E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 36: Tudo Para Mim

Emmett

- Uma pena viver na presença de pessoas pouco merecedoras!

- O que foi que disse?! Está brincando comigo, magricela?! – Cara, depois de tudo ele me vem dizer isso?! Ah, ele estava pedindo para levar umas boas surras! – Você já é muito sortudo por continuar vivo, sabia?!

O empurrei. Se é briga o que ele estava procurando, era briga o que ele teria!

Ele pareceu se irritar comigo, e foi aí que eu vi quanto medo ele podia causar nas pessoas. Sabe, eu não desconfiava mais de seu dom, mas não acredito que ele estava o utilizando. Sim, ele causava medo apenas por ser ele, porque ele já tinha matado muitos vampiros e blá blá blá...

E eu estava temeroso por esse medo todo recair a Alice, afinal de contas, era ela quem via esse monstro atacar tantas outras vezes.

Mas isso, esse medo, ele não infringia a mim.

Não recuei perante a sua investida. Fui de frente, sem medo.

O choque do nosso encontro entre mãos ecoou vale abaixo feito um trovão. Pulando de canto em canto, dando investidas e socos, acertamo-nos várias vezes.

Mal posso descrever o que aconteceu ao certo. Ou eu pensava no que estava fazendo ou eu acertava o magricela.

Optei pela segunda opção.

Percebi que não estávamos mais dentro da casa, e já lutávamos no lado de fora.

A cada investida de Jasper, o solo ficava marcado, seja pelo seu corpo ao cair ou pelos meus pés flexionando contra.

Em uma certa hora, ele conseguiu alcançar meu pescoço e me morder.

Cara, aquilo doeu!

E eu não deixaria barato!

- Você pensa que sabe o que está fazendo, mas age como uma ovelha que se desprendeu do rebanho. Foge do predador, do ser mais forte, mas não sabe o que faz. Faz o que lhe vem à mente, faz tudo o que o predador já está no aguardo!

Ah, sim, o magricela estava tentando me atingir psicologicamente. Até parece que ele conseguiria vantagem com isso!

- Jura? Então o que me diz disso?!

Fui para cima dele. Ele conseguiu desviar o seu tórax de minha direção em um rodopio, mas esqueceu-se de seus braços. O prendi em um, literalmente, abraço de urso. O abracei forte, tão forte que pude ouvir alguns barulhos de rachaduras.

Sim, se eu continuasse, sua pele se partiria em centenas de pedacinhos. Quem sabe, milhares de pedacinhos!

Pois, então, ele conseguiu se ver livre do meu abraço. Não, ele não foi forte, rápido ou inteligente o suficiente para usar seu dom contra mim.

Senti uma mãozinha tocar minhas costas, e então me dei conta de quem eu havia deixado de lado.

- Emmett, pare! Você não é assim! Você não é um assassino!

Ai... Alice! Como pude me esquecer dela?!



Alice

Emmett estava descontrolado, não sabia o que estava fazendo. E isso era perceptível a todos! Era só reparar na casa – ou no que sobrou dela, já que boa parte dela estava em destroços por conta da briga de Jasper e Emmett – que os vestígios dessa falta de “cuidado” era notado.

E Emmett já tinha sido ferido por Jasper, assim que ele o mordeu. Um líquido prateado escorria pela pele de seu pescoço, apesar de eu quase não enxergar a mordida. O líquido devia ser o veneno.

Jasper estava envenenando Emmett de novo.

Sabe, eu não gostei daquilo em especial, mas, na verdade, tinha muitas outras coisas que eu não estava gostando.

Inclusive a atitude de Emmett em matar Jasper em um super abraço. Emmett ainda não tinha a noção exata de sua força, e isso poderia fazer com que Jasper fosse reduzido a pó!

E eu não queria ver essa cena! Ela meio que seria, de uma forma meio distorcida, o que eu sempre vi em minhas visões. Jasper nela e alguém morrendo de forma brusca e cruel.

A diferença é que, desta vez, Jasper seria a vítima!

- Emmett, pare! Você não é assim! Você não é um assassino!

Só então ele pareceu se lembrar de mim.

- Alice, me desculpe! – ele afrouxou o abraço.

Jasper saiu de perto de Emmett massageando os braços, mas ainda atento para qualquer ação dele.

Peter e Charlotte vieram para perto de Jasper, e se prostaram cada um a seu lado. Eles eram amigos de Jasper, não tinham como ficar contra. Não agora!

Eu compreendia tudo.

E do mesmo jeito que eles tinham de ficar ao lado de Jasper, eu tinha de ficar ao lado de Emmett.

Emmett veio ao meu lado e ficou encarando o chão.

- Alice, me desculpe. É sério, me perdoe!

- Sim, eu perdoo! Não posso te ignorar, afinal, o que você fez foi para me proteger!

- Sim, mas foi por algo mais importante, Alice.

- Ah, é?!

- Sim!

- E o que é?!

Ele me encarou, nossos olhos ficaram fixos uns nos outros por alguns segundos.

- Eu percebi que eu não consigo viver sem você! – ele disse em um sussurro.

Aquelas palavras, tão sinceras, me cortaram como uma navalha. Rápida e precisa. Foi tão inesperado que eu não sabia o que fazer. O que eu deveria falar agora?!

Emmett, percebendo a minha reação, ou falta dela, continuou.

- Eu percebi, nesses últimos dias, que você precisava de alguém que fosse mais do que um mero protetor, guardião... Eu percebi que você precisava se sentir amada. Ver Esme partir mexeu muito com você, mas mexeu ainda mais comigo, pois eu era o único quem te via sofrer por perder a única pessoa que realmente te amava descaradamente!

- Emmett, eu... – Ai, meu Deus... Eu não sei o que falar...

- E te ver daquela maneira cortou meu coração. Eu não sabia o que fazer. E ver, depois de tudo, que esse tal de Jasper agia como se te quisesse, como se fosse predestinado a pertencer a você, isso me magoou. Eu não queria esse monstro perigoso perto de você. E ver que ele te queria, te desejava, me irritou muito. Ele não te conhece, não sabe pelo o que você foi obrigada a passar ultimamente, mas eu sei! Eu sei!

- Emmett, eu... Eu sei... Eu...

- E diante daquela cena, eu só tive uma reação, proteger o meu único bem precioso, o meu único tesouro. Eu posso ter a vida eterna, posso ser forte e rápido, mas nada disso tem importância para mim se você não está perto. Eu não acho graça em ir me alimentar de animais se você não está por perto com pena dos animaizinhos de pele fofa!

Aquilo me fez rir. Sim, eu sentia mesmo pena de me alimentar de ursos, mas, que alternativa eu tinha?!

- Eu não acho graça em ficar o dia inteiro em casa sem ter nada a fazer se você não está lá olhando para as telas da parede com cara de tédio. Você fica excepcionalmente linda com carinha de tédio!

Acabei rindo mais ainda com aquilo. Deus, ele estava me deixando envergonhada.

- Eu não acho graça ficar acordado 24 horas por dia se nessas 24 horas eu não sei onde você está, se você está bem ou se você não me quer por perto. 24 horas sem você, são 24 horas na mais dura prisão, no mais árduo cárcere. Eu venho tentando esconder isso de mim há algum tempo já, mas não dá mais. Eu aceitei. E aceitei hoje, quando vi que eu realmente poderia perder você para esse magricela. Eu não quero te perder, eu não quero!

- Emmett, você não vai me perder! – Eu acho que eu preciso falar algo também. Mas o quê, diante de toda essa declaração?! – Eu não sei se o que vou dizer está aos pés de tudo o que você disse, mas o que eu vou dizer também é de coração!

Respirei fundo. A verdade iria vir à tona, apesar de eu estar repreendendo-a há certo tempo também.

- Eu não quero ficar sozinha. Quando estou com você, tudo fica bem... Com exceção de hoje, quando você resolveu se atracar com o Jasper...

- Mas foi para te defender dele, para te proteger!

- Sim, eu sei... E, bem, é por isso mesmo que eu preciso dizer que... que...

Ai, meu Deus... Eu falo!?

- Eu... Eu...

- Alice, não precisa dizer nada, ok!?

- Mas...

- Eu te amo, e isso é tudo o que importa para mim. Se você não me ama, eu sei que sente algo parecido.

- Emmett, eu quero dizer!

- Então, sinta-se à vontade para dizer quando quiser.

- Sim, e eu vou. Eu também te amo, Emmett!

Ficamos nos encarando por algum tempo, até que ele se aproximou de mim. Ele passou seus fortes braços em volta de minha cintura, e me trouxe para perto de seu corpo. Olhei bem em seus olhos, eu quase pude ver a sua alma bondosa, agora, mais do que nunca, apaixonada.

Hipnotizada por seu olhar, nem percebi que a distância entre nós estava diminuindo. Nossos rostos estavam quase colados.

De pontinha de pé, o paraíso estaria me sendo entregue em segundos.

Nossos rostos, enfim, se colaram. Senti a pontinha de sua barba raspar em meu queixo, o que me deixou arrepiada. Borboletas voavam, brigavam e explodiam dentro de meu estômago. Eu estava nervosa, eu estava tão próxima de me entregar a quem realmente se importava comigo, com o meu interior, não só com a minha beleza.

E assim, permiti que tudo ocorresse como deveria ocorrer. Me entreguei. Fechei meus olhos e então senti o calor dos lábios de Emmett roçando os meus. Eu não sabia se eu já tinha beijado alguém antes, ou se eu sabia beijar. Mas essa informação não importava, tudo o que importava era Emmett e eu em um abraço que nos unia, éramos apenas um. E, no calor do momento, se eu não sabia beijar, eu não demonstrei isso. Nossos lábios se moviam de uma certa forma que eu mal podia acreditar.

Parecia a coisa certa a se fazer.

Mal acredito que escondi meus sentimentos de mim mesma por tanto tempo. Eu deveria ter percebido que Emmett gostava de mim, e que eu sentia algo “a mais” por ele também!

Continuamos nos beijando. Enlacei meus braços em sua nuca, e então subi para seus cabelos. Seus grossos fios de cabelos negros me deixaram louca.

Contudo, alguém pigarreou. Nos separamos. Isso parecia a coisa errada a se fazer... Era Peter quem requeria atenção.

- Nossas desculpas pelos transtornos. Creio que, após essa reconciliação, não resta mais lugar para nós. Precisamos ir embora. Agradecemos a vocês dois pela simplicidade com que nos atenderam ainda ontem, e sinto-me obrigado a dizer que gostaríamos de manter nossos laços de amizade, não importa o que aconteça!

- Sim, ou quem faça com que coisas aconteçam! – Emmett brincou.

- Sim, Emmett. Foi um prazer conhecê-los! Agora, precisamos partir. Adeus!

- Adeus, Alice!

- Adeus! – respondemos, Emmett e eu.

Jasper partiu cabisbaixo, mas eu já não me importava come ele. Ele, provavelmente, só se importou comigo pela minha beleza. Já, Emmett, se importou comigo pelo o que eu era por dentro.

Sim, era com Emmett com quem eu deveria ficar! Era o certo!

Eles se foram, desapareceram por entre as árvores. Eu ainda podia sentir o cheiro deles por entre as árvores, mas eu não me importava. Olhei para Emmett, que me puxou para outro abraço.

Agora, desta vez, o abraço foi mais forte, não para machucar, mas sim para me pegar no colo. Feito uma delicada princesa protegida nos fortes braços de seu amado, fomos para casa.

Sim, agora éramos apenas Emmett e eu, e o destino... Bem, eu não queria saber! Não desta vez!

FIM.