E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 05: Hora da Limpeza

Esme

Fiquei com Alice e o rapaz na cabana, ele não gritava mais de dor e isso parecia estar amenizando o sofrimento dela.

- Senhora... – ela era tão educadinha...

- Sim.

- Acha que ele se lembrará do urso? – eu não sabia ao certo...

- Bem, eu me lembro de algumas coisas... Não me lembro de tudo, mas pode ser que ele se lembre. – Ela prestava atenção em cada palavra que eu dizia. – Por que, querida? Algo está te preocupando?

- Sim... Eu acho que ele vai se assustar se acordar assim todo sujo de sangue, sabe?!

Olhei para o rapaz.

- Bem, podemos limpá-lo e eu posso pedir ao Carlisle que arrume roupas novas e limpas para ele, e para você também – um sorriso iluminou a face de Alice.

- Será que o doutor não achará ruim? Não será muito incômodo?

- De forma alguma. Bem, eu vou conseguir um pouco de água, ok?! – Pensei que ela poderia ficar assustada sozinha... – Bem, eu posso ir se não tiver medo de ficar um ou dois minutinhos sozinha...

Alice não ficou assustada, pelo contrário, ela ficou feliz...

- Tudo bem. Assim ele não ficará tão assustado, mas... – ela pareceu se preocupar, – e se ele acordar enquanto você estiver fora?

Fui até ela e acariciei seu cabelo.

- Não se preocupe, ele não acordará hoje.

- Ah... Não?! Será que ele realmente vai acordar?

- Sim, mas leva três dias para a transformação se completar. Não se preocupe, ele irá acordar...

- Ah. Está bem, então...

- Eu voltarei logo, ok Alice?!

- Ok!

Alice

A senhora, Esme, era muito carinhosa. Eu pensava se minha mãe poderia ser tão boa comigo assim como ela. Embora o filho dela seja bem estranho... Ele havia decidido conversar com uma moça loira muito bonita, só para dizer a ela que não a amava. Ele queria fazê-la sofrer? Não é muito cavalheiro da parte dele...

Fiquei pensando em como seria o comportamento desse rapaz... Como ele reagiria a tudo? Será que Edward odiava a loira por que ela o havia transformado? Aquilo tudo estava me preocupando...

Esme disse que ele acordaria apenas em três dias... Já havia se passado um, então faltavam mais dois. Por mais dois dias, ele seria alguém sem nome. Eu ficava imaginando como ele poderia se chamar. Eu nem tive a chance de perguntar isso a ele... Eu queria muito saber seu nome.

Por outro lado, estava preocupada se ele me odiaria para todo o sempre. Parte de mim queria que esses dois dias passassem logo, e outra parte queria que eles não passassem.

Eu estava apavorada, no final das contas...

Carlisle

Logo que cheguei à cidade, passei em minha casa. Eu estava preocupado com Rosalie e Edward juntos no mesmo local sem alguém para supervisioná-los.

Entrei incerto, não havia barulho na casa. Aquilo era mais preocupante ainda...

Fui até o quarto de Rosalie e bati na porta.

- Rosalie? Está aí?

- Sim – ela respondeu sem abrir a porta?

- Posso entrar?

- Sim, claro.

Entrei no quarto e ela estava sentada em frente ao espelho penteando seus cabelos dourados.

- Está tudo bem com você?

- Está. Por quê?

- Fiquei preocupado em deixar você com o Edward. Aliás, cadê ele?

- A última vez que o vi ele estava no quarto dele.

Rosalie não demonstrava qualquer emoção. Certamente eles tinham discutido de novo... Eu sabia que eu não podia deixá-los juntos sem ninguém por perto...

- Bem, quer vir comigo conversar com o dono da casa ao lado?

Ela me olhou incerta.

- Por que? O que quer com ele?

- Quero alugar a casa.

- Vamos mudar de novo?

- Não, não vamos, querida...

- Então, por que?

Fui para perto de Rosalie e sentei na beirada de sua cama para ficar de frente a ela.

- Rosalie, lembra da vampira que você viu na floresta?

- Sim... o que tem ela? - ela parecia incerta e um pouco assustada.

- Quero alugar a casa ao lado para ela.

Rosalie se lenvantou em um salto.

- Ela tem olhos vermelhos. Ela mata pessoas, pai! – ela estava realmente assustada.

Ela havia me chamado de “pai”. Eu entendo que foi involuntário, que foi sem querer, mas... Ela me chamou de “pai”. Fiquei muito feliz com isso.

No entanto, eu tinha de continuar falando e a seguir a minha linha de pensamento anterior. Segurei minha vontade de abraçá-la e chamá-la de “minha filha”, e tentei juntar as palavras para botá-las para fora. Mas... Era tão bom que, mesmo que fosse difícil admitir, afetivamente ela me tinha como pai.

- Ela não é má. Ela defendeu um rapaz de um urso. O rapaz estava morrendo e ela tentou o salvar...

- Ele é um de nós agora?

- Sim. Quer dizer, está se tornando ainda...

- Ela não o salvou, ela o condenou! – Rosalie fechou a cara. – Não quero ajudar com isso. Eu não quero vê-los!

Eu não a forçaria a nada. Rosalie não me perdoaria tão cedo por eu tê-la transformado. E isso estava acabando comigo também. Eu não queria chateá-la, não achei que ela sofreria tanto com isso. Achei que ela e Edward pudessem ser felizes juntos, assim como Esme e eu.

No entanto, eu estava tremendamente enganado... Por mais que eu quisesse dizer isso a Rosalie, ela nunca me perdoaria...

- Bem, eu vou até lá Rosalie, se...

- “Se” nada, me deixe fora disso papai, eu não quero ajudar ninguém a condenar alguém a essa maldição em que vivemos...

Eu não pude responder nada. Abaixei meu olhar e segui em direção a porta acompanhado pelo peso da culpa. Rosalie voltou a se pentear. Ainda olhei mais uma vez para ela antes de fechar a porta e quando já estava no corredor a ouvi quebrar o espelho... Provavelmente com a escova...

- Pobre rapaz! Maldita seja ela! – ela gritou antes de ficar totalmente em silêncio.

Eu tinha que seguir em frente e falar com o proprietário da casa, Alice era uma boa pessoa e quando Rosalie estivesse pronta, acredito que elas acabassem por se tornar grandes amigas...

Saí de casa e fui em direção a residência de John Willian, eu esperava encontrá-lo o quanto antes.

Esme

Havia um rio que corria aqui perto, então não demorei a voltar à cabana. Mas foi o suficiente para que Alice estivesse confiante.

Ela já havia tirado o pó de grande parte da cabana. Fiquei impressionada!

Notei que quase tudo que ela fazia, ela contava ao rapaz desacordado. De certa forma, ela acreditava que ele podia ouvi-la.

Ela aparentava se importar realmente com ele. Era tão bonito de se ver o quão cuidadosa ela estava sendo com ele. Eu torcia para que ele não se revoltasse assim como Rosalie o fez...

Alice abriu um enorme sorriso ao me ver de volta.

E então, logo que acabamos de espanar toda a cabana e arrumá-la de forma a parecer mais apresentável, começamos a limpar o sangue seco da pele do rapaz.

Carlisle

Como não pude localizar Edward, fui sozinho até a residência de John Willian. Bati em sua porta, e pouco tempo depois, fui recepcionado por uma de suas criadas.

- Boa tarde, doutor. Quem procura?

- Boa tarde, eu preciso falar com o senhor Willian. Ele está?!

- Sim, claro. Entre – ela abriu a porta para que eu passasse. – Venha até a sala, por favor. Irei chamá-lo.

Fui para a sala. Ela se virou e foi em direção oposta. Ela desapareceu por um corredor em busca do patrão.

Willian não demorou a chegar na sala.

- Boa tarde, doutor. Quais são as notícias sobre o rapaz? Eu ia justamente procurar o senhor para perguntar...

- O rapaz ficará bem. Eu o mediquei para que não sentisse dor devido aos ferimentos causados pelo urso. Ele teve sorte pela irmã ter corrido até a cidade e terem me localizado tão rápido!

- Isso é muito bom, doutor. Fico feliz pelas notícias que o senhor me traz!

Bem, agora era a hora. Eu precisava de ajuda de Willian.

- Creio que o rapaz terá de receber cuidados médicos por um bom tempo, mas ficará bem. No entanto, conversei com Esme e chegamos à conclusão de que seria bom trazê-los para a cidade. Aqui é menos perigoso!

- Bem, creio que o senhor tem razão! Mas, o que pretende? – ele parecia incerto.

- Estou disposto a pagar pelos alugueis deles. Afinal, eles são órfãos...

- Coitados, quanto azar na mesma família!

- Sim, uma verdadeira tragédia!

- Sua esposa concorda que você pague por um quarto para eles?

- Na verdade, Esme disse que deveríamos alugar para eles a casa ao lado da nossa.

Ele pareceu ficar sem palavras.

- Mas... O senhor poderá pagar por tudo isso e ainda cuidar de seu tratamento, doutor?

- Sim, eu poderei. Tenho minhas economias. Já avaliamos e dá tudo certo.

- Bem, se o senhor realmente poderá fazer isso... Quem sou eu para contradizê-lo? Aliás, como fará para alugar a casa?

- Willian, meu caro amigo, eu gostaria de saber se poderia conversar com o proprietário comigo...

- Bem, se eu puder ajudar em algo, é claro que fico feliz em fazê-lo!

Edward

Eu tinha planos para que Carlisle e Esme não se preocupassem tanto com o relacionamento de Rosalie e eu – já que esse relacionamento não existia e estava totalmente fora de cogitação! Se eles entendessem que éramos felizes apenas como irmãos, isso nos salvaria.

O problema é que eu teria que fazer com que Rosalie pensasse desta forma também... E isso não era fácil...

Saí de casa para andar sem rumo. Eu teria que pensar em algo para Rosalie me ver apenas como irmão – e logo!

É verdade que Rosalie era linda, mas eu não me sentia atraído por ela... Eu pensava que, com o tempo, ela poderia achar alguém e eu aprovaria totalmente! Seria da mesma forma com que a apoiei com a morte de Royce... Tudo o que eu pretendia era ser irmão dela e nada mais.

Eu arrumaria algo para me deixar a maior parte do tempo fora de casa, assim, ela não ficaria criando expectativas.

Bem, já era um bom começo me manter afastado... Espero que dê certo.

Alice

Esme me ajudou com tudo! Ela iria à cidade para conseguir roupas novas com o doutor para o rapaz e, também, para mim. Seria bom poder trocar de roupa.

Esme

Voltei à cidade. Não sabia ao certo onde encontraria Carlisle, mas eu precisava passar em casa para saber como estavam as coisas. Eu esperava que um milagre pudesse fazer com que meus filhos se entendessem.

Eu já havia entendido que Edward não amava Rosalie, mas achava um pouco cruel a forma na qual ele a tratava... Ignorar Rose a fazia querer mais atenção ainda... Eu teria que contar isso a Edward, já que ele não havia descoberto sozinho.