuccino e gorjeta na mesa.

"E bota cultura nisso." Ela garantiu.

Bella

Eu estava parecendo uma pipoca saltitante ao lado de Edward. Quer dizer depois do meu momento depressivo, possessivo, ciumento e paranóico eu agora estava bem, porque o humor de Edward e sua única presença eram contagiantes.

"Para qual supermercado nós vamos?" Edward perguntou com as mãos no volante.

"Wal-Mart?" Falei em dúvida. "É o mais perto e o provavelmente mais barato." Disse, batucando meus dedos na minha perna.

"E por que essa preocupação com coisas baratas?" Ele perguntou me lançando um olhar de esguelha. Algo entalou em minha garganta, e eu queria falar alguma coisa, porém nada saía.

"Crise mundial, só isso." Dei um sorriso forçado. Edward pareceu perceber, mas continuou com os olhos fixos na estrada á nossa frente.

Ficou certo silêncio e pelo canto do olho observei o rosto de Edward. O rosto dele era incrivelmente bonito, e eu tinha certeza de que se existissem padres modelos, ele seria o top máster.

"Sabe..." Disse passando minhas mãos pelos fios que saiam da trança. "Já houve alguma vez, algum concurso que elegesse o padre mais bonito do mundo?"

Ele riu divertido com a idéia.

"Tipo um mister-padre-universo?"

"Exatamente." Disse excitada com a idéia e me ajeitando no banco do carro, sentando por cima da minha perna. "Poderia ter não?"

Ele riu abanando a cabeça. "Acho que não. Pelo menos a maioria dos padres não ligam tanto para a beleza ou..."

"Não sejam bonitos como você." Eu completei. Edward corou o que foi muito bonitinho. Eu sorri internamente. "Eu sei como é, antes de conhecer você eu tinha um total preconceito pelos padres que você não tem nem idéia."

"Algo como uma grande mistura de pastor, padre, monge, médium, rabino..."

"É, ok." Corei. "Não me lembre das partes trágicas da minha vida."

"Certo..." Ele mordeu os lábios tentando não rir.

"Mas eu ainda acho a idéia muito boa. Eu estava pesquisando na internet outro dia, e vi um padre que é mais ou menos como você é aqui nos EUA, mas ele é brasileiro. Vocês já podem competir."

"Como ele chama?"

"Padre Fábio de Mello." Disse na ponta da língua, orgulhosa de mim mesma por lembrar. Mas também quem não se lembraria de um pedaço daqueles...

"Conheço." Ele disse presunçoso.

"Sério?" Eu quase pulei no colo dele, mas estávamos no trânsito.

"Não" Eu quase realmente pulei em cima dele, mas sim para dar uns grandes tapas.

"Idiota."

Ele riu me olhando de esguelha.

"Concurso mister-padre-idiotas-universo."

"Com certeza." Admiti sorrindo.

"Chegamos." Ele disse tirando a chave da ignição e saindo do carro. Ele apareceu rapidamente do outro lado abrindo a porta para mim. Ele era tão absurdamente fofo... E tão absurdamente padre.

Entramos no Wal-Mart, e Edward pegou um grande carrinho. Apoiei-me na frente dele, enquanto Edward fingia que não conseguia movê-lo.

Eu mostrei a língua para ele que riu e começou a correr pelos corredores comigo em cima do carrinho.

"Pára Edward!" Eu gritei quando estávamos na sessão das bebidas. Ele parou prontamente batendo continência.

"Sim, madame."

"Chegamos ao nosso destino, obrigada." Sorri por cima do ombro enquanto olhava qual refrigerante iríamos pegar.

Edward se juntou ao meu lado olhando para a tabela de preços.

"Coca tradicional?" Perguntei com as mãos no queixo.

"Sua mãe é ligada ao regime?" Ele perguntou com um sorriso torto. Ops... Cadê o ar condicionado quando a gente precisa?

"Não sei. Faz tempo que não a vejo."

"É melhor não arriscar." Ele disse pegando duas cocas zero e colocando no carrinho.

"Edward você pensa em tudo." Disse dando um abraço nele. Ele hesitou e contribuiu hesitante. Senti-o suspirar, e depois nos soltamos.

Ouvi o barulho de um fleche, mas eu ignorei. Tudo o que me importava era os olhos verdes de Edward.

Nos próximos minutos ficamos ali comprando várias peculiaridades, desde sessão dos frios até porcarias – é impressionante como a gente chama de porcaria, sabe que é porcaria, mas continua amando.

Edward empurrava o carrinho graciosamente e parecia um deus grego. Até empurrando o carrinho senhor... Mas também eu tenho que confessar que ele era um pedaço de... Ops.

Edward comprou várias coisas para ele. Descobri que ele era um verdadeiro chocólatra, e verdadeiro fã de comidas engordativas. Detalhe: Para onde vai tudo isso?

Ele comprou duas latas de leite condensado para reserva, já que já tinha umas cinco na casa dele, comprou chocolate em pó, bolachas recheadas, sucrillos, waffles, cookies, ah esqueci, leite condensado também.

"Para onde vai tudo isso?" Perguntei com os olhos arregalados.

Ele estufou o peito. "Eu e Alice podemos ganhar qualquer concurso de 'coma mais salsichas em cinco minutos. '"

Eu rolei meus olhos. "Queria poder fazer isso, mas não obrigada, eu sairia rolando logo depois."

Ele riu e passou a mão pelos cabelos. Fomos até o caixa e ficamos ali esperando enquanto folheávamos as revistas.

"Olha... Tem uma matéria sobre você nessa revista." Disse apontando para tal de 'PopPeople' "Vamos ver... 'Edward Cullen o padre mais formoso dos EUA, fará show em NYC para arrecadar fundos para a instituição que ajuda de crianças carentes...'" Eu aumentei meus olhos. "Ei, você não me disse que iria fazer show algum."

Ele encolheu os ombros. "Não é algo que eu fique dizendo aos quatro ventos..."

"Quando vai ser?"

"Ainda não tem data definida." Ele disse pegando algumas revistas. Encontrei uma PLAYBOY e corei tomando coragem para fazer aquela pergunta á Edward.

"Edward?"

"Hm...?" Ele levantou os olhos de sua revista.

"Como você se sente quando você vê... Uma revista desse tipo?" Mostrei a PLAYBOY que estava em minhas mãos.

Ele encarou por alguns minutos depois me encarou confuso.

"Como assim?"

"Tipo... Você sente vergonha... Ou desejo?" Ele agora realmente tinha total atenção em mim e colocou a revista que lia de volta ao lugar.

"Eu não estou entendendo isso muito bem, Bella." Ele franziu a testa.

"Desculpe Edward. Deixa para lá."

"Deixa para lá, o quê?" Ele disse se aproximando e tocando meu ombro.

Eu desviei meu olhar do seu. Ele bufou e com a ponta dos dedos me virou para encará-lo.

"Me diz." Ele falou quase como uma ameaça. Os olhos verdes dele cintilavam, e eu temia que eu tivesse feito uma verdadeira besteira. HAHA, novidade.

"Nada..." Eu tentei –inutilmente- desviar de assunto. Mas Edward parecia pronto para me fazer arrancar até as tripas para fora.

Ele me olhou com uma sobrancelha erguida enquanto as mãos se cruzavam na frente do peito.

"Desculpe... Eu falo muita besteira. Falei sem pensar."

"Diz-me." Ele repetiu com o mesmo tom.

"Ok..." Bufei. "É que tem vezes que eu não sei se você é como os homens comuns. Como amar, gostar e ter desejo por uma mulher. Reconhecer que ela é bonita, ou gostosa... Eu tenho dificuldades para imaginar você fazendo coisas... De homem."

Ele paralisou no lugar e seus olhos ficaram gelados de repente. Eu sabia que havia falado merda. Eu sabia.

Parecia ter se passado um grande momento em silêncio, até que ele falou com a voz firme.

"Vamos embora logo daqui Bella."

"Para quê?" Arregalei meus olhos.

"Para provar que você está errada."

Edward passou as compras pelo caixa, cuja mulher parecia que teria um AVC ao olhar para ele, porém ele estava compenetrado em qualquer coisa que ele iria me mostrar – que eu estava ainda digerindo, e tentando entender.

Edward insistiu em pagar tudo – dizendo que fazia questão- e pelo olhar dele eu nem me atrevia a iniciar meus discursos de orgulho e 'eu que pago minhas contas, beijo me liga. '

Levamos o carrinho com as compras até o volvo e Edward praticamente jogou tudo lá dentro. Ainda bem que era ele quem estava pagando, porque eu provavelmente faria um barraco se os ovos aparecessem esmagados e eu mesma teria que virar galinha e botar algum.

"Entra no carro, Bella." Ok, né?

Edward dirigiu até minha casa sem dizer uma palavra sequer. Eu comecei a me perguntar se realmente ele havia falado alguma coisa antes. Bem, o motivo de minha preocupação, era que minha mente era meio adepta á alucinações ultimamente.

Chegamos à frente do prédio, e o volvo entrou pela garagem até uma vaga para visitantes que ficava bem afastada e protegida por colunas e latas de lixo.

Edward tirou a chave da ignição, e me olhou:

"Que horas que sua mãe chega?"

"Emmet vai buscá-la daqui duas horas."

"Bom." Ele se limitou a responder e saiu do carro abrindo a porta para mim do outro lado. Eu fiquei meio desapontada, ah, mas qual é... O que eu esperava que ele fizesse em um lugar escuro, dentro de seu volvo comigo lá dentro? Só podia ser piada.

Eu saí carro embora estivesse bem atônita, mas não era algo que eu imaginava poder escolher. Pelo olhar perfurador dele, ele provavelmente me arrancaria dali a forças como um perfeito homem das cavernas em versão sacerdotal.

O senhor Wars, o porteiro acenou de longe e eu e Edward entramos no elevador claustrofóbico. Edward cruzou os braços no peito e se se encostou à parede olhando fixamente para frente.

Eu o olhei de esguelha e perguntei:

"Edward, o que está acontecendo...?"

Ele me lançou um olhar frio que congelou até áreas recém quentes.

"Espere e verá." Ok, né...

O elevador parou e as portas se abriram, e mais uma vez eu fiquei desapontada.

HAHA, o que eu esperava que ele fizesse comigo dentro do elevador apertado comigo? Ele era padre, provavelmente nem sabia o clichê que o elevador representava.

Saímos e eu procurei a chave na minha bolsa. Procurei e remexi por todos os cantos, achando até teia de aranha, mas a bendita chave, não.

Ao mesmo tempo em que Rose tinha copos plásticos na bolsa, eu carregava meu arsenal de bichinhos peçonhentos. Sky adorava.

"Oh merda." Murmurei sabendo quem poderia ser a grande, ou melhor, minúscula causadora disso tudo. Bati na porta do apartamento. E logo passinhos de um ser correndo irromperam, e Sky começou a latir com sua alma de Pit Bull. "SKY! Você comeu minha chave? Pode tratar de vomitar agora e passar por baixo da porta e..."

"Er... Bella." Edward disse coçando a cabeça. "Acho que a chave está no seu bolso."

"Bolso?" Virei e vi o volume que chave fazia no bolso do meu macacão. Hehe, alguém estava olhando para minha bunda.

Enquanto eu lutava para abrir a porta do apartamento e tomando consciência que Edward estava entrando ali pela primeira vez, sendo um padre e só eu e ele, eu comecei a tremer. Edward pegou minha mão e começou a abrir a porta, mas nesse momento um velhinho de boina rosa que era meu vizinho saiu com um pacote de seu apartamento.

Ele olhou aquela cena e arqueou a sobrancelha.

"Olá Bella."

"Olá, senhor Ben" Edward se afastou de mim rapidamente. "Esse é o padre Edward."

"Padre?" Ele encarou Edward da cabeça aos pés. Provavelmente analisando o desperdício de grandes proporções que aquilo significava.

"Sim, senhor." Edward foi apertar a mão dele, mas ele se precipitou dando um beijo na bochecha de Edward. Que arregalou tanto os olhos que eu pensei que sairiam rolando. Acho que nem precisava avisar á ele que meu vizinho tinha outras 'preferências'. Perguntei-me como Edward se sentia sabendo que atraia pessoas até do mesmo sexo.

Edward se afastou constrangido, e o Senhor Ben deu uma última olhada QDS (Quê desperdício, senhor.)

"Bella, o carteiro entregou a correspondência errada mais uma vez. Aqui está." Ele apontou para o envelope que segurava.

"Edward segura para mim para abrir a porta." Pedi. Edward prontamente, e tentando o máximo não fazer contato físico com o velho, pegou o envelope.

Ele viu o remetente, e logo paralisou no lugar fazendo com que eu tivesse que empurrá-lo porta adentro e bater na cara do velho desapontado na porta.

Sky fez uma verdadeira festa em cima de Edward enquanto pulava e tentava ser notada pelo seu pinguinho de gente.

"O que foi Edward?" Perguntei colocando a chave na mesinha próximo dali e colocando minha bolsa em cima do sofá. Dei uma última vistoriada na casa – que eu passara o dia todo arrumando – para ver senão tinha nada de errado, e impressionaria Edward.

Ele apontou para o remetente no envelope e eu paralisei também. "Mike Newton."

Ele passou as mãos pelo cabelo nervoso, enquanto eu me preocupava por motivos completamente diferentes do que Edward provavelmente estava.

E se lá no envelope falasse alguma coisa sobre a ameaça? E se Edward me obrigasse á abrir o envelope na frente dele? E disso eu tinha certeza de que ele seria capaz, não depois da cena na Starbucks.

Peguei o envelope e encarei achando que se eu abrisse poderia ter algum tipo de bomba ou ácido corrosivo. Sky começou a latir na minha perna e querer chamar minha atenção de qualquer jeito, até tentando me morder.

"O que foi Sky?" Perguntei olhando para a pintora de rodapé filhote.

Ela latiu e correu ate perto da porta, e depois me olhou. Como eu estava com um profundo vínculo na testa, ela voltou para mim de novo latiu e voltou á apontar alguma coisa que estava no chão, lembrando uma bolacha ou coisa do tipo.

Eu agachei e peguei a bolacha em minhas mãos e encarei Sky que rosnava.

"Desde quando você recusa comida, Sky? Até minhas calcinhas você come!"

Ela continuou rosnando e Edward se aproximou se agachando ao meu lado.

Ele pegou a bolacha e examinou, ele cheirou e depois ficou com um enorme finco na testa.

"Tem veneno."

"Veneno?" Encarei assustada e amassando Sky em um abraço que provavelmente a asfixiaria. Quem ousa matar Sky? Quem? Quem? "Oh fofinha... Você sabia que era veneno. Que linda. Eu não sei o que faria de mim sem você." Ela esperneou no meu abraço e eu comecei a beijar cada parte daquele pêlo minúsculo.

De repente eu parei e encarei Edward.

"Quem poderia fazer isso com ela? Quem poderia querer matar Sky?"

Edward me olhou com os olhos extremamente preocupados e se levantou saindo pela porta. Eu pensei que ele iria buscar polícia ou coisa do tipo, até voltar com um copo de café nas mãos. Isso era hora de café? Talvez ele quisesse dar uma de detetive e queria comprar as rosquinhas também.

"Achei no lixo aqui do lado." Ele apontou. "Mike tinha pegado um desses quando ele estava na Starbucks hoje. Provavelmente foi ele quem fez isso."

Edward amassou o copo nas mãos com raiva e se agachou ao meu lado me olhando atentamente. Eu estava assustada, Mike realmente falara a sério na ameaça. E como ele soubera de Sky?

E ohmeudeus, eu retiro tudo que eu disse alguma vez que Sky não era inteligente. O meu projeto de gente me deixara orgulhosa agora.

Mas aquele olhar de Edward, estava deixando bem claro que ele arrancaria até meu suco gástrico sobre aquele assunto.

"Bella," Ele começou. "O que verdadeiramente está acontecendo com esse, Mike?"

"N-nada."

"Não minta para mim, Bella." Ele disse colocando a mão no meu rosto e me puxando para encará-lo. "Não para mim." Falou pesando as palavras.

"Não quero te preocupar com isso." Murmurei me aproximando dele e vendo o movimento de seus lábios.

"Pois eu vou me preocupar ainda mais quando você não me relevar nada." Ele suspirou. "Não me faça arrancar isso de você."

Eu o encarei. "O que você faria para isso?" Percebi que minha voz saíra rouca e sedutora, e que Sky estava com as patinhas ao redor dos pequenos olhinhos, provavelmente vendo a telinha que indicava à 'censura'.

"Coisas que um padre normal não faria. E claro eu poderia usar isso também como forma de te mostrar algumas coisas e diminuir alguns de seus preconceitos."

Eu estava respirando com dificuldade, e eu meus olhos logo se focaram em uma linha no rosto de Edward onde ficava sua boca. Eu comecei a me aproximar lentamente como um imã sendo atraído, ou uma presa sendo atraída por seu predador.

"Diga-me..." Ele disse passando a mão pelo meu braço criando um caminho de fogo, que me arrepiou inteiramente. "Vai me dizer?" Ele se aproximou cada vez mais perto de mim.

"Digo... Tudo." Suspirei, ele cada vez se aproximava mais e sua boca já estava a milímetros da minha, até que... Um verdadeiro empata foda eletrônico soou nos meus ouvidos.

Edward se afastou rapidamente e eu me levantei totalmente contrariada para ir atender o infeliz.

"Alô?"

"Nossa que voz é essa?"

"Olá Emmet..."

"Boa tarde para você também." Ele riu. "Escuta, que horas que tenho que buscar sua mãe mesmo?"

"Daqui duas horas."

"Hm... Sei, eu estava me perguntando se eu poderia ir ai bater um rango." A minha vontade era trancar ele dentro de um covil de vampiros e deixá-lo lá até a próxima eternidade.

"Claro." Eu respondi suspirando.

"Ah... Ok" Ele respondeu feliz. "E Edward está ai...?"

"Está..." Eu disse me virando para ver Edward. Que oh! Ele estava debruçado sobre o sofá, sem camisa, e com uma mão segurando a cabeça me olhando com um ar totalmente de pervertido. Ohmeudeus.

Eu comecei a secar literalmente cada pedaçinho daquele abdômen dos deuses, e meus olhos se pousaram em seus lábios, que notando meu olhar, a língua passou por eles, me arrancando um gemido.

"E ele está se comportando?" Emmet perguntou do outro lado da linha, mas o telefone já estava saindo pelos meus dedos e indo parar no chão. Só dava ouvir os gritos de Emmet dizendo algo como. 'Bella? Bella? Alou! Edward para com isso, seu pervertido. '

"Edward..." Eu gemi.

Ele olhou intensamente para mim e se sentou nas costas do sofá, com as pernas abertas. Com uma mão ele deu tapinhas no seu colo e com a outra inclinou o indicador, me chamando.

"Vem cá, vem."

Pe. Edward

Eu abanei a cabeça tentando absorver realmente o que Bella estava fazendo. Ela estava vindo em minha direção andando lentamente com um olhar perfurador e mordendo os lábios.

Ok, que Sky havia acabado de fazer uma verdadeira lambança na minha camiseta, e que eu fora obrigado á tirá-la, mas Bella com aquele olhar estava me preocupando terrivelmente.

Quer dizer, eu me solicitara a provar algumas coisas para ela, que incluíam tirar uma pequena casquinha – eu sou um condenado, eu sei. – mas nada nos meus planos incluía Bella dando o primeiro passo.

"Edward..." Ela gemeu, e eu me encostei ainda mais no sofá como um gato acuado. Um gato acuado que por sinal estava gostando de sua posição.

Eu quis pegar minha camiseta e colocar de volta – aliás, o mínino da ética em etiqueta era não ficar tirando camisetas á torto e a direito na casa dos outros. E claro, podemos acrescentar: Ainda mais se o ser em questão é padre.

Bella se aproximou tanto que sua respiração facilmente se misturava com a minha. Aspirei em total estado de turbulência o seu cheiro de lavanda misturado com o morango que seus cabelos emitiam. Eu estava bêbado. Bêbado pelo cheiro dela. E eu sabia que não estava mais tendo controle pelos meus atos, por mais que alguma parte de minha mente dava reviravoltas e saltos mortais, o meu coração e todo o resto do meu corpo que definitivamente não era mais padre, pediam por mais.

As mãos de Bella pousaram-se na parte de baixo do meu abdômen e foi subindo conhecendo toda a extensão. Meus músculos se contraíram em êxtase, e Bella sorriu com o canto da boca. A mão dela fez o movimento até meu pescoço e delineando minha face, eu fechei meus olhos sentindo seu toque macio e suave contra minha pele quente e totalmente desperta e inebriada pelo seu divino torpor.

Bella parou com os movimentos e eu abri meus olhos totalmente desconcertados, total e irreversivelmente frustrados. Mas durou pouco, ela logo se aproximou e seus lábios tocaram a ponta do meu queixo, ao mesmo tempo em que automaticamente meus braços circundavam sua cintura fina e a trazia para mim. para mim.

Os lábios de Bella foram subimento milímetro por milímetro pelo meu queixo e chegando até meu lábio inferior. Ela mordeu, e eu gemi.

Ela sorriu com os olhos fechados e dessa vez eu me aproximei de seus lábios e os juntei. Senti o leve gosto que estava ali e minha mente deu reviravoltas, não mais de aviso, mas sim de felicidade. Meu corpo como uma casa em chamas com gasolina foi acendendo e queimando tudo por onde passava. E eu me sentia feliz. Feliz como eu nunca imaginei que eu me sentiria ao lado de uma mulher.

Mas aquela que estava ali não era qualquer mulher. Era Bella.

Bella

Ohmeudeus. Os meus sonhos totalmente pérfidos do meio da noite estavam sendo realizados. O cara perfeito para se tornar um ótimo candidato á homens dos sonhos estava ali na minha frente, totalmente á minha mercê, totalmente a fim de mim.

Só poderia ser alucinação. Só podia. Mas e se fosse não teria grandes problemas para mim depois, e eu não perdia nada, repito, nada tirando uma casquinha de minha alucinação.

A partir do momento que eu fui me aproximando, eu sentia a tensão sexual que estava passando como corrente elétrica por nós dois. Totalmente quente totalmente bem vinda.

Quando meus lábios tocaram os dele naquele beijo inocente e suave, minhas pernas ficaram bambas e meu coração falhou por um momento. Eu sabia que Edward para sempre me deveria um Tum, Tum do meu coração.

Edward um padre, eu estava o beijando encostado no sofá que eu arrumara a manhã inteira, dentro de meu apartamento, com menores de dezoito anos assistindo. Realmente muito maior do que todas minhas expectativas amorosas de se realizar um dia.

Mas espera... Padre? Edward? E quem estava pulando na minha perna?

SKY! Minha mente gritou já que minha boca estava ocupada em um beijo suave com... O PADRE EDWARD CULLEN!

Por mais que eu estivesse gostando daquilo, por mais que eu estivesse adorando, amando, velejando, flutuando com aquilo, ele era um padre e se não era uma alucinação... Ohmeudeus! Eu estava realmente beijando o padre Edward Cullen, e aquilo não era uma alucinação!

Eu me afastei rapidamente dele e comprovando com meus próprios olhos que ele realmente estava ali sem camisa, na minha frente. Não havia sido uma alucinação. Mas eu estava o beijando, como conseqüência de uma.

O que ele poderia estar pensando de mim?

"Edward..." Eu arfei evitando o olhar dele. "Por favor, me belisca!"

"Bella?" Ele perguntou surpreso e meio chocado. "O quê?"

"Diz que eu estou sonhando. Diz que eu estou tendo uma alucinação, e você é o ghost!"

"Bella... Eu..." Edward ia dizer alguma coisa, mas ele logo se calou com a testa franzida. Por favor, por favor... Que esse seja um sonho, e esse meu mais novo pesadelo.

Pe. Edward

Então era essa a explicação pelo olhar de Bella. Ela pensava que estava tendo uma alucinação. Ela também tinha alucinações?

Mas ela havia negado no orfanato que tivera alguma em sua vida, mas pensando bem, quem sairia por aí admitindo que tinha ilusões com as pessoas?

De repente a mesma parte de minha mente que dava reviravoltas de aviso, começou a funcionar como uma maneira de evitar que aquelas coisas ficassem piores. Algo que ficaria bom para todos os lados.

O que livraria Bella e eu do constrangimento. Por mais que aquilo continuasse em nossas mentes, ela não saberia que eu sabia daquilo.

Resolvi botar o plano em ação por mais que aquilo me doesse.

"Bella... Você está tendo uma alucinação..." Eu disse com a voz calma e evitando tocar nela.

"Estou?" Ela disse com esperança nos olhos. Eu me chutei mentalmente por estar fazendo aquilo. Mas eu ansiava que ela acreditasse, ou pelo menos se esforçasse a acreditar.

"Sim." Suspirei. "Para você sair dela você tem que ir ao banheiro, e tomar um banho, bem frio."

"Frio..." Ela repetiu assentindo.

"Isso. Agora vá."

"E... E você, quer dizer, o Edward verdadeiro... Como ele está me vendo?"

"Ele não está percebendo nada, garanto." Eu odiava mentir assim. Eu fechei meus olhos lentamente e depois voltei a abri-los com lentidão. "Você entendeu o que tem que fazer?"

"Sim. Tomar banho, frio." Ela assentiu e saiu da sala indo em direção aos corredores. Observei o macacão dela sumir de vista, e me deixei cair no sofá totalmente me sentindo um perfeito escroto.

Vesti a camiseta de volta, embora estivesse molhada por culpa de Sky, que me olhava com desaprovação por sinal, e fechei meus olhos tentando apagar as últimas imagens de minha mente.

Eu era um condenado mesmo.

Bella

Assim que eu saí do banho, eu estava me sentindo à mesma de sempre. Quer dizer, eu ainda me sentia terrivelmente culpada pela tal alucinação, que o Edward alucinado havia me dito que era.

E eu confiava em Edward. Mesmo em uma ilusão.

Mesmo assim dentro de mim eu senti aquilo que me queimava, que me dizia que algo estava errado, e que talvez nem tudo fosse mentira.

Mas não foi isso que eu vi, e fui obrigada a acreditar quando eu cheguei na sala e encontrei Edward brincando com Sky no meu tapete, com sua camiseta.

"Olá." Eu disse de soslaio, enquanto tentava enxugar meu cabelo recém lavado.

Edward se virou e me contemplou sorrindo.

"Olá, bom banho?"

"Sim..." Falei incerta.

"Não precise se preocupar, eu entendi perfeitamente quando você quis tomar um." Ele disse respondendo as minhas perguntas internas. "Além do que Sky é uma boa anfitriã."

Eu dei um sorriso amarelo enquanto observava uma mancha na camiseta dele.

"Molhou?" Apontei. Ele olhou e assentiu.

"Sim. Sky lambeu aqui logo quando eu entrei."

"Ah..."

"Vamos preparar o jantar. Nós temos duas horas." Ele disse se levantando e deixando Sky com a barriga para cima no tapete.

"Ah... Claro." Falei jogando a toalha que prendia meu cabelo molhado longe, e indo em direção a cozinha. Logo me lembrei da correspondência de Mike, e do veneno para Sky, e estremeci.

"Tudo bem Bella?" Ele perguntou atrás de mim. Assenti ainda confusa com o banho-pós-alucinação. Eu sabia que uma hora Edward me prensaria – no bom sentido, lala, - contra a parede para saber cada gota de cada coisa que Mike me falou.

E eu sabia que eu falaria. De qualquer jeito.

Pe. Edward.

Dei um tempo para Bella organizar seus pensamentos que ainda estavam misturados, e desci até a garagem do prédio para pegar as compras no VOLVO. Confesso que em cada lugar provável para mostrar que eu era homem, como o volvo e o elevador, foram realmente tentadores para mim. Mas eu era um homem, certo... Mas também não era uma galinha que usava até lata de lixo com as mulheres.

Levei as compras lá para cima e senti outro flash. Já estava começando a achar que era coisa da minha cabeça. Entrei no elevador, lembrando do esforço descomunal para não tacar Bella na parede. Abanei minha cabeça e entrei no apartamento achando Bella de costas para mim com gotas de água pingando pelos cabelos mexendo em algumas panelas.

Eu estava ludibriado. E isso havia me lembrado de duas coisas importantes para fazer nas duas horas que ainda me restavam.

Primeira: Convencer Bella a abrir a boca sobre Mike. E ficar dentro do assunto.

Segunda: Mostrar para Bella que eu verdadeiramente era um homem, apesar de padre. E não por alucinação, de nenhuma as partes, e não por mentiras.

Eu sabia que o que eu falaria em seguir já virara clichê de minha parte, mas eu não conseguia evitar falar:

"Eu sou um condenado, mesmo."

Bella

A primeira coisa que estava se passando em minha mente enquanto eu sentia Edward colocando as compras atrás de mim, era que eu precisava me mostrar o mais normal possível e não deixar mais motivos para meu 'desentupidor de informações' querer arrancar ainda mais coisas de mim.

E eu sabia, que as alucinações eu não admitiria á ninguém. Na verdade, nem mesmo para mim mesma. E também não sabia por que eu as tinha. Não com um padre. Não com um amigo. Simplesmente não entrava na minha cabeça nada do tipo.

"Espero que os ovos não tenham quebrado" Disse me agachando para pegar uma vasilha dentro do armário. Quando me virei Edward estava com as mãos no cabelo novamente olhando fixadamente para os imãs da geladeira. "Edward?" Chamei limpando as mãos recém úmidas no guardanapo.

Ele se virou e respondeu com um sorriso rápido. "Ah, me desculpe."

"Não acredito que quebraram Edward!" Murmurei, sabendo que talvez a teoria que eu tivesse que virar uma galinha – ou fazer Sky virar uma – poderia tornar realidade.

"Não... Er... Não é isso. Os ovos não quebraram, estão aqui." Ele mostrou a cartela com os ovos em cima da mesa. Eu deixei escapar um suspiro de alívio.

"Edward... Você não quer uma camiseta para colocar enquanto a sua seca? Com esse clima aqui em NYC você pode pegar uma pneumonia." Eu não estava querendo ver o abdômen sarado dele de novo... Eu não estava. Era somente preocupação. Vai que ele pegava um tremendo resfriado? Não... Não podia.

"Bella esqueceu que eu sou homem? E você mulher?" Ele perguntou em tom irônico, mas tinha uma segunda interpretação que fez com que eu corasse violentamente e me fizesse lembrar-me da cena do supermercado, do volvo, do elevador, do apartamento, da alucinação... Xi, Bella! Xi!

"Claro que não" Agora quem passou a mão pelos cabelos fui eu, que já estava que nem uma pimenta malagueta no Saara. "Vou pegar para você..."

Eu saí o mais rápido que eu pude da sala, mas Edward me puxou pelo braço me fazendo virar para ele. Respiração, senhor... Cadê o oxigênio. Sky! Chamei mentalmente, trás a máscara de ar!

"Não precisa." Ele disse lentamente. "Eu vou ficar bem, prometo."

"Quem está sendo absurdo agora não é mesmo, padre? Eu sou sua amiga, e você um padre. Se eu deixar você ficar doente em minha própria casa, vão ter pessoas com tochas e facões na porta do meu prédio amanhã de manhã."

Ele riu enquanto soltava meu braço. "Ok. Mas duvido que você ache uma roupa que sirva em mim... Quer dizer... Você é muito..." Ele olhou para meu corpo. "Magra... E eu sou homem, não se esqueça." Ele piscou e se virou para desempacotar as coisas.

Levei a mão ao coração rapidamente para controlar a respiração, e me controlar com o 'aviso' que eu acabara de receber 'E eu sou homem, não se esqueça. '

Corri para meu quarto e no caminho –surpreendentemente ironizando – encontrei Sky mordendo minha pantufa de gatinho.

"SKY!" Gritei. Quantas vezes eu já gritara o nome do ser minúsculo nas últimas horas, senhor? Eu não tenho um cachorro, eu tenho um mini furacão. Enfatize o mini, ou melhor, micro. "Que coisa feia de se fazer, eu sei que você não gosta de gatos por natureza, mas isso não é um de verdade."

HAHA ri internamente. Era tão bom ter quem chamar de baixinho, já que geralmente eu que sou a baixinha da situação. Coitada da Sky, paga todo o pato.

Ela – sapeca como sempre – rosnou para mim enquanto eu pegava o pedaço do furacão Katrina e colocava em cima da cama, onde eu duvidava que ela reunisse coragem rápida o suficiente para descer. Se bem que de Sky eu não duvidava nada.

Troquei meu par de chinelos pelas pantufas, já que eu estava congelando naquele apartamento, e aproveitei para aumentar o grau do aquecedor. A neve estava chegando, e eu sabia que as crianças do orfanato me fariam boneca de neve.

Sky estava rodando a cama inteira querendo liberdade tche, e ameaçou fazer dali seu novo banheiro á base de jornal.

"SKY!" A peguei e coloquei no tapete. "Que coisa feia de se fazer!"

Eu acho que ela rolou os olhos, mas eu não tinha certeza. Ué, desde quando cachorros rolavam os olhos? Pelo menos essa proeza eu nunca vi nenhum fazer. E ainda bem porque Sky já me humilhava o suficiente sendo ela mesma com suas atitudes totalmente caninas, como o furo que tinha na sola da minha pantufa nesse momento.

Acariciei Sky lentamente enquanto tentava me controlar até o momento em que eu fosse ver Edward novamente. Alguma coisa estava acontecendo comigo, o problema da questão era exatamente a minha ignorância sobre esse fato do ano.

"Sky, seu papai está aí... E eu tive uma alucinação na frente dele... O que eu faço, pequena? Uh?"

Ela ronronou em resposta. Gatos não ronronam? Mas bem, Sky ronronou. Eu sabia desde o momento em que a vi pela primeira vez na casa de Esme que ela aparentava muito mais do que seu tamanho de pintor de rodapé garantia.

"Mas só você sabe que ele é seu papai, nem ele sabe, viu?" Ela assentiu com a cabeça assim que eu coloquei minhas mãos na sua cabeça e a fiz assentir. HAHA.

"Bella! Temos uma hora e meia!" Edward gritou de algum lugar da casa, provavelmente ele continuava na cozinha.

"Vai à frente Sky!" Disse tirando ela do meu colo e me recompondo. Calma Bella, calma... Respira. Um. Dois... Respiração de SKY. Pronto.

Já estava saindo do quarto quando eu me lembrei do real motivo para ir até o quarto. Dã, a camiseta de Edward.

Chutei-me mentalmente pelo meu grau de idiotice nervosa aparente. E procurei alguma coisa que coubesse no peito musculoso, bem definido e definitivamente de homem de Edward. Perguntei-me mentalmente, se todos os padres tinham corpos tão assim, huh, desenvolvidos.

Várias opções se passaram por minha cabeça, incluindo, uma camiseta do pijama transparente que era larguinha. Ficaria interessante em Edward, Bella! Er! Pára com isso!

Acabei optando por uma camiseta do pijama cinza que era aquele tipo de pijama que a gente coloca quando está em depressão, logo depois de assistir TITANIC, e Ghost –meu preferido – e comer uma vasilha de brigadeiro e encher a vasilha logo depois com lágrimas salgadas. É, serviria em Edward.

Pe. Edward

Bella estava demorando naquele quarto e eu decidi ir chamá-la lá, batendo na porta ou coisa do tipo. Ah... Você não esperava que entrasse de supetão para ver ela em posições indecentes para menores de dezoito anos, incluindo padres maiores de idade, certo?

Mas quando eu estava perto de bater na porta do quarto eu escutei a voz dela lá dentro, e o rosnado de Sky.

O lado da minha mente que atendia pelo nome de curiosidade parou minha mão instantaneamente, e eu fiquei ali escutando o que ela falava.

"Sky, seu papai está aí... E eu tive uma alucinação na frente dele... O que eu faço, pequena? Uh?"

Oh Jesus!

"Mas só você sabe que ele é seu papai, nem ele sabe, viu?" Eu rapidamente saí dali antes que Bella abrisse a porta e me visse com minha cara de bobo, tonto e indecentemente feliz pelo que eu tinha ouvido. Quer dizer, eu não queria que as coisas piorassem, e eu duvidava que Bella achasse que me ver ali seria outra alucinação. O grau de inocência de Bella não era tão grande assim, pelo menos eu esperava.

Fui até a cozinha e gritei de lá para apressá-la.

"Bella! Temos uma hora e meia!" gritei. E realmente tínhamos. Além dos meus planos pessoais para essa tarde, ainda tínhamos o bendito jantar para a sogrinha... Ops, credo! Não foi isso o que eu quis dizer, foi uma ironia BEM ironizada.

Enquanto eu pegava o leite condensado e o chocolate em pó das sacolas e colocava em cima da pia para minha apreciação totalmente doentia, eu me vi com medo da reação de Renne, ao ver sua filha recém odiadora de igrejas e religiões, praticamente confabulando com um padre dentro da cozinha de seu apartamento, como um perfeito clube da luluzinha. Ah claro. Não podemos esquecer que esse padre em questão estava tendo alucinações com a filha em fato, e nutria sentimentos por ela que DEFINITIVAMENTE um padre não deveria sentir.

Ótimo, Edward. Quem imaginaria que isso aconteceria em sua vida? Pensei que vida de padre tinha paz, mas o que eu estou achando é totalmente diferente disso.

Sky veio correndo carregando com sigo um cobertor na boca. Ela colocou o cobertor vermelho cuidadosamente ao lado do fogão e se deitou lá como uma perfeita espectadora e folgada cachorra. Eu abanei minha cabeça contendo um sorriso e me aproximei dela e sussurrei no seu ouvido canino, enquanto acariciava atrás de sua orelha.

"Eu sou seu pai sim viu?"

Bella

Entrei na cozinha e Edward dizia alguma coisa para a anã de jardim – esses apelidos são carinhosos, por favor. – e eu fiquei meio boba com o carinho que ele sentia por SKY.

Minha mente começou a confabular como seria uma casa no Caribe, ou mesmo em Palm Beach, Edward observando a paisagem na varanda, eu deitada na rede por minha vez observando Edward que era a mais interessante das paisagens, e Sky em seu berçinho com uma chupeta na boca e dizendo "gugudadá."

Abanei minha cabeça, sabendo que eu precisaria de um terapeuta urgente, não sendo claro membro dos garanhões da cidade. Ou melhor, me internar logo em um hospital psiquiátrico onde não houvesse missas, padres bonitos, e olhos verdes. Sim, seria perfeito.

Eu ainda estava fantasiando como seria minha vida cercada de doidos, quando Edward se levantou e me olhou.

"Ah... Aqui está a camiseta." Disse estufando o peito orgulhosa de mim mesma por ter sido capaz daquela missão. "Na verdade é um pijama, mas acho que vai servir."

Ele pegou divertido e examinou. "Perfeito." Ele disse. "Se importa de eu usar o banheiro?" Claro que me importo!

"Absolutamente." Respondi com um sorriso amarelo, que logo se apagou quando ele saiu pela aquela porta. Só porque eu queria ver aquele tanquinho novamente.

Pe. Edward.

Ele não queria mais uma alucinação acontecendo dentro da cozinha do apartamento de Bella. Ok, eu sou padre, mas eu sei muito bem que não só cozinhar é tarefa que pode acontecer em uma cozinha. Ao mesmo tempo em que eu sei o que acontece em um elevador, no banco de trás de um carro, em cima de uma mesa e assim por diante.

Eu sou padre, mas também não sou ignorante.

O cheiro de Bella estava impregnado naquele pijama e eu fiquei meio perdido ali naquele cheiro. Apesar de uma pequena doção de sabão na roupa, o cheiro dela prevalecia. Eu aspirei aquilo, contente por pelo menos ter aquilo para saciar o homem interior que corria pelas veias desse padre.

Se pelo menos Bella houvesse aparecido em minha vida há oito anos...

Bella

Edward voltou e eu encarei divertida o leite condensado e o chocolate em pó que ele havia colocado bem á vista na pia. Ele realmente era uma formiga assumida.

"Temos brigadeiro para sobremesa, então?" Perguntei com um sorriso e logo me virei para vê-lo. E bem... Apesar de o pijama ser largo em mim, nele ficou bem marcado. E ohmeudeus, eu acho que teria alucinações de novo.

Ele sorriu constrangido. "Não vou conseguir resistir." Ele encolheu os ombros. Ele se aproximou ao meu lado da pia e esticou os braços e os dedos. "E aí, qual vai ser o cardápio do dia?"

Eu coloquei os dedos no meu queixo em uma atitude pensativa, tentando lembrar o que minha mãe gostava. Lembrei-me de um domingo na casa dos meus tios em que ela revelara que lasanha era seu prato preferido. Seria esse.

"Lasanha."

Edward riu.

"O que foi?" Perguntei.

"Nada." Ele abanou a cabeça rindo. "Só me lembrei de um filme."

"Garfield!" Falamos ao mesmo tempo depois rimos.

"Sky, adora esse filme." Disse pegando um caderno de receitas.

Edward pegou meu braço me impedindo de continuar.

"O quê?" Perguntei confusa enquanto sentia um formigamento onde ele havia me tocado.

"Eu sei de cor a receita." Ele disse piscando e soltando o meu braço, hesitante. "Espera só um minuto."

Ele saiu da cozinha e voltou logo depois com um chapéu de chef na cabeça, e um avental escrito "Sou padre, mas sou homem."

HEHE, essa frase estava muito em minha mente. Na verdade estava escrito. "Sou homem, mas sei cozinhar."

"Voilá." Ele disse concertando seu bigode de chef francês imaginário enquanto me olhava sedutoramente. Eu precisava ir á França qualquer dia desses.

"Certo. E eu sou a típica americana do país dos hambúrgueres, batata fritas e Milk shake?"

Ele colocou as mãos no queixo, em uma atitude pensativa. Depois sorriu e fez um sinal com dois dedos da mão indicando que eu esperasse.

Se ele continuasse nessa roupa de chef com meu pijama, eu não responderia por mim se eu me jogasse em cima dele a qualquer hora. Que é isso Bella! Pára, ele é padre!

Mas é homem... A vozinha na minha mente relembrou.

Ele voltou com outro avental e um chapeuzinho de chef.

"Owa. Eu vou vestir isso também?" Apontei sorrindo.

"Oui. Temos que entrar no espírito francês. Embora lasanha não seja francesa."

"Eu não gosto de franceses." Menti.

"No?" Ele arqueou uma sobrancelha enquanto vinha por trás de mim e surpreendentemente passou o avental pela minha frente e colocou no meu corpo, dando um laçinho logo atrás para mim. Oxigênio... Oxigênio... "Eu sempre posso fazer você mudar de idéia." Ele disse perto de minha orelha.

"Você é francês por acaso?" Perguntei com a respiração suspensa.

"Não." Ele suspirou, enquanto se me virava de frente para ele e colocava o chapéu. "Mas posso virar, por você."

Será que o Polishop vendia máscaras de oxigênio?

Nos próximos minutos, Edward me matou de inveja falando exatamente o que precisaríamos para a lasanha e suas devidas quantidades. Ele perguntou os gostos de minha mãe, e eu fiz um enorme esforço mental para lembrar-me de tudo. Ah qual é... Fazia uns cinco anos desde que eu saíra de Washington, e desde lá minha mente foi ocupada por coisas que não incluíam gostos de minha mãe.

Depois que eu disse para Edward fazer o melhor dele, não se preocupando com gostos e possíveis alergias, ele deu um sorriso satisfeito e começou a descrever a elaborada lasanha que eu já vira que seria o único prato devido á complicação e o tempo que aquilo levaria.

Mas acabou que em vinte minutos a bendita cuja já estava montada, e eu besta por ver Edward cozinhando.

Sério, existia coisa melhor do que homem cozinhando?

Durante todo o processo eu brinquei com Edward sobre a frase no avental dele, e pelo meu não ter nenhuma.

"Isso pode resolver agora." Ele disse com um sorriso torto, enquanto pegava um canetão que eu sempre tinha na minha casa e escrevia na parte de frente do meu avental, perto da barriga. "Acho melhor você tirar o avental, não é?" ele perguntou incerto. Eu tiro tudo o que você quiser Edward!

"Não precisa Edward." Rolei meus olhos. "Escreva ai e me surpreenda."

Ele sorriu e começou o trabalho. Os segundos que se seguiram foram extremamente torturantes já que Edward estava com o olhar fixo na minha barriga, e fazendo cosquinhas nela com a caneta.

"Pronto." Ele disse cedo de mais.

Eu olhei e bati no ombro de Edward de brincadeira.

"Bobo."

"Sou mulher, mas quem cozinha melhor são os homens."

Ele riu travesso enquanto ligava o forno para pré aquecer. Sky reclamara e arrastara seu cobertor para perto dos armários enquanto voltava a dormir folgada como sempre.

"Qualquer dia desses, eu tenho que te mostrar os meus votos culinários, já que você dominou minha cozinha!" Fiz cara feia de brincadeira, e sentei em uma cadeira.

"Quem mandou me chamar?" Ele disse pegando uma cadeira e se sentando de frente para mim.

"Sério... Apesar disso..." Disse rolando meus olhos. "Eu não me arrependo. Acho que minha mãe vai amar sua comida, bem mais que a minha."

Ele riu e depois passou as mãos pelos cabelos, que eu já sabia que era quando ele estava nervoso.

"Sabe Bella... Eu estava me perguntando... Quando você saiu de Washington – por um motivo que eu definitivamente não sei qual – você odiava religiões e inclusive padres... O que sua mãe vai pensar quando vir sua mudança quando ela chegar?"

Encolhi meus ombros. "Com certeza vai me dar algum cartão psiquiátrico, ou livro do Augusto Cury."

Ele riu. "Mas eu estou bem mais preocupada com o que ela vai falar com te ver aqui."

Ele arregalou os olhos. "Por que ela vai me ver?"

"Oras, o que nós estamos fazendo aqui?"

"Pensei que era só te ajudar na cozinha..."

"Claro que não. É serviço completo, moçinho." Eu sorri. "Tem o jantar, depois vamos mostrar o orfanato para minha mãe."

"Eu tenho missa..." Ele disse obviamente querendo sair daquela situação. Ele estava nervoso? HAHA!

"Mentira que é outro padre que vai celebrar hoje."

"Como você sabe disso?" Ele arregalou os olhos. Eu encolhi os ombros me levantando.

"Você mesmo me contou." Com a expressão que ele fez depois, acho que ele estava se punindo por ter falado aquilo para mim.

Era tão engraçado o jeito como ele estava por conhecer minha mãe. Imaginei como seria quando ele conhecesse o chefe Swan. HAHA.

Os próximos minutos que se seguiram eu fiz uma salada bem requintada, Edward recheou e assou um frango, e eu coloquei vinho e refrigerante na geladeira.

"Será que vai gelar a tempo?" Perguntei.

"Se você colocar lá fora acho que gela mais rápido." Edward brincou. "O clima está muito pesado."

"Ok." Eu disse retirando da geladeira e colocando o refrigerante e o vinho perto de uma janela da sala que eu deixei aberta.

"Bella, eu estava brincando..." Ele disse rindo.

Eu ignorei e voltei com as mãos vazias. "É nosso experimento." Pisquei. "Se der certo, podemos informar a Casa Branca de nossa descoberta e podemos economizar energia da geladeira durante o inverno."

"Você é impossível, Bella." Ele abanou a cabeça com um sorriso, enquanto agora preparava seu brigadeiro tão esperado.

"Esse é meu sobrenome."

Pe. Edward.

O cheiro característico do brigadeiro inundava meu nariz e aquela sensação de formiga prestes a atacar tomou conta de mim. Nota mental: Deixar bem claro para Alice que eu havia comido brigadeiro. Ela realmente era minha parceira formiguinha.

"Voilá." Disse de novo enquanto colocava o brigadeiro em um pote de alumínio. Joguei um pouco de granulado, e alguns feixes de leite condensado para enfeitar.

"Hmmm... Ainda bem que estou um quilo abaixo do peso." Bella disse salivando em cima do meu brigadeiro á lá France.

"Então pode pegando sua colher, moçinha." Disse colocando o pote no centro da mesa onde Bella estava sentada e onde eu me sentei depois. "Vou cuidar de você a partir de agora, nunca mais vai faltar uma grama de nutrientes em seu corpo."

Ela hesitou um pouco antes de responder e quando eu levantei meus olhos ela estava corada.

"Certo..."

"O que foi?" Perguntei, deixando o brigadeiro intocado para poder esfriar um pouco.

"Nada." Ela respondeu desviando o olhar.

"Bella... Eu te conheço..."

"Ok..." Ela disse suspirando. "É que ninguém nunca cuidou de mim como você cuida, sabe? Ninguém nunca se preocupou tanto assim comigo, acho que nem minha mãe." Observou com frieza.

"Duvido disso..." Disse pegando sua mão entre as minhas e acariciando levemente sua palma. Ela estremeceu um pouquinho, e encarou meus olhos.

"Você duvida porque você é incapaz de tratar alguém em um nível menor do que você me trata."

Eu neguei com a cabeça veemente. "Eu trato as pessoas com respeito. Mas nenhuma delas eu trato como você."

Ela desviou o olhar. Eu suspirei.

"Isso me lembra de alguma coisa que provavelmente colocou essas caraminholas em sua cabeça."

"Quem?"

"Mike Newton."

"Pensei que você tinha esquecido."

"Eu nunca esqueceria." Eu disse lembrando-me da tentativa de assassinato de Sky, da carta e do jeito dele da Starbucks. E o pior de tudo, o choro de Bella na igreja a mais de um mês.

"Edward, você tem certeza de que quer saber?"

"Eu tenho certeza de que eu quero fazer de tudo para te proteger." Eu assegurei me aproximando mais dela ainda com nossas mãos unidas.

Ela suspirou antes de dizer. "Mike me ameaçou no jornal quando eu fui lá pegar o editorial. Ele disse que se eu não o desses 100 mil em dois meses, no caso daqui duas semanas, ele faria mal as pessoas que eu gosto. E Sky era para ter sido a demonstração."

Eu tentei controlar a raiva crescente dentro de mim.

"Ele seria capaz?" Eu perguntei entre dentes, embora eu soubesse a resposta.

"Talvez ele não." Ela disse encarando algum ponto atrás de mim. "Mas os outros, sim. Eu os vi em uma reunião no Central Park. É lá que eles se encontram ás escondidas. É totalmente insano, e... Nojento." Ela pareceu se lembrar de alguma coisa que comprovava esse fato.

"Eu posso pagar esses cem mil." Eu afirmei.

"Não!" Ela quase gritou, afastando nossas mãos.

"Bella, por que não?" Perguntei surpreso.

"Eu não quero que você nem ninguém gaste esse dinheiro comigo. Eu vou dar um jeito, nem que eu tenha que rodar bolsinha na esquina."

"Bella... pare com isso. Não é hora de ser orgulhosa."

"Mas eu sou." Ela bufou.

"Você tem que parar de ser..."

"Eu não quero que você se preocupe comigo..."

"Mas eu me preocupo com você." Eu quase gritei.

Ela me olhou e vi algumas lágrimas se formando no canto de seus olhos.

"Você é padre..." Ela murmurou como que se aquilo fosse motivo para seu argumento.

"E daí?" Falei com raiva, não por ela, mas por Mike. "O papel de padres é ajudar aqueles que precisam. E você precisa, e eu faço questão de te ajudar. E outra! Padre é homem também, e eu sou seu amigo acima de tudo."

Ela não falou nada. "Bella..." me aproximei dela e peguei suas mãos nas minhas e levei até meu coração que batia descompassado. "Está vendo isso aqui? Meu coração. Bate... Bate por você, você não entende? Deixe eu te ajudar."

Ela ficou em silêncio.

"Você me perguntou hoje mais cedo como eu me sentia quando via uma revista como a PLAYBOY, e a resposta é nada. Mas isso não quer dizer que eu não seja homem."

"Não?" Ela perguntou inocentemente.

"Bella ao mesmo tempo em que uma coisa no meio de suas pernas diz que você é mulher, algo no meio das minhas, diz que eu sou homem."

Bella

Ohmeudeus Edward estava próximo demais de mim e minha respiração estava descompassada. Mike Newton e afins haviam sido esquecidos e soterrados devidamente.

"Gays também tem isso no meio das pernas..."

"Mas é homem..."

"O que prova que é um homem é homem, é como ele usa..."

"Você tem um grande pré conceito sobre padres, sabia?"

"Eu tinha." Corrigi.

"Não, a parte do barrigudo e com a bíblia de baixo do braço foi esquecida. Bella, castidade é uma opção de ser padre... Se eu deixasse de ser padre, agora, por exemplo, eu poderia usar isso como eu bem entendesse."

"E como que você quer provar que é homem se tem esse voto de castidade?"

"Acho que existem exceções..." Ele disse se aproximando de mim. "Grandes exceções que podem ocorrer. Sabe de uma coisa Bella?" Ele falou com os lábios muito perto de mim. "Uma coisa que irrita todo homem, não importando se é padre ou não, é ser questionado sobre sua sexualidade, por causa de sua opção, no caso o meu de castidade."

"Aham..." Eu estava entorpecida.

"E uma coisa que eu tenho em comum com os outros homens, é o orgulho, que agora está ferido, ainda mais quando foi acertado por você..."

"O que eu tenho de especial?" ele me ignorou.

"Por isso, posso muito bem esquecer minha opção durante o momento em que eu for provar para você certas coisinhas importantes." Ele passou a ponta dos dedos pelos meus lábios e os olhos verdes dele cintilaram junto com os meus. O chapéu de chef dele caiu em algum lugar da cozinha e seus cabelos estavam mais desorganizados do que nunca. "E claro, isso é só uma demonstração, algo totalmente educativo, algo pelo bem dos padres em geral. Você deve sempre se lembrar disso. Pelo bem do argumento."

"Claro, nunca vou me esquecer..." Meio que gemi meio que falei. Ele estremeceu e suas mãos apoiaram o meu pescoço. Ele aproximou seu rosto do meu, mas desceu até meu pescoço dando uma leve mordida ali, que me fez estremecer toda.

"Eu ainda sinto o gosto de seus lábios nos meus..." Isso era parte da alucinação. E se ele sabia não fora definitivamente uma alucinação. Ohmeudeus! "E antes que você fale alguma coisa... Eu gostei." Ele deu um beijo no meu pescoço e depois seus olhos voltaram a me encarar. "E quero repetir a dose... Agora realmente com um beijo de verdade. Claro totalmente situação acadêmica..."

"Para o bem da humanidade..." Assenti inebriada.

"Que bom que você concorda. Agora eu te provo..."

"Como?" Ele já estava me provando muitas coisas só com aquela sensação de tortura, mas eu que não diria aquilo para ele.

"Com isso." Ele disse, e logo depois seus lábios se grudaram aos meus, e eu gemi de prazer enquanto nossas línguas brincavam uma com a outra. Meus braços automaticamente foram para o cabelo dele, apertando-os, e as mãos dele delineavam meu rosto, meu pescoço, enquanto outra mão apertava forte minha cintura.

O momento foi tão grande que caímos das cadeiras e ficamos ali no chão da cozinha nos beijando com desespero. Com sofreguidão.

As mãos de Edward subiam e desciam na linha das minhas costas, e minha mão já explorava seu abdômen perfeito. O avental dele voou para longe, junto com o meu e o chapéu de chef.

No chão gelado, Edward se debruçou sobre mim, me fazendo estremecer de prazer com a sensação do frio do chão e o quente que emanava do corpo dele. As mãos dele circundavam a lateral de todo meu corpo, e minhas pernas automaticamente enrolaram em seu quadril o trazendo mais para perto.

Sky começou a latir de algum canto da minha mente, mas nem eu e Edward nos importamos. O que realmente importava era o jeito que seus lábios mexiam nos meus, e como nossas línguas travavam a batalha mortal para conquistar o espaço do outro.

Renne

Existiam muitas coisas que eu estava absolutamente segura de que eu nunca iria ver em minha vida.

A primeira era o Corinthians ganhar a libertadores.

A segunda era ver um ET dizendo 'oi' em nove línguas diferentes.

A terceira era ver alguém ir do passado para o futuro e vice e versa.

A quarta era ver Dercy Gonçalves morrer. Mas bem... Ela morreu.

E a última, mas a mais importante, a menos provável de todas, era Bella virar religiosa.

HAHA, ainda me lembro do dia em que Bella fez fogueira de bíblia no acampamento. Realmente, se isso acontecesse, eu acreditaria em todas as outras possibilidades.

"Senhores passageiros, dentro de vinte minutos o vôo de Washington D.C para NYC, pousará no aeroporto nacional de NYC. Obrigada pela preferência de vôo e voltem sempre."

Finalmente eu pousaria em NYC. Foi o primeiro pensamento que ocorreu em minha mente depois do comunicado do piloto do avião.

Somente Bella mesmo para me fazer vir ao avião que poderia muito bem cair no meio do mato, ou no oceano, como o Air France.

Ok que esse determinado vôo não passava por nenhum oceano, apenas por um lago ou dois que circundavam o país.

Mas mesmo assim era um efeito e tanto. Aliás, NYC não era ali. Era do outro lado do país.

Charlie tinha razão em não querer passar mais de cinco horas dentro de um vôo comercial para ficar apenas alguns dias com Bella. Bella era mais jovem, e ela que atravesse o continente, foi isso o que Charlie falou.

No desembarque avistei a longa figura de Emmet acenando freneticamente junto com outras pessoas esperando seus receptivos passageiros. Ele vestia uma camiseta I NY, e um boné dos Yankees.

Rolei meus olhos mentalmente por me lembrar do filho dos meus melhores amigos, que resolvera criar uma personalidade totalmente diferente da dos pais.

"Tia Renne! Bem vinda á NY, a cidade do Homem Aranha! Quer dizer da maça!" Ele gritou á uma curta distância, que foi transpassada por dois passos dele, e finalizada com um abraço de urso que eu pensava que meus ossos velhos não resistiriam. Porém, minha idéia se mostrou furada, quando eu só fiquei meio torta depois daquele abraço.

Dei leves batucadas com minha suitcase nas costas de jogador de hóquei e o obriguei a sair usando a mesma ameaça de sempre. Mostrar o que continha em uma bolsa de mulher.

Eu ri internamente enquanto ele ia até o ponto do desembarque de malas, pensando que desde pequenino sempre tivera medo de bolsas femininas, inclusive as minhas. E isso se deve ao fato de alguma brincadeira que Bella fizera.

"Você está mais enorme do que eu me lembro de você, Emmet." Eu brinquei quando ele voltou com uma mala pesada, que carregava com a maior facilidade.

"São seus olhos, tia."

"Não sou sua tia." Resmunguei fechando a cara.

"Você sabe que é sim, tia Renne." Ele disse novamente. "Bem entrando no espírito nova-iorquino, aqui estão seu boné do melhor time de beisebol da área. GO, YANKEES!" Ele gritou no meio do aeroporto, e outras pessoas que passavam sorriram e levaram as mãos ao ar também fazendo o mesmo. Vários comentários do tipo, 'esse ano o campeonato é nosso', surgiram ao meu redor. Emmet se voltou para mim. "É bom você dizer que torce para ele enquanto estiver aqui, eles fazem verdadeiras guerras de neve por quem não é."

"Valeu por me lembrar" Disse rolando os olhos. Eu sequer tinha um time. Perguntei-me se Charlie entraria na guerra, defendendo sabe se lá o time que torcia.

"Aqui está sua camiseta oficial do mercado negro." Ele disse sorrindo e me entregando uma camiseta igual á dele, só que tinha uma maçã ao fundo. "E claro... Uma réplica da Estátua da Liberdade!" Ele me entregou uma pequena estátua.

"Emmet, até parece que eu nunca vim á NYC!"

"Nunca se vem a NYC, sem usar os símbolos da cidade!" Ele replicou com um sorriso.

Rolei meus olhos, divertida enquanto observava uma loira alta encostada em um carro conversível. Ela olhava fixamente para nós com um sorriso na boca e um pouco encolhida em seu casaco devido á temperatura.

"Ugh!" Resmunguei colocando mais um casaco por cima do fino que eu usava. "Eu havia esquecido que novembro é horrível aqui em NYC"

"Espere até nevar..." Emmet observou não prestando total atenção em mim, mas sim na loira. "Talvez você possa fazer par com a Bella para serem bonecas de neve. Boneca-mãe, e boneca-filha. As crianças do orfanato iriam adorar."

"Perfeito." Ironizei. "Mas o quê? Orfanato foi isso o que você disse?"

Emmet franziu a testa pensando que talvez não deveria ter falado nada.

"É nada tia, Renne." Ele disse sorrindo pelo canto da boca. Bem, eu realmente sabia que era nada, porque Bella e orfanato não eram duas palavras que se ligavam em uma mesma oração.

"Falando nisso cadê ela?" Perguntei.

"Ela está no apartamento preparando o jantar..."

"E deixaram-na sozinha?" Quase gritei. "Ela é um desastre! Quando eu chegar lá o prédio vai estar em chamas."

Antes que Emmet respondesse à loira se aproximou de nós, deslumbrante.

"Renne, essa é Rosalie... Minha, huh... Amiga." Emmet disse coçando a cabeça com a mão livre. Amiga, sei... Charlie era meu filho, e Bella minha neta.

"Olá dona Renne."

"Ah dona, não pelo amor de Deus!" Eu disse abanando a mão em brincadeira. "Assim me sinto velha demais, e só passei alguns anos dos quarenta!"

Ela sorriu. "Você é a melhor amiga de Bella né? Ela comentou já sobre você." Acrescentei. Ela assentiu corando. O que me lembrou Bella, e a possível perspectiva de encontrar somente as cinzas dela no prédio.

Entramos no carro dela, e depois que Emmet terminou de colocar as malas no porta malas, eu voltei minha pergunta.

"Emmet... Você não respondeu minha pergunta."

Ele coçou a cabeça de novo, deu um olhar de esguelha para Rose.

"É, huh... Bella não está sozinha não."

Pelo olhar dele, parecia que tinha algo a mais ali.

"Ah... Vai me dizer que esse alguém é o namorado? Aquele loirinho?"

"Não..." Emmet disse rapidamente. "Ela terminou com ele há mais de um mês."

Eu tentei evitar fazer qualquer comentário de como minha filha era relapsa em relação á família, até que eu cheguei á uma conclusão.

"Então ela está com um novo namorado?" Eu sempre soube que vida urbana era um problema em questões morais.

Emmet e Rose se entreolharam e começaram a rir de alguma piada. Eu fiquei totalmente boiando na maionese, até que Emmet explicou em meio às gargalhadas.

"Bella está sendo bem cuidada, tia. Quer dizer... Ela está recebendo ajuda do alto." Emmet fez um gesto dramático de levantar as mãos pro céu, como se rezasse. De novo eu estava ignorando qualquer coisa, porque 'levantar as mãos para o céu' e 'rezar' não eram verbos presentes na mesma frase em que estivesse o sujeito Bella.

"O que você quer dizer?" Perguntei curiosa, e odiando o fato de não saber a história inteira. Devemos acrescentar que eu era a mãe dali.

Emmet riu, e Rose se apressou em dizer falhando em esconder um sorriso.

"Ele quis dizer que a senhora vai se surpreender."

"E como." Emmet completou, e continuou a rir estrondosamente.

Emmet

Eu estava rindo internamente de como Renne cairia dura, quando eu me lembrei da conversa com Edward há uma semana.

Coitado, padre apaixonado e nesse momento se encontrava sozinho no apartamento de Bella.

Eu confesso que eu ainda estava curioso em saber por que Bella não respondeu o telefone naquela hora. E bem, eu chegava a algumas conclusões, e todas envolviam Edward e alguma falta de controle.

Se bem que eu não achava que Edward seria capaz de fazer alguma coisa desse tipo. Quer dizer, ele era padre desde 23 anos e estudava desde 15. Ele não jogaria tudo pro alto, jogaria? Com Tanya não foi assim, com Bella também não seria.

Eu apostava nisso.

Chegamos à frente do prédio de Bella e eu tentei ligar pelo telefone dela. Mas estava ocupado. No celular de Edward e nada.

Oh céus, e se algo acontecesse entre eles? Ou pior, e se aconteceu alguma coisa e com a mãe de Bella aqui?

Rose me olhou pelo canto do olho preocupada, e eu dei um sorriso bobo para tentar disfarçar.

Cumprimentamos o porteiro Wars, e subimos pelo elevador até o apartamento de Bella. Renne estava animada tanto por estar longe do frio, e por estar se aproximando da filha.

Eu estava suando frio, totalmente uma coisa atípica a mim. Rose percebeu e pegou minha mão discretamente ao lado de Renne.

Renne por sua vez, deu um sorrisinho malicioso, e eu já aguardava os comentários diretos dela que era sua marca registrada, e que eu havia aprendido com ela.

Eu estava tendo esperanças de que ela não fizesse nenhum, até que a porta dos elevadores se abriu.

"Quando você assume um namoro, fica mais fácil sabe?" Ela falou por cima do ombro, fazendo Rose corar muito e afastar suas mãos de mim enquanto olhava a paisagem que era aquele cubículo dois por dois do elevador.

Eu revirei meus olhos para Renne, seguido de um olhar mortífero que falava muitas coisas.

Ela deu de ombros e olhou para os dois lados do corredor, esperançosa.

"Para onde?"

"1001" Respondi, torcendo para que eu não visse corpos nus na cozinha, ou pior, pedaços de roupas e objetos íntimos no glacê do bolo ou coisa do tipo. "Espera só um pouco..." Disse pausando-as com a mão enquanto corria 'discretamente' até a porta do quarto dela e me colocava á escuta.

Nada... Nem menos barulhos de sucção.

Rose cutucou meu ombro e eu fiz um sinal para que ela esperasse. Ela cutucou de novo com insistência e senti algo em contato com minha nuca, eu instintivamente lancei minha mão para ver o que era.

E acabei esmagando alguma coisa.

"Ah não acredito, Emmet!" Ela disse alto demais, e eu logo fiz sinal para ela se calar. "Meu copo!" Ela sussurrou entre dentes.

Observei que o infeliz que eu havia amassado era um copo de plástico.

"Nunca mais penso em te ajudar agora!" Ela resmungou.

Ouvi Sky latindo de algum lugar dentro do apartamento e eu vi que já estava tudo perdido. Se eles tivessem fazendo alguma coisa impura, ela daria o aviso para eles.

"Desculpe meninos, mas por que vocês simplesmente não tocam a campainha?" Renne perguntou se aproximando e franzindo a testa, provavelmente querendo ler os nossos pensamentos.

Eu quis parecer o mais inocente o possível.

"Acho que está quebrada." Rose me perfurou com o olhar e eu segurei seu braço para que ela não tocasse a campainha. Eu queria dar tempo para os dois se recomporem e arrumarem a cama.

HAHA, até parecia que eu realmente acreditava que eles estavam fazendo alguma coisa lá dentro. Era uma piada, mas no exército você aprende: É melhor prevenir do que remediar.

"Não tem problema." Renne disse remexendo em sua bolsa, e pegando alguma coisa que eu vi que era uma... Oh Jesus.

"Por que você tem uma chave do apartamento de Bella em sua bolsa?" Perguntei assustado.

Ela encolheu os ombros, irreverente. "Bella uma vez perdeu a chave do apartamento, ela deu uma cópia para mim caso ela precisasse."

"Mas você mora do outro lado do país!" Rose observou confusa.

"Eu sei." Ela encolheu os ombros novamente. "Vai entender."

Coisas de Bella.

Mas agora essas próprias 'coisas de Bella' que iriam colocar ela em uma má situação.

"Eu acho melhor esperar ela abrir a porta, tia." Eu disse me colocando na frente da porta em uma atitude protetora.

"E vamos ficar aqui até quando? Se eu bem conheço Bella, ela só vai ver a gente amanhã de manhã, e ainda culpando a gente por ter dado bolo."

"Eu ainda acho que..."

"Emmet!" Ela disse apontando a chave para mim. "Eu sou a mãe dela, entendeu? Agora saia daí!"

Eu relutei um pouco, mas acabou que eu cedi com um suspiro e Renne enfiou a chave na fechadura.

"Acho que ela trocou de fechadura..." Renne observou vendo que a chave não se encaixava direito.

Eu estava suspirando de alívio quando...

"Pronto. Só estava um pouco enferrujada."

E Renne tirou a chave e abriu a porta puxando todos nós para dentro. Lá, tudo estava silencioso, exceto Sky que viera correndo em nossa direção pulando que nem uma doida.

"Não sabia que Bella tinha um cachorro." Renne disse pegando Sky no colo.

"Você não sabe de muitas coisas por aqui, Renne" Disse.

Fomos em direção á cozinha, e paramos petrificados na porta. Sky quase caiu das mãos de Renne, mas eu fui mais rápido e consegui resgatar a coitada.

Todos ficaram petrificados e boquiabertos com a cena que se desenrolava ali bem na nossa frente.

Bella

Eu estava ouvindo sinos em minha mente eu sabia. Eu via estrelas, luas e arco íris, e todas aquelas coisas clichês de um beijo com um cara perfeito.

Oh Jesus! Eu estava beijando o padre Edward Cullen.

E se não isso não fosse o bastante, ELE estava me beijando de volta!

Minhas teorias de céu haviam mudado completamente. Ao invés de nuvens branquinhas, fofinhas e mornas, a definição de céu era chão duro, frio e com um padre em cima de você!

"Amém, senhor..." Eu disse na pausa do beijo em que fomos obrigados a parar devido á falta de ar. Edward respirava com dificuldade, e logo sua boca foi traçando o caminho da minha clavícula até chegar a meu pescoço e dar um chupão que com certeza traria marcas depois.

Sky continuava latindo, e ela saiu correndo da cozinha até a porta. Talvez ela estivesse trabalhando de guarda costas ou coisa do tipo.

"O que é aquilo?" Edward perguntou levantando a cabeça com os latidos de SKY. Ele estava todo desgrenhado, e com os olhos mais escuros como eu nunca tinha visto antes.

"Aquilo eu não sei. Mas sei que isso é a prova irrefutável de que você é homem!" Gritei e já estava pronta para devorar Edward novamente em outro beijo, quando nós dois petrificamos no lugar ouvindo a voz de Rose.

"Ah não acredito, Emmet!"

OHMEUPADREEDWARD. Eu xinguei em minha mente mil vezes cada ser infeliz que estava nessa hora na frente da porta do meu apartamento, amaldiçoe até a décima geração de cada um e xinguei ainda mais quando Edward se afastou de mim totalmente assustado e em alerta.

"Bella! Eles chegaram..." Ele disse apavorado.

"Eu sei..." Disse quase choramingando tentando me levantar do chão. Eles não tinham um timing pior para seguir não?

Edward estava prestes a ter um colapso. E bem eu entendia. Quer dizer, o cara era padre, acabou de provar que honra algo no meio das pernas, me agarrou no meio da cozinha da minha casa, e agora na porta estava Emmet, Rose e minha mãe.

Eu acho que eu ainda não estava digerindo muito bem a parte que eu estava beijando um padre, sabe? Eu sempre achei que faria um grande escândalo. Talvez a ficha não tenha caído. HEHE.

Mas agora tinha uma questão mais importante. Resquícios de beijos tinham em todos os lugares, os nossos aventais e chapéus de chefs estavam jogados para todos os cantos, Edward estava vestindo a blusa do meu pijama... É realmente não seria nada legal.

Ouvimos o barulho da porta se abrindo. Puts! Maldito dia em que eu fui dar a chave do apartamento para minha mãe.

Eu olhei desesperada para Edward que passou as costas das mãos na boca tentando tirar qualquer coisa que tivesse ali, e pegando o avental do chão e colocando em volta do pijama. Ele arrumou os cabelos – que não cooperaram em nada. Edward pegou uma colher sentou-se na mesa e deu uma colherada no brigadeiro para disfarçar.

Eu por minha vez ainda estava abalada pela prova de masculinidade que eu havia acabado de receber, então quando eu ouvi os passos se aproximando e Renne falando com Sky eu agi por puro instinto e fiz a coisa mais idiota da minha vida.

No exato momento em que Renne entrava, eu fiz algo que eu não sabia no que me ajudaria, mas pelo menos esconderia meu rosto e eu poderia me recompor depois. Simplesmente peguei a vasilha de brigadeiro e como uma torta na cara, eu virei tudo contra meu rosto, reparando que finalmente eu estava tomando um banho á lá chocolate no rosto. E quem disse que precisa gastar horrores em um creme á base de chocolate?

"BELLA!" Eu ouvi quatro vozes diferentes gritarem meu nome. Com certeza Edward estava engasgando com a colher de brigadeiro, minha mãe pensando que os ares de NYC estavam me fazendo mal, Emmet que eu estava simplesmente sendo eu mesma, e Rose pensando que eram os efeitos da gripe suína.

Ótimo. Bem... Aquilo pelo menos não era pior do que eles descobrirem eu e Edward rodando romanticamente como dois ursos atracados pelo chão da cozinha, certo?

"Hehe..." ri sem graça tirando o brigadeiro dos meus olhos. Ainda bem que não estava muito quente, pelo menos para isso servia o inverno!

"Filha o que é isso?" Minha mãe perguntou se aproximando de mim, mas não o bastante para pegar qualquer doença, vírus, espírito que estivesse dentro do meu corpo naquele momento.

"Sabe, eu sempre quis saber os bens de chocolate para a pele..." Disse cuspindo um pouco de chocolate. Passei minhas línguas ao redor dos meus lábios, chupando todo o brigadeiro daquela área, eu olhei para Edward de esguelha e vi ele desviando o olhar enquanto tentava controlar o quase engasgamento por brigadeiro.

"Meu Deus, eu sempre soube que quando você caiu do berço, iria trazer algumas coisas ruins. Mas não pensei que fosse crise retardada!"

"Mãe!" Eu gritei envergonhada. "Temos visitas aqui em casa, você não vê?" Disse apontando para Edward.

Era tão legal falar com as pessoas com brigadeiro pingando de seu rosto.

"Ah desculpe, mas qualquer pessoa que conviva com você por 5 minutos sabe de seus problemas." Ela continuou apontando o dedo para minha cara como se eu tivesse cinco anos de idade. "E também..." Ela parou de repente o que estava falando e se virou para Edward o olhando de cima a baixo com uma expressão do menininho do "Esqueceram de Mim" "Ohmeudeus, você é o padre Edward Cullen! Eu amo você! Eu tenho todos os seus CDS!"

Ah... Como eu amo minha mãe.

Perguntei-me como ela ficaria se eu contasse o que eu estava fazendo com o ídolo da fé dela há alguns minutos. Com certeza, ela esqueceria de todo o resto e pediria que ele repetisse o mesmo com ela.

Eu tinha a quem puxar...

Pe. Edward.

Eu engasguei com a colher de brigadeiro assim que eu a coloquei na boca. De todas as coisas que Bella poderia fazer como colocar a cabeça para dentro do fogão ou pular da janela, ela justamente ia brincar de torta na cara. No caso, brigadeiro na cara.

E logo depois vem a mãe dela literalmente falando coisas bem... Diretas, e logo depois Bella foi salva pelo congo e eu me tornei alvo de mães.

Sério. Eu acho que era um mal de todos os padres famosos. Era como um carma. Todas as mães conheciam você, cantavam suas músicas, e pagariam muito para ir até um show sequer.

E por que a mãe de Bella seria uma exceção?

Bella saiu literalmente de fininho enquanto eu era bombardeado por perguntas, na verdade afirmações da mãe de Bella.

Que maneira interessante de primeiro contato com a sogrinha. Eu sei, eu sei. Ironia ridícula, e totalmente masoquista. Mas ultimamente eu tenho sido essas duas coisas, então fica tudo normal.

"Nossa, aquela música 'Faz um milagre em mim', eu ensinei para meu marido, o pai de Bella sabe? Ele por sua vez espalhou pelos colegas dele da delegacia, e eles fizeram virar cantada, acredita? Isso não é pecado, padre? Ohmeudeus, eu ainda não acredito que você está na minha frente!"

Não sei se Renne percebeu que eu estava extremamente quieto no meu canto, mas na verdade eu não conseguia parar de pensar no que havia acontecido há menos de cinco minutos, e da quase maneira em que nós quase fomos pegos.

Eu sempre soube que situações acadêmicas não davam certo...

Bella

Eu poderia escrever um livro! Isso era um fato consumado.

'Como desviar as atenções de um fato que todos podem perceber, em 10 segundos'.

Eu não tinha dúvidas, de que principalmente Emmet, logo quando batesse o olho em mim e Edward notaria provas evidentes do que havia acabado de acontecer.

O segredo foi simplesmente, mudar o foco das atenções para algo mais... Interessante.

"Puts Bella. Por que você foi testar o negócio no meio da cozinha? Eu pensei cada coisa..." Emmet disse rindo.

"Oras, brigadeiro é feito a cozinha..." Resmunguei de qualquer jeito enquanto ia em direção ao banheiro.

"Bella, o que você vai fazer?" Ele gritou atrás de mim. "Não lave seu rosto, não desperdice esse brigadeiro!"

"Com tantas pessoas passando fome na África..." Rose brincou. HAHA.

"Na Etiópia e no Afeganistão..."

"Cala a boca vocês dois!" Eu gritei para os dois seres infelizes que riam da minha cara.

"Espera Bella, espera, calma!" Emmet fez um sinal de paz e se aproximou de mim lentamente, eu bufei. Nos braços de Emmet estava SKY sedenta por alguma coisa, com sua linguinha de fora.

"O que é?"

E antes que eu pudesse desviar, Emmet aproximou Sky do meu rosto e ela lambeu desde meu queixo até o nariz.

Eu paralisei com aquela cara de nojo enquanto ela toda espertinha começava a saborear o brigadeiro que ela havia lambido da minha cara.

"Argh!" Bufei e saí correndo até o banheiro para limpar o brigadeiro e a saliva de Sky.

Será que o flagra teria sido pior do que isso? Eu realmente achava que não.

Quando eu voltei para a cozinha minha mãe estava se derramando para cima de Edward. Eu me perguntei se ela se lembrava que ela tinha um marido, decidi relembrá-la.

"Mãe, e o papai como está?" Perguntei me sentando ao lado dela.

Ela parou imediatamente de falar com Edward e me olhou como que observando se eu ainda estava dominada por algum tipo de espírito do mal.

"Está bem. Ele mandou lembranças." Quando ela finalmente concluiu que eu estava bem, ela me apertou em um forte abraço e disse o quanto estava com saudades.

Minha mãe era bipolar, eu sei...

Edward aproveitou a deixa para ver a lasanha no forno e o frango. O cheiro impregnou a cozinha e todos nos sentamos ansiosos na mesa esperando pelo jantar.

Finalmente, todos os supostos assuntos mundanos foram esquecidos, e tudo o que tinha na mente de cada um era...

Lasanha.

Mas não era qualquer lasanha, era a lasanha de Edward, que parecia que havia acabado de sair de uma revista do estilo "G Magazine". HAHA foi piada. Eu sei, eu sei... Eu estou ultrapassada.

"Antes de jantarmos vamos rezar..." Edward disse voltando a ser padre novamente. Ênfase no voltando. Todo nos demos às mãos e Edward fez uma pequena oração agradecendo o alimento, e todos que trabalharam para que ele chegasse àquele mesa e blábláblá.

Ele era tão bonitinho rezando... Imagina fazendo outras coisas?

Ok, Ok. Para com isso Bella.

"E cadê as bebidas?" Emmet perguntou.

Eu me chutei mentalmente. "Espera que já pego."

Eu saí correndo e voltei logo depois com o vinho e a coca.

"Bella você tem uma geladeira no meio da sala, querida?" Minha mãe perguntou.

"Não." Eu ri cúmplice para Edward que controlava o riso. "Eu estava fazendo um experimento de controle de energia. Se deixasse a coca e o vinho gelar na janela."

Minha mãe revirou os olhos e todos riram. E realmente a coca e o vinho estavam geladinhos. Uhul! Menos conta de energia esse mês!

No meio do jantar, entre uma garfada e outra, finalmente Renne estacou e ficou olhando de mim para Edward e vice e versa, e logo a compreensão, ou a falta dela começou a espalhar em seu rosto e sua mente.

Os garfos dela caíram em cima do prato e todos nos voltamos para olhá-la. Ela abria a boca tentando falar, mas logo fechava, parecia um peixinho dourado embaixo d'água.

"Bella... Edward... Juntos... Apartamento... Lasanha... Entra na minha casa..." Ela sussurrou totalmente confusa e submersa. E logo depois gritou totalmente assustada e apontou o dedo, incriminadora para Edward. "Ohmeudeus, quem é você e o que fez com minha filha?"

"Mãe calma..." Eu disse depois da cena dela. Eu estava totalmente com vergonha de minha mãe nesse momento. Ela podia fazer muitas coisas, menos essa cena ridícula. Quer dizer, ela havia acabado de virar a barriga e coçar para Edward agora acusava ele de sei lá o quê.

E se... Ela tivesse deduzido o que havia acontecido naquela cozinha?

"Calma? Minha filha está em um mesmo recinto que um padre, e você me pede calma?"

Emmet ria contra o guardanapo, enquanto Rose olhava para Renne perplexa.

"Calma Renne..." Edward começou.

"Não!" Ela disse dando mais uma garfada na lasanha para se recompor. "Cara isso está muito bom... Mas você Bella, você sempre odiou igrejas, odiou tudo que tivesse envolvendo isso, e agora você estava aqui sozinha com um padre, fazendo um jantar, na perfeita harmonia? Diz que isso é pegadinha." Ela disse levando outra garfada a boca enquanto olhava para todos os lados procurando alguma câmera escondida.

Eu mereço...

"Mãe, calma... As coisas mudaram por aqui."

"Mudaram?" Ela arqueou a sobrancelha. "Bella... Ele é padre, esqueceu? Mas não é qualquer padre. É o padre Edward Cullen."

Eu sei mãe, eu sei...

"Eu avisei tia." Emmet disse no intervalo de uma garfada e outra.

"Emmet você podia ter me falado exatamente do que era... Eu..."

"Mas você não está feliz?" Perguntei confusa. "Quer dizer, você sempre foi religiosa, eu que sempre fui à ovelha negra! Agora que eu encontrei Jesus, você me pergunta se eu sou louca?"

"Não." Ela apontou o dedo freneticamente para mim. "Não você, Bella. Eu me lembro do dia que você colocou o adesivo de NO JESUS na porta da igreja. Eu me lembro de quando você preferiu tomar injeção no hospital, para ir à missa de sétimo dia de seu avô. E também quando você mostrou o dedo do meio para o padre quando ele passava na rua!"

Edward me olhava visivelmente chocado agora. Ah qual é... Ele sabia dessa minha ex fobia. Mas talvez ele não soubesse que era por tanta coisa.

"Dona Renne..." Edward começou.

"Renne, querido..." Ela corrigiu.

"Renne, sua filha sofreu uma grande mudança há cerca de um mês. Ela encontrou Jesus, como ela diz."

"Espera!" Renne pediu pensando enquanto mastigava. "Minha filha encontrou Jesus de que jeito?"

"Ela foi a uma missa das bodas dos pais de Emmet." Rose explicou.

"Ah, eu me lembro disso. Eu fui convidada, mas não deu para vir para cá."

"Sim..." Rose continuou. "Ela fez de tudo para não entrar, mas o cabelo dela foi mais forte. E quando ela entrou, começou a ver as coisas de forma diferente."

"Espera..." Ela franziu o cenho e se virou para Edward. "Quer dizer que ela supostamente encontrou Jesus, em uma missa sua?"

Ele assentiu.

"Na catedral onde você reza?"

Ele assentiu novamente.

Eu sabia que as engrenagens da minha mãe estavam funcionando de uma forma terrível. Eu não duvidava de que ela chegasse a conclusões horríveis.

Se alguém descobriria alguma coisa, seria ela. Mas descobrir o que afinal? Que eu estava apaixonada por Jesus? Que eu O encontrei?

Minha mãe me olhou atentamente por alguns minutos, depois voltou silenciosamente á comer. Todos ficaram confusos, mas repetimos o mesmo.

Edward me deu um olhar por cima da mesa, e eu encolhi os ombros. Eu ainda não conseguia esquecer a cena que havia acontecido ali há alguns minutos.

O resto do jantar ficou aparentemente normal. Minha mãe não tocou mais no assunto, mas estava extremamente quieta, o que não era o normal dela.

Ela estava pensativa, e me observava demais, notando cada passo que eu dava dentro da casa. Edward parecia desconfortável com alguma coisa, mas pelo menos não tanto de quando minha mãe o abordou com cada afirmação da vida dele.

Parecia que ela agora, tinha coisas mais importantes para lidar. E era exatamente isso o que eu temia.

Depois do jantar, fizemos um revezamento das louças e limpamos tudo. Quando Edward ia discretamente trocar de camiseta – e que por um milagre ninguém tinha notado, também porque ele insistira em colocar o avental em cima – minha mãe observou:

"Edward, o que você está fazendo com o pijama de Bella?"

"É, huh..." Ele passou a mão pelos cabelos, certamente constrangido. Eu saí de fininho no campo de visão da minha mãe senão sobraria para mim. "Sky babou na minha camiseta, e Bella me emprestou essa camisa enquanto a outra seca." Ele deu um sorriso amarelo.

"Ah..."

"Sabe cara, eu pensei que você tinha mudado de padre, para padre gay." Emmet disse brincando como sempre.

"Ah, disso você certamente está errado, Emmet." Eu disse e fui perceber tarde demais o que eu havia falado. Todos se voltaram para mim. Era nessas horas que eu queria virar um avestruz, e criar um buraco no chão.

Edward fez uma careta do tipo 'o que você está dizendo?', e minha mãe arregalou os olhos.

"O que, Bella?"

"É, huh... Eu quis dizer que Edward é padre. E padres não são gays." Eu era horrível de desculpas, eu sabia. Uma vez eu fui inventar uma no trabalho para Lauren quando eu tinha me esquecido de fazer um artigo, e usei aquela que era mais velha do que a Dercy Gonçalves.

"Onde está o artigo para o editorial, Bella?" Lauren perguntou batendo o pé insistentemente no chão, com as mãos estendidas para o possível artigo.

"É... Meu cachorro comeu."

"Você sequer tem cachorro." Ela disse arqueando uma sobrancelha.

"Ah hehe, é verdade. Esqueci em cima da mesa."

É totalmente patético. Mas agora a do cachorro funcionaria, porque qualquer um que conhecesse Sky saberia que ela comia até minhas calcinhas e que eu vestia uma pantufa de gatinho furada na sola nesse momento.

"E como você sabe disso, Bella?" Minha mãe me tirou dos meios devaneios com a pergunta. Ela estava fazendo pressão em mim, eu sabia. Eu tinha certeza que minha mãe não trabalhava com artes plásticas nem na Cochinchina. Eu tinha certeza que o FBI, NASA, CIA ou mesmo o NRO, a contratavam.

Simplesmente, duvide de todas as mães que moram em Washington. Elas podem trabalhar para o governo e saber exatamente como acuar a filha e o pior tirar coisas dela.

Agora eu tinha certeza de que nem um detector de mentiras, ou uma máquina super estetizada mental faria reviver em voz alta cada detalhe da língua de Edward entrando na minha boca, ou mesmo os braços dele descendo a minha espinha e... EPA!

"Oras mãe. Eu sou amiga de Edward, né?" Coloquei a mão na cintura, e falei com a voz embargada, no melhor estilo "Sex in the city." "Se ele fosse gay, eu saberia. Tipo, ele estaria falando mole, andando rebolando," Se bem que seria algo interessante de se ver. "Estaria falando 'Ui, amiga', e muitas outras coisas. Ele não faz nada disso, então conclusão, ele não é gay." E dalê desperdício se fosse. Se bem que só o fato de ele ser padre já era um desperdício. OE!

Se bem que eu não sabia o que era pior, ou o pior dos desperdícios. Edward gay, ou Edward padre. Logo cheguei a uma conclusão. Edwards gays não saem rolando com você pelo chão da cozinha, se bem que teoricamente Edwards padres também não, mas claro existiam exceções TOTALMENTE acadêmicas.

Minha mãe pareceu acreditar – o que eu duvidava muito- mas pelo menos não me fez mais perguntas, mas aquele olhar dela estava lá de volta. Eu estava me sentindo em qualquer filme que falasse 'O olho que tudo vê o olho que tudo sente. ' Argh!

Edward controlou o riso enquanto ia ao banheiro trocar o pijama pela sua própria camiseta que já estava seca em algum lugar do apartamento. Perguntei-me se minha mãe insistiria para que ele não fosse ao banheiro, mas ela não o fez, provavelmente lembrando que tem um marido.

Sky pareceu adorar minha mãe, todo período em que ela esteve lá, Sky simplesmente esqueceu-se da mãe e do pai dela – HEHE. – e ficou lá sendo estragada pela avó.

Com o canto do olho vi o envelope que recebera hoje mais cedo de Mike, que eu ainda não abrira, e guardei no fundo da gaveta. Minha teoria que algum ácido extremamente lascivo estivesse lá dentro, ainda continuava de pé. E talvez eu desse para algum inimigo meu abrir. HEHE me lembrei que o único inimigo que eu tinha era o próprio Mike. E claro, de maneira indireta todos os garanhões da cidade.

Lembrei também o artigo que eu sempre levava no bolso, e que eu não largaria mais cedo. Do jeito que as coisas estavam feias para nosso país, eu checaria até o nome do meu pai naquela lista.

Perguntei-me se Renne não queria uma cópia. Se bem que os Garanhões era só em NYC, mas nunca se sabe quando se chega ao resto do país ou mundo. Esses clãs e estilinhos são que nem praga ou a gripe suína. Pode nascer em um determinado lugar, mas mais cedo ou mais tarde está presente no mundo inteiro.

Sky começou a morder o sapato de minha mãe, e ela a pegou no colo observando os seus detalhes microscópicos. Será que ela via a semelhança de mim e Edward em Sky? Talvez o nariz meu, e os olhos do pai... HEHE, eu acho que a coca cola refrigerada na janela fez efeito. Ou talvez fossem os efeitos das lembranças de... É eu não iria esquecer tão cedo. Talvez eu fizesse um memorial no melhor estilo MICHAEL JACKSON em homenagem a esse beijo e a prova irrefutável de que Edward era homem, senhor! Agora eu não tinha mínimas dúvidas sobre isso, ainda bem que eu não apostara comer o meu chapéu ou coisa do tipo.

"E você ainda não contou de Sky, querida? Por que o nome?"

"Sky, é céu, que lembra missas, que lembra religião, que lembra milagres, que lembra Jesus, que lembra padres..." Disse já quase automaticamente. Eu fizera Sky repetir em sua língua canina de duas vogais o "Au. Au", para possíveis explicações na escolinha em um futuro distante escolar.

Escola me lembra academia, que me lembra acadêmico, que me lembra... EPA!

"Que lembra padres?" Ela repetiu. Rose e Emmet estavam em um canto do sofá totalmente absorvidos em alguma conversa que eu não queria saber o conteúdo, então não tinha nada que pudesse distrair minha mãe.

"É..." Torci minhas mãos. "Quando você pensa em Jesus e igrejas você lembra o quê?"

Minha mãe franziu o cenho. "Ultimamente eu lembrava que você era totalmente uma alma perdida, e eu tinha medo de que eu não te encontrasse no céu para a eternidade."

"Certo..." revirei os olhos.

"E quem te deu essa cachorrinha linda?"

"Edward." E olha lá o olhar de novo. Eu conseguia ver até pelas retinas de Renne uma manivela sendo posta para funcionar. Eu conseguia ouvir os "Plofts' de sementinhas-idéias brotando em sua mente. Eu só não sabia que conclusão que ela chegaria, e conhecendo minha mãe como eu conheço, ela poderia pensar que Edward era um ET no melhor estilo Guerra das Estrelas, ou o irmão do Harry Potter, ou mesmo aquele Cedrico, e que enfeitiçara minha mente,

Eu já até conseguia ver a essência de tudo. Algo como, muitas coisas estão ligadas a Edward, até o nome da cachorra, e a própria cachorra!

Edward voltou com sua camisa, e com a dos pijamas na mão. Ele me entregou e eu rapidamente saí dali com a desculpa de guardar. Na verdade eu logo aspirei o cheiro que havia ficado ali, e eu sabia que eu não lavaria aquela blusa mais nunca.

"Bella?" Ouvi a voz de Rose na porta do quarto.

"Olha Rose, tem uma mancha aqui, eu não consigo ver..." Eu disse fingindo uma análise bem de perto da camiseta.

Ela rolou os olhos. "Bella, eu te conheço. Você estava cheirando a camiseta do padre Edward! Não tem medo de ir para o inferno não?"

"Xi..." Falei freneticamente encostando a porta. "Fala mais baixo. E não, não é verdade. Tem realmente uma mancha aqui."

Ela rolou os olhos novamente com a mão na cintura. "Você tem que explicar daqui a pouco todo esse motivo, e toda essa estranheza que está acontecendo nessa casa hoje! Tá bom que você por si é estranha e eu vi a quem você puxou, mas mesmo assim, o que foi aquele brigadeiro na cara?"

"Rose..." Eu fiz a melhor cara de ofendida enquanto trocava o par de pantufas, por um sapato fechado. "até você que vai ao SPA uma vez por semana tomar banho de chocolate não me entende? Hello... Eu sou pobre, e leio..."

"Revista CRAUDIA, eu sei..." Ela resmungou já sabendo da minha ladainha. "Mas mesmo assim... Que horror, Bella. Porque tem um furo na sola de sua pantufa de gatinho?"

Eu revirei os olhos e só falei uma palavra. "Sky"

E logo a espertinha chega correndo no quarto carregando um pano na boca toda contente.

"Sky, o que você pegou dessa vez?"

"Bella! Controle essa cachorra!" Minha mãe gritou vinda da sala. "Ela roubou meu lenço!"

"Imagina o que Edward não está pensando sobre essa casa agora..." Murmurei para mim mesma.

"Com certeza, onde foi que ele se meteu." Rose respondeu ouvindo meus pensamentos. "Vamos Bella... Temos que endoidar sua mãe mais um pouco."

"Endoidar?" Perguntei confusa guardando o pijama cuidadosamente perto do meu travesseiro – nem te conto do por que. "Por quê?"

"Vamos mostrar o nosso trabalho no orfanato Bella, esqueceu? Faz parte do tour."

"Oh..." Peguei Sky e coloquei na pequena jaulinha de passeio. "Lá se vai minha paz nessa casa por esses dias. Ela com certeza vai chamar tudo quanto é pai de santo para tirar qualquer espírito que tenha me possuído." Conclui, achando que isso era exatamente o que ela faria.

Todos seguiram no volvo de Edward até o orfanato, minha mãe ainda não sabia que estávamos indo especificamente para lá, e isso era bom por enquanto.

Eu ainda não esquecia algumas cenas que envolviam saliva, e eu sabia que Edward também não. Nós estávamos realmente constrangidos agora que estávamos lado a lado do carro.

Notei o olhar dele em cima de mim algumas vezes – o olhar, viu? – e eu começava a batucar na minha perna tentando me distrair.

Eu estava me sentindo um pouco estranha agora com um pensamento que havia me ocorrido.

Edward provavelmente havia me beijado para provar que homem, porque como ele mesmo disse o orgulho masculino dele estava ferido. E eu sentia algo estranho em relação á ele, que eu nunca sentira por ninguém. Agora eu não sabia se era amizade, ou se tinha relação por ele ser padre.

Mas bateu um sentimento que eu conhecia muito bem – o da decepção – quando eu pensei que ele somente havia me beijado para provar e recuperar seu orgulho. Agora a questão era que eu não entendia o porquê de tudo isso.

E se tinha alguém que saberia era minha mãe. Como eu disse, ela morava em Washington e provavelmente trabalhava pro governo, mas eu que não seria a pessoa a contar qualquer coisa desse tipo para ela.

No meio do caminho um flash extremamente forte irrompeu do meio da estrada, e fez com que o volvo parasse bruscamente. Agora eu sabia o porquê da tal propaganda para se usar cinto de segurança.

"O que foi aquilo?" Perguntei.

"Deve ter sido uma foto de radar..." Edward falou, mas ele não acreditava naquilo.

"Fotos de radar não dá para se perceber, e não cegam a gente a ponto de quase bater o carro." Emmet observou sabiamente.

"Olha, tem um homem correndo ali..." Rose apontou.

Todos nós olhamos e de fato havia um homem com alguma coisa nas mãos correndo e se escondendo no mato.

"É, parece que a fama mata mesmo né?" Renne comentou.

"O que você quis dizer?" Eu e Edward perguntamos ao mesmo tempo.

"Oras..." Ela encolheu os ombros. "Tá na cara de que era um fotógrafo, e que estava tentando tirar fotos surpresa de Edward. Ele é famoso, sabe?"

Edward voltou a acelerar o volvo pela estrada, e eu me encostei petrificada no assento. Agora minhas próprias engrenagens mentais funcionavam, e minha mente fazia uma ligação que eu também sabia que Edward fazia naquele momento.

Oh Jesus!

Quando chegamos ao orfanato, minha mãe ficou de boca aberta. Ela já pensara que havia visto de tudo, mas realmente uma Bella caridosa e voluntária de orfanatos para criançinhas havia sido realmente um grande choque para ela.

As crianças estavam empolgadas como sempre e receberam todos com a costumeira felicidade, o que me fascinava.

"Vampirinho e Menina super poderosa! WEEE!" Um menininho veio correndo abraçar eu e Edward que andávamos lado a lado. Desde daquele dia do nosso Haloween atrasado eles chamavam todos pelas fantasias. Emmet que não gostava muito de ser chamado de Ursinho Pooh.

Minha mãe foi arrastada pela diretora do orfanato, a dona Ana, e Rose e Emmet foram brincar no jardim com algumas crianças. Acabou que eu e Edward ficamos sozinhos olhando para lados opostos, totalmente constrangidos.

"É..." Eu comecei rodando o pé em movimentos circulares no chão, com as mãos seguras nas minhas costas.

"É... Huh, Bella?" Ele se virou de repente em minha direção com fogo nos olhos. Eu meio que levei um susto, ainda mais quando ele me pegou pelo cotovelo e me arrastou até uma sala vazia, fechando a porta atrás de si. Ohmeudeus, o que ele vai fazer? Continuar o que ele começou na cozinha? Sabe, eu realmente não me importava. Na verdade eu fiquei com um pouco de dúvida se ele era homem mesmo, e acho, sinceramente que para sempre eu teria essa dúvida não importasse quantas vezes que ele 'provasse'.

"Huh, Edward?" Arqueei a sobrancelha.

"Bella..." Ele falou quase chorando. "Eu... Eu adorei o nosso beijo, e não me arrependo. Não foi nada acadêmico, eu te juro. Foi só uma desculpa que eu achei para poder sentir o gosto de seus lábios nos meus, sentir sua pele na minha... Desculpe Bella. Eu estou apaixonado por você, doido, alucinado por você. Eu vou largar minha batina por você, Mike, nem garanhões da cidade vão nos separar. Nem fotógrafo, nem nada. Você não é tentação, você é meu amor, Bella."

Ca. Ra. Ca.

O sorteio da loteria era hoje e ninguém me avisou? Puf, capotei. Vou morrer ali e já volto.

Recapitulando...

Edward me beija na cozinha da minha casa para salvar seu orgulho masculino.

Agora, ele diz que foi só uma desculpa.

Diz que vai jogar tudo pro alto por mim.

E que eu sou o amor da vida dela, e não uma mera tentação, como a tal de Tanya.

Mas espera, e aquela Tanya? Ele não estava apaixonado por ela? Ou eu entendi errado? Amém, senhor.

"Bella, fala comigo, por favor..." Ele implorou se aproximando de mim com os olhos pedintes, pedindo por mais, pedindo por mim. Deus! Ele era perfeito.

"Eu... Eu... Deus! Você é tudo, Edward!"

Ele sorriu, mas logo o sorriso se apagou. Eu franzi o cenho e coloquei minha mão em seu rosto, e ele descansou-o ali, fechando os olhos curtindo o meu toque.

"O que foi meu padre?" Ele abriu os olhos assim que eu disse aquelas palavras. Ele sorriu torto.

"Seu padre?"

Eu ri envergonhada. "Você é meu... Meu padre. Uhul! Quem nunca quis ter um padre?" Abanei a cabeça como se aquilo fosse tipo, a última moda. Claro, com tantas modas e tendências por aí, só realmente faltava, a moda dos padres.

"Você é totalmente, absurda..." Ele sorriu levantando o rosto, e pegando minha mão na sua levando de encontro ao seu peito, fazendo com que eu sentisse seu coração acelerado.

"Já disse que esse é meu nome do meio?"

"Aham." Ele riu apertando minha mão de encontro ao seu peito, totalmente definido. HAHA, eu sei disso, meu bem. Eu sou demais! Duvido que alguém aqui alguma vez já teve o seu próprio padre particular, ainda por cima com um tanquinho maravilhoso que os deuses deram. "Mas por que você ficou sério há alguns instantes atrás?"

Ele suspirou e me abraçou de encontro ao seu peito, enquanto beijava o topo da minha cabeça.

"Você não disse que me amava, como eu disse que te amo."

Era isso?

"Edward, eu, gosto de você. Mas eu ainda não estou certa dos meus sentimentos..."

"O que você sente?" Ele me virou para encará-lo. Meu queixo se se encostou a seu queixo, enquanto eu olhava para cima. Um dos meus braços circundou sua cintura.

"Eu sinto... Vontade de ficar com você para sempre. Eu me sinto, bem, feliz ao seu lado. E eu nunca senti isso por ninguém."

Ele sorriu de orelha a orelha, iluminando toda a sala ao nosso redor.

"Isso então, minha querida paroquiana..." Ele me virou para ficar de costas para ele, me abraçando por trás e depositando um beijo em meu pescoço. Eu estremeci e ele riu de encontro a minha orelha, sussurrando levemente. "Significa que você me ama, tanto quanto eu te amo, minha linda menininha."

"Nós precisamos resolver algo, porque, cara Bella, eu te..." Eu abri meus olhos e encontrei Edward na minha frente me encarando assustado. Ele olhou para os lados, e suspirou pesadamente fechando os olhos, enquanto mexia nos cabelos. "Puts, me diz que você acabou de falar alguma coisa..."

"Não, foi você que falou..." Eu disse confusa.

"O que eu falei?" ele perguntou.

"Você disse..." Eu fechei os olhos me lembrando com clareza. Ele parecia interessado. Mas por que ele não se lembrava do que havia dito, e por que ele mudara de assunto tão repentinamente? "Você disse 'minha linda menininha'."

"Eu?" Ele pareceu surpreso.

"Sim, a não ser que..." Oh Jesus. Diz que não, diz que não! Havia sido uma alucinação! Ah... Pensei que já estava livre dessas coisas infernais! Era bom a certo modo, mas não na frente dele.

Eu havia alucinado, com as coisas que eu queria que ele me dissesse. Mas eu não sabia do por que eu queria que ele me dissesse aquelas coisas, caramba!

Mas algo estava errado ali.

Edward iria falar alguma coisa, algo como 'eu te amo'.

Pe. Edward.

Assim que ficamos sozinhos, eu e Bella ficamos extremamente constrangidos. Até que finalmente eu tomei coragem de me dirigir á ela.

"É, huh, Bella?" Ela se virou para mim, e ao longe vi uma mulher se aproximando, peguei-a pelos braços e levei até uma sala fechada para podermos conversar melhor. Conversar. Repito. Conversar.

Eu não sabia com que cara olhar para ela, ainda depois do que aconteceu. Eu me sentia meio sujo pela minha posição, por ter infligido meu voto de castidade, pelo pecado, mas também feliz por que os lábios de Bella nos meus foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Mas eu sabia que era errado.

Mas nesse momento eu tinha que deixar a vergonha e todo o resto de lado, mas Bella se antecipou.

"Edward... Eu sei que você vai dizer que foi errado, que não deveríamos ter feito nada, mas você sim me provou que é homem! E eu quero esse homem para mim!" Ela quase gritou com os olhos até a retina cheios de desejo e... Amor.

"Eu também te quero Bella... Eu te quero mais que tudo nessa vida." Eu disse me aproximando dela e a pegando nos braços, sentindo toda a vulnerabilidade dela, toda a necessidade que ela tinha que um homem a protegesse. Que um homem a protegesse. E eu seria esse homem. Ela não precisava de um padre, ela precisava de um homem. E eu estava disposto a ser o dela.

"Mas isso é errado, tanto para mim e tanto para você. E se formos para o inferno, meu amor?"

"Deus vai entender a intensidade disso, minha pequena." Eu disse a acalmando e acariciando seus cabelos levemente, sentindo toda aquela textura e cheiro que me inebriavam por inteiro e me dominava até os dedinhos dos pés.

"Mas os fotógrafos, as pessoas, a igreja..." Ela argumentou de novo aumentando a intensidade de nosso abraço.

"Nós precisamos resolver algo, porque, cara Bella, eu te..." De repente eu abri meus olhos e eu vejo Bella na minha frente me olhando assustada. Ok, Bella não estava junto ao meu peito um milésimo de segundo atrás? Logo a ficha começou a cair. "Puts, me diz que você acabou de falar alguma coisa..."

"Não, foi você que falou..." Ela disse confusa.

"O que eu falei?" Eu perguntei.

"Você disse..." Ela fechou os olhos. Eu estava interessado no que ela iria dizer. "Você disse minha linda menininha."

"Eu?" Eu realmente não havia dito aquilo. Céus, eu estava pronto para dizer que eu a amava.

"Sim, a não ser que..." Ela começou franzindo o cenho. A não ser que seja uma alucinação. Deus, mais uma alucinação? Ainda na frente dela?

"A não ser o quê, Bella?" Eu a pressionei.

"Nada." Ela levantou os olhos. "Nada." Ela repetiu mais firme. Eu passei a mão pelos cabelos levemente frustrado pelo rumo das coisas. A alucinação fora exatamente o que eu queria que acontecesse, e que eu tinha certeza de que eu nunca teria coragem de fazer na vida real.

Talvez fosse para isso que elas servissem afinal, para eu poder ter pelo menos o gostinho de ter algo que na vida real eu não teria. Talvez eu tivesse que viver isso o resto de minha vida. Á base de alucinações, de preferência nenhuma na frente dela, como agora.

Eu não fazia mínima idéia do que aconteceu entre nós dois, ou quanto tempo eu estava em outro mundo enquanto Bella estava ali na minha frente, mas logo eu decidi mudar de assunto, para o que eu verdadeiramente tinha puxado ela para ali.

Agora eu estava tão abalado, que eu chegara até a esquecer. Com o tempo eu fui me recordando e eu suspirei, me afastando de Bella. Percebi que ela fizera o mesmo.

"Bella... Antes de tudo eu queria pedir desculpas." Eu murmurei não a encarando nos olhos, se bem que eu sabia que não os encontraria se erguesse minha cabeça. "Foi totalmente egoísta, e precipitado... Eu não deveria ter feito aquilo... Orgulho idiota." Abanei a cabeça, exasperado.

Pelo canto do olho vi Bella limpar algo dos olhos dela, e pensei que fosse uma lágrima. Mas por que ela chorava? Talvez pela minha idiotice e cafajestice. É, eu era um condenado mesmo.

Bella

Quando Edward falou que tudo fora pelo seu orgulho masculino idiota ferido, eu não consegui evitar a lágrima que desceu redondamente dos meus olhos como uma praga.

Então realmente eu estava certa. Ele realmente havia feito aquilo pelo maldito orgulho e não por sentir alguma coisa.

Mas também o que eu queria esperar de um padre? Amor, carinho, coisas que nenhum deles pode fornecer?

E também, porque eu estava magoada com isso, senhor?

"Não tem nada, Edward... Eu estou feliz que seu orgulho tenha se restaurado." Falei em um fio de voz. Vi Edward abrir a boca para argumentar alguma coisa, mas logo hesitante a fechou. Desculpas? Não obrigada.

Pe. Edward.

Eu queria dizer que não tinha nenhum orgulho idiota no meio. E sim uma desculpa para tê-la e senti-la sem ser por alucinações. Mas isso só pioraria as coisas, e elas já estavam o suficiente ruim sem isso.

Bella

"Bella... Temos que falar sobre as fotos. Todos aqueles flashes, no supermercado, no carro, no prédio..."

"A gente nem ligou..." Eu disse completando. Eu nem ligava porque eu estava ocupada demais observando seus olhos brilharem. Ocupada demais tentando ele com a revista PLAYBOY. Ocupada demais ferindo o orgulho idiota masculino dele.

"E se isso der problemas? Não pode acontecer... Quer dizer, não teve nada entre a gente, mas eles podem falar cada coisa. As pessoas gostam de ouvir isso, as pessoas gostam de criar suposições..."

"Por que não aconteceu nada..." Acrescentei sentindo uma dor no peito que eu não conseguia explicar. Inferno! Havia muitas coisas ultimamente que eu não conseguia explicar.

"Sim..." Ele disse abaixando a voz. Ele parecia estar sofrendo e terrivelmente preocupado com alguma coisa. Ele também queria me dizer algo, mas simplesmente nenhuma palavra saia de sua boca. "Isso pode ser ruim para mim. Por eu ser padre. Ser famoso também não ajuda."

"Eu posso dar um jeito." Levantei minha voz, ele me olhou com os olhos esperançosos.

"Pode?"

"Eu trabalho no melhor jornal da cidade de NYC. Eu tenho amigos que tem contatos em revistas de fofocas e mesmo outros jornais, eu posso dar um jeito de ver se alguma matéria sobre isso está sendo feita. E posso impedir." Se bem que eu duvidava que algo assim saísse em revistas. Eu tinha leves suposições á cerca disso.

"Você acha que consegue?"

Assenti com a cabeça. Por você, completei em minha mente.

Na verdade eu pouco me importava em ser a pessoa que o padre poderia estar saindo... Mas para Edward seria bem ruim, e eu não queria a imagem dele denegrisse, e ele deixasse de ser o que ele sempre sonhou, quis e sempre vai querer ser. Padre.

"Isso é bom, eu..." teve algumas batidas na porta, e eu me virei com o susto.

Emmet enfiou a cabeça ali dentro olhando para nós, esperando ver alguma coisa extremamente ilícita.

"O que vocês estão fazendo aqui?" Ele resmungou. Sky veio logo atrás abanando o seu rabinho. E veio para perto de onde estava eu e Edward. Eu me agachei para pegá-la e vi que Edward havia feito o mesmo. Nós esbarramos no chão, e a costumeira corrente elétrica se passou pelo meu corpo. Nossos olhos se encontraram por um minuto, e se não fosse pelo pigarro de Emmet, teríamos ficado naquela posição horas a fio.

"Hello!"

Eu me levantei rapidamente, e Sky ainda estava no chão.

"Por favor..." Eu disse apontando a pintora de rodapé para que ele pudesse pegá-la.

"Não, ela é sua filha..." eu retruquei.

"Não... Pode pegar, você é o pai..." Eu logo calei a boca quando eu vi o que falei. Sky olhava de mim para Edward conforme um de nós falava, e Emmet estava com os olhos arregalados. "Quer dizer... Você me deu ela, você tem dire..."

"Ei, parem de discutir sobre a paternidade do pequeno céu." Emmet disse se aproximando, dando um longo olhar para Edward e pegando Sky no colo. "Ela é minha agora, então." Ele se dirigiu a porta, e se virou para nós como se fosse óbvio que ele não nos deixaria sozinhos.

Edward revirou os olhos.

"Emmet, você sabia que praga de padre pega não sabe?"

Ele encolheu os ombros. "Você não faria isso comigo..."

"Quer apostar?" Ele arqueou a sobrancelha. Quando Emmet viu que ele realmente falava sério, ele saiu correndo dali chamando por Rose.

Revirei os olhos. Patético. Quer dizer, não mais patético do que a ceninha que agora eu e Edward fazíamos de quem sairia pela porta, primeiro.

"Primeiro você..." Disse.

"Não, primeiro as damas..."

"Primeiro os padres..."

Reviramos os olhos e fomos juntos de encontro à porta. Tocamos-nos de novo, e logo retrocedemos.

Bufei e saí rapidamente, mas fui impedida pelo braço de Edward que me segurou me fazendo voltar para ele. A não... Só me falta ser mais uma alucinação.

"Obrigada..." Ele murmurou e eu estremeci levemente, sentindo seu toque em mim e sua respiração tão perto.

Eu queria beijá-lo de novo, eu queria, mas...

"Não é nada. Só estou fazendo o que qualquer um faria." E assim eu saí deixando-o sozinho em seus pensamentos estritamente sacerdotais.

As horas se passaram no orfanato. As crianças adoraram Renne, parecia que elas viam uma segunda Bella ali, e eu não sabia o porquê, sinceramente.

Ela já estava toda descabelada e vermelha de tanto correr para todos os lados.

"Sou capaz de colocar um biquíni no meio desse inverno todo, agora!" Ela exclamou se espatifando na cadeira ao meu lado, que eu ficara a noite inteira rebocada.

Eu estava em um estado tão deprimente, que eu nem fazia minhas piadinhas sem graça usuais, ou mesmo fiquei empolgada em começar alguma discussão com Emmet sobre o que era melhor: Google ou Microsoft.

Simplesmente ele falara alguma coisa de mudar de partido, que a Microsoft e o Yahoo, haviam se juntado e que agora todos iriam se unir contra as forças do mal, que era o vício da sociedade moderna pesquisadora, e etc...

Simplesmente fiquei aliviada quando ele fez uma imitação ridícula de um cowboy saído dos piores filmes do Texas, com um lanço imaginário na mão, gritando "YAHOOOO!"

Aquele jeito era tão atípico mim, que eu até estranhava. Mas ao tentar fazer uma piadinha ou conclusão idiota sequer, simplesmente nada saía. Parecia que algo estava preso em minha garganta, de mãos dadas com a dor que eu sentia no meu peito, cuja origem e explicação não eram conhecidas por minha mente.

"Por que você está assim à noite toda, querida? As crianças disseram que depois de Emmet você é a mais animada daqui." Minha mãe disse sem aquele olhar, simplesmente preocupada comigo.

"Não é nada, mãe." Forcei um sorriso, nesse momento pela visão periférica vi Edward se encharcando de doces junto com uma menininha. Ele parecia tão feliz, tão em casa, que eu tive que sorrir ante á visão. Em matéria de doces, Edward parecia realmente uma criança, e tão menos... Padre.

Eu tinha certeza de que se eu tivesse nos meus dias normais, eu teria acrescentado nos meus pensamentos algo como: "Eu daria doces todo o tempo para ele então."

Doces, logo me lembraram o brigadeiro na cara, e os motivos por trás daquilo. E eu estremeci.

Edward se virou, e seus olhos encontraram os meus. O sorriso que estava ali se apagou, e logo eu desviei o olhar, me chutando mentalmente por ser a causadora de qualquer coisa que tirasse um milímetro do sorriso maravilho charmoso, e elegante dele.

Mas ao virar o olhar, eu encontrei minha mãe, com aquele olhar de novo.

"Tia Renne, vem brincar com a gente." Uma menininha cutucou minha mãe pela calça, no exato momento em que ela iria me falar alguma coisa. Eu iria encher essa menina de doces depois! Aleluia!

Renne sorriu para ela e se levantou não sem antes me dar um olhar do tipo 'temos que conversar depois. '

É. Minha vida já estava um trash mesmo... Só faltava uma bronca de mãe para selar alguma coisa.

O tempo se passou e minhas raízes foram crescendo e fincando naquela cadeira. A diretora do orfanato Ana, veio conversar comigo, dizendo que depois que eu entrei como voluntária e propus o novo grupo de animação das crianças, as coisas melhoraram significantemente.

Eu nem conseguia ficar feliz com aquilo, embora eu devesse.

Oh treva! O que estava acontecendo comigo afinal?

Chegou uma hora em que todos foram reunidos para que Edward rezasse uma missa. As crianças do orfanato eram instruídas á se tornarem católicas praticantes. E Edward era fundamental ali.

"Vamos Bella, você não vai para a missa?" Rose me chamou.

"Não, vou ficar aqui..." Treva, mil vezes trevas! Por que eu não queria ir á missa, sendo que essa era a única coisa que eu estava fazendo de útil no último mês?

Resposta que surgiu em minha mente: Eu não queria ver Edward.

Não precisamente ele. Eu não queria vê-lo como padre.

Eu me repugnei só de pensar nisso, eu não conseguia ver os motivos por trás daquilo.

Pensa, pensa, Bella. Deve haver um motivo um mísero apenas que explicaria todo esse meu estado ridículo e o motivo para não ir á missa.

Mas por que isso agora? Eu estava há mais de um mês fazendo isso, por que não agora?

Por que logo depois de um beijo rodante na cozinha da minha casa?

Inferno! Por que Deus não me dera o dom da inteligência logo de uma vez?

"Bella!" Rose exclamou. "Você está tão estranha agora. Mas não querer ir á missa é um ato de extrema idiotice."

"Rose, você não ficaria surpresa com isso a cerca de um mês."

"Não mesmo. Mas agora é mais estranho ainda." Ela rolou os olhos e se sentou ao meu lado. "Vai, me conta. O que aconteceu?"

"Nada..." Ela pareceu ponderar por alguns minutos.

"O padre Edward te fez alguma coisa?" Eu arregalei meus olhos em sua direção.

"Claro que não. Aliás," falei com sarcasmo. "O que um padre poderia fazer de errado comigo?"

Ela encolheu os ombros. "Vocês são tão unidos. É uma amizade verdadeiramente bonita. E você não querer ir a uma missadele..." Ela franziu o cenho. "É realmente estranho."

"Eu só estou em um mau momento. TPM" Ela revirou os olhos se levantando.

"Bella, até parece que você não sabe que eu sou Rose. Eu conheço até a época do mês que você menstrua. Eu sou sua melhor amiga, esqueceu?" Ela me olhou com preocupação durante um tempo, antes que ela falasse alguma coisa minha mãe apareceu por trás dela.

"O que Bella está fazendo aí? Edward já entrou."

"Ela não quer ir." Rose explicou.

"Finalmente um ato que me lembre minha filha!" Ela exclamou aliviada.

Rose se virou para mim e sussurrou. "Conte comigo, tá? Não esquece que você tem uma amiga, ok?"

Eu assenti, esboçando um sorriso. Ela sorriu levemente e saiu com minha mãe, que me deu aquele olhar outra vez antes de entrar.

Passaram-se meia hora e eu segui o som da voz de Edward, que eu estava ouvindo de onde eu estava. Encostei-me na porta, e vi várias crianças sentadas no chão assistindo a missa.

Retardei meu olhar, mas finalmente eu olhei para ele.

Ele estava lindo vestido em uma batina com as estolas vermelhas, exatamente do jeito em que eu tinha o visto pela primeira vez.

Estava na hora da homilia. Bufei em minha cabeça, ao me lembrar das intermináveis horas em que eu ficara me 'atualizando' no mundo dele.

No seu mundo.

Era isso o que eu estava fazendo há mais de um mês. Eu havia estudado, lutado para entrar no mundo dele. O mundo da igreja. Onde eu sempre abominara, onde eu sempre fizera de tudo para humilhar e falar mal, sem qualquer resultado aparente.

E agora olha onde eu me encontrava.

Olhando para trás e sentindo algo esquisito. Como se talvez não tivesse sido bom todo aquele esforço. Entrar em um mundo que era tão novo para mim, e tão oposto do que eu vivia, do que eu acreditava.

Edward falava com as crianças carinhosamente, como se elas fossem seus filhos.

Algo que ele só teria psicologicamente, sacerdotal mente. Porque padres não podiam se casar, dirá terem filhos.

E isso me deu um novo peso no peito. Eu me sentia claustrofóbica ali, algo que eu nunca sentira dentro de uma igreja antes. Quer dizer pelo menos ultimamente.

Edward me olhou e vi o sorriso que ele tinha projetado no rosto se apagar um pouco, mas logo ele se recuperou.

Eu fechei meus olhos rapidamente, e quando eu os abri pronta para girar nos calcanhares e for embora, eu vi minha mãe me olhando novamente.

Eu saí dali, antes que eu me sentisse pior.

INFERNO! O que estava acontecendo comigo afinal? Crise existencial? Depressão? Maluquice?

Fui até o jardim que infelizmente me trazia os mesmos sentimentos. Mas mesmo assim, eu me obriguei a ficar ali.

A noite estava fria, mas eu me sentia quente naquele jardim. Ao longe vi o pequeno pomar, e a macieira.

Estiquei-me até lá, e colhi uma maça, sentando logo embaixo da árvore, e colocando ela entre minhas mãos examinando ela em mínimos detalhes.

Logo me lembrei de uma conversa com Edward.

"Você sabe o que aconteceu quando eles morderam a maça?"

"Eles, huh... Foram expulsos do paraíso."

"Isso mesmo." Ele disse abaixando os olhos. "Você gostaria de ser expulsa do paraíso Bella? Quero dizer, se você fosse Eva, você morderia a maça mesmo sabendo das graves conseqüências para isso?"

"Eu... Eu não sei..." Eu disse com a testa franzida. "Quer dizer... Se o que me fizesse morder a maça fosse maior do que permanecer no paraíso, assim eu o faria."

"E o que seria maior?"

"O amor... Eu acho." Eu o olhei atentamente a ruga que se formava em sua testa. "E você?"

Ele riu, mas não como você ri de algo engraçado... Mas sobre alguma desgraça.

"Eu me controlaria o máximo a não comer a maça. Aliás, você nunca pode saber o que vai te esperar quando você morder. Até a mais Bella."

De repente eu tinha uma vontade enorme de morder a maça, mas eu me limitei a girá-la entre minhas mãos e pensar com clareza em algum motivo que me fizesse entender o que estava acontecendo comigo todo esse tempo.

Se alguém me desse uma luz... Uma explicação... Qualquer coisa serviria. Qualquer teoria, qualquer coisa que me dissesse sobre aquilo nesse momento, eu acreditaria.

Ouvi passos se aproximando de onde eu estava, mas eu sabia que não era Edward. Eu conhecia até os passos dele, até o cheiro dele. Patético.

Que grande amizade essa a nossa! Amém.

Não levantei meus olhos para saber que era minha mãe que estava ali. Ela se sentou ao meu lado, e levemente pegou a maça de minhas mãos, me fazendo soltar um muxoxo.

Eu queria ficar com a maça. Eu queria mordê-la. Eu queria sentir o seu gosto.

Mas eu também não sabia do por que dessa necessidade. E qualquer explicação sobre isso eu aceitaria agora também.

Minha mãe analisou a maça por alguns minutos e suspirou.

"Esse é o Edward, não é?" Eu rapidamente levantei meus olhos para ver do que ela estava falando, e para encarar aquele olhar dela. Mas tudo o que vi foi... Certeza. Certeza de alguma coisa.

"Isso é uma maça." Devolvi seca.

Ela abanou a cabeça deixando a maça de lado. Deixando Edward de lado.

Eu fechei meus olhos e bati minha cabeça contra o casco da árvore.

Minha mãe suspirou mais uma vez, e uma mão voou para meus cabelos fazendo um leve carinho que me fez sentir o gostinho materno que tanto me faltava. Eu precisava de uma explicação... Eu aceitaria qualquer coisa.

"Você está apaixonada pelo padre Edward, minha filha."

25 comentários:

Leticia disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Rio muitoo Ali kkkkkkk\z so vcs mesmo emm

Leticia disse...

A que isso Hermi nada de rivalidade aqui somos todas amigas e tbm não ligo muito pra essa coisa de futbool não kkkkkk;D

Luiza McCarty disse...

Eu vou acabar com alguns dos acesos ao Fics de Forks...
Mais capítulos aqui: http://www.twilightbrasil.net/fanfics/viewstory.php?sid=4938 <- Já está no 42! Acho que é o fim!

GabiClara disse...

Mãe tem sempre razão...

Alice Luttz disse...

Esta la em cima ne?
Obrigada. Mesmo sendo minha arqui-inimiga voce e legal e gosto de voce.

Hermione disse...

Letí, Tô chocada... só faltava essa... vc uma Palmeirense!!!!! Ah..... Inacreditável! Estou rodeada de arqui-inimigos nesse Blog!!!! Asuahasuahasuahasuah

Hermione disse...

Respondi pra vc mas fiz em lugar errado... dá uma olhadinha para achar, ok!

PS:
Esse capítulo foi mesmo complicado, prefiro quando é narrado em terceira pessoa, como na "Infiltrada", essa troca de ponto de vista toda hora acaba deixando a gente meio confuso, ainda mais misturado com aquele monte de alucinações!

Hermione disse...

Fica perdida não... vou te ajudar... a história que nós estamos lendo é um flashback, a Bella está narrando o que aconteceu com ela dois anos antes do dia do seu casamento. No PRÓLOGO a Bella está se casando com alguém que a gente imagina que seja o Jake, claro porque moreno, bonito e inteligente, segundo a descrição, só pode ser ele! Mas ele recebeu um Up Grade nessa história é um ricaço. E o Edward é quem está celebrando o casamento! No PRIMEIRO CAPÍTULO a primeira frase é... "Dois anos antes"... então conclui-se que tudo isso é uma sessão "remember" enquanto ela casa com Jake e olha para Edward seu verdadeiro amor! Sacou? Espero ter ajudado!

Hermione disse...

Gabi.... VC NÃO VIU NADA AINDA!!!!!!! AGUARDE O QUE TE ESPERA NAS PRÓXIMAS LINHAS!

GabiClara disse...

Nem acabei de ler e já tenho que falar alguma coisa

Bella e Edard se comportam com um casalzinho de namorados apaixonado pelarua! Isso é muito estranho!

Alice Luttz disse...

Hermi quando descubrir ME FAÇA O FAVOR DE EXPLICAR.
Estou mais perdida do que cego em tiroteiro. Ja não entendia e agora.
Ele não tem pegado então por que vai casar com o sem?
E este capitulo foi enorme e ainda gripada pareceu que não ia acabar mais. Quase 3 horas pra ler um capitulo. To ficando ruim mesmo.

Alice Luttz disse...

Isso explica tudo
Ela nos odeia.
CORINTHIANOS unidos ja mais sera vencido (Mais se ela for mesmo Palmeirense eu fico quetinha.)
KKKKKKKKKKKK'

Alice Luttz disse...

E futebol e carnaval garota.

Leticia disse...

UAHSUHSAUHSAUHSAUHSAUHSAUHx Bom se for é tas minhas \o_
Ja ia perguntar de vc tava sentindo sua falta estranhei não ver nenhum comentario seu quando comentei!

Hermione disse...

É do jeito que a Natália fala mal do Corinthians e se preocupa tanto com a gripe suína... deve ser Palmeirense, a danada!

Hermione disse...

Bom em primeiro lugar adorei a Oferta no Supermercado hoje... " 3 por 1"... Leia um capítulo que vale por três... podia ter esse tipo de promoção sempre, não acham? Em segundo lugar .... ALGUÉM PODE ME EXPLICAR, ME DAR UMA RAZÃO PLAUSÍVEL DE COMO QUE DEPOIS DESSA ATRACADA NA COZINHA, ESSA MULHER VAI PARAR NO ALTAR COM OUTRO? E PIOR COMO QUE O CARA QUE DEU ESSA PEGADA TODA VAI CELEBRAR O CASAMENTO? AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH !Estou com "MRT" Momento Revolta Total.....

Hermione disse...

Tudo bem que meu time de 2º caiu para 5º.... mas o seu continua em 8º... então é o seguinte... invistam no carnaval que tá chegando, porque no futebol... é Tricolor ô ô ô ô!

Leticia disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, É Alice parece que a Natalia não é corinthiana kkkkkkk\z
Mais bom sobre o capitulo Sem palavras tipo foi... O Ataque que a Renen deve foi o melhor eu ri muito: "Eu me lembro do dia que você colocou o adesivo de NO JESUS na porta da igreja. Eu me lembro de quando você preferiu tomar injeção no hospital, para ir à missa de sétimo dia de seu avô. E também quando você mostrou o dedo do meio para o padre quando ele passava na rua!"
Nossaaa a Bella não gostava mesmo de Igrejas Patres ou qualquer coisa que tenha relação a isso. kkkkkk
A Natalia pedido Por Favorzinhoo para de fazer isso com agente quando achamos que vai é um alucinação ou então alguem atrabalha como é em A Infiltrada o queé isso? Como diria a fã louca dos restar isso é um puta falta de sacanagem kkkkkkk.
Mais Parabens vc é mesmo de mais e acho que é esse sei geito de fazer a gente ficar cada vez mai curiosas que prende agente fazendo com que fiquemos loucas querendo mais capitulos. Vc é mesmo muitoo boa parabens ( Ufaa eu escrevi em kkk)

Noeme disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkk adorei o comentario de vocês duas!!! Concordo com vcs!!!!
Eu tava tão feliz quandoO o Padre Edward disse q amava e q ia largar tudo por ela!!! + foi alucinação!!!
E pq falar mal do Corinthians???Natalia suas fiks são perfeitas!!!

Alice Luttz disse...

Voce e Corinthiana?
Por que se for. Hermi estamos a mais . 3 gatinha contra 1. Umazinha.

Alice Luttz disse...

Nossa demorou mais terminei!!!!!
Deixa eu ver o que eu tenho pra falar.
Primeiro: Qual e o problema da Natalia? Ela vive falando mal dos CORINTHIANOS. Podemos ganhar libertadores sim. Oras.
Segundo: Voce tem que estorqui essas pessoas. Vive fazendo propraganda de tudo. Desde um supermecado a um pote de nutela.
Terceiros: Essas alucinaçoes esta me deixando louca. Quando penso que vai. Não foi alucinação.
Quarto: Voce programou dos Edward's & Bella's se beijarem juntos? Foi muita conhecidencia. Um dia o Gege e a Infiltrada e no outro o Padre e a Proxima Mula Sem Cabeça.
Quinto: Meu voce e demais. Mais minha filha essa historia de fobia corinthiana esta me deixando louca. Não tenho palavras pro capitulo. Mesmo escrevendo este texto.

PS: Saudades Corinthiana. Oi Hermi vamos alcançar seu time tá.

Bebetty_rp disse...

TA LEGAL,QUEM TEM O ENDEREÇO DA NATALIA? POR Q VC TEM Q SER TÃO MALVADA EM?! EU AQUI,PULANDO DE ALEGRIA,E AI DESCUBRO Q ERA UMA ALUCINAÇÃO! A QUAL É?! VC É MUITO MÁ! BOM,AGORA Q ESTOU UM POUQUIIIIIIIIIIIIIIIINHO MAS CALMA:FIQUEI ESBABACADA COM ESSE CAP.NÃO SEI NEM COMO DESCREVER. É,HUM..... FOI É...BOM?.......HUM,LEGAL?....A,SEI LA! EU GOSTEI! PRONTO!

Hermione_Granger disse...

Concordo. Quando eu penso que vai... é só uma alucinação.
AFF'S

Amy Lee disse...

Olha só ! Foi a mãe da Bella que teve que falar pra ela que ela tava apaixonada.

Se não ela nunca ia perceber -.-'  

amei o capítulo *-*

Liviapinaso disse...

é isso mesmo eu tb estou entre meus inimigos

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