E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 22: Os Culpados

Rosalie

- Rosalie, filha, por favor, acabe logo seu banho para que possamos nos reunir.

O quê?! O que estava fazendo meu pai pensar que eu me reuniria a eles na sala? Ainda se fossem apenas eles, apenas Carlisle, Esme e Edward, mas não, eu escutei a voz do moço da casa ao lado aí na sala.

Eu não me juntaria a esses dois! Não mesmo!

- Pai, eu não posso!

- Por que?!

- Porque estou ocupada.

- Então se desocupe. É importante, Rose!

- Mas eu não quero!

- Mas precisamos de você!!!

- Desde quando vocês precisam de mim para decidir essas coisas, Carlisle? Sempre que peço para ficar na cidade, sou ignorada!

- Rosalie, você sabe que nós não podemos revelar a nossa verdadeira identidade. As pessoas notaram hoje pela manhã que nós éramos diferentes...

- Então que não tivessem saído hoje pela manhã!

- Mas foi preciso!

- Se ninguém tivesse arruinado a casa, não teria sido preciso sair!

Isso era pura verdade.

- Mas o que aconteceu, foi acidente, foi sem querer...

E isso era mentira! O monstro da casa ao lado tinha como se controlar, mas resolveu estragar tudo. Ele era o culpado da nossa partida!

Eu sabia que eles dois nos atrapalhariam, nos causariam problemas...

Carlisle

Rosalie estava dificultando um pouco a nossa situação. Estava bancando a moça emburrada, teimosa que não queria se fazer presente.

Mas precisávamos dela. Apesar de não termos dado atenção a ela nas outras vezes, como ela mesmo fez questão de lembrar, foi por uma boa razão. Estávamos no nosso limite. Não tínhamos como ficar mais tempo mesmo.

Ela não estava entendendo a nossa parte, ou entendia e fazia de conta que não entendia.

- Rosalie, por favor. Preciso que vá conosco conversar.

- Carlisle, me desculpe, mas eles são os culpados por eu ter que sair de casa de novo! Eu não vou me juntar a eles!

Eu sei que ela não gostava de se mudar com frequência, mas se era preciso, era preciso e ponto final. Não podíamos matar essas pessoas... Não éramos cruéis, más pessoas...

- Rosalie, por favor. Por mim.

Ela permaneceu em silêncio por alguns instantes até eu conseguir ouvir algo de lá dentro. Ainda assim, ela só mexeu na água.

- Me desculpe, Carlisle, mas eu simplesmente não posso. Não consigo. – Essa era a resposta que eu temia ouvir no final... – Me desculpe mesmo, mas eu não posso me permitir a tal... Você sabe qual é a minha opinião sobre essas nossas mudanças, você sabe que isso não me agrada.

Inspirei fundo. Sim, eu sabia daquilo, mas ainda tinha esperança que ela pudesse aceitar melhor os fatos com o passar dos tempos...

- Eu não posso. Eles erraram e agora nós teremos de pagar por isso. Eu só não... posso.

Fiquei parado olhando o enxoval macio sobre sua cama. Olhei para o restante de seu quarto. As coisas estavam no mesmo lugar em que sempre estavam... O seu quadro pintado estava na parede logo acima da cama, a estante estava cheia de caixas com joias e maquilagens, a janela estava sempre paralela a cama...

Mudar era mais do que sinônimo de mudança, de troca de vida. Era mais como uma nova vida. Uma vida que, por mais que mudássemos, sempre a teríamos...

Éramos vampiros, e nunca deixaríamos de ser.

Rosalie ainda estava chateada por ter sido transformada.

Esme

Eles estavam demorando muito. As últimas palavras que ouvimos foram alguns gritinhos de Rosalie. Ela estava irritada com a situação.

Como se já não bastasse ter sua privacidade invadida por Edward, ela ainda teria de aguentar notícias muito piores... Piores do estilo que ela não gostava. Teríamos de nos mudar de casa, ir para outro lugar.

Olhei para Alice e Emmett que se encaravam incertos do que deveriam fazer a seguir. Obviamente que eles ouviram as partes de que eles eram os culpados pela nossa exposição.

Não concordo com isso, afinal de contas, poderia ter acontecido conosco em um dia rotineiro de compras ou visita a Carlisle no hospital. Rosalie só estava buscando uma desculpa para libertar a raiva presente em seu coraçãozinho.

Por fim, eu acabo a compreendendo.

Quando eu sofria maus tratos com meu ex marido, eu também sentia muita raiva dentro de mim. Cheguei a jogar os objetos da casa às paredes para ver se passava toda aquela angústia. Não funcionava muito.

No caso de Rosalie, se não funciona, ajuda em partes.

- Eu acho que eu vou subir para ver o que está acontecendo – disse aos três, que só me olhavam em resposta.

Caminhei alguns passos, mas então Edward me chamou.

- Não é preciso, Esme. Carlisle está voltando.

Carlisle

Eu não podia obrigar Rosalie a fazer o que ela não queria. Às vezes. Eu não podia fazê-la descer e sentar-se conosco. Em contrapartida, ela faria outra coisa da qual não gostava: se mudar.

Não continuei a conversa com Rose. Ela estava chateada com muita coisa ainda. É tudo muito novo para ela.

Tudo o que ela precisa é de um tempo, de um lugar em que ela possa pensar sem ficar sofrendo com outros por perto. Ela precisa ver quem ela é, e aceitar isso.

Eu não iria brigar com ela. Se ela não queria descer, ela não precisava descer. Ela era minha filha, e eu não faria nenhuma crueldade contra ela – tirando o fato de nos mudar sem deixar que ela deixe a família, claro.

Mas fato é que ela não pode ficar sozinha, ela precisa de nós. Ela precisa de Esme.

Obriguei-me a sair em movimento.

Saí do quarto de Rosalie e fui em direção à escada.

- Não é preciso, Esme. Carlisle está voltando – era Edward.

Esme veio ao meu encontro enquanto eu descia as escadas.

- E então?! – Esme perguntou esperançosa.

- Bem, acredito que todos ouviram a opinião dela.

- Ela poderia ter vindo, mesmo assim. Ela poderia deixar o seu orgulho de lado pelo menos uma vez na vida.

- Não fale assim, Edward. Rosalie só está um pouco... – Chateada? Magoada? Irritada? Aborrecida? – Um pouco cansada...

- Carlisle.

Ah, Edward... Rosalie é uma boa moça. Eu acredito na bondade existente nela, não importa o quão pequena seja essa fração.

Ele me encarou, e então abaixou a cabeça. Ele sabe que eu sou incapaz de fazer mal a alguém como ela... Mesmo revoltada, ela ainda tinha o meu amor, o meu carinho... Eu a tinha como uma filha... Eu não podia fazer mal a ela.

Alice

Eu estava me sentindo tão mal, tão... culpada.

Foi minha culpa ter contado mais sobre Jasper para Emmett. Eu não devia ter feito isso.

O que a filha da dona Esme disse tinha fundamento. Se eu não tivesse contado nada, Emmett não teria quebrado a parede, e então não teríamos saído para comprar os materiais e o quadro.

Eu estava contente com o quadro, lógico, mas em comparação com a tristeza visível na face de Carlisle... Eu preferiria não ter contado nada. Eu queria voltar no tempo e corrigir esse erro.

Eu não posso contar sobre Jasper para Emmett.

Nunca!

Emmett

A situação estava confusa. A filha do casal que nos ajudou desde que acordei – e, segundo Alice, desde que me encontraram enquanto eu ainda estava dormindo, em transformação – bem... ela tinha razão.

Quem quebrou a parede fui eu. Eu não deveria ter feito aquilo.

Ah... Foi sem querer... Eu perdi o controle, e quando vi, eu já estava com o braço estendido e a minha mão envolta de um grande buraco na parede.

Pensar naquele homem que Alice fala tanto não me fez bem... Mas é que pensar também que esse homem poderia roubar Alice de mim...

Alice é a minha família agora. Com exceção de Esme, Carlisle e Edward, não tenho mais ninguém além de Alice. Não posso voltar para a casa de minha família... Se assim o fizesse, eu poderia machucá-los...

Se eu me descontrolasse, eu poderia feri-los em um passe de mágica assim como fiz com a parede.

Eu não queria aceitar, mas eu sabia que, no fundo, no fundo, a culpa do prejuízo dos Cullens é toda minha.

Se eu não tivesse quebrado a parede...

- Ah, dona Esme, me desculpe por tudo.

- Pelo o quê?! – ela pareceu se assustar. Será que ela tinha se esquecido de nós com tudo acontecendo lá em cima?

- Você sabe... pela parede... A moça tem razão.

- Não ligue para o que a Rosalie fala. Se você for por ela, acabará perdido ou em más situações...

- Edward! Não fale assim de sua irmã!!! – Dona Esme era mesmo uma pessoa de bom coração. Nunca vi pessoa tão boa quanto ela... Se ela morrer um dia, ela vai para o céu.

O Edward ficou calado, não decidiu falar nada em resposta. Aliás, nunca o vi responder para Esme...

Bom, de qualquer forma, não dei bola para o que Edward disse. A moça tinha razão.

- Bom, acho que já podemos começar a nossa reunião, certo?! – era Carlisle. – Vamos, sentem-se, por favor.

Olhamos para o sofá. Bem, eu não ia ficar de pé, apesar de não ligar muito para ficar sentado. Eu não me cansava de ficar de pé...

Alice caminhou lentamente. Fui ao seu encalço.

Ela se sentou no canto direito do sofá, enquanto eu fiquei à sua esquerda. Carlisle e Esme sentaram no sofá com três lugares, enquanto Edward foi para uma poltrona.

- Tem coisas que vocês precisarão saber para continuar a vida...

Hmmm... Interessante... O quê seria?! Tínhamos mais a saber sobre sermos vampiros?

- Como assim continuar a vida?! – Alice disse espantada.

Carlisle olhou para Esme, e depois correu o olhar para Edward. Buscando apoio. No segundo seguinte, Alice enrijeceu o corpo e ficou olhando para além da mesa de centro. Ela parecia olhar para dentro das pétalas das flores.

- Alice, está tudo bem?! É de novo... ele?!

- Não – ela respondeu tristonha. Ela sabia de algo que não era bom, ou que a deixava muito triste. Isso me chateou também. Vou acabar com a vida do infeliz que a fez sentir desse modo, mas... não era ele, não era Jasper.

- E então... Quem é?!

- Creio que vamos ter de nos virar sozinhos de hoje em diante...

Como assim, “sozinhos”? Os Cullens estavam nos expulsando da cidade?!