E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 15: Que Vergonha!

Esme

Despejei toda a água em nossa banheira branca. A temperatura da água estava tão boa, tão gostosa. Não estava nem quente, nem fria demais... Estava morna. Perfeita!

Carlisle veio, começou a tirar suas roupas, e depois entrou na banheira. Fiquei apenas admirando.

- Não vem, querida? – ele me cortou dos pensamentos obscenos. Deus, ainda bem que Edward não estava em casa.

A porta de casa abriu. Seria Rosalie saindo? Ou Edward chegando? Das duas, qual seria a pior? É, bem, melhor não pensar nessas duas hipóteses...

Comecei a tirar a roupa, enquanto Carlisle apenas olhava. Comecei a ficar envergonhada, mas quando vi sua face, percebi que eu não tinha motivos para me sentir assim. Ele sentia luxúria por mim, ele me queria, ele me amava...

O vestido, a meia calça e as roupas de baixo ficaram em um canto – ao lado das roupas de Carlisle – enquanto minhas sapatilhas ficaram perto da pia. Fui entrar na banheira, mas então me lembrei dos sais de banho. Aquele pózinho deixava o banho tão cheiroso.

- Amor, por favor, pegue os sais... – meu amor se lembrou deles junto a mim, quase ao mesmo tempo... É nisso que dá ser um casal em total sintonia...

- Sim, sim, não se preocupe.

Fui até a pia e procurei nos armários. Nada. Creio que acabei esquecendo um pouquinho de nossa casa enquanto estava preocupada com a casa de Alice.

- Vou ver se no banheiro de Rosalie tem mais está bem, amor?!

- Sim, linda. Não demore!

Peguei uma toalha e me enrolei. Era bom me cobrir, afinal de contas, eu estaria andando pela casa basicamente nua. Para uma mulher casada, isso não era bom, mesmo que ela estivesse nua em sua própria casa.

Enquanto isso, acabei pensando. Rosalie fica várias vezes em casa e toma banho. Será que algum dia ela já não andou por aí assim? E Edward?

Ai meu Deus, cada pensamento! Espero que Edward não escute!

Se ele ouvir, o que ele pensará de mim? Ele é quem ouve pensamentos, não eu. Ai meu Deus... Ok, esquece de tudo. Esquece, esquece...

Corri para o quarto de Rosalie e dei duas batidinhas na porta.

- Entre.

- Filhinha linda – abri uma fresta na porta, – em seu banheiro tem mais sais de banho?

- Hmmm... Creio que não mais. Acabou ontem à tarde, mas eu esqueci de falar.

- Ah...

- Esqueci de falar ou não quis, não é... Ainda estávamos meio... brigadas...

- É, bem... Verdade... Mas tudo bem, então... Obrigada.

Fui fechando a porta quando ela respondeu ainda, como se lembrasse de algo.

- Vê se no quarto de Edward ainda tem. Ele deve ter. Ele mal toma banho mesmo...

- Rosalie!

- Que foi? É a verdade!

Ok, ok... Fechei a porta. Respirei fundo. Depois de todos aqueles pensamentos sujos, com que cara eu entraria e falaria com Edward?!

Ah meu Deus...

Ah... Eu não tenho coragem...

Rosalie

Consegui tirar aquele borrão de meu diário, mas para isso, tive de arrancar duas páginas também... Que inferno. Tive de reescrever tudo de novo. Pelo menos, com isso, pude escrever tudo por uma perspectiva mais diferente.

Em vez de colocar “Ainda não me sinto à vontade com Esme e com o resto dos habitantes dessa casa”, coloquei um sucinto “Sou tola. Tola e cega, ás vezes... Esme é uma boa pessoa. O meu único erro foi não ter enxergado antes.”

Ficou mais simples e carinhoso. Mais... delicado.

Me levantei para guardar meu diário em uma das gavetas de minha penteadeira. Aproveitei e peguei a minha escova preferida. Ela era tão linda. Era dourada com rosas, e, atrás dela, tinha um espelhinho.

Comecei a deslizar as cerdas macias em meus cabelos ondulados. Os fios se separavam, eu passava a mão depois, e então eles se juntavam novamente. Eles ficavam sempre daquela forma, nunca desarrumados ou desalinhados.

Meu cabelo sempre foi o exemplo capilar para uma rainha. Uma pena que as rainhas ainda não me conheciam...

Comecei a pentear a outra parte de meu cabelo não penteada, o lado esquerdo. Ele era igualmente perfeito ao direito, mas... Não sei... Creio que eu gostava mais de fazer poses com o lado direito. Combinava mais com o formato de meu rosto.

Alguém bateu na porta.

- Entre.

- Filhinha linda, em seu banheiro tem mais sais de banho?

Olhei pelo espelho e vi Esme toda encolhida em uma toalha. Deus, para quê existe roupão?! Mamãe precisava de umas comprinhas urgentemente!

- Hmmm... Creio que não mais. Acabou ontem à tarde, mas eu esqueci de falar. – Bem, não foi bem exatamente que eu não quis falar...

- Ah...

- Esqueci de falar ou não quis, não é... Ainda estávamos meio... brigadas... – acabei me ressentindo por ter sido tão cruel com Esme antes de nossa conversa. Eu era tão mal educada...

- É, bem... Verdade... Mas tudo bem, então... Obrigada.

Hmm... Eu não tenho, mas é muito capaz de Edward ainda ter os sais... Ele deve ter ainda aquele de pêssegos... Será que ele tem ainda aquele de morango? Se tiver, é meu!

Ela fechou a porta. Eu já não a via mais pela fresta, mas acabei falando alto para que ela voltasse.

- Vê se no quarto de Edward ainda tem. Ele deve ter. Ele mal toma banho mesmo...

- Rosalie! – ela tentou defender meu querido irmãozinho... Ok, como se isso mudasse o fato de que ele é fedido às vezes, e realmente não toma banho todos os dias... Ou pelo menos aparenta não tomar banho todos os dias...

- Que foi? É a verdade!

A mais pura verdade.

Ela fez uma cara meio que se tivesse sido ofendida, mas então balançou a cabeça como se quisesse esquecer tudo.

Bem, de qualquer forma, espero que ela vá chamar Edward de longe. Seria vexaminoso para um filho ver sua mãe enrolada em uma toalha. Ainda se fosse um roupão, mas... uma toalha???

Deus, o que a vizinhança falaria de nós se visse a situação? Boa coisa não seria...

Esme

A porta abriu de leve. Era a porta de Edward. Ah meu Deus. Ele sairia agora e me veria assim? Desta forma? Se as mulheres na cidade soubessem disso, seria a desgraça da família. Elas falariam por dias, semanas, meses, séculos da cena... Nossa família estaria com a honra manchada...

- Esme, os sais... – ele disse em um tom seco, e estendeu as mãos para fora da porta com o vidrinho.

Ah, que bom... Não saia daí, Edward. Não pense em sair daí... Se você sair, eu não sei do que eu sou capaz... Eu... Eu... Eu chamo Carlisle... E não olhe.

Comecei a chegar de fininho, depois fui correndo.

- Obrigada Edward! – respondi já correndo de volta ao banheiro.

- O que foi?! – Carlisle se surpreendeu com a velocidade que cheguei ao banheiro.

- Nada!

- Como assim “nada”? Você chegou correndo!

- Era a saudade, amor...

- Então venha, minha querida. Nada está entre nós...

Despejei os sais na banheira e fizemos um pouco de espuma batendo as mãos na água. Me aninhei no peitoral de Carlisle. Que paraíso!

Alice

Conversar sobre assuntos delicados não era o meu forte. Ainda mais quando essa “conversa” era com Emmett.

E se eu contasse tudo para ele e ele fugisse? E se ele ficasse chateado e fizesse algo ruim depois? Algo ruim mesmo, ruim ao ponto de decepcionar a dona Esme?

Mas, que outra alternativa tinha eu? Alguma? Não, nenhuma. Eu tinha de contar a verdade a ele, eu só não contaria com tantos detalhes... É, assim será melhor.

- Então... Jasper é uma pessoa que eu já tive várias visões...

- E ele faz o quê? – Emmett ficou me encarando a espera da resposta. Ele estava curioso, queria saber de meu passado. Ou do passado que eu me lembrava, pelo menos...

- Ele... Ele não faz muita coisa.

- Mas faz o suficiente para que você não corra atrás dele, não é?

Bem, isso era verdade. Eu tinha prometido ao casal que não iria atrás dele. Nunca. Ele era uma pessoa do mal, como me disse Carlisle.

- Bem, eu prometi a Carlisle que não iria atrás dele, e que ficaria com você. – Opa, melhor explicar isso bem rapidinho. – Isso se você quiser que eu fique, claro.

- É claro que eu quero você fique – ele pareceu se assustar. – Imagina que eu vou te deixar indefesa com esse cara por aí... Imagina... Não, não... Eu vou ficar com você! Eu vou sim!

Sorri com a sua resposta, e não pude me sentir mais aliviada com a sua reação. Ele faria o que era melhor para mim. Sim, eu sabia disso... Emmett era tão bonzinho...

- Bem, então continue a história do tal do Jasper!

Ok... Mais cedo ou mais tarde, ele acabaria sabendo de tudo. Não era justo contar meias verdades à Emmett, ainda mais depois dele ter dito que ficaria comigo. Eu teria de contar toda a verdade, mas... Como?

- Bem, Jasper... Ele... – eu não sabia o que dizer... Começar falando que ele é uma pessoa do mal que mata vampiros e pessoas não é um bom começo! Decidi tentar de outra perspectiva. – O que quer saber sobre ele?

- Bem, você o conhece das visões, certo?

- Sim.

- Como eram essas visões?

Ah, meu Deus... Por que ele tinha de chegar nesse ponto?!