De Repente... Religiosa - Capítulo 13: De Repente... O Show

Um mês depois. Dezembro de 2007

"Entra na minha casa... Entra na minha vida... Bate o sino pequenino, sino de Belém... Já nasceram teus meninos... New York... New York... Quando Deus te desenhou... Então é Natal... Ano novo também..."

"BELLA!"

"Hein?" Quase cai da cadeira onde eu estava dormindo? Ops...

"Bella, em que mundo você está hoje?" Rose perguntou com as mãos na cintura me olhando inquisitoriamente.

"Credo Rose..." Limpei a baba que escorria da minha boca. "Eu só não dormi bem, só isso..."

"Você não está dormindo bem há muito tempo, sabe..." Ela bufou se sentando em sua mesa que ficava de frente a minha e digitando furiosamente no teclado de seu computador.

Eu estava pronta para pegar meu interfone e pedir para algum infeliz trazer meu cafezinho, quando eu me lembro que empregados como eu, tem que ir lá buscar.

Que perfeito!

Eu esfreguei meus olhos com o torso da mão, e bocejei levemente. Observei a pilha de papéis que se estendiam em minha frente na mesa da redação, e quase tive um treco.

Nesse um mês o trabalho acumulara, e parecia que todos se envolviam com bolos de neve, papais noéis, Rockfeller Center, globos de neve, e claro, neve...

NYC estava passando por um frio realmente horrível, e eu quase estava montando uma barraca no trabalho para não ficar soterrado no caminho até o emprego todo santo dia frio, ás oito da matina.

Rose imprimia alguma coisa na sua mesa, e logo virou a folha para eu ver.

"ACORDA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM VOCÊ?"

Rolei meus olhos e peguei a primeira caneta que eu encontrei.

"NEVE!" Escrevi no primeiro papel que eu encontrei. Rose abriu a boca enormemente, e eu fiquei analisando se eu conseguiria acertar minha borracha lá dentro, e se eu ganharia um prêmio por isso.

'O QUE FOI?"Questionei no papel. Rose fez alguns gestos que eu definitivamente não entendi, quando...

"BELLA!" Estremeci. Era a chefa.

"Oi Lauren, querida chefa..." Respondi com um sorriso amarelo.

"Querida chefa é sua avó." Ela resmungou ficando na frente da minha mesa como uma perfeita generala. UHUL! Voltou á segunda guerra! Por favor, me coloca nos campos de concentração. Eu quero sair dessa vida! "O que significa isso?" Ela apontou para alguma coisa que estava em minhas mãos.

"Papéis?" Ergui a sobrancelha fazendo aquela cara típica 'Hein?'

Ai... OPS! "OH!" Foi tudo o que eu consegui dizer.

"Bella..." Lauren falou entre dentes e fechando os olhos para poder se controlar. "Você pode me explicar isso?"

"Desculpa chefa, eu..." Olhei para o artigo do editorial, o original que deveria estar sendo mandado naquele exato momento para ser impresso. E que eu ficara um dia inteiro fazendo. E que agora estava rabiscado da direita á esquerda com as palavras "NEVE!" e "O QUE FOI?"

Abri uma gaveta na mesa em que eu colocava algumas coisas pessoais. Comecei a fuxicar. Vamos ver... Canetas sem tinta... Papéis rasgados... Pedaços de ossos humanos... Rolo de papel higiênico... Uma fóssil pré histórico... Um CD do Elvis Presley... Álcool em Gel – lavar as mãos, sempre!- Gardenal, e remédio antiinflamatório.

"Ahá! Achei!" Disse pegando o antiinflamatório.

"O que você vai fazer com isso?" Lauren e Rose perguntaram ao mesmo tempo. Elas logo se estranharem e começarem a grunhir uma para a outra. Motivo? Certo jogador de hóquei...

Revirei meus olhos como se fosse à coisa mais normal do mundo.

"Vamos desinfetar esse artigo... Logo essas palavras vão sumir e..."

"EPA!" Lauren disse segurando meu pulso. "Você é louca ou o quê?"

"Ela é assim mesmo..." Rose disse de seu lugar.

"Talvez Álcool em gel?" Perguntei confusa. "Mas é claro." Disse pegando meu frasco que já estava menos que a metade devido a minha insistência em lavar as mãos a cada 5 minutos. Gripe Suína? Aqui? NEVER! "Se tira até o H1N1, claro que vai tirar marcas de caneta..."

Lauren deu um grito horrível, daqueles de gente sendo torturadas na guerra do Vietnã. Eu fiquei com medo... Sério.

"Sua louca!" Ela gritou. "Me dê esse artigo..." Ela roubou de minhas mãos. "E trate de tomar seu remédio..." E ela saiu dali marchando soltando fumaça pelos ouvidos e resmungando palavras como: 'Loucas, maluca, biruta... ' e lá vão apelidos carinhosos.

Eu a encarei confusa, e depois vi Rose sorrindo e pulando vindo até minha mesa.

"Bella! Você conseguiu irritá-la!" Ela deu palminhas.

"E isso é bom?"

"Claro... Vendo pelo ponto de que você não foi despedida... Quer dizer, ainda..." Ela fez cara de confusa. "Mas você foi incrível! Mesmo!"

"Rose, você entendeu alguma coisa?"

Ela hesitou. "Quer dizer que isso não foi uma encenação?" Ela franziu o cenho.

"Encenação? Claro que não! Álcool em gel realmente nos livra dos problemas do mundo atual e..." Ela bufou, jogou as mãos para o céu pedindo por paciência, e se sentou na sua mesa, resmungando alguma coisa de eu precisar de uma consulta pro psiquiatra URGENTE

UÉ... Não entendi.

O tempo se passou lentamente. Como em todo o último mês havia se passado. E isso era bom, porque afinal de contas eu tinha a sensação que dava para adiantar cada vez mais o meu trabalho.

Acabou que junto com a noite eu finalmente consegui colocar em ordem a minha mesa sempre turbinada.

Eu acho que isso se deve ao fato de Lauren estar com medo de futuras proximidades á minha mesa, para colocar mais trabalho. Eu realmente não entendi o que ela tinha contra o Álcool em Gel e o antiinflamatório. Bando de gente doida.

"Bellão!"

"Ugh!" Resmunguei procurando em algum lugar o CD do Elvis Presley. Eu estava tentando tirar da cabeça certas músicas religiosas.

Emmet veio me abraçando e me tirando da cadeira, arrancando olhares tortos das pessoas ao redor.

"Emmet, eu não. Consigo. Respirar!" Exclamei, quando finalmente ele me permitiu colocar um pouco de oxigênio no meu pulmão. "Você sempre assim... Não muda." Resmunguei enquanto fingia tirar uma poeira inexistente da minha manga.

"Credo Bella..." Emmet fez uma carinha de cachorro sem dono, que eu já estava realmente batizada. Ah qual é, quando você vive com uma cachorra que você sabe que tem alma de Pit Bull, e ela vem com uma carinha de sem dono para ganhar comida na hora do almoço, você já fica acostumada e totalmente vacinada. "Só porque eu trouxe um café para você, e você não pediu... Mais tudo bem..." Ele fez um gesto dramático. "Eu aceito..."

"Ei Espera!" O puxei pelo braço farejando como um lobo viciado em cafeína. "Cadê o café?"

Emmet abriu um enorme sorriso e levantou o café nas mãos.

"Ok. Ok. Eu te perdôo agora me dê o café." Quase arranquei o copo das mãos dele. Eu estava realmente viciada em cafeína no último mês. O máximo de tempo que eu conseguia ficar acordando era totalmente benéfico para mim. Porque só trabalhando é que eu conseguia parar de pensar em um ser humano por aí, e nem dormindo eu me livrava dos sonhos e das malditas alucinações!

Emmet riu e trocou um olhar de comprometimento para Rose. Rolei meus olhos. Os dois ainda não se acertaram, quer dizer, eu sabia perfeitamente que eles FICAVAM! Mas eles não assumiam para todo mundo, e eu também não sabia onde ficava Lauren em toda essa história.

Credo! Parecia coisa Robsten.

"Chegou um envelope para você, Bella." Emmet disse colocando um papel pardo em minha mesa. Eu estremeci.

"Está dando uma de carteiro agora, Em?"

Ele encolheu os ombros. "Eu gosto de fazer exercícios subindo até esse andar..." Ele disse. Sei muito bem o que ele gostava de fazer NESSE andar.

"Aham. Apertar o botão do elevador é realmente um exercício muito difícil..."

Rose me fuzilou da mesa dela, e eu reprimi um riso me virando e encarando aquele envelope.

Emmet e Rose ficaram trocando confidências, enquanto eu franzia a testa.

Eu já tinha até me esquecido do outro envelope igual aquele que estava em algum lugar da minha casa.

Talvez as coisas houvessem passado rápido de mais nesse mês. Bufei, vamos recapitular.

Depois do dia catastrófico que foi o dia da confissão de duas vias, e o suposto encontro com Jake, eu ficara em um estado depressivo-batalhador.

É aquele estado em que a pessoas se enfia com a cabeça, pernas, narinas e mamilos no trabalho, dormindo o mínimo de tempo possível e ouvindo Heavy Metal para tirar os pensamentos da cabeça e só ter xingamentos de como as pessoas gritavam naquelas músicas.

O trabalho adiantou bastante, e eu nunca mais vi Edward.

Eu parei de ir às missas porque eu simplesmente não queria ver mais a cara dele. Depois de eu descobrir que meu suposto amor não era por Deus e sim pelo padre, eu quis me afastar.

O orfanato também estava às moscas com relação á mim. Isso me doía demais, porque eu amava aquelas crianças, apesar de quase afogar uma, e todo o tempo nos finais de semana que eu passava por lá. Mas isso significava encontrar Edward, e para isso eu não estava pronta.

Tinha também a ameaça de Mike. Eu estava tão 'seja o que Deus quiser' que nem fiquei me preocupando com os 100 mil que eu supostamente teria que pagar.

O prazo teoricamente já havia passado da validade faz duas semanas, mas nenhuma notícia dele.

Eu também havia contado para Rose sobre isso, e ela me disse que talvez fosse porque ele estava ocupado demais arquitetando um plano maligno contra Emmet, devido á surra, que o levou e a prisão e Mike ao hospital, nos dois dias em que eu ficara presa no meu apartamento.

Eu não sabia o que pensar sobre isso, e também estava pouco me lixando.

Sky ainda continuava com sua alma de pitbull como sempre. Foi uma maior depressão eu ter que ligar para Alice levar Sky para minha casa, já que ela tinha ficado na casa paroquial porque eu estava no hospital. Ela quis saber o porquê disso, aliás, em um tempo atrás eu não recusaria uma fugidinha para dormitórios dos padres, então falei qualquer coisa sobre diarréia crônica.

Acho que ela acreditou.

Minha mãe Renne, fora embora dois dias depois do dia fatídico. Ela percebeu meu estado, principalmente quando eu tentei fazer o seu jantar e desabei em lágrimas quando ela disse que queria lasanha, e eu comecei a soluçar que nem uma vaca louca que eu não podia. Ela achou que tudo era pelo fato que eu havia aceitado que Edward nunca estaria embaixo dos meus lençóis ou assumisse o verdadeiro título de pai de Sky, e tudo ficou bem para ela, e ela foi embora feliz da vida achando que tudo estava nos seus eixos.

Rose, Emmet e Alice notaram meu jeito para lá de diferente. E ficaram extremamente chocados ao ver que eu não ia para a missa há um mês. Olha como é a vida... Se fosse há dois meses, eles estranhariam se eu fizesse JUSTAMENTE o contrário.

Eu ainda não conseguira contar nada para Rose sobre Edward. Porque se tudo estava acabado mesmo, não precisava ficar alertando ninguém sobre isso não é mesmo? Era algo entre mim e ele, e pronto acabou.

Também outra novidade era que Sky não tinha mais pai. Ela pareceu notar que agora ela estava órfã de pai, e eu tive longas conversas com ela de superação e bom senso, e que um dia ela teria um papai novamente.

HAHA. O que eu sabia de Edward?

Eu sabia que as missas dele estavam cada vez mais curtas, e que ele não cantava tanto quanto ele costumava em suas missas. Ele voltou a apresentar algum programa de televisão sobre vida religiosa na TV, que eu fiquei BEM longe. Eu não sabia o que faria se visse ele na TV: Algo como abraçar a TV, e começar a beijar assustadoramente sua tela. UGH!

Alice vinha me visitar de vez em quando, e sempre me perguntava por que eu não ia mais as missas, orfanato e á casa paroquial. Eu sempre dava a desculpa da diarréia, mas eu não sabia se estava colando muito bem.

E Jake? Ah... Ele ficara meu amigo fiel. Amigo, ok? Nunca mais fui até o bar, e nosso reencontro foi uma perfeita coincidência. Acabou que eu tive que levar Sky ao veterinário, e aceitei a indicação de um vizinho sobre uma clínica famosa na cidade. Eu antes me certifiquei que não vendia nada do tipo 'ração inteligente para cachorro' e depois fui até lá. Encontrando Jake como veterinário.

A clínica era o ramo dele em meio a tantos negócios de família, e fomos conversando e ficando amigos. Sky não gostava dele e sempre tinha que ser sedada para eventuais banhos e consultas. Ok... Eu a entendia.

Eu conheci mais da vida dele e ele da minha. Mas claro, eu cortava os últimos dois meses.

O lance do quarto do hotel foi totalmente esquecido por ambas as partes, ou melhor, ninguém falava em voz alta sobre aquilo. Mas eu sabia que Jake compreendia que eu estava bêbada e tinha um motivo para eu estar tomando aquele porre, que ele ignorou.

Então era isso que estava acontecendo e agora encarando aquele envelope eu me perguntava se era a renovação da chantagem se é que isso existia.

O outro envelope eu nem abrira, e estava tomando chá com fungos e bactérias em algum lugar de alguma gaveta perdida.

Eu decidi que aquele suposto envelope eu abriria... Pelo menos para colocar um pouco mais de ação em minha vida, mas eu fui interrompida por Emmet totalmente animado com alguma coisa.

"BELLA!"

"AI!" Dei um salto na cadeira com a mão no coração. "Que susto, Em!"

Ele riu apoiando a cabeça nas mãos, e os cotovelos na mesa. Rose vinha atrás exatamente sorridente, mas pelo fato de ter uma perfeita visão da bunda de Emmet.

"O que tem no pardo?"

"Pardo?" Franzi o cenho.

"O envelope, Bella." Ele fez um pedala na minha testa. "Nunca te vi tão lerda quanto ultimamente, Bells..."

"Deve ser a neve..." Resmunguei. Eu realmente não gostava de neve. Principalmente neve, SEM ninguém.

"Sabe as crianças do orfanato sentem sua falta... Pergunta de você para Edward o tempo todo..." Rose disse abraçando Emmet por trás e encostando sua cabeça nos ombros dele. E depois diziam que não tinham nada?

Eu arqueei a sobrancelha.

"E por que perguntariam para Edward?"

"Oras, vocês sempre juntos e pá... É claro que elas associam vocês dois..."

"Talvez eu passe lá pelo Natal..." Dei de ombros.

"Ok. Ok." Rose disse. "Mas vamos parar de falar nisso... Bella daqui uma hora estaremos livres e você vai até meu apartamento e a gente se arruma para o show!"

"Show?"

"Bella!" Emmet gritou. "Você por acaso se esqueceu que o hoje é o dia do show beneficente de Edward para ajudar as pessoas do orfanato?"

"Ah... Claro que não..." Na verdade eu estava alheia as coisas, mas eu nunca verdadeiramente esquecia aquele show. Eu não sabia se eu iria ou não, mas pelo olhar de Rose ela me arrastaria de qualquer jeito.

"Eu sei que você está extremamente esquisita todo esse tempo, mas você NÃO pode faltar nesse show! Simplesmente vai estar toda a cidade!"

"Hmm..." Resmunguei. "Tenho que evitar aglomerações. Todo esse negócio de gripe suína..."

"Bella." Ela se livrou de Emmet e me olhou ameaçadoramente. "Você vai nem que seja arrastada. Daqui uma hora no meu apartamento, e pronto." Ela sorriu depois, me deixando ali totalmente sem reação.

É, eu acho que teria que encarar Edward novamente.

Pe. Edward

"Edward o que a produtora falou?" Alice minha irmã baixinha perguntou, enquanto vistoriava mais uma vez seu guarda roupa á procura de uma roupa decente, e outras para colocar em sua mala.

Encolhi os ombros. "Falou que o programa foi muito bem recebido de novo. E se eu poderia gravar duas vezes por semana, para passar duas vezes."

"Oh!" Ela bateu palmas animadas, e desistiu de tentar achar uma roupa, se sentando em cima das pernas na cama, onde eu estava deitado, folgadamente. "Isso é ótimo!"

"É talvez..." resmunguei.

Alice estreitou os olhos. "Como assim 'é talvez'? Edward essa oportunidade é incrível! Você pode abordar todos os assuntos sobre religião que você sempre sonhou em fazer!"

Eu ponderei aquilo em minha mente.

"É... Mas já é difícil preparar um por semana, imagina dois..." Desconversei.

"Eu posso te ajudar!" Ela quase ficou dando pulinhos histéricos na cama.

"Alice..." Revirei meus olhos. "Esqueceu que você já vai entrar no convento? Vai me ajudar de lá?"

Logo ela se sentou de novo, e abaixou os olhos. "É, é verdade." Ela encarou a mala que estava já arrumando com algumas semanas de antecedência. "Mas você poderia bolar alguma coisa sobre isso, Ed. Você não pode deixar essa oportunidade passar!" Ela pediu por uma última vez.

"Eu vou ver, ok?" Falei carinhosamente enquanto me sentava de frente para ela. Observei seu rosto, e suas expressões, e suspirei. "Minha irmã, você tem certeza de que você quer mesmo seguir esse caminho?"

Ela arregalou os olhos como se aquilo fosse um verdadeiro ultraje.

"Ser freira? Claro que sim!" Exclamou. "Você sabe que eu vou ser."

"Você tem certeza que VOCÊ quer?" Pressionei.

"Edward, isso não é uma decisão da mamãe, é uma decisão minha e por conta própria. E você também foi por conta própria."

"Sim..." Desviei meus olhos dos dela. "Mas essa vida é para sempre, não tem volta... E pode ser que um dia você se arrependa."

"Você se arrependeu?" Ela virou o jogo. Levantei-me dali quase correndo e inventei qualquer desculpa como que 'eu pressentia que o telefone iria tocar'.

"Sabe..." Falei por cima do ombro. "Pensa nisso, ok? Você e Jasper se são muito bem com todo aquele lance do São Patrick... E isso é bom, porque você ainda não tem nenhum voto e obrigação..." Avisei. Alice bufou e eu saí dali antes que ela me acertasse com uma chuva de almofadas rosa.

Suspirei enquanto saia do quarto da minha irmã e me dirigia ao meu. Eu sentiria uma tremenda falta de Alice quando ela fosse morar no convento iniciando o seu noviciado.

Por mais que eu tentasse, eu não conseguia vê-la como freira vestindo hábitos, sem nenhum colar ou acessório Pink. Eu pressentia que esse caminho não era o caminho dela realmente.

Mas eu deixaria para conversar com ela depois.

Entrando no meu quarto, olhei para o relógio na cabeceira, e vi que eram três da tarde. Passei as mãos pelos cabelos, e arrastei meus pés até minha cama desabando ali com os braços esticados e fechando os olhos.

Eu estava tão cansado ultimamente que minha vontade era de sumir para a Terra dos Pés juntos. E ainda tinha esse show hoje a poucos dias do Natal para ajudar as crianças do orfanato.

Eu fechei meus olhos, e quis descansar só por cinco minutinhos...

"Onde você esteve todo esse tempo, Edward?" A voz dela. "Eu estava te procurando, meu amor."

"EDWARD!" Abri meus olhos e vi uma baixinha de cabelos espetados espreitando pela porta. "Você sabia que as cinco você tem que ir até o palco?"

"Claro que sei..." Resmunguei com a voz cansada. "Só estou fechando os olhos..."

"Fechando os olhos por uma hora e meia?" Ela resmungou. Eu, assustado, me virei e vi que realmente o ponteiro se aproximava das meias.

"OH!" Me levantei de um salto sentindo uma leve dor nas têmporas pelo meu ato.

Alice revirou os olhos da porta e entrou chamando minha atenção.

"Como você acha que eu fiquei Edward?" Eu levantei meus olhos e vi uma cena bizarra.

Eu logo caí na gargalhada enquanto Alice estreitava os olhos em minha direção.

"Alice, você pretende ficar no convento com essas roupas?" Apontei enquanto eu já controlava a vontade de rir. Meu maxilar doía por causa do esforço, e eu me surpreendi porque em tanto tempo aquela havia sido a primeira risada de verdade de minha parte.

"Claro. Essas são roupas de convento... Para as noviças."

"Certo... Mas não arrematado de colares, pulseiras, a saia acima do joelho, à blusa decotada, e de regata." As garotas que entravam em um convento eram as postulantes. Ficavam cerca de um ano naquele titulo e se perseverassem mudavam de outro, e outro, até chegar aos votos perpétuos. As postulantes tinham como uniforme uma saia preta lisa até o meio das canelas, que terminavam com uma meia calça da cor da pele, sapatos pretos fechados e uma blusa com algumas rendas totalmente branca, de manga comprida e até o pescoço.

Além do cabelo que era cortado minimamente.

O que Alice havia feito naquela roupa mostrava visivelmente que ela não se daria bem em um convento, mas como eu tinha um show para fazer dali algumas horas, eu realmente queria preservar minha vida, guardando essa informação para mim. Por enquanto.

Alice foi embora bufando enquanto eu dava uma de super herói. Tomei um banho rápido, e vesti uma calça jeans tradicional, uma blusa qualquer, já que eu teria que me afundar em casacos, devido á neve. Peguei uma espécie de gorro cinza e coloquei nos meus cabelos. Eu fiquei meio esquisito, mas pelo menos meus cabelos não ficariam cheios de neve, e eu não teria que ser submetido á secadores.

É claro que não seria essa a roupa para o show. Eu me vestiria no camarim onde eu tinha que ir com 5 horas de antecedência.

Ontem de noite, eu havia feito o teste com a banda que tocaria comigo, e pelo menos eu consegui emitir alguma voz decente em meio ao frio congelante.

Eu estava pronto para ir, quando eu esqueci que eu tinha um crucifixo de ouro e prata que eu havia ganhado de minha mãe logo quando entrei no seminário. Ele tinha um grande valor sentimental para mim, e eu preferia guardá-lo intacto á usá-lo. Coisa de bobo.

Tirei o meu com o grande crucifixo de madeira que eu havia ganhado do Bispo diocesano. Logo depois quando Tanya saiu de minha vida. Abanei minha cabeça tentando tirar aqueles pensamentos da cabeça.

Abri a primeira gaveta do guarda roupa onde eu colocava as coisas mais 'valiosas' para mim. Eu estava procurando pela caixinha em veludo onde estava o crucifixo, mas um envelope preto chamou minha atenção.

Logo fora com uma caligrafia em prata, estava escrito:

"De Bella Swan e Sky, para Edward Cullen."

Uma sensação estranha se apoderou de mim naquele momento. Uma dor no coração que eu sempre sentia quando pensava nela com tanta intensidade. Porque querendo ou não sempre uma parte de mim pensava nela.

Fechei meus olhos em um estalo e logo minhas mãos automaticamente se dirigiam aquele envelope que eu havia recebido há mais de um mês.

Abri cuidadosamente e puxei o papel que estava lá dentro. Era uma foto.

Sorri ante á visão feliz que ela transbordava. Era uma foto que fora tirada no Haloween atrasado no orfanato, onde eu, Bella, Emmet, Rose, Alice e Jasper e Sky, estavam sorrindo para a foto cada qual com suas fantasias.

Sorri nostalgicamente, e dobrei a foto deixando somente eu, Bella e Sky que estava no colo de Bella e entre nós dois.

Passei meus dedos gentilmente pela figura sorridente de Bella, e sorri. Era a primeira vez que eu a via em um mês. Mesmo que por uma mísera foto.

Logo meus pensamentos foram tomados pelas imagens daquele dia. Bella com aquele homem, Bella saindo do apartamento dele com as roupas amassadas e a dor que eu sentia por vê-la ali. A mulher que EU amava com outro homem.

Não havia dúvidas de que ela havia ESTADO com ele, de uma maneira que NUNCA esteve comigo. E me surpreende que fosse depois de tudo o que a gente falou um pro outro, de todo o momento especial que ocorreu embora o final tenha sido trágico.

Os dias se passaram e eu sentia raiva. Mas não por Bella. Era por mim, por não ser forte o suficiente para resistir às tentações, por ter me apaixonado por ela, e por ter entrado em toda essa situação.

Eu estava profundamente magoado com Bella, isso foi um fato, mas com o tempo e a distância eu comecei a relaxar, embora eu ainda sentisse saudades dela.

Ela não comparecia mais ás missas, e ao orfanato. Afastou-se de todos, ou pelo menos se afastou quando tinha probabilidades de eu estar por perto.

Depois de um longo mês de reflexão eu realmente percebi que ela tinha um ponto. Ela realmente tinha motivos para ficar chateada comigo, e isso eu entendi me colocando no lugar dela.

Mas isso tudo havia passado. Eu estava com um profundo vazio no meu peito, mas isso com o tempo passaria, ou pelo menos eu queria acreditar naquilo. Talvez essa fosse a única maneira das coisas voltarem ao normal, simplesmente.

Eu não sabia se Bella estava ou não namorando aquele homem, e também não fazia questão de saber. Depois de longas noites me torturando por causa disso, achei melhor deixar tudo por conta da imaginação e do bom senso.

Claro, que as alucinações estavam sempre presentes, assim como meu sentimento por ela. Mas isso tudo voltava ao plano original onde eu continuaria tendo as alucinações, quando eu não faria nada com ela.

E agora eu tinha um ponto a meu favor. Ela não estaria perto de mim para estragar meus planos sacerdotais.

"EDWARD!" Alice gritou de novo de algum lugar da casa. "Os produtores já estão ligando notando sua falta!"

"JÁ VOU!" Berrei de volta. Dei uma última olhada na foto e contemplei Sky e Bella.

"Sinto sua falta pequena... De você e de sua mãe." Murmurei como um perfeito idiota para a foto. Depois de finalmente conseguir respirar com naturalidade, eu ficar em recaída era algo que eu realmente não queria.

Eu era um condenado mesmo.

Depois de guardar a foto e colocar o crucifixo de minha mãe, eu fui até a sala onde eu encontrei uma Alice desenhando furiosamente em vários pedaços de papéis.

"Saiba que você vai limpar isso depois..." Provoquei pegando a chave do carro. Ela revirou os olhos.

"Eu tenho que bolar uma nova maneira... Eu não posso usar o mesmo estilo todos os dias!" Dessa vez quem revirou os olhos fui eu. Eu e Alice teríamos uma longa conversa posteriormente.

"Alice como que você vai para o show?"

"Rose e Emmet vão vir me buscar..." Ela falou alheia. "Acabei de falar com eles."

"Onde eles estão?" Perguntei, casualmente.

"No trabalho deles. Estão tentando convencer Bella á ir ao show, parece que ela esqueceu ou coisa do tipo." Ela deu de ombros, parecia que ela já tinha se acostumado ao jeito repentino de Bella.

Mas meu coração quase dera um salto. Bella? Ir? Ao Show? Ao meu show?

Oh Jesus. Aquilo não iria prestar.

Alice estava alheia demais para perceber minha luta interior, e ela falou novamente como se tivesse em outro mundo.

"Chegou também um envelope para você... Está ali perto da TV."

Eu notei um envelope pardo perto da TV, mas eu realmente não estava com vontade e nem tempo de averiguar nada.

Talvez fossem pedidos de show, ou cartas de fãs. Isso eu estava recebendo muito ultimamente.

"Ok. Depois eu vejo. Te vejo no show."

"Vai lá, pop Star da fé." Ela brincou.

Eu revirei meus olhos antes de sair pela porta, com mil pensamentos na cabeça, e mil e um no coração.

Bella

"SKY" Gritei assim que cheguei em casa, sendo escoltada por Rose.

A então cachorra com alma de Pitbull veio correndo com minha pantufa de gatinhos na boca. Quer dizer, o focinho do gatinho da minha pantufa na boca.

"Não acredito! Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não é para pegar as minhas coisas?" Esbravejei. "Sabe o que é isso...?" Apontei para um grande osso, daqueles que davam para 'mamute' morder. "Jake recomendou para você, mas você não quer sua safada! Quer minhas coisas!"

Sky continuou abanando o rabinho alegremente como se tudo aquilo fosse à coisa mais normal do mundo. Bem, pelo menos ela não estava em depressão porque agora não tinha mais pai, mas até que ela estava levando tudo numa boa.

Rose ria da repreensão da minha pseudo-filha.

"Bella, como que você pode falar para ela não mexer mais na sua pantufa, se tudo o que sobrou foi o focinho?" Ela continuou a rir, e eu rolei meus olhos.

Fui até Sky que saiu correndo pela casa com o bendito focinho ainda na boca. "Volta aqui, me devolva o focinho!"

Mas Sky parecia que tinha tomado Reb Bull e eu que tinha fumado trocentos cigarros, porque logo minha barriga começou a doer e eu desabei no sofá, exausta.

Rose desabou ao meu lado também, ainda rindo.

Fechei a cara enquanto com uma respiração SKY eu conseguia recobrar meu fôlego. De repente Rose me dá um tremendo susto, pulando do sofá e com uma cara iluminada. Sabe quando uma lâmpada da idéia acende em sua cabeça?

Nem me dei ao trabalho de perguntar o que foi, porque pelo que eu conhecia de Rose ela logo abriria a boca e falaria até demais.

Um... Dois... Três...

"BELLA!" Ela exclamou. Ahá, bingo! "Agora eu sei por que você se afastou tanto da missa e do padre Edward!"

Essa eu não esperava... Mas claro, há um mês eu tinha feito um planejamento de possíveis desculpas plausíveis. Decidi usar a número 1.

"Rose, eu estou trabalhando demais..."

"Bella, você JÁ me disse isso, e você SEMPRE trabalhou demais." É, é verdade. Quando se tem uma chefa que parece que é de metal, e é atraída para o imã que é sua mesa, você sempre tem muito trabalho.

Desculpa número dois.

"Eu odeio a neve, e só vou até o trabalho porque eu preciso me abastecer!" Rose franziu as sobrancelhas. "Tipo, aquela história de urso que no verão procura comida, e hiberna no inverno, sabe?" Ok. Nada a ver.

"Você TAMBÉM já me disse isso..."

Eu estava pronta para ir para a desculpa número três, que era a qual eu estava cansada demais, e queria morrer, quando Rose soltou a bomba.

"Você não está mais indo, porque você está se aproximando desse tal de Jake, o veterinário!" Hein? Ela continuou a falar entusiasmada como se ela tivesse descoberto o mundo. Sky fez um 'hein' também em algum lugar da casa, porém abafado pelo focinho de certo gato de pantufas. "Como ele não é de igreja... Você vai na dele, e está voltando aos poucos a ser a herege que você sempre foi." Ela conclui estufando o peito.

"Rose, eu..."

"É isso! Emmet vai ficar tão orgulhoso de mim!" Ela disse encarando as estrelas, da cabeça dela porque o céu não estava muito propício á isso.

Eu estava pronta para dizer 'de onde você tirou isso', quando eu notei que talvez aquela teoria fosse boa. Até melhor do que a minha terceira até a décima segunda desculpa. E que eu poderia usar aquilo a meu favor.

O que eu fui descobrir que fora um erro horas mais tarde.

"Mas Bella..." Ela parou de repente e se sentou em minha frente. "Você não deve deixar de ir á igreja ou ver as crianças do orfanato, porque ISSO faz parte de VOCÊ! Está certo que antes não fazia, mas agora sim!"

"Ok. Ok." Eu resmunguei qualquer coisa. "Talvez eu leve Jake junto."

Dei qualquer desculpa e me dirigi até o banheiro onde eu tomaria banho para o show beneficente de Edward.

Que mundo cruel... Quem um dia imaginaria que eu, Bella Swan, iria a um show de músicas católicas, de um padre lindo, perfeito, e que supostamente disse uma vez que me amava, e que eu amava também? Só que agora no caso nós dois não nos víamos há um mês, e esse seria o tipo nosso 'reencontro'?

UGH! Embora tivesse nevando lá fora, eu coloquei na água morna, ao invés de me escaldar na água quente. Eu iria chamar Jake para ir ao show, mas eu queria que aquele momento fosse somente meu. Porque ele com certeza perceberia as minhas reações, que provavelmente eu não conseguiria esconder.

E por mais que eu quisesse esconder, eu ainda o amava. A minha vontade era de falar mal de Deus e o mundo por isso.

Vida cruel!

Tomei o banho rápido e vesti qualquer roupa que vi pelo caminho, e logo Rose estava toda entusiasmada pulando que nem uma macaca louca com o celular nas mãos.

"Alice nos chamou para nos arrumar na casa paroquial!"

"Ah, hum... Casa paroquial?" Perguntei com um nó na garganta.

"É... Ela disse que quer aproveitar os últimos momentos de vaidade que ela poderá ter, e quer nos usar como bonecas! Edward já foi para o lugar do show, e estaremos sozinhas para um momento de meninas!"

Eu sabia que não teria escapatória mesmo. Sky começou a chorar desconsolada porque ela ficaria sozinha, e eu a coloquei em sua jaula vermelha. Ela não poderia ir ao show do próprio pai? Quer dizer, do ex pai? Aff... Deveria ser muito para a cabeçinha dela. Decidi poupá-la de todo aquele sofrimento.

Rose já havia decido para preparar o carro, e eu peguei a mesma bolsa que eu voltara do trabalho.

Peguei a chave da casa, e saí indo até Rose.

Passamos na casa de Esme e Carlisle, os pais de Edward e Alice. Santa ironia! E eu pedi, encarecidamente se Sky poderia ficar junto com a mãe e os irmãozinhos dela por aquela noite para não ter que ficar sozinha.

Esme me tratou amigável e AQUELE olhar dela não estava mais presente. Ela somente riu e concordou, dizendo que nos veríamos no show no camarote VIP!

HAHA, eu? Isabella Swan... No meio das "Very Important People?" É. O mundo realmente dá voltas. . Cambalhotas, saltos mortais, triplos, duplos. Ok, vocês entenderam.

Na casa paroquial Alice estava quicando em seu lugar e ela tinha montado um verdadeiro salão de beleza no quarto dela. Fiquei sabendo – já que eu estava 'meio' afastada – que ela iria ao convento uma semana depois das festas de fim de ano, e que ela queria aproveitar o máximo o tempo que ainda restava.

Eu sabia que ela não se daria bem, isso estava óbvio para todos, mas quem ousava falar aquilo para a baixinha dos cabelos espetados?

Eu me sentia meio tonta naquela casa que tinha características de Edward, coisas de Edward, o cheiro de Edward, e até o gosto de Edward a tudo quanto é canto.

Alice e Rose me arrumaram um vestido azul celeste com detalhes em branco, que era comportado na frente, com um decote não muito acentuado, mas que se eu quisesse, eu poderia abaixar.

Atrás era normal também. O vestido seria muito comportado, se não fosse justo e marcasse bem minhas curvas leitosas. Estamos indo para um show de igreja, ok?

Mas mesmo assim, lá teria grandes figuras de NYC, inclusive o prefeito, que eu duvidava muito que iria para outros motivos que não fosse a sua próxima eleição.

Edward era muito conhecido na cidade, e as pessoas iam mais para vê-lo do que ouvir suas músicas, apesar dele cantar como um deus.

Elas deixaram meu cabelo em um coque rebelde. Aquele que está mais solto do que preso, mas dá um ar de elegância. A maquiagem ficou básica, só acentuando os meus traços. E nos pés uma sapatilha prata.

É o resultado ficara satisfatório. Alice deu uma olhada no meu casaco, e torceu o nariz. Logo ela tirou do seu próprio armário um sobre tudo camurça de couro que era... Lindo. Ele tinha laços que fechavam na frente e se acentuavam muito bem ao corpo, além de esquentar.

Perguntei-me o que Alice faria com todas aquelas roupas lindíssimas que ela tinha. Talvez ela doasse para mim! É. Talvez eu falasse, como quem não quer nada, isso com ela mais tarde.

Já eram sete horas e o show era às nove da noite. Como nós éramos da área VIP e não precisávamos ficar na fila. -Momento esnobe, ok? – ficamos ali mais um pouco curtindo a casa.

Embora o assunto estivesse 'muito' interessante no quarto, algo que eu me interessava muitíssimo como a curva roliça da bunda de Emmet e como ele e Rose logo estariam assumindo aos quatro ventos do Central Park, eu saí de fininho com a desculpa de que eu queria algo para beber.

Como uma perfeita folgada, eu saí andando pela casa dos outros, até a cozinha e abrindo a geladeira, analisando e criticando o que eles tinham ou não tinha.

Se bem que AQUELA geladeira em questão não tinha nada de saudável, e sim muito doce, torta, patê, e lá se vão ingredientes para um bom pão de mel BEM recheado.

Eu tive que rir comigo mesma por lembrar-me do quanto Edward era praticamente maníaco por doces e derivados.

Finalmente eu consegui achar uma garrafa de água solitária nos fundos da geladeira, que eu peguei e enchi em um copo longo para mim.

Eu fiquei encarando o copo enquanto olhava tudo ao meu redor, e constatava como eu sentia falta de passar os finais de semana entre ali e o orfanato, junto com as crianças, e junto de TODOS os meus amigos.

Lavei o copo devidamente – Aulas de etiqueta com Bella Swan – e saí da cozinha antes que os prazeres do açúcar fossem me chamar.

Dei uma olhada na casa, já que Alice estava dando alguma bronca em Rose de como ela tinha que agir logo porque a vida era curta e blábláblá.

Eu estava na sala observando um porta-retrato de Edward e Alice junto com seus pais naquela mesma sala, quando eu noto um envelope pardo jogado ao lado da TV.

Meu coração gelou na hora, e minhas mãos automaticamente analisaram o papel e sua textura.

Não havia dúvidas. Era REALMENTE o MESMO envelope que eu recebera hoje na redação.

Soltei uns mil palavrões baixinhos enquanto tentava reunir tudo aquilo de uma forma plausível em minha mente. Havia questões fundamentais ali, como, porque Edward também recebera aquele envelope? O que continha aquele envelope? E por que a ameaça se dirigia á Edward? Será que alguém havia finalmente descoberto o que se passava entre mim e ele há um mês?

Isso seria a única explicação para enviarem o MESMO envelope com devidamente O MESMO conteúdo para nós dois.

Alice apareceu por mim indo á cozinha, e eu fiz uma cara qualquer de desentendida enquanto observava as fotos.

Quando ela voltou com um pacote de bolacha nas mãos, ela viu o envelope e o pegou.

"Edward nem teve tempo de abrir esse envelope, vou deixar no quarto dele."

E assim ela saiu levando-o consigo.

Lá se vão às chances que eu tinha de ver o que tinha ali. Por que eu não vira na hora do trabalho? Por que eu adiara aquilo depois do show?

UGH! Mente pequena... Mente pequena... Esbravejei comigo mesmo.

Foi ai que eu me lembrei que o envelope eu amarrotei na MINHA bolsa do trabalho, e que essa bolsa estava comigo AGORA!

Corri até o quarto de Alice e dei uma nova desculpa de pegar absorventes na bolsa. HAHA, eu estava ficando boa nessa arte desculpável.

Eu entrei no banheiro – que logo me deu certas lembranças – e saquei o envelope abrindo furiosamente logo em seguida.

Logo uma pilha de papéis se fez ver, e eu estremeci ante á sensação de que algo bom não sairia dali.

Vários envelopes pequenos e da mesma cor parda se estendia em meu colo. Logo sentei no chão e usei a privada como mesa.

HAHA, ótima posição. Mas olhe por esse lado, Edward usara aquela mesma privada e... EPA!

Escolhi pelo primeiro envelope, que continha uma carta.

Estava datilografado, e isso era bom, quer dizer, pelo menos o cara não seria TONTO o bastante em gastar a vida inteira arrancando letrinhas de revistas e colando ali como uma criança feliz do primário.

Pelo menos isso mostrava que eu estava tratando com gente inteligente!

Trazia o seguinte:

Querida Bella Swan,

Você me surpreendeu pagando os tão queridos cem mil para mim e ainda adiantados! Mas te ameaçar está me saindo algo extremamente prazeroso, e como sexo, é algo que eu quero repetir.

Você deve estar me xingando de idiota, e pegando o telefone da polícia nesse exato momento – o que você poderia muito bem ter feito antes, mas vejo que continua a mesma bobinha de sempre – mas fique sabendo que agora é realmente a melhor ameaça.

Os 100 mil foram bons, mas não o suficiente. E agora... Tenho uma ameaça dupla para você. Fique feliz que você vai ter com quem compartilhar suas aflições, e devo imaginar como você irá fazer isso.

Como estou no espírito natalino, vou dar um prazo que não chegue perto de suas festas. Se bem que acho... Que esse ano elas não vão ser tão prazerosas assim.

Encarecidamente, Mike Newton. Garanhões da Cidade.

Filho da mãe! E eu que dissera que tinha tratado com gente inteligente? Ele vem e faz uma carta tão cheia de floreios, e ainda por cima com SUA assinatura.

Se bem que, qualquer um poderia fazer a carta e colocar um "Mike Newton" ali. O que não poderia ser uma prova eventualmente. E também eu fora bem burra em não denunciá-lo simplesmente na primeira ameaça, mas agora eu iria fazer aquilo.

E também o que ele quis dizer com o pagamento adiantado dos 100 mil? Eu nem na Cochinchina poderia pagar alguma coisa adiantada, ainda mais os 100 mil!

Mas foi quando eu notei um post scriptum no final da carta.

P1s: olhe os outros envelopes e veja o porquê que polícia não será envolvida.

P2S: Eu realmente sou mais inteligente do que imagina.

P3S: Nunca imaginei que chegasse a tanto Bella, apesar de tudo você me surpreende.

Certo. Eu Bella Swan, 22 anos, drogada, poss... EPA! Esse é o texto da minha outra história. UHU me deixe limpar minha garganta.

Uhu!

Bem... Eu Bella Swan, 22 anos, apaixonada, ameaça, abobalhada, e sentada de frente para a privada, recebe mais uma ameaça.

Mas o que ele tinha para me ameaçar TANTO assim? Hei, não era crime nem nada de errado riscar com caneta os originais da matéria de seu jornal. Claro que não!

Mas... Ops... A consciência começou a reinar em algum mundo distante que pegava rádio FM no meu cérebro.

Se Edward tinha recebido também... Era por que ele era a outra pessoa que estava sendo ameaçada... E se ele estava sendo ameaçado... E eu também... Conseqüentemente... Só poderia se tratar de uma coisa...

ALGUÉM GRAVOU A CONVERSA NO CONFESSIONÁRIO!

Foi o primeiro pensamento que eu tive... Ah, meu coração... Pega! Pega!

"Bella, você está bem?" Alice perguntou dando leves batidinhas na porta.

"Estou!" Disse pegando o meu desfibrilador imaginário e reanimando meu coração.

"Sua voz parece, sei lá... De alguém morrendo..."

"É..." Um choque. "A cólica." Mais outro. "Mata horrores." Mais outro. "Mais que gripe suína."

Ficou-se um longo silêncio do outro lado, aqueles em que a gente houve os grilos cantarem.

"Ok... Eu vou pegar um remédio para você." E logo ouvi passos se afastando. Rapidamente meu coração voltou a funcionar, e eu me sentei de novo no chão já que eu havia deitado.

Deixa-me ver se eu voltei realmente... O que eu faria se tivesse uma caneta naquele banheiro?

Não, eu não iria enfiar naquele lugar, mas escrever algo como 'Bella esteve aqui'.

Sim, eu havia voltado ao normal.

Logo eu comecei a procurar os outros envelopes...

Minha mão parecia de alguém que sofria de Mal de Parkinson. Calma, Bella respira... Você acabou de ressuscitar, e você mesma fez isso.

Eu deveria ganhar o prêmio Nobel pelo meu feito!

Chega de momento descontração... Vamos ao que interessa.

Abri o envelope e agora mesmo que eu quase tive que me auto-ressuscitar de novo.

Agora eu realmente entendia porque eu não poderia ir até a polícia e denunciar Mike pelas ameaças. Agora eu entendia porque Mike realmente debochara de mim, e porque era uma ameaça dupla.

Ali se encontravam uma série de fotos. Fotos minha e de Edward no orfanato juntos, na Starbucks com ele me abraçando, no supermercado com ele no carrinho, no caixa, os olhares, entrando no volvo como um belo casal fazendo compras no mercado, a garagem escura, eu e Edward entrando no meu prédio, eu e ele dentro do volvo no meio da estrada... Tudo ali... Que na hora não fora nada demais, que ali mostrada nas fotos era realmente algo comprometedor, e qualquer um que visse iria pensar exatamente o que qualquer um pensaria. Que eu e Edward tínhamos um caso.

Mike sabia que a ameaça para mim não seria tanto, mas para EDWARD aquilo poderia estragar a vida dele! Pelo menos a vida sacerdotal dele.

De repente um brilho estranho se passou pelo meu corpo. Um sentimento totalmente maquiavélico se apossou de mim.

Aquilo era tudo o que eu precisava!

O que afastava eu e Edward? O sacerdócio! E aquelas fotos eram tudo o que eu precisava. Tudo o que eu precisava para finalmente ter Edward!

Talvez, realmente, Mike fizera um favor para mim, pela primeira vez na vida.

"Bella você já está à uma hora nesse banheiro! São oito horas e temos que ir!" Rose batucou na porta.

Uma hora? Tudo isso?

Oh Jesus, eu realmente estava absorta imaginando meus próximos passos dali por diante.

Dei qualquer desculpa para Rose como 'diarréia super crônica' e ela torceu o nariz para mim e a roupa. Graça aos deuses, a roupa não ficou manchada e nem amassada ao extremo, só um pequeno detalhezinho ali ou aqui, e eu já estava pronta de novo para ir ao show.

Enquanto Alice pegava a bolsa e Rose ia encontrar Emmet que estava nos esperando do lado de fora, eu me esgueirei até o quarto de Edward – e tentei com todas as minhas forças não me perder no meio dos lençóis da cama dele – e amarrotei o envelope que estava em cima de sua cômoda na minha bolsa.

Por que, aliás, o que os olhos não vêem o coração não sente.

No carro, Emmet fez suas piadinhas habituais, e logo fomos pegar Jasper na casa dele, que também era perto da igreja. Os olhos de Alice brilharam e logo ela e Jasper começaram a ter aquelas conversas estranhas sobre santos. Rolei meus olhos mentalmente, ao saber que Alice não estava pronta para nenhuma espécie de convento.

No trajeto, Rose ou Emmet falavam comigo de vez em quando, mas minha mente estava realmente na bomba que eu trazia no colo. Eu tinha plena noção de que ali eu trazia o futuro sacerdotal de Edward, e conseqüentemente, a solução para todos os nossos problemas.

Eu não podia deixar de ficar feliz com isso. Ali, estava tudo o que eu sempre quis!

Chegamos ao lugar onde seria o show, e vários fotógrafos estavam ali fotografando todos da área VIP. É nessas horas que a gente pergunta por que não fotografa as pessoas da fila, também? Mas deixei isso de lado, e estufei o peito sabendo que aquela seria a primeira e a última vez que eu estaria naquele patamar nos shows.

No caminho encontramos Esme e Carlisle conversando com nada mais nada menos do que o prefeito de NYC, todos elegantemente vestidos, e me elogiando pela mesma situação. Claro, que era pura educação ali, e eu logo cometi a gafe com o prefeito por perguntar onde estavam os banners e os folhetinhos que propagavam sua próxima eleição. Ele ficou roxo, azul, rosa Pink e eu logo saí dali antes que ele me exilasse da cidade.

Encontrei um guarda volumes no caminho, e logo tomei a decisão de entregar o envelope com as fotos comprometedoras para o moço que cuidava de lá. Pedi para ele que quando o show acabasse ele entregasse aquelas fotos ao prefeito de NYC. Ele assentiu...

Eu não sabia o que o prefeito faria com aquelas informações, mas eu também não sabia para quem mais entregar aquelas fotos.

No camarote VIP eu fiquei quietinha... Aliás, as pessoas ali eram bem importantes e eu não queria cometer mais gafes e ser prejudicada no meu futuro já nada promissor.

O nosso grupinho sentou em uma área reservada por Edward, era a melhor! HAHA! Nem o prefeito e nem Obama tinham aqueles lugares. Está certo que o presidente não estava ali, mas enfim...

O palco estava ricamente adornado, e algumas luzes brilhavam de um lado para o outro revelando alguns instrumentos à medida que passava.

Eu nunca tinha ido a um show religioso, e eu não tinha mínima idéia de como era os efeitos, e como as pessoas se comportavam.

Teve uma hora em que Alice falou ao telefone com Edward e detalhou quem estava ao lado dela. Qual o nome que surgiu no meio?

Bella!

Claro... Era nessas horas que eu queria ser invisível. Alice resmungou algumas coisas no telefone, e graças a Deus eu não poderia escutar a reação de Edward no outro lado.

Aliás, só para nós dois, o clima estava bem tenso no último mês. E ele tinha acabado de me ver saindo de um apartamento de um homem, fazendo supostamente AQUELA coisa. É. Acho que boas impressões ele não ficara de mim.

Logo as preliminares do show começaram, e o dito cujo também.

Eles fizeram um efeito legal de banda, em que primeiro entrava a percussão, depois os teclados seguiam a melodia, o baixo, a bateria, a guitarra, o contra baixo, o violão, e assim por diante.

Deu aquela idéia de expectativa cada vez que um instrumento era acrescentado, e eu achei interessante.

Rose falava no telefone com alguém, só que pelo barulho eu não conseguia definir quem era realmente. Depois do telefone, ela deu um largo sorriso para mim e apontou um telão ao lado do palco.

Eram dois, o primeiro com a movimentação do mesmo, e outro com as crianças do orfanato sorrindo na sala de TV de lá. Eu tive que sorrir involuntariamente com aquilo, logo quando uma menininha bonitinha acenou um tchauzinho para todos ali.

Logo Edward entrou no palco surgido de um lugar as escuras, e uma grande movimentação surgiu.

Ele estava lindo! L.I.N.D.O! Acho que se eu falasse que eu nunca vira mais lindo, eu estaria falando a mais pura verdade.

Ele vestia uma espécie de terno sem fechar os botões, e sem nenhuma gravata. Uma blusa branca de fundo, e uma calça social preta. O cabelo dele estava um pouco mais comportado que o habitual, mas ainda rebelde como sempre fora.

.

Eu literalmente perdi o ar, e só fui ver realmente que eu estava morrendo por insuficiência respiratória quando Rose deu leves batucadas nas minhas costas.

Me recompus, e olhei Edward pelo telão. As câmeras deram um close no rosto dele, e seus olhos pareciam que estavam virados na minha direção.

Parecia que aquele Edward gigante estava me encarando realmente. Eu olhei para baixo para vê-lo pela realidade e vi que seu olhar se perdeu no camarote VIP.

Eu não sabia se ele olhava realmente para mim, só sei que tudo durou um milésimo de segundo por que... HELLO! Aquilo era um show.

Logo houve um suspiro coletivo de toda a população feminina, e Edward com um sorriso torto saudou todos, falou para quem era o show, agradeceu e começou a cantar sua música "Tudo é do Pai".

HAHA! Minha vontade era de gritar para todo mundo que EU beijara o padre Edward Cullen. Que ele ME amava! Quer dizer, pelo menos isso há um mês.

Pode ser que depois daquela cena ridícula e catastrófica ele tenha mudado de sentimentos por mim. Talvez sentisse nojo, ódio ou mesmo rancor.

UGH! Logo tirei esses pensamentos da cabeça, me apoiei no umbral do camarote e fiquei vendo cada lindo movimento que Edward fazia, e sua voz que ecoava em meus ouvidos.

Como eu pudera ficar um mês inteiro sem vê-lo? Ele era ainda mais lindo do que minha humilde memória me lembrava... Ele era perfeito!

Logo a música que eu mais gostava ecoou nos meus ouvidos.

"Entra na minha casa... Entra na minha vida..."

Certo, eu não sei o que deu em mim, mas logo levantei da cadeira, sob o olhar de todos dali, levantei os braços e comecei a mexer de um lado para o outro e cantando aos plenos pulmões junto com a música.

Rose me cutucou 'disfarçadamente' querendo que eu sentasse. Ah qual é, qual é a vantagem de se estar em camarote VIP se você não pode nem se movimentar? Eu deveria estar no meio do povão mesmo!

Eu dei um olhar zangado para Rose e continuei cantando a MINHA música.

"Mexe com minha estrutura... Sara todas as feridas... Me ensina a ter santidade... Quero amar somente a ti... Por que o senhor é meu bem maior... Faz um milagre em mim!"

Logo, Emmet se levantou do lado de Rose e imitou meus gestos com um sorriso sacana no rosto. Ele começou a cantar também, abanando os braços mais furiosamente do que eu estava fazendo.

Eu hesitei um pouco diante aquela cena, mas logo sorri e continuei curtindo a música.

Alice sorriu e levantou Jasper pela mão e começaram a cantar também. Logo Rose que parecia que queria se enterrar em algum lugar foi puxada por Emmet, e todos nós nos abraçamos pelas cinturas, e começamos a cantar indo de um lado para o outro.

"Como Zaquel... Eu quero subir... O mais alto que eu puder... Só para te ver... Olhar para ti..."

O olhar de Edward recaiu na área VIP e ele sorriu largamente, com um gesto apontando a câmera para nós.

Logo o nosso grupo apareceu no telão cantando a música e abraçados. Eu logo fiz um sinal de paz e amor, enquanto Emmet flexionava os músculos.

Quando eu já estava pronta para dar uma reboladinha para o telão, ele muda de volta para Edward.

UGH! Estraga prazeres.

E o show foi se passando assim... As crianças do orfanato estavam assistindo atentas o show que fora feito para elas... O povão lá de baixo se abraçava e cantava cada música de Edward. – Se bem que todos tinham que evitar aglomerações por causa da gripe, ninguém pouco se importava com aquilo no momento – Edward tinha jogado o paletó em algum canto e ficara só com a camisa branca. Que oh! Sim, isso foi um suspiro coletivo da população feminina.

Pelo canto do olho vi a primeira dama se abanando com um leque, enquanto o prefeito lançava olhares mal humorados para qualquer um que cruzasse o seu caminho. Talvez ele realmente usasse as fotos como eu esperava que ele usasse.

No final, Edward falou para todos.

"Esse foi um dos melhores shows da minha vida." As pessoas começaram a ovacionar alegres. "E fico feliz que todas tenham vindo aqui por um bem maior..." Vi que ele estava emocionado, e quando o telão deu um close em seu rosto deu para ver os seus olhos marejados. Ele estava lindo! "Por que aquelas crianças..." Ele apontou para o telão com elas que acenavam furiosamente. "Merecem tudo isso e muito mais!"

E logo todos se levantaram e começaram a aplaudir inclusive eu.

Eu também estava emocionada e tentava controlar as lágrimas, afinal eu convivera um bom tempo com todas aquelas crianças, e assim como elas tinham um carinho intenso por mim, e eu o mesmo por elas.

Logo Edward apontou para a área VIP e falou.

"Ali estão meus amigos... De longas datas... Minha irmã... Meus pais... E quero agradecer cada um de vocês... Por que sem vocês eu nem seria quem eu sou hoje... Eu não estaria aqui nesse show... E nós não teríamos esse momento. Obrigado." Ele falou mais uma vez emocionado, e eu não consegui controlar as lágrimas.

Logo Edward animadamente propôs mais uma música de final que seria de novo a "Faz um milagre em mim", e todos da área VIP se levantaram menos eu.

Eu sentei na cadeira e peguei um copo com vinho e bebi tudo de uma vez. Eu não queria ficar bêbada, só me distrair um pouco.

"Bella..." Rose se inclinou para ficar na minha altura. "Edward estava falando de você também, viu? Não fique assim." Eu abanei minha cabeça, e ela saiu dali.

O motivo não era nada sobre quem ele tinha falado, mas sobre O QUE ele tinha falado.

"E quero agradecer cada um de vocês... Por que sem vocês eu nem seria quem eu sou hoje... Eu não estaria aqui nesse show... E nós não teríamos esse momento."

Essas foram às palavras dele. Eu quero agradecer... Quem agradece? Gosta.

Uma dorzinha na têmpora começou a me invadir conforme a última música do show se desenrolava. Meus pensamentos estavam muito nebulados, e eu encarei a multidão que se estendia no palco.

Todos alegres, felizes, com as mãos estendidas, no show de Edward. O show do Padre Edward.

"E quero agradecer cada um de vocês... Por que sem vocês eu nem seria quem eu sou hoje...

Foi ai que eu tomei a minha decisão...

Encarei a minha bolsa onde estavam os envelopes, só que faltando às fotos, e eu soube o que eu tinha que fazer.

A única que realmente notou minha fuga foi Rose, mas ela não pôde me impedir devido à rapidez com que eu corria.

Eu passei por seguranças uniformizados, e todos me olhavam mal encarados, mas eu ignorei indo em direção ao guarda volumes.

O moço para quem eu entregara as fotos não estava mais lá, e eu comecei a me desesperar.

Ao longe percebi que o show havia acabado, e nada do moço do guarda volumes.

E se ele já tivesse entregado ao prefeito?

Eu fiquei rodando em círculos, quase arrancando os meus cabelos, em um quase desespero. Burra, Burra... Agora Edward realmente vai se dar mal. E o pior é que EU vou acabar com a vida dele. Egoísta... Egoísta...

Minha vontade era me atacar na frente do primeiro carro que aparecesse, mas antes eu teria que achar aquele maldito envelope e deixá-lo em segurança comigo.

Pelos corredores vi as pessoas saindo do local do show, e logo onde eu estava começou a brotar gente. Conforme mais gente ia aparecendo, eu sentia que mais tempo eu estava perdendo. Eu sentia que estava cada vez mais próximo do fim da vida sacerdotal de Edward.

A partir do momento que eu me sentia uma náufraga no mar de gente, eu idealizei que aquele tipo de coisas só acontecia comigo.

Era incrível. Se você perguntava para qualquer pessoa: Hey, você já se apaixonou por um padre?

Lá vem a resposta: Não.

Hey, você já se auto-ressuscitou?

Não.

Hey, você tem uma chefa que despeja inúmeros papéis de trabalho em sua mesa?

Não.

Hey, você já teve um namorado chefe dos Garanhões da Cidade que te usou como inspiração para fundar o grupo?

Não.

Hey, você já confessou que ama o padre, para o próprio padre, e depois se agarrou com ele dentro do confessionário?

Hein?

É. Essas coisas só aconteciam comigo. Eu acho que a situação estava tão feia, que nem Lei de Murphy era, era Lei de Bella, que já falava por si só e tinha seus próprios micos e mantras.

Agora as conseqüências de o envelope chegar às mãos do prefeito, eram enormes. Claro. Eu as queria até então, mas eu estava possuída por algum espírito maquiavélico, porque eu realmente não queria causar algo que Edward queria tanto em um ato extremamente egoísta.

E quem disse que ele realmente iria ficar comigo, quando se visse afastado e menosprezado por todos? Quem disse que ele queria ficar com qualquer pessoa quando ele tivesse por baixo e sabendo que perdeu sei lá quantos anos da vida dele?

E quem disse que ele ainda me amava depois daquele dia, que já fora há um mês?

E quem disse que eu queria e me importava com ele ainda? Quem? Quem?

É. Eu mesma. Mas isso iria mudar.

Mudar de vida... Mudar de profissão... Mudar de amor... Como a gente mudava de pasta de dente.

Era isso!

Ao longe uma luz semelhante ao brilho de uma bomba atômica inundou meus olhos cor de chocolate.

O carinha do guarda-volumes.

A partir daí a manivela da Lei de Bella estava funcionando, e também alguma cena bizarra de um filme em câmera lenta.

Era gente para todo lado, e eu desesperada rumo ao Santo Graal, que era o infeliz do carinha do guarda volumes.

Era nessas horas que eu tinha que agradecer á Deus, por pelo menos me dar esse minuto de sorte pura. Talvez Deus gostasse um pouquinho de mim e...

"Hey! Onde está aquele envelope que eu te dei?" Eu gritei.

O cara estava distraído olhando a bunda de uma mulher que saia do camarote VIP, e claro, ele nem notou uma maluca perguntando de um envelope pardo.

"Hey! Eu perguntei..." Eu comecei de novo a pergunta. O cara virou para todos os lados meio que pressentindo que ele estava sendo chamado. Oh... Batam palmas. Ele estava percebendo...

Até que finalmente eu me posicionei na frente dele como uma perfeita coluna monumental, mas o carinha ainda continuava girando a cabeça como um falcão para todos os lugares procurando por alguma coisa que se referisse á ele.

Talvez se ele olhasse para frente, ele pudesse notar esse alguém.

"Ei!" Eu exclamei evitando tocar em alguma parte exposta de seu corpo. Com todo aquele lance de gripe suína, as pessoas ficavam frenéticas com apertos de mão e simples toques no ombro.

Mas o carinha se virou e arqueou uma sobrancelha, e acrescentou logo um sorriso hospitaleiro. Era aquele tipo de cara programada para agradar os clientes que vinham ali.

"Você se lembra de mim?" Eu perguntei. "Eu vim aqui antes do show e te entreguei um envelope!"

Ele me estudou por alguns minutos, olhou de cima á baixo, pelo menos o que o balcão permitia, e negou com a cabeça veemente.

"Mas era você! Eu tenho certeza..." Ele continuou negando com a cabeça.

"Desculpe..." Outra voz masculina infundiu no lugar. Deus do céu! Eu dei um salto mortal para trás, enquanto colocava a mão em meu coração. "Mas você estava ali!" Eu apontei.

"Não..." O homem recém chegado que era extremamente parecido com o outro disse com um sorriso. "Eu sou outro." Apontou para o cara idêntico á ele que estava ao seu lado. "Nós somos irmãos gêmeos. E ele é mudo."

"Ah..." deixei escapar.

"O que você queria?" Ele perguntou prestativo. Finalmente!

"Um envelope..." Eu nem terminei de falar quando ele apontou para uma porta lateral que eu sabia que era somente para funcionários.

"Já entreguei para a pessoa responsável por isso... Ela acabou de sair pelo corredor." Ele apontou de novo. Ual. Existiam pessoas que quanto mais você falava menos entendia, enquanto outras quase lia seus pensamentos.

"Ah obrigada." Eu disse já saindo e me dirigindo para a porta.

"Ei!" Ele gritou abanando a mão furiosamente. "Você não pode entrar aí!"

"É. Eu percebi!" Gritei por cima do ombro, enquanto usava o mar de gente como escudo e atravessava a porta correndo.

Ouvi alguns gritos atrás de mim, mas continue correndo. Eu não teria nenhuma cara depois, se eu dissesse que não resgatei o envelope por causa de uma porta estúpida somente para funcionários. Deus sabia quem entrava por ali.

O corredor era daquele tom cinza doente, e eu logo me senti em algum filme de terror em que a moçinha corre do cara da serra elétrica. Ao longe vi um cara com o mesmo uniforme dos carinhas do guarda volume, e nada mais nada menos do que algumas cartas na mão.

Sério. Várias pessoas entregavam cartas no meio do show?

"Ei!" Gritei, ele logo se virou para mim.

"Você é funcionário?" Sim. Oi, tudo bem. Como vai? Educação hoje realmente era algo raro.

"Claro que eu sou você não me reconhece? O que sua mãe diria disso?" Eu exclamei usando as melhores caras do meu curso de teatro há tanto esquecido e menosprezado.

Ele me analisou de cima á baixo, com certeza notando o meu vestido, e toda aquela produção, e arqueou uma sobrancelha descrente.

"Não vi que mudaram de uniforme." Revirei meus olhos sabendo que em algum lugar um 'tic-tac' ecoava.

"Olha, há alguns minutos eu mandei entregar uma carta no fim do show para o prefeito... Só que agora eu desisti, e quero a carta de volta."

"Como que é?" Ele perguntou analisando os papéis em suas mãos.

"É um envelope pardo." Disse ao sentir a esperança crescendo dentro de mim, por saber que aquele cara não seria mesquinho a ponto de não me dar o maldito envelope comprometedor.

Ele negou com a cabeça. "Hm... Era ao senhor prefeito?" Eu assenti. "Nós não fazemos esse tipo de entrega, pode ser alguma coisa nociva como tentativa de assassinato, ou ameaça."

"Então para quem entregaram?" Arregalei meus olhos.

"Geralmente voltam ao balcão de entregas e depois é analisado. Mas eu acho que esse envelope pardo em questão está com outro mensageiro, que foi entregar cartas dos fãs, ele pode ter confundido. Ele saiu pelo corredor que dá na área dos camarins..."

"Onde que é essa área dos camarins?"

"É por ali..." Ele apontou e eu já saíra correndo. "Ei você não pode ir por lá!"

"Eu sou funcionária!" Gritei por cima do ombro e fugindo mais uma vez de um carinha. Mas realmente tinha uma teoria de desastres somente para mim. No caminho eu tropecei no meu próprio sapato, e demorou meio século para me recompor.

Até que pela segunda vez na noite, a luz da bomba atômica atingiu meus olhos.

Outro carinha com o mesmo uniforme dos últimos três homens, carregando um envelope pardo!

Então o que o último homem falou era verdade. Ele estava entregando as cartas de fãs e acabou confundindo o meu envelope com eles. Realmente existia uma teoria de desastres por trás de tudo.

A questão que só fui realmente pensar mais tarde era:

Estávamos em um show de Edward. Se forem cartas de fãs, conseqüentemente eram para Edward! E o camarim que o cara estava entregando era o de Edward! Mas na hora eu não estava pensando muito bem, e as coisas transcorreram desse jeito:

As coisas começaram a caminhar em câmera lenta.

O carinha bateu na porta de um dos camarins, e eu dei um passo para frente gritando "NÃOOOO...", logo a porta se abriu e um cara de terno e óculos escuros abriu a porta, e eu corri mais um passo. O carinha entregou o envelope, e o homem pegou. Eu corri mais. O carinha foi dispensado, e o vento abriu mais a porta. E logo eu estava perto... Perto... Enquanto a porta se fechava lentamente... O carinha não notou minha presença... Até eu estar atravessando a porta arrancando um olhar surpreso do cara que parecia ser o segurança.

Ouvi vozes.

"Foi perfeito Edward. As pessoas amaram..."

E depois tudo o que eu lembro foi que eu me joguei como se tivesse fazendo um mergulho em uma piscina olímpica, em direção á alguém que estava de pé na minha área de mísseis.

Realmente, existia uma teoria de desastres feita especialmente para mim.

Eu me senti em algum filme na qüinquagésima vez naquela noite, ao mergulhar em cima de uma pessoa, e acabar que nós duas caímos no chão, comigo em cima dela. Minha cabeça bateu contra o peito da pessoa, e senti alguma coisa estralar.

Eu ouvi um gemido de dor da pessoa debaixo de mim e levantei meus olhos, perdendo a respiração ao encontrar um par de olhos verdes olhando para mim.

Ao mesmo tempo em que eu sentia várias emoções se misturando em minha mente, eu via as mesmas sensações se mostrando pelos seus olhos.

Ele estava com a testa franzida, e ele estava igualmente surpreso á mim.

Quando eu falo que existia uma lei de desastres próprios, realmente era verdade. Porque a pessoa que eu fui cair era justamente Edward, o padre, o pop star da fé, que eu não via há um mês.

HAHA. Que legal.

Mil sentimentos se passaram por mim ao sentir o olhar dele tão próximo ao meu, e de sentir o meu corpo tão unido ao dele naquele chão daquela maneira tão constrangedora.

Edward parecia querer dizer alguma coisa, mas antes que sua boca sequer abrisse senti braços fortes me agarrando pela cintura e me puxando para longe dali.

Claro que todo o momento no chão não durou mais do que o tempo necessário para os seguranças reagirem, mas parecia que o tempo havia parado quando eu encarara pela primeira vez em um mês, o dono dos meus olhos preferidos.

Os braços de aço me seguraram na linha logo abaixo dos seios, e eu vi que era o cara de terno preto e óculos escuros, mal encarados que eu vira anteriormente.

Vi alguém ajudando Edward a levantar, embora os olhos dele nunca se desviassem dos meus.

Ao longe vi várias vozes ecoando pelo ambiente.

"Onde já se viu a segurança não está mais funcionando?"

"Como deixaram uma fã louca entrar assim do nada?"

"E se tivesse acontecido alguma coisa com o padre Edward?"

"Eu já vou tirá-la daqui!" Essa voz eu reconheci como a do homem que me segurava fortemente.

Edward estava sem reação enquanto continuava me encarando com um misto de emoções em seu rosto que eu não conseguia identificar.

Pela minha visão periférica, eu notei outro segurança segurando o envelope pardo, e começando a abrir. Nunca ensinaram que não se pode abrir correspondências dos outros? Mas parecia que todos ali remexiam nas cartas que apareciam, talvez com a mesma teoria que poderia ser uma tentativa de assassinato com algum tipo de ácido ou coisa do tipo.

Tudo acontecia ainda de modo lento, e logo eu comecei a chocalhar meus pés no ar livre, já que eu estava sendo levantada, como uma criança pega fazendo algo errado.

Eu encarei Edward, e gritei.

"Edward! Pegue aquele envelope!"

Ele me encarou com a testa franzida. Eu adotei a melhor expressão de preocupação que eu tinha em meu rosto, como para alertá-lo que realmente eu não estava blefando.

Quando eu vi que ele não se movia, só encarou pelo canto do olho o segurança que olhava do envelope para mim com uma expressão confusa, eu percebi que talvez ele não se desse ao trabalho de me ouvir, porque talvez ele não confiasse mais em mim.

"EDWARD!" Eu berrei. Se abrissem aquele envelope era o fim de toda a vida que ele havia construído. De toda a fama que ele havia conseguido. E eu não deixaria aquilo acontecer. Eu gritei mais forte, enquanto era levada pela segurança, que lutava contra minhas pernas agitadas. "Não deixe ninguém abrir aquele envelope!" Eu o olhei com a toda a urgência que eu sentia. Vi pelo canto do olho o segurança abri-lo mesmo assim. Eu estava tão descontrolada que até senti algumas lágrimas escoando pelos meus olhos. Maldito canal lacrimal ligado ás emoções. "Pegue aquele envelope, Edward!" Gritei com urgência, antes de ser puxada da sala pelo segurança. "Edward!" Eu continuei gritando no meio do corredor, até ouvir sua voz aveludada.

"A deixa aqui!" Ele gritou para o segurança, que logo me soltou á contra gosto.

"Ela parece uma ameaça." Ele contra argumentou.

"Eu a conheço." Ele disse ainda sem me encarar, e me segurando pelos cotovelos e me guiando de volta para a sala. A costumeira corrente elétrica se alastrou pelo meu corpo, mas Edward ainda não olhava para mim. Sua expressão estava dura, e quando entramos na sala ele se dirigiu a todos que estavam ali.

"Vocês podem sair um minuto, por favor? Essa moça está com problemas no casamento, e eu tenho que ajudá-la."

Todos que estavam ali hesitaram, mas logo saíram de fininho, fechando a porta atrás de si, e me deixando sozinha ali com Edward.

Eu observei o ambiente bem largo, e percebi que era um camarim bem... Chique. Quando voltei meu olhar na direção de Edward vi que ele estava um pouco afastado, de costas e com as mãos espalmadas em uma mesa na altura de seu quadril.

O desespero logo tomou conta de mim, de novo.

"Edward, você tem que pegar aquele envelope!"

Ele ficou em silêncio, e em uma mão dele eu vi o envelope pardo. Ele havia acreditado em mim!

Isso era um bom sinal não era?

Eu já estava extremamente mais aliviada ao saber que agora não havia mais chances de alguém estragar com o futuro dele, mas o silêncio constrangedor que se infiltrou ali naquela sala começou a me deixar preocupada.

Edward estava com as mãos em punho sob á mesa, e de algum modo ele queria se controlar.

"Edward..." Eu sussurrei, querendo chamar sua atenção. Ele logo se encolheu ao ouvir seu nome sendo pronunciado pela minha boca, e logo ele perguntou, ainda de costas.

"O que foi tudo isso?"

"Desculpe..." Eu torci minhas mãos na altura do colo. "Eu tinha que impedir."

"Impedir o quê?" Ele se virou para mim e vi seus olhos mais escuros que o habitual. Eu nunca esperaria um 'reencontro' como esse, em que eu praticamente pulava em cima dele, lhe causava uma concussão, era quase esmagada por seguranças... E toda aquela coisa constrangedora, que eu não contaria aos meus netos.

Sinceramente, acho que eles ficariam com trauma se ouvissem algo parecido.

Eu engoli em seco. E quando voltei a encarar os olhos dele, vi algo que me doeu profundamente... Algo como ódio. De mim.

"Olhe o que tem dentro..." Pedi.

Ele me encarou por alguns segundos, depois abriu lentamente o envelope. Todo o barulho que tinha ali era do farfalhar de papel.

Quando ele retirou as fotos e começou a olhá-las vi uma expressão chocada se passar pelo seu rosto. Ele encarava tudo incrédulo, e enquanto isso eu o olhava suas feições, e seu corpo.

Ele não havia mudado nada. Ele estava o mesmo Edward de sempre... Lindo.

Acordei do meu transe quando vi as fotos escorrerem lentamente por suas mãos e caindo pelo chão. Logo se tinha quase um tapete de fotos minhas e de Edward espalhadas.

"C-como...?" Ele balbuciou chocado. Eu sabia que qualquer defesa que ele tivesse posto nele contra mim, agora já não estava mais lá.

"Eram aqueles flashes que a gente sempre ouvia." Disse em um só fôlego. "Eram pessoas que tiravam fotos para Mike... E agora ele está nos ameaçando..."

"Nós?"

"Sim. Eu e você." Confirmei.

"Mas... Por que tudo isso hoje... Essas fotos aqui?"

Eu engoli em seco. Teria eu coragem para falar? Acabou que eu decidi pela verdade.

"Na verdade eu recebi em casa um envelope, e você recebeu outro."

"Pardo?" ele falou consternado.

"Sim... Eu fui á sua casa, e encontrei-o o mesmo envelope que eu tinha recebido... E acabou que eu achei que... Eu poderia usar isso a seu favor..."

"A seu favor?" Ele me encarou, eu desviei o olhar e fechei os olhos tomando coragem.

"Eu achava que essas fotos fossem á público... Você não seria mais padre... E seria..." Eu engoli em seco. "Meu."

Ele fechou os olhos com força e suas mãos se fecharam em um punho.

Eu logo me apressei em dizer, porque se ele já me odiava, com aquilo ele com certeza me odiaria mais.

"Mas logo eu vi o quanto egoísta e mesquinha eu fui, e tentei reparar meu erro. E foi como tudo aconteceu; Edward, eu realmente não quero prejudicar você..."

"Sim. Muito idiota e mesquinha." Ele repetiu ainda de olhos fechados.

"Mas tudo agora está bem, não está? Quer dizer, ninguém viu as fotos..."

Ele somente bufou. "Esse Mike não se cansa... Pensei que ele se contentaria somente com a primeira ameaça, mas vi que foi um engano."

"Sim, eu... Ei! Como você sabe que a primeira ameaça já acabou?"

Ele abriu os olhos, e pareceu confuso. "Se tem segunda, é porque acabou a primeira." Ele balbuciou.

"Não!" Eu exclamei mexendo furiosamente nos meus cabelos. "Edward, você! Você..." Bufei alto. "Você pagou o dinheiro!" Disse como se fosse um crime terrível. E na verdade era! A ameaça era contra mim e não contra ele!

Ele rolou os olhos. "Eu não deixaria continuar com aquilo sob você, Bella..." Ele engoliu em seco. "Eu não permitiria."

"Mas você não tinha nada que ter..." Eu comecei a esbravejar, mas logo ele estava na minha frente e uma de suas mãos cobria minha boca me impedindo de falar. Somente alguns "Uh!" saiam da minha boca, na minha tentativa inútil de continuar meu discurso.

"Eu fiz. E está feito." Foi tudo o que ele falou. Eu somente o encarei sentindo o amor que irradiava do meu corpo para o dele, e toda a tensão que se formava entre nossos corpos. Edward pareceu perceber isso. "Você ficará quieta?"

Eu assenti, e logo ele retirou a mão da minha boca, e eu continuei calada.

Mas agora o clima e a tensão entre a gente estavam bem maiores, e eu sentia o magnetismo que estava nos atraindo em direção um ao outro.

Vi seus olhos verdes cintilarem naquela distância curta em que estávamos, e meu impulso para beijá-lo foram quase inevitáveis, mas eu consegui me recompor.

"Edward..." Eu balbuciei.

"Hum...?"

"Aquele dia..." Eu engoli em seco. "Não aconteceu nada... Entre eu... E Jake..."

Vi seus olhos se abriram em um instante ele recuar.

"Então o infeliz tem nome?" Ele perguntou com... Ciúmes? Ri internamente.

"Edward, não aconteceu nada naquele apartamento... Foi só um..."

"Sim, sua roupa amassada também não foi nada..." Ele retrucou virando as costas para mim.

"Edward! Tem tudo uma explicação, não passou de um mal entendido..."

"E o beijo? Foi um mal entendido?" Eu engoli em seco.

"Foi um erro de minha parte, eu sei... Mas eu queria mostrar para você que tinha gente que me queria." Eu quase gritei.

"E por acaso eu te disse o contrário, Bella?" Ele esbravejou. Eu fiquei em silêncio, pesando aquelas palavras.

Eu encarei o chão por alguns segundos então eu me aproximei calmamente de onde ele estava e coloquei minha mão sobre seu ombro. Ele estremeceu com meu toque.

"Eu fui boba, eu sei... Eu só queria que você soubesse que... Nada mudou."

"Mentira." Sussurrou. "Tudo mudou. Você mudou. Eu mudei."

Ficamos em silêncio por não sei quanto tempo, até ele falar com a voz pesada.

"Nós temos que fazer alguma coisa á cerca da ameaça. Deixar tudo o que tinha entre a gente de lado, e nos focar nisso."

"Claro." Me afastei dele. Por acaso alguma vez se passou pela minha cabeça que eu e ele nos acertaríamos? Sim, passou. Mas as coisas realmente não eram mais iguais ali, apesar da tensão que parecia explodir de nossos corpos.

Eu peguei minha bolsa que por um milagre eu havia me lembrado de trazer, e peguei o envelope que era para ele.

Eu deixei em cima da mesa ao seu lado, dizendo:

"É o seu envelope. Faça o que quiser com ele." Disse em um sussurro.

Eu estava pronta para sair por aquela porta, quando ele voltou a me chamar.

"Bella!" Eu me virei rapidamente. Eu sempre reagiria á voz dele. Era como se fosse uma lei de comportamento.

"Sim?" Eu via no olhar dele que ele falaria algo importante, algo emocional e que poderia mudar nossas vidas, quando a porta do camarim foi escancarada e uma voz conhecida atingiu meus ouvidos.

"Bella! Disseram-me que alguém como você estava aqui. Está pronta para ir?"

"Jake?" Balbuciei totalmente confusa.

"Rose me ligou falando para te buscar depois do show, vim procurando por você e me deixaram entrar aqui. Ah oi." Ele disse se virando para Edward, que o olhava como olharia qualquer outra pessoa.

"Jake?" Ele repetiu.

"Sim. Jacob. Jake para os íntimos." Ele sorriu cúmplice para mim que quis me enfiar em algum lugar. "Então você é o padre Edward, huh? Grande pessoal ai fora..."

"Presumo que você não esteja no meio deles." Ele disse educadamente. Só eu que via as faíscas saindo de seus olhos? Logo eu percebi que as fotos estavam ainda espalhadas pelo chão. Se Jake visse... Comecei a usar meu pé de vassoura 'discretamente' enquanto os dois conversavam.

"Nã... Eu não curto muito... Esse tipo de música." Eu queria bater em Jake com alguma coisa, e conseqüentemente Rose por tê-lo chamado. Edward assentiu ainda educado. Ohmeudeus, que homem é esse? Ele é educado com todos!

Quando eu deixaria de me impressionar com ele? Continuei tirando as fotos de vista, até que Jake notou o que eu fazia.

"Huh... Tá tudo bem?"

"Claro." Sorri amarelo. "Vi uma sujeirinha aqui..."

"Quer ajuda?" Ele disse dando um passo á frente.

"Não!" Eu gritei, ele se assustou, e lá se vai mais outro sorriso amarelo. "Quer dizer, não precisa..." Dei uma última empurrada e logo estava fora de seu campo de visão. Suspirei aliviada, internamente.

"Ah... Ok... Mas então vamos Bells?" Ele disse me chamando daquele apelido que eu odiava, mas que ele amava me chamar. Ele estendeu a mão para mim, e eu olhei para Edward de esguelha. Ele estava com um sorriso no rosto meio fantasmagórico, e eu sinceramente fiquei com medo do que ele estava pensando de mim.

Tá bom que ele já não pensava grande coisa... Agora então...

"Claro. Huh... Edward... Vemos-nos depois?"

"Claro." Disse. Jacob acenou para ele e saímos do camarim, e eu olhei por cima do ombro mais uma vez, e vi que ele me encarava com intensidade.

Desviei o rosto só quando viramos no corredor.

Depois que todos saímos do show, Jake nos arrastou até um restaurante onde ficamos até quase depois da meia noite.

Eu estava alheia a qualquer conversa que eles empreitavam e só pensava no encontro com Edward no camarim.

Fora tudo tão estranho... Como se alguma vez alguma conversa entre a gente não fosse assim.

Mas por um lado fora bom conversar e olhá-lo depois de tanto tempo sem isso. E eu sabia que ele falaria algo importante se Jake não tivesse atrapalhado nosso momento.

Quando tudo acabou e nos despedimos, dispensei Jacob e Emmet me deixou em casa, onde fui recebida por uma Sky leitora de mentes que parecia saber cada detalhe daquele show sem igual.

Eu estava um caco dentro e por fora, mas mesmo assim eu tinha a estranha sensação que eu estava revigorada.

Pelo menos eu não teria que me preocupar se algum dia as memórias que eu teria do rosto e da voz de Edward ficassem distorcidas.

Depois de encher o pote de ração e fazer qualquer coisa comestível e com muito açúcar para mim, eu me enfiei no meu pijama e rumei para o meu quarto, notando a luzinha da secretária telefônica, piscando freneticamente.

Talvez fossem cobração de contas atrasadas, ou ameaças novas.

Uhul! Eu acho que faria uma coleção de ameaças! Que coisa mais linda!

Mas a voz que estava do outro lado da linha, e a mensagem que dizia, quase fizeram meu coração falhar uma batida.

"Bella aqui é Edward." Uma hesitação. "Não sei que horas chegará a casa... talvez esteja ocupada, realmente não sei, e não faço questão de saber." Uma risada sufocada. "Mas nem deu tempo para te dizer nada, depois que o Jake" Ele disse com ironia. "Apareceu. Só espero te encontrar amanhã cedo nas Starbucks para decidirmos o que fazer em relação á ameaça. Já que ela foi destinada á nós dois..." uma pausa bem longa, que eu pensei que a mensagem havia acabado até recomeçar. "Espero que você fique bem até lá... E... Leve Sky... Eu realmente quero vê-la de novo. E... Huh... Fique com Deus."

E logo o bip que indicava que a mensagem havia acabado instalou, junto com uma grande pontada de esperança que irradiou no meu peito.

Edward... Marcando um encontro comigo?

Ok. Que eu entendia perfeitamente que a Starbucks era proposital por ser um lugar público, e ele não poder -nem se quisesse- fazer nada comigo. Mas eu sabia que isso era um sinal, e logo eu fui tomada por um sentimento que me dizia que eu poderia aproveitar BEM aquele encontro de amanhã.

Talvez a ameaça de Mike realmente servisse para algo bom afinal de contas.

Pelo que aparentava, ela não deixaria que os laços entre mim e Edward se separassem. E nós, embora toda a tensão que sentíamos, teríamos que ficar juntos, por um 'bem' maior.

Me vi sorrindo enquanto deitava na cama sentindo Sky se aninhando perto de mim logo depois.

Acariciei atrás de sua orelha e ela latiu de felicidade, como pressentindo que veria seu ex-pai novamente.

"Você verá seu pai, Sky." Disse para ela, confabulando. "E mamãe pressente que vai ser MUITO interessante."