E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 10: Lições de Caça

Alice

Edward me acompanhou até a floresta com Emmett. Tivemos sorte por sair da casa sem sermos notados.

Emmett estava muito bem... Parece que os vampiros não deviam acordar se sentindo tão mau assim... Ou ele era, simplesmente, diferente.

Começamos a correr em direção à floresta. Edward nos guiava e eu ia alguns passos atrás de Emmett. Eu não poderia deixar que ele corresse o risco de ver alguém e não se controlar. Era tão novo para mim quanto pra ele, mas eu poderia parar antes de maiores estragos. Eu sabia disso.

Emmett

A floresta parecia um lugar completamente diferente do que eu conhecia, ela era repleta de bichinhos e coisinhas minúsculas... Detalhes que nunca havia reparado...

Foi divertida a minha primeira lição de caça. Era como levar um cachorro pra caçar, mas sem a espingarda... Eu agia como o cachorro... Eu esperava não adquirir pulgas com isso, hehe. Eu pensei em comentar, mas achei melhor não, poderia chatear alguém.

Edward dizia, de forma técnica, tudo o que eu deveria fazer, enquanto, Alice era toda graciosa correndo atrás de ursos enormes.

Eu me perguntava, como uma garotinha como ela poderia não ter medo de ursos tão grandes?!

Sabe que, olhando para os ursos agora, com minha super visão, até dava pra ter medo deles mesmo! Eles tinham cada dentinhos!!! É claro que o “dentinho” foi irônico”...

Quem sabe um dia eu consiga um “dentinho” desse para começar uma coleção... Seria legal!

Ok, eu era meio tonto quando era humano... Que constatação estranha? Esse lance de vampiro devia mexer mesmo com a mente!

Eu decidi me concentrar.

Era difícil. Eu pensava em mil ideias, mil coisas divertidas para relaxar o ambiente e deixar a situação mais divertida... Mas eu decidia sempre ficar quieto quando olhava para a cara séria de Edward.

De certo, ele não estava em um bom dia... Ele era sério assim, sempre?! Será?!

Eu o ensinaria como se divertir depois... Eu só esperava saber como se “divertir” sem machucar ninguém agora como vampiro...

Ok, talvez eu não ensine nada a Edward!

Edward

Emmett era uma pessoa de espírito livre.

Eu pensava que talvez ele não tivesse tido uma exata proporção do monstro no qual se tornou.

Seus pensamentos eram, de certa forma, humanos demais! Ele não havia tomado ciência da verdadeira situação na qual nos encontramos.

Alice nos olhava e em um segundo eu pude perceber que ela havia tomado a dianteira e iria atacar primeiro. Ela pensava que poderia servir de “exemplo” se Emmett estivesse com algum pensamento que o deixasse com medo...

Bem, ele não estava com medo, ele estava se divertido com a situação, mas só eu podia ouvir seus pensamentos aqui. Alice, com certeza, sabia que Emmett acabaria atacando o urso se a visse fazendo isso.

E foi exatamente o que ele fez.

Alice

Os meninos não pareciam que iam tomar logo a iniciativa. Então, lá fui eu!

Eu ataquei o urso. A principio fiquei com remorso, mas como dona Esme havia me dito que era melhor fazer isso do que atacar humanos, eu não resisti muito a alternativa.

No final das contas, nós três acabamos nos divertido e era muito legal ver que Emmett tomava iniciativa de dizer algo e depois decidia não fazê-lo. Era como saber cenas que poderiam nunca acontecer.

Ele era divertido e esperto. Eu acho que ele me perdoaria pelo que fiz a ele! Eu esperava pelo menos... Uma hora ele teria a noção do que somos e quão perigosos nós somos, e então talvez ele se revolte contra mim... Ok, eu estava desesperada novamente...

Desesperada e despreparada... Como eu agiria quando Emmett, um homem tão grande e agora tão forte, se rebelava contra a sua existência?!

Acho que estou em apuros...

Rosalie

Maravilhoso!

Esme e Carlisle estavam de volta! Já tinham terminado de cuidar dos novos bebês?! Será que eles já trocaram as fraldas, batido um pouco de talquinho e enrolado-os em um enxoval bordado?!

Eu continuei em meu quarto com meu sarcasmo. Agradecia por Edward não estar aqui, só ele saberia o que eu estou pensando...

Eu tinha um plano, os deixaria falar até desistirem e então diria que deveríamos ir embora porque nosso tempo aqui já havia passado. As pessoas, às vezes, percebem que não envelhecemos, e isso é crucial para os humanos...

Imagine se todas as mulheres da cidade venham até nossa casa só para saber nosso “segredo” de beleza... Ha! Mal sabem elas...

Esse plano, porém, poderia ter uma falha: eles poderiam querer levar esses dois novos vampiros conosco...

Ok, eu teria que pensar mais, bolar estratégias e esperar por mais brechas para novos planos, novas rotas de fuga...

Edward parecia não ter se dado bem com a tal garota... Estou chocada com essa novidade! Com certeza...

A acidez do meu sarcasmo estava presente em meu quarto, e agora, eu já pensava em fatos passados... Nada agradáveis, diga-se de passagem...

Eu achava que Edward não se daria bem com nenhuma garota! Ele deve ser um daqueles moços que estacionou na infância, onde os homens veem as mulheres como... eu não sei dizer como o quê. Mas ele via as mulheres como uma criança vê. No máximo, elas são a mãe ou as irmãs e nunca tem uma intenção amorosa com elas. Já que, para crianças, até um simples beijo é nojento.

Ok, eu cheguei a essa conclusão: Edward estacionou na infância... Ai, que sorte a minha, não?!

Eu sou linda, a mulher ideal... Todos os homens me admiram... Eu era um dos melhores partidos da cidade! E por uma infelicidade, olha só no “relacionamento” em que estou presa.

Ok, infelicidade é pouco perto da minha situação... Azar, isso sim... Energias negativas... Bruxaria... Tudo deve ter se voltado contra mim para que eu me encontrasse onde estou...

Nem todos no mundo são bondosos... E nem todos tem sorte em todos os minutos de um dia...

Fato é que, pensando no passado, no que eu era... A nostalgia vinha de encontro feito um cometa em meu coração... Eu apenas queria ter uma família, ter minhas crianças brincando e correndo pela casa enquanto eu gritava para que elas tomassem cuidado...

Às vezes, eu só queria cozinhar as delícias que minha mãe me ensinou para meu marido, e recebê-lo de um exaustivo dia com um encantador “Seja bem vindo de volta, meu querido marido!”

Eu só queria poder abraçar e ter a certeza de que o amava e era amada em retorno...

Mas essa não era a verdade... Eu não vivia esse mundo de faz de contas... A minha carruagem transformada a partir de abóbora nunca chegou, o meu sapatinho de cristal nunca existiu, o meu príncipe encantado... Bom, ele até existiu, mas ele não era bem o príncipe que eu esperava que fosse...

O mundo é cruel para algumas pessoas... Até com as pessoas mais belas!

Bom, já não posso mais choramingar pelo meu passado... Não posso nem chorar, para falar verdade...

O jeito é lutar para construir o meu presente e o meu futuro... Ah, se Edward me desse uma chance... Eu conseguiria fazê-lo me amar, eu tenho total certeza disso... Bem, eu tenho a eternidade, não?!

Esme

Carlisle e eu voltamos para casa, o silêncio estava por toda parte. Mas eu sabia que Rosalie estava em seu quarto, mesmo que tudo estando quieto demais por lá... Para o quarto de Rosalie, as coisas estavam muito, mas muito silenciosas mesmo...

- Carlisle, estou preocupada com Rosalie...

- Eu sei, mas tudo passará... Um dia...

- Eu sei, e eu tenho medo de quanto tempo esse “dia” levará para chegar!

- Não se preocupe, minha querida! – meu amor veio até mim e me segurou carinhosamente pelos braços... – Na verdade, eu tenho certeza de que um dia isso passará... Eu tenho esperanças nisso, minha querida!

Ele era esperançoso demais... Será que eu era capaz de ser como ele?! Por quanto mais eu teria de aturar a falta de sensibilidade de Rosalie? Ela não estava tendo compaixão com os novos vampiros...

Que culpa eles tem de nos encontrar? Muito pelo contrário, eles tiveram sorte de ter alguém para lhes ajudar com a transformação... Se não fosse por nós, o que seria deles dois? A querida Alice, tão pequena e delicada, se tornaria uma selvagem... Ela ficaria perdida para sempre atacando pessoas sem saber... Como eu poderia deixar uma pessoa assim?

Se eu a deixasse, bem, essa não seria eu de verdade...

Eu nunca serei capaz de abandonar ou recusar o pedido de ajuda de alguém... É impossível uma coisa dessas... Mas isso é em relação a mim, não a Rosalie. Ela aparenta atuar em uma galáxia completamente diferente da minha, às vezes...

- Hei, eu sei que está abalada com tudo, mas acredito que o mais importante agora seja a adaptação de Alice e Emmett na casa ao lado, não?! Tudo está encaminhado já!

- Sim, bem, isso é verdade... Fico aliviada só de saber que eles estarão melhores conosco aqui ao lado...

- Sim, é mesmo...

Nessa hora, o nosso relógio badalou nos anunciando às seis horas da tarde... O sol já estava dispondo espaço para que a imensa lua tome conta do céu... Era o crepúsculo... Tão lindas as cores... Quem sabe eu não pinte um quadro com estas cores um dia?!

Seria maravilhoso poder olhar por algo tão magnífico assim todos os dias, todos os horários...

- Bem, minha querida, estou subindo para nosso quarto... Preciso tomar um banho...

- Ok... Irei em seguida, meu querido!

Carlisle me deu um beijinho na palma de minha mão... Eu pude sentir leves choques na região... Apesar de nos conhecemos há tanto tempo, eu não negava que cada segundo que ficava com ele, mais eu me apaixonava... Parecia não ter fim!

E espero que realmente não tenha!!!

Mas, eu tinha de fazer algo... Havia algo que me incomodava há dias e eu precisava despejá-lo de minha consciência o quanto antes... Aquilo estava me atormentando demais...

Subi para o quarto de Rosalie. Dei duas batidinhas na porta esperando por alguma resposta lá dentro... Silêncio... Mas, segundos depois, ela respondeu...

- Sim?

- Rosalie – eu abri uma fresta na porta, o suficiente para enxergá-la lá dentro, – creio que precisamos conversar!

- Sim. Entre. Temos mesmo o que conversar...