Carlisle
Eu não gostava quando o assunto era “eu”, e justamente “eu” estava ouvindo a conversa...
Saber que falam de você é uma coisa, agora saber ou ouvir diretamente o que as pessoas falam de você é outra coisa...
- Ok, ok – Edward começou. – Emmett estava só me perguntando se você matava vampiros, e eu disse que não... Nem vampiros, nem humanos... Depois perguntou se sempre soube que poderíamos nos alimentar de sangue animal, e então eu disse que não.
- É, Emmett... O começo de minha vida não foi fácil... Nem um pouco...
Os dias envolto a batatas podres, sangue de doentes terminais, e depois o tempo sem sangue algum até achar animais...
Isso foi apenas o começo...
- Pelo quê você teve de passar?!
- Passei os dias da transformação em meio a batatas podres em um lixo. Quando acordei e vi no que me transformei, fugi de casa. Meu pai não poderia saber no que eu tinha me transformado.
- Por que ele fugiria gritando?!
- Não, porque ele iria me matar. Era o que ele fazia. Matava “seres anormais”... monstros...
- Oh... – ele não esperava por isso. Afinal, quantos anos ele pensava que eu tinha?!
- Fugi e consegui sobreviver com sangue de pessoas prestes a morrer, ou então muito doentes... O gosto do sangue era horrível... – só de lembrar, me vinha aquele gosto amargo na boca. Ainda assim, o veneno começou a se acumular em minha garganta. O engoli à força. – Então fiquei sozinho vivendo nessa maldição de vida, até descobrir por acaso que eu podia sobreviver de animais...
- Como você descobriu?
- Eu passei um longo tempo de auto negação... Eu não aceitava em quem eu tinha me tornado... Eu tentei o suicídio várias vezes, mas é impossível... Bem, ou quase impossível...
- Por que quase?!
- Porque eu conheci os Volturi... – a lembrança deles me encontrando, pela primeira vez, me veio à mente. Os mantos escuros dançavam por entre a fina grama. Ventava muito, e a vegetação parecia se abaixar para que eles pudessem passar.
- Como os conheceu?!
- Eu estava me alimentando de alguns animais, uns cervos perdidos da manada, quando os avistei de longe. Eles estavam procurando por outro vampiro. Enquanto seis deles ficaram comigo, outros cinco saíram à procura do indivíduo a ser punido por eles.
- Mas você está vivo. Como eles não o mataram também?!
Uma simples resposta, meu caro Emmett... Aro.
- Eu era diferente, me alimentava de animais... Os três homens que ficaram comigo eram Aro, Caius e Marcus, os líderes dos Voluri.
- Você sofreu com eles também?!
- Não da mesma forma que os outros sofriam... Aro tem uma espécie de obsessão por poderes, ou dons se você preferir, diferentes... Poderes ou características que o diferencie dos demais... E eu era diferente. Ele me convidou a ficar com eles no castelo deles, eu estaria protegido, teria a segurança deles...
- Ah... E os outros três dos seis que ficaram com você?
- As outras... – o corrigi.
- Como assim?! – Creio que ele não esperava que mulheres podiam fazer parte dessa crueldade. Emmett era muito inocente...
- Aro, Caius e Marcus tinham suas esposas. Naquela época, quando eles me encontraram, elas viajavam sempre com eles. Sempre que eles iam para algum lugar, para alguma caçada ou extermínio de vampiros enlouquecidos...
- Enlouquecidos? – ele me cortou.
- Sim, eles chamam de enlouquecido aquele vampiro que teima em ignorar a lei, que fica se expondo... Isso chama a atenção para nós, e isso não é bom para a humanidade...
- Ah... – creio que isso o assustou um pouco...
Edward
Emmett estava boquiaberto com a história. Ele não esperava que Carlisle tivesse passado por tanto nesse mundo...
- Sempre que eles tinham de viajar para alguma missão, as mulheres deles iam junto. Só que em muitas dessas “visitas”, havia brigas, guerras... Houve um tempo em que guerras por terras era comum pelo mundo, Emmett... Ter os Volturi por perto aterrorizava os “vândalos”, mas quando estavam frente a frente, eles esqueciam o medo e lutavam por suas vidas.
- Mas se eles são os líderes, eles tinham os que trabalhavam para eles, não?!
- Sim, mas para ajudar, eles mesmos iam... – “Ajudar ou confirmar a morte de cada um deles...” – E em uma batalha, duas das três mulheres foram mortas... Isso os enfureceu. Marcus e Aro mataram com suas próprias mãos os assassinos de suas mulheres... Mataram pouco a pouco, dolorosamente...
“Eles sentiam prazer em fazer aquilo, em matar... E matar por uma perda valorosa, para eles era a maior justificativa para fazê-los sentir dor...”
“Eles eram maus...” Emmett pensou. Assim como Carlisle, também pensou que ele é muito inocente... “Mas também, ninguém mandou os “enlouquecidos” matarem as mulheres deles... Poxa, tanta gente para matar e o ser vai matar justo as mulheres deles?”
Ele era esperto também...
- Marcus perdeu a esposa pouco tempo depois.
- Em outra batalha?
- Não. Estávamos fazendo uma reunião para exterminar um novo grupo de desordeiros no México, quando um grupo de vampiros entrou no castelo às escondidas. Um deles tinha o dom de camuflagem. Ninguém os percebeu entrar lá dentro, mas quando chegaram, avistaram Nicéia sozinha. – “Pobre alma... Ela era a única que eu botava fé que um dia conseguiria parar de matar humanos...”
- E daí... puff... – ele fez um barulhinho e um gesto como se ela desaparecesse.
- Ela teve os membros arrancados, um a um. Ela gritou e nós a ouvimos. Corremos o máximo que pudemos, mas a câmara onde estávamos era longe do salão principal. Marcus foi o que mais correu. Mesmo assim, ao chegarmos ela jazia no chão... – “Aos pedaços...”
“Nossa... Isso não deve ter sido uma cena divertida de se ver...”
- Depois disso, os três se encontraram sozinhos, e decidiram nunca mais sair para as batalhas. Eles mandavam seus criados para fazer todo o trabalho.
- Mas eles já tinham perdido as mulheres... Eles não tinham mais nada a perder...
“Emmett não entende...”
- Tinham sim... E muito... Eles podiam perder o governo, Emmett... Eles decidiram juntos que o melhor a se fazer era ficar escondidos, assim como toda a espécie deveria fazer. Eles não queriam mais se apaixonar por outras mulheres... Talvez por medo de perdê-las novamente, talvez por insegurança, pela incapacidade de amá-las e fazer algo irracional... Desde então, viveram escondidos de tudo e todos. Por causa disso, a pele deles é mais clara ainda do que a nossa.
“Mais brancos ainda? Nossa, eles devem se parecer com fantasmas...”
- Ele acha que eles devem se parecer com fantasmas... – avisei rindo Carlisle. Ele fez o mesmo.
- Fantasmas eu tenho certeza de que eles não são, mas são piores do que isso. São vampiros sanguinários... Eles não tem piedade... – “Eles matam qualquer um que cruze o caminho deles... Se o individuo tiver sorte, Aro se interessará por algo que ele pode fazer e o levará para o castelo. Caso contrário... Prefiro não pensar mais...”
Emmett
Fiquei pensando no que Carlisle estava me contando... A vida dele não foi fácil, e agora eu sabia como ele sabia tanto sobre os Volturi.
Uma coisa me atormentava...
- Se eles são maus, como você conseguiu sair de lá?!
- Com o tempo, consegui a benevolência deles... Ou pelo menos eu gosto de pensar assim... – ele riu um pouco, mas voltou a ficar sério. – Eu estava farto de vê-los matar pessoas inocentes, turistas, então eu disse a Aro que eu gostaria de viajar pelo mundo, descobrir novos lugares, novas pessoas... Ele acabou aceitando...
- E então você foi embora?
- Sim. Saí de lá e voltei para a minha cidade natal, Londres... – É, eu sempre achei que ele tinha um sotaque diferente mesmo... Está explicado. – Passei um tempo por lá. Eu tinha estudado Medicina enquanto estive com os Volturi, então fui trabalhar em um hospital. Fiquei um tempo em Londres, e depois fui viajar pelos Estados Unidos. Em uma das cidades conheci Esme, mesmo que ainda adolescente. Anos depois, após ter transformado Edward, encontrei-a de novo em um hospital prestes a morrer. Transformei-a e a pedi em casamento. Estamos juntos desde então.
- Bem, acho que não tenho mais nenhuma dúvida... Apesar de que... Hmmm... Bem...
- Vai, fale Emmett! - era Carlisle me incentivando.
- Bem, e se eu perder o controle e matar? O que faço?!
Os dois se entreolharam. Carlisle pareceu ficar temeroso em contar, e Edward ficou mais... contido?! Estava com vergonha de algo?!
- O que aconteceu?! Você já matou alguém, Edward?!
- Pode contar, Carlisle. Ele precisa saber de tudo mesmo!
Ok, agora eu fiquei completamente pasmo! Edward já tinha matado pessoas antes! Que Alice nunca fique sabendo disso, ou a pobrezinha ficará assustada e sairá correndo de novo...
Alice
O local onde a senhora Esme guardava suas coisas era bem escondido. Eu imaginava que humano nenhum tivesse a coragem de mover a grande estante que movemos.
Atrás dela, revelava-se uma porta, trancada a chaves.
Pessoas poderiam morar ali por anos sem saber a existência do local.
- Nossa... – eu arfei sem perceber.
- Esse lugar é como um abrigo de guerra. Foi construído durante a Guerra Civil. Muitas casas possuem lugares como esse, mas a maior parte de seus donos os desconhece.
- É muito interessante! Será que minha casa tem um local assim?!
- Sim, há um local assim lá também. O projeto de construção de ambas as casas é da mesma data. Eles copiavam as arquiteturas...
- Ah... – isso era realmente legal! Emmett gostaria de saber que tínhamos um esconderijo secreto na casa.
- Ele será muito útil para vocês quando decidirem mudar.
Só nesse momento eu me toquei... Uma hora também teríamos que mudar.
- Senhora, desculpe, posso lhe fazer uma pergunta?
- Pode me perguntar o que quiser, querida. Não tenha vergonha.
- Por quanto tempo poderemos viver aqui?!
- Não muito, meu amor. Não podemos passar de dois anos. As pessoas envelhecem muito rápido devido ao trabalho diário. Até mesmo as mulheres que não trabalham costumam envelhecer, mas não se preocupe. Vocês podem ficar por aqui por uns dois anos ou, quem sabe, até mais... Vocês são jovens, irão demorar a envelhecer... As pessoas não notam muito a diferença na idade dos jovens. Vocês só tem de ter cuidado e se mudar quando perceberem que as pessoas estão falando de vocês... Cochichando... Essas coisas...
Eu queria perguntar o que faríamos depois, mas não o fiz, ela não tinha obrigação nenhuma de cuidar de nós para o resto da eternidade. Ela já tinha sido boa demais para mim... E Emmett...
Eu apenas sorri e a acompanhei para a sala, ainda tínhamos muito que arrumar.
Esme
Alice estava sendo muito benevolente em me ajudar. Arrastar sozinha todos os objetos da casa para o porão poderia estragá-los.
Parei para analisar a situação. Boa parte dos objetos móveis já foram retirados. Agora só precisávamos jogar um lençol sobre os sofás e as poltronas... Na mesa de centro também...
Ah, eu gostava tanto dessa mesa... O pé tem uns detalhes em rosas, tão delicados...
Na sala, terminamos.
O problema agora era a copa, com tantas talheres, taças e prataria...
O dia vai ser longo...
E onde estão os meninos para nos ajudar?!
10 comentários:
amei é lindo pena que Emmett e Alice não vão com eles mais eu espero que seja legal mesmo assim
obs: sou a primeira a comentar
Gente eu o me desesperando D: O Emm nao vai conhecer a Rose ???
Será sim, logo o Emmett e a Alice vão encontrar um outro alguém! :)
Aliás, alguém muito aguardado!!
Sim, eles vão se conhecer antes dos Cullen partirem.a rose até vai mudar de ideia. sobre partir.. :)
Amei o capitulo. Gente o meu blog ja esta ativo fiksalwaystwilight.blogspot.com.
Ps: Conseguir fazer o meu login mudei de Bianca-correa para Beatrise
Beijos, ate a proxima
Aiii..Queria ter um desses esconderijos secretos na minha casa ...Ameii esse capítulo!!
Você está contando o que vai acontecer!!!!antes não quis dizer pra mim!
Eu espero q quando eles tiverem indo embora, a Rose veja o Emm e peça pra Esme e pro Carlisle levarem o Emm com eles, e consequentemente a Alice...
Amando a fic...
Eu também, era meu sonho :)
A Rose verá o Emmett antes de eles partirem :)
Bem, na verdade eles não vão sumir do mapa, eles deixam o endereço, mas seria suspeito se sumirem todos juntos, então será um pouquinho inevitável eles passarem um tempo separados e o Jasper aparecerá nesse meio tempo :)
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