A Segunda Chance de Bree Tanner - Capítulo 02: Escolhas De Uma Nova Vida

- Seja bem vinda, Bree! – Alice gritou e me puxou para um abraço.

Isso é muito estranho. Preciso mesmo me habituar com seu jeito elétrico.

- Faço das palavras da Alice as minhas – Rosalie falou ao tocar meu ombro.

Eu fiquei meio boba e a única coisa que consegui falar foi:

- Obrigada!

- Oh, minha nossa! Seu cabelo está horrível – Alice exclamou apontando para meu cabelo. E ela estava boquiaberta.

- O que há de errado com meu cabelo?

- Olha! – me puxou até o espelho para que eu pudesse ver.

- Não vejo nada de errado, só um pouco bagunçado. – falei.

Realmente não estava tão ruim assim, a não ser pelo fato de ter lavado e ainda não estarem penteados. Também nem tive tempo, elas entraram no quarto antes.

- Alice tem razão, Bree! Seu cabelo está parecendo um ninho de pássaros – Rosalie a apoiou.

- Mas... – nem pude falar. A pequena vampira enfiou a escova em meus cabelos, e como estava embaraçado, minha cabeça foi puxada para trás com o movimento.

- Desculpe por isso, Bree! – ela se desculpou.

- Está tudo bem, desde que você não queira arrancar minha cabeça.

Tanto ela como Rosalie riram.

Alice continuou a desembaraçar meu cabelo. Acho que ela é obcecada por arrumação.

- Posso entrar? – Esme perguntou, ela estava encostada no batente da porta que estava aberta.

- Claro, a casa é sua – falei um pouco envergonhada.

- Oh, querida, você agora faz parte da família, então sinta-se em casa. Vejo que Alice já começou a te fazer de boneca Barbie! – ela constatou.

Nós quatro rimos juntas.

A última vez que sorri foi com Diego, mas esse riso de hoje foi sem dúvida mais feliz.

- Venha querida! Carlisle quer falar com você lá na sala, lhe explicar algumas regras para que os Volturi não tenham desculpas para voltar.

Assenti e descemos juntas.

Alice desceu as escadas toda saltitante. Ainda acho que o sangue que ela bebe é diferente dos outros.

Jasper estava de pé no início da escada. Mantinha-se em uma postura séria e militar. Mas bastou Alice abraçá-lo pela cintura para que ele esboçasse um sorriso faceiro.

- Vem querida, por aqui! – Esme segurou minha mão enquanto me indicava o local.

Estavam todos em uma sala grande. Uma sala de jantar com uma mesa enorme, todos estavam sentados em seus respectivos lugares. Carlisle estava sentado na ponta, Esme sentou-se ao lado direito de Carlisle, Edward ao lado esquerdo. Do lado de Esme, sentaram-se Rosalie e Emmett. Jasper sentou-se ao lado de Edward e Alice ao lado dele.

Carlisle pediu para que me sentasse na outra ponta. E devo agradecer pela garota humana não estar presente, porque não sei como reagiria ao sentir o cheiro do seu delicioso sangue. Depois de tanto sangue animal...

Manter distância uma da outra é tanto necessário para ela quanto para mim, porque se eu a machucasse, o leitor de mentes me desmembraria e me queimaria com requintes de crueldade.

Ele rosnou para mim indignado com meu pensamento, mas depois deu um sorriso torto.

Deve ter visto que não é minha intenção machucá-la, nem ameaçar ninguém. Apenas quero viver minha sobrevida com mais o próximo de dignidade que eu conseguir.

Carlisle pediu para que eu lhes contasse tudo sobre mim e o que sabia a respeito de minha criadora.

Sobre ela e seus planos, eu não tinha muito a revelar, uma vez que eu fui enganada o tempo todo. Sobre mim, contei tudo o que lembrava.

Contei inclusive que nós, ou seja, o bando de recém-criados não saímos durante o dia porque acreditávamos que o sol nos mataria. Até o dia em que Diego e eu descobrimos que era tudo mentira. E outro dia, Riley contou uma história totalmente falsa.

Esme me olhou de uma forma totalmente maternal. Carlisle com compaixão. O vampiro grandalhão, Emmett, deu uma risada estrondosa que ecoou dentro da sala. Logo, Alice o acompanhou com sua risada de sinos.

- Por favor! – Carlisle pediu. – Pobre criança, ela não sabia, apenas acreditou naquilo que lhe disseram.

Alice e Emmett pararam de rir imediatamente. Rosalie aplicou um tapa no ombro de seu companheiro, então Carlisle continuou. Contou-me tudo que era preciso saber sobre as regras, as tais leis vampirícas e os Volturi.

Nunca poderia imaginar que vampiros tivessem leis e ainda obedecer a regras. E os tais Volturi não me parecem serem corretos a ponto de regerem leis.

Mas se, para minha sobrevivência eu tenha que segui-las, então será de bom grado.

Enquanto Carlisle me explicava tudo, pensei em Fred. Em como ele estaria agora sozinho em sua aventura particular.

Tudo o que ele sabe a respeito de nossa espécie, grande parte é mentira. A maior parte em suma contada por Riley.

Espero sinceramente que Fred nunca encontre os de mantos pretos. Mesmo Fred sendo tão talentoso ainda me preocupa que possam pegá-lo.

O vampiro leitor de mentes balançava a cabeça de acordo com o que eu pensava. Será que essa coisa não desliga nunca?!

- Desculpa, não há como fazer isso – respondeu.

Todos olharam para mim.

- Não foi nada, ela só pensou se eu lia mentes o tempo inteiro – respondeu para os outros que estavam curiosos.

- Aí Bree, cuidado com o que pensa porque o intrometido sempre invade nossas mentes. Quando você tiver um companheiro não vá pensar coisas picantes perto dele, porque ele irá saber – Emmett falava tudo como se fosse uma brincadeira.

Fiquei boquiaberta. Será que nenhum desses casais mantém sua privacidade intacta?!

Edward começou a rir. Claro que ele ouviu o que pensei.

- Não se intimide com isso, querida – Esme tentou me livrar do desconforto.

- Vocês são tão diferentes... São bons, e não é apenas isso. Vocês não são apenas um clã, é uma família. Uma família que escolheu seus membros e isso é fantástico!

- Você agora é parte dela, mas não vá sair por aí matando os humanos – Emmett falou com entusiasmo que me lembrava uma criança brincalhona.

- Obrigada! – foi tudo que pude dizer no momento. Eles estavam me recebendo realmente de braços abertos e eu mal podia pensar em algo digno para lhes dizer. Era tamanha bondade que nem sabia que pudesse existir.

- Bom, acho que por hora terminamos – Carlisle ressaltou.

Ao se levantar ele falou:

- Sinta-se à vontade Bree, mas te peço que não saia para caçar sozinha, pelo menos por enquanto. Não queremos que cometa nenhum deslize. Então aconselho que sempre vá com alguém. Dessa forma ficaremos todos tranquilos.

- Sim, não se preocupe, farei isso, não pretendo os expor. Tão pouco quero ver os Volturi novamente.

[...]

Um ano se passou e eu ainda estou aqui com os Cullens.

A dieta alimentar foi muito difícil para mim no começo. Eu sugava todo o sangue do animal, meu estômago ficava cheio, mas a queimação na garganta continuava abrasadora.

Agora essa sensação vem diminuindo relativamente. Estou tentando ao máximo me controlar próximo a humanos.

Outro dia, Alice e Rosalie insistiram para que eu fosse com elas em uma expedição de compras em Seattle.

Alice viu que estaria nublado, seria o dia perfeito, segundo ela.

E foi lá que ela teve uma visão de que eu atacaria um garotinho que passaria por nós. Segundo ela, eu não resistiria ao cheiro apelativo do sangue do garoto.

Então devido a circunstâncias, mudamos nossa rota e voltamos para casa mais cedo que o previsto.

Graças ao dom de Alice, não houve criancinhas indefesas nas garras da vampira má.

Estou cada dia mais habituada com essa escolha, como eles mesmos dizem, dieta “vegetariana”.

Meus olhos passaram do vermelho sangue para o dourado. Essa cor é incrivelmente bonita.

Muitas vezes me pego em frente ao espelho olhando meus olhos. Agora, os olhos que me lembrava um demônio, não está mais aqui. Em seu lugar agora há uma tonalidade que me leva a ter esperança.

Esperança de que tudo pode ser possível se você não desistir no primeiro obstáculo. E é isso que venho fazendo desde que os Cullens entraram em minha vida.

Outra coisa importante, meu medo com relação ao das cicatrizes. Era assim que me referia a ele. Mudou muito, ele já não me causa medos... A menos que ele tente fazer isso.

Aos poucos fui percebendo que ele não é o carrasco que demonstrou ser no dia da batalha. Agora ele é apenas Jasper Hale, companheiro de Alice Cullen, uma das vampiras mais legais que existe.

Me pego sempre pensando como Diego reagiria com tudo isso. Sem dúvidas, ele iria gostar de fazer parte de um clã assim.

Nunca acreditei que houvesse vampiros bons e que pudessem viver como humanos. E olha só como estava enganada, eles existem e hoje eu faço parte disso.

Também não imaginava que ter uma família pudesse ser algo tão gratificante e motivador.

- Bree, Alice e eu estamos saindo para caçar, não quer vir conosco? – Rosalie perguntou da porta do meu quarto, o qual Alice fez questão de decorá-lo com ajuda de Esme.

- Sim, eu realmente preciso, já que hoje Bella virá aqui, segundo Alice disse.

Descemos e Alice esperava já com a porta aberta.

- Então, vamos apostar uma corrida? – perguntou quando Rose e eu nos aproximamos.

Com certeza ela viu que ganharia, porque das outras vezes, eu as convidava e ela sempre fazia biquinho antes da corrida e eu sempre ganhava.

Mas hoje, ela fez o inverso. Está com um sorriso que até assusta.

- Então, Alice quem irá ganhar hoje? – Rose perguntou, mas ela também já estava com suas suspeitas.

Alice começou a pular freneticamente no mesmo lugar.

Jasper apareceu e ao ver toda aquela empolgação, a olhou com uma sobrancelha erguida desconfiado.

Ambos se olharam por alguns segundos, mas foi o bastante. Ele sorriu para ela, que se empolgou ainda mais se é que é possível.

Comecei a me sentir estranha, sem vontade de correr.

- Jasper! – exclamei. – Isso não vale, é jogo sujo!

Ele estava usando seu dom em mim. Que espertinho!

Ele apenas sorriu como se não soubesse do que eu estava falando.

- Vamos! – Rose nos chamou.

Nos posicionamos uma ao lado da outra. Jasper meio que deu a largada simbolicamente.

Saímos as três correndo a toda velocidade que conseguíamos, desviando com destreza das árvores que apareciam pelo caminho.

A floresta se tornava míseros borrões diante de meus olhos à medida que alcançava o máximo de velocidade.

Alice era tão rápida que eu mal conseguia vê-la. É impressionante.

[...]

Nunca pensei em como tudo pode mudar na vida de uma pessoa... Tão rápido que não nos damos conta.

Em um dia eu era uma mísera humana, que não acreditava na existência de vampiros. No outro, eu era uma recém-criada, com força descomunal e uma sede implacável por sangue humano. Estive prestes a ser desmembrada e incinerada.

Hoje, bebo sangue animal, consigo me controlar desde que algum humano não sangre perto de mim.

Hoje faço parte de uma família. Essa é a parte mais importante de todas.

Agora estou aqui, correndo em uma brincadeira de criança, apenas sendo feliz... Sendo apenas Bree, uma garota que não tinha nada e teve tudo para virar cinzas. Hoje tenho uma família, porque todos tem direito a uma segunda chance.

Minha história não teve um bom começo, mas estou fazendo de tudo para mudar o final.

Deixei de ser apenas Bree, a recém-criada. Agora eu posso dizer que meu nome é Bree Tanner Cullen.

Essa foi minha nova história onde eu te conto minha segunda chance.

Nunca se negue a dar uma nova oportunidade para quem precisa, porque dela pode se escrever uma nova história.

PS: Alice venceu a corrida.

Quem sabe um dia eu te conte mais...