E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 28: Ela Tem Coração!

Emmett

Carlisle estava relutante em contar algo sobre a moça que gritou do banheiro. Mas se rendeu.

Ele se virou para mim.

- Encontrei Rosalie em um beco escuro. Ela estava quase morrendo. Tinha sofrido muito com seu noivo, ele tinha sido muito cruel com ela...

Fiquei inconformado com essa. Uma pessoa machucar a outra quando a ama...

- Com o noivo... Nossa... Ele era humano?!

- Sim.

- Meu Deus. Que monstro... E isso porque era humano!

- Sim, ele a fez muito mal mesmo. Em todo caso, a levei para casa e a transformei.

Por bondade, é claro. Carlisle não tem cara de uma pessoa que transformaria alguém por qualquer coisa...

- Não foi exatamente por isso, Emmett... Carlisle transformou Rosalie para que ela pudesse ser minha companheira, assim como Esme era companheira dele...

Ahh...

Carlisle abaixou a cabeça em sinal de vergonha. Não entendi o motivo. Ele fez por bem.

- Sim, ele fez por bem, mas eu não queria uma companheira. E Rosalie não queria ser transformada. Por ela, a morte era o seu fim inevitável, e não Carlisle.

Nossa, isso é confuso!

- E para piorar a situação, Rosalie que sempre foi muito bonita e muito mimada por todos, até aceitou o fato de que tinha sido transformada para viver comigo.

- Nossa. E você não a queria!!! Mas você disse que ela era bonita...

- É, eu não queria uma relação com ela, embora ela seja linda.

Edward olhava para o chão e Carlisle decidiu se manifestar.

- O fim disso você sabe, não Emmett?! Vivemos todos juntos: Esme e eu, como um casal, e Edward e Rosalie como nossos filhos...

Que história! Que ninguém pense em escrever uma coisa dessas em livros... Ele seria taxado de louco...



Edward

- Acho que Emmett já sabe de tudo o que precisa saber... – disse a Carlisle.

“Hmm... Como lutar e se defender de vampiros e tomar muito cuidado com os Volturi. Acho que é só mesmo. Acredita haver mais?!”

- Não...

- Então está bem. Emmett, há algo que queira saber a mais?!

- Hmm... Na verdade, uma última coisa. – Ele nos encarava, enquanto formulava sua pergunta em mente. – Se, por acaso, eu encontrar um desses de mantos negros, o que eu faço?!

- Se não fez nada errado, fique e converse com eles como se fossem os reis de sua nação que você tanto idolatra.

“Eu seguiria o conselho de Carlisle.”

– Se fez algo errado... Se puder correr, corra o máximo que puder...

“É, vou me policiar para que a parte do “corra” não seja necessária... Eu prometo.”

- E, por acaso, se estivermos viajando, Alice e eu, onde podemos passar sem encontrar eles?!

- O castelo fica em Volterra, na Itália. Mas, se você for parar para pensar, qualquer lugar em que você esteja, você será encontrado... Isso se você fez algo de errado, é claro...

“Cara, eu não iria fazer nada de errado. Nunca!”

- Algo mais?!

- Não, não me recordo de nada.

- Ok, então... – “Hora de voltar para casa...”

Nos levantamos e começamos a correr de volta à nossa casa, aquela que deixaríamos para trás antes do próximo amanhecer.

“Espero que Alice não tenha tido nenhuma visão disso, ou então Esme ficará furiosa pelo o que fizemos...”

- Esme pediu a Alice que não deixe Emmett lutar. Apenas falamos o necessário - respondi meio que sem querer, aos pensamentos de Carlisle, e emendei. – Emmett não lutará por qualquer coisa, não é?!

- Sim, farei apenas quando for extremamente preciso, necessário...

- Se ele encontrar alguém disposto a lutar, ele não terá alternativa. Esme não entende, mas Alice entenderá no calor do momento... – Carlisle decidiu se manifestar. “Eu espero, pelo menos...”

Eu esperava isso, pelo menos... E sabia que Carlisle também.


Rosalie

Eu havia arrumado os pertences de Edward, bem com os de Esme e Carlisle. Como nos mudávamos com constância, eu sabia exatamente o que cada um de nós costumava levar e o que deixaríamos para trás... Esquecido no tempo... Bem como as lembranças dos humanos de que um dia estivemos por aqui.

Com o tempo seríamos esquecidos.

Me deitei na cama de Esme e comecei a encarar o teto.

Eu pensava comigo mesma como seria bom ter estabilidade. Por que esses dois tinham que aparecer agora?

Respirei fundo e me concentrei nas vozes que vinham dos cômodos abaixo. Esme e Alice conversavam tristemente, eu podia notar a amargura em suas vozes... Será que eu estava sendo muito cruel?

Levantei da cama decidida, eu iria conhecer a garota, afinal, o que eu teria? Ciúmes? Eu sou linda, eu sou a filha de Esme, e a moça não é nada.

Dei uma última olhada no espelho para conferir meu cabelo e minha roupa. Eu estava linda, perfeita, como se nem ao menos estivesse arrumado a casa para uma mudança. Eu sempre estaria assim, congelada no tempo, linda e solitária... Mas eu não deixaria roubar de mim o pouco que eu tinha. Eu tinha uma mãe, uma mãe que nem tive muito bem quando humana, mas tenho como vampira, e não desistiria dela tão facilmente.



Alice

A filha de Esme havia decidido descer. Eu poderia contar para Esme, mas certamente Rosalie mudaria de ideia com isso, então...

Terminamos de arrumar mais um cômodo. Embora vampiros não se cansassem, Esme parecia mais abatida do que o normal. Eu percebia que ela também sentia muito por termos que nos separar, mas não podia tocar neste assunto, ou deixaria alguém muito furiosa...

Estávamos próximas a escada quando Rosalie desceu. Ela era realmente linda, como eu havia visto em minha visão, mas tinha uma feição extremamente cruel.

Esme foi até ela e a abraçou.

- Filha, que bom que decidiu descer.

Rosalie retribuiu o abraço com um sorriso e me encarou depois com olhares fuzilantes, mas Esme não pode ver esta parte.

Abaixei o olhar, não queria atrapalhar ninguém...

Nunca quis, só me assustei...

Aquele urso, ah, urso cruel, se ele não tivesse atacado Emmett... Ok, na verdade era se Emmett não tivesse decidido brincar com a sorte...

- Ah Rosalie, querida – era Esme, – eu gostaria que você conhecesse a pequena Alice.

Ela me olhou de cima em baixo e depois olhou para Esme e sorriu.

- Ah sim, claro que quer... – a muito custo ela me estendeu a mão, – meu nome é Rosalie.

- Alice – eu retribui o aperto de mão e logo me distanciei.

- É uma pena que não possam se conhecer melhor agora – era Esme refletindo a respeito da partida deles...

- Sim, que pena – era Rosalie que me olhava com cara de desprezo.

- Bem – Esme não notava nenhuma hostilidade vinda da filha? Ok, os pais são cegos mesmo... – Eu deixarei as duas conversando enquanto termino lá em cima.

- Ah! – ela pareceu se lembrar. – Mamãe – ela sorriu pra Esme e olhou mais uma vez para mim, – não se preocupe, já arrumei tudo lá em cima. Eu sei o modo no qual a senhora e todos os outros gostam de tudo.

Esme abraçou Rosalie mais uma vez.

- Obrigada querida, não sei se conseguiria me mudar de novo sem você por perto...

Mas Esme me viu, e seu coração pareceu sofrer. Ela soltou Rosalie e veio até mim, o que não contentou nem um pouco a loira.

- Eu queria tanto que você fosse conosco Alice! – Esme mexia com as pontas irregulares de meu cabelo, enquanto eu encarava o chão. – Não sei se suportarei perdê-los de vista.

Rosalie andou até Esme.

- Será melhor mamãe, afinal, somos muitos. Se continuarmos, você sabe quem poderia vir até nós.

Hãn? Quem?

Esme me abraçou.

- Eu sei, mas não quero perdê-los – ela me soltou e segurou meu braços. – Alice, por favor, prometa que vão se cuidar. Eu lhes darei um mapa de nossas próximas localizações, por favor, não desapareçam.



Rosalie

Eu tentava fazer minha mãe se desapegar daquela coisinha estranha, mas não tinha jeito.

Não gostei nenhum pouco da ideia de ela dar um mapa para eles nos seguirem.

Hei! Eu quero eles longe! Bem longe!

Eu teria que agir bem rápido quanto a isso. Eu daria um jeito de mudarmos a rota. Se fosse convincente com Carlisle, eu conseguiria isso logo. Chamá-lo de papai me traria maravilhas!

Eu só precisava me policiar quando estivesse próxima ao Edward, sorte ele ler apenas pensamentos. Ufa! Eu não aguentaria alguém bisbilhotando também o que eu sinto!

Esme respirou fundo e saiu da sala. Ela iria olhar mais uma vez no porão se tudo estava bem organizado.

Fiquei sozinha com aquela garota.

Cruzei meus braços, respirei fundo e decidi partir para o ataque.

- É mesmo uma pena não podermos nos conhecer, não acha, Alice?

- É sim, eu tenho certeza que seriamos grandes amigas. – Aff, santa ingenuidade!

- É, quem sabe.

- Mas ainda seremos, no futuro.

- Ah sim, claro, o mundo dá muitas voltas e estaremos nele por muuuito tempo... – Aquele pensamento me deixou mal. “Muito tempo” significava “muito tempo sozinha e com meus sonhos despedaçados”.

- Rosalie... – O que? Ela falou comigo? Eu havia me distraído em meus pensamentos.

- Sim? –tentei soar simpática.

- Você vai achar quem lhe ame ainda, na verdade, já teria o achado se não fosse tão... tão... temperamental.

Do que ela estava falando? Eu ri da piada irônica daquele ser que não me conhecia há dois minutos atrás.

- Todo mundo tem seu par ideal. Pode demorar ou não para acharmos a nossa cara metade. – Ela suspirou? Ai, Deus. Ok, eu cortaria a palhaçada.

- Querida, é uma questão lógica, qualquer uma que não seja exigente como eu vai achar um morto de fome, perdido na floresta e sujo dos pés a cabeça um cara lindo.

- Ah, sei... E você não? – ela tentou soar irônica.

- Claro que não, eu tenho gosto requintado!

- Ah sim, eu sei. – Ela me pareceu confiante demais. O que essa baixinha estava me escondendo?! Inferno!



Alice

Rosalie era um pouco arrogante, mas eu sei que tem um bom coração. Na verdade, ela não parece saber disso.

Eles estavam voltando, Carlisle, Edward e Emmett. Rosalie havia decidido ficar na sala, me cutucando. Ela conheceria Emmett mesmo decidindo não o conhecê-lo, e ela se arrependeria de pensar mal assim das pessoas. Emmett era uma pessoa maravilhosa, não alguém como ela descreveu...

Rosalie se arrependeria.

Eu não podia prever a reação dos outros, na verdade, nem podia ver se Rosalie se arrependeria de fato. Ela não tomou essa decisão, mas algo me dizia que, lá no fundo, isso mexeria com o ego dela.

Emmett não era um qualquer.

Embora Rosalie tente soar mesquinha, eu sei que seremos amigas no futuro. Eu sinto isso. Embora ela relute agora, iremos fazer muitas compras juntas. Disso eu tenho plena certeza.