E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 08: Em Casa

Alice

Esme me levou a alguns quilômetros da cabana.

- Querida, este é o ponto.

- Mas o que há de especial aqui? – eu olhava para os lados sem entender. – Não há nada aqui!

- Esse é o ponto Alice. E é muito importante que saiba que nunca deverá caçar se houver um humano por perto.

- Por que? – confesso que fiquei confusa...

- É apenas para evitar acidentes... E, bem, os humanos teriam medo de você se a vissem caçando... Eles acabariam revelando seu disfarce.

- Ah! – eu teria que lembrar isso.

- Não devemos causar medo nas pessoas, ou elas irão se afastar de nós. E tudo o que procuramos é viver como pessoas normais.

Eu abaixei o olhar.

- Pessoas normais não matam para sobreviver...

- É ai que se engana – ela me surpreendeu e tive que olhar para ela.

- Como assim?

- As pessoas matam animais para se alimentarem, pegar seu couro, sua carne e outras coisas, como dentes... Nós só agimos um pouco diferente disso. Nós pegamos somente o que os humanos normais descartam – sabe que ela tinha razão!

Esme me deu dicas de como caçar um urso, já que esse havia sido meu primeiro animal e havia muitos pela região.

Carlisle

Eu vou levar o rapaz para a casa. Não será difícil levá-lo, só terei de encenar um pouco quando chegar à cidade. Outro ponto era importante: eu agradecia imensamente pelo clima estar tremendamente nublado, pois não chamaríamos a atenção.

Eu peguei o rapaz no colo e rapidamente cheguei à margem entre a floresta e a cidade. Neste ponto tive que levá-lo de forma mais desconfortável e lenta, como se não pudesse carregá-lo no colo. Um senhor, um lenhador chamado David Thomas, me viu e veio correndo me ajudar.

- Doutor, eu te ajudo. Esse é o rapaz que o reverendo comentou?

- O reverendo? – havia esquecido a língua cumprida do padre.

Ele ofereceu apoio pegando o moço no outro braço. E saímos andando.

- Sim, ele disse ontem que uma garotinha havia pedido ajuda a algumas pessoas a respeito de seu irmão que foi atacado...

- Ah, sim, é este.

- Ele está muito ferido?

- Sim, muito. Eu o mediquei para quer permanecesse desacordado, ou ele não aguentaria as dores.

- Coitado, doutor, se precisar de uma ajuda pra qualquer coisa, o senhor sabe que pode contar comigo. Eu não tenho muito a oferecer, mas se precisar de qualquer coisa que eu possa oferecer, mesmo que seja lenha pra fogueira, é só pedir!

- Obrigado Thomas.

O lenhador também era uma boa pessoa. Eu tinha sorte por encontrar boas pessoas em meio de alguns desprezíveis. Me fazia querer continuar lutando pela humanidade... Mesmo que eu encontrasse alguns como Faltz, às vezes...

Continuamos carregando o rapaz até a casa. Como parte do disfarce, tivemos que parar algumas vezes no caminho.

Esme

Alice estava preocupada em rasgar seu vestido.

- O urso que atacava o rapaz... Bem, ele acabou com minhas roupas... A senhora viu como elas estavam?!

- Se acalme, apenas siga as dicas que lhe dei e dará tudo certo.

Ela alisou seu vestido com a mão, respirou fundo e decidiu tentar.

- Está bem!

Edward

Saí e vi que meu pai e o lenhador, David Thomas, subiam a rua com o moço apoiado em seus ombros. Decidi ir até lá.

- Precisam de ajuda?

- Claro filho, se puder me ajudar. O senhor Thomas deve ter seus afazeres.

- Não se preocupe doutor, eu o ajudarei até a residência.

Bem, ele quem sabe...

Eu abri a porta. Eles entraram com o rapaz, e o deixaram no sofá.

- Bem, Thomas – era meu pai tentando fazer que estava cansado, e falava entre longas tomadas de fôlego, – vamos deixá-lo aqui mesmo. Mais tarde eu o ajudarei a ir para seu quarto. Assim que o remédio parar de agir e ele estiver acordado.

- O senhor é quem sabe doutor. Mas se precisar, não hesite em me chamar.

- Obrigado.

Meu pai o seguiu até a porta e eles se despediram.

- Deveria ter me chamado...

- Eu lhe procurei, mas... Aconteceu alguma coisa? Rosalie disse que você não estava lá.

- Não, nós conversamos um pouco, só isso.

- Não brigou com ela, não é?!

- Não, na verdade, tentamos nos entender. Mas... Ela é a Rosalie pai... É difícil entendê-la por completo.

- Eu sei... Bem, acho melhor levar o rapaz para um dos quartos.

Eu olhei ao redor.

- Pai?

- O que?

- Cadê a Esme?

- Está ensinando a garota na floresta.

- Você as deixou sozinhas?

- Sim, por quê?

- Eu não confio nela.

Eu estava pronto para sair correndo pela porta, mas eu pude ouvir o pensamento de Esme cheio de felicidade, e alguns segundos depois, ela e a garota entraram pela porta.

Alice

A casa era linda por fora! Ela tinha uma grande árvore na frente e ainda faltava um jardim, mas ela poderia ficar linda com alguns ajustes.

Esme veio o caminho todo se desculpando por não poder decorá-la. Ela dizia que apenas os móveis originais ainda estavam na casa. Eu não me importava, eu estava completamente feliz por ter minha própria casa.

Edward

- Vamos, entre Alice, a casa é sua.

Esme abriu a porta e Alice entrou olhando impressionada para todos os lados. Ela estava muito bonita com o novo vestido, e parecia que as duas haviam se divertido juntas. Esme não tinha uma conexão tão boa assim com Rosalie... Eu me perguntava se havia sido injusto com ela...

- Edward, filho, que bom que está aqui! – Esme correu e me abraçou.

Alice pareceu reparar apenas nesse momento que eu estava lá e se encolheu.

- Bem...

Minha mãe se soltou de mim. Ela parecia não ter percebido nada, pois ainda sorria por me ver.

- Eu acho que lhe devo desculpas Alice, por desconfiar de você – eu caminhei em sua direção.

Alice continuou encolhida e olhava para o chão. Eu estendi a mão para ela e ela ficou me olhando.

- Você me desculpa?

Esme já olhava por cima de meus ombros.

Alice ponderou alguns segundos e depois abriu um sorriso e pegou minha mão.

- Sim, vamos esquecer tudo, não é?!

- Está bem.

Abracei Alice, e Esme parecia que ia transbordar de tanta alegria.

- Fico tão feliz que se entenderam...

Carlisle

Eu levei o rapaz até o quarto onde ele ficaria até acordar.

Bem, isso aconteceria em breve. Já estavam se completando quase três dias! Em pouco tempo ele poderia responder nossas perguntas e descobriríamos qual seria sua reação a este novo “estilo de vida”, como dizia Rosalie.

Eu podia ouvir Esme, Edward e Alice conversando daqui. Me alegrou saber que Edward havia se entendido com a garota.

Agora, ele teria que arrumar as coisas com Rosalie também.

Eu sempre soube que também seria difícil para Edward se adaptar com novos vampiros. Vi muito disso enquanto morava com os Volturi... Muitos preferiam a morte e os Volturi a davam com todo o prazer, só para não ficar com fracos na equipe.

Rosalie

Eu vi quando Edward saiu para ir à casa ao lado... Na verdade, ele até me convidou para ir também. Mas, não! Eu não podia! Eu não queria! Eu não iria!

As pessoas deveriam ter a chance de saber que cairiam em desgraça antes que isso acontecesse de fato a elas.

Eu não conhecia a garota. Também não conhecia o rapaz. E esperava continuar assim...

Eu estava sozinha fazendo as contas mentalmente de quanto tempo já estávamos aqui. Em três semanas faremos dois anos!

Com certeza teríamos que nos mudar! Eu odiava mudanças... Mas desta vez, eu seria completamente a favor!

Edward

- Eu acho que deveríamos subir...

Esme e Alice concordaram. Provavelmente o rapaz acordaria logo.

Alice chegou ao quarto e foi até onde o rapaz estava.

- Eu acho que não deveria ficar tão perto dele... – era Carlisle à ela.

- Não se preocupe, eu sei que ele não vai me fazer mal.

Eu olhei para Carlisle e ele para mim. Não podíamos fazer nada, além de esperar. Alice dizia que podia ver o futuro, então, talvez, ele não fosse fazer nada à ela, mesmo.

Emmett

Tudo foi sumindo, toda aquela dor e aquele desespero. A escuridão também. Eu comecei a enxergar algumas cores, ou uma claridade, pelas minhas pálpebras. Parecia que eu estava dormindo há séculos e agora eu precisava acordar.

Como de costume, eu dei uma bela espreguiçada, mas trombei com algo sentado ao meu lado. Eu abri um olho para ver quem era... E fiquei até confuso, era a garota da floresta.

- Oi! – ela disse toda sorridente.

- Oi... – eu sorri em retorno. Era bom vê-la viva... Ou será que tínhamos morrido os dois e nos encontrado no céu?! Bem, espero que ursos sejam barrados na porta de entrada então...

- Como se sente?

- Bem... Mas... – bem, era bom eu falar, – você não é a garota da floresta?!

- Garota da floresta? Ah, sim, eu sou Alice, esse é meu nome.

- Alice... Bonito nome. Mas o que fazia atrás de ursos?

- Eu te ouvi... Ouvi ao urso também e decidi ir até lá.

- Bem, mas é perigoso pra uma garota, não acha?!

- Nãooo! – ela fez uma careta. – Acho que é mais perigoso um rapaz querer brincar de lutinha com um urso daqueles.

- Ah, mas eu estava ganhando... Eu só levei um soco do urso porque parei pra te ver...

- Ah, desculpe... – ela abaixou o olhar.

- Me desculpe, não queria te chatear, Alice. Mas... – eu olhei para os lados e vi outras três figuras, – onde eu estou?

Uma mulher ruiva, uma dessas três figuras, se aproximou.

- Você está seguro agora. Alice te salvou do urso.

Olhei impressionado para ela.

- Então você é uma caçadora de ursos? - decidi me levantar... Nossa, eu nunca havia me levantado tão rápido.

- Hmm, digamos que agora sou! – ela pareceu não se importar com minha falta de jeito. – Mas, eu disse meu nome, e você não disse o seu.

- Ah, é, eu sou Emmett, Emmett Mcarty. Desculpa, por não dizer... – acho que eles estavam achando que eu não tinha modos... Que minha mãezinha não saiba disso... Que mancada!

- Prazer Emmett! – Alice estendeu a mão pra mim. Eu não sabia se apertava ou beijava... Sou péssimo em modos, então eu apertei a mão dela... Modo de dizer, porque ela era muito delicada, se eu apertasse, eu ia despedaçá-la no meio...

Os outros dois vieram até nós. O loiro se apresentou.

- Emmett, eu sou Carlisle Cullen, e essa é minha esposa Esme e meu filho Edward – ele estendeu a mão e depois foi apontado cada um dos outros.

- Prazer em conhecê-los... Bem, se não for ser inconveniente – eu teria de usar umas palavrinhas bonitas nessa situação bizarra, – eu gostaria de saber como vim parar aqui... Porque, é impressão minha, ou estamos na cidade? – eu podia ouvir barulho lá fora, pessoas conversando e carroças... Que cidade barulhenta! Ela não parecia ser assim antes...

- Alice te encontrou e te levou a uma cabana. Você estava muito ferido, ela veio até a cidade à procura de um médico e me encontrou. Eu o trouxe para cá...

- Ah... Você é médico?

- Sou.

- Legal... Mas – agora que pensei, – eu não sei se terei como pagar por seus serviços doutor...

- Emmett, na verdade, você não precisará pagar nada – ele devia ser um filantropo. – Lhe aconteceu algo e eu preciso te contar o que é... Isso vai mudar toda a forma como você viverá daqui pra frente!

Epa, o que foi que eu fiz dessa vez?