E Se Alice Salvasse Emmett... Daria Na Mesma! - Capítulo 01: Descontrole Da Situação

Alice

Aceitamos o convite de Charlotte e de Peter de visitar a casa temporária deles. Sabe, o convite me deixou intrigada. Será que ela, Charlotte, assim como eu, gostava dessas coisas, de decorar a casa, de fazer compras?

Bem, Charlotte não me parecia ser uma pessoa compulsiva, que compra muito, mas... Vai saber, não?! As aparências nem sempre são verdades completas.

Após um tempo percorrendo por entre as árvores, chegamos a uma casinha aparentemente abandonada, coberta de musgos. Com certeza, ela estava desabitada por umas boas décadas... Longos dias de chuva e sombra, por conta dos musgos. Prestei atenção nas folhinhas ao redor da casa. Chegava a ser nojento ver esses musgos perfeitamente, maldita super visão de vampiro.

A casinha ficava quase que à beira de um precipício, e realmente dava para avistar uma linda cachoeira cair do outro lado do rio. Era linda a paisagem! Parecia ter saído de um quadro muito bem pintado, com todos os detalhes que um renomado pintor poderia imaginar e transpor para a tela.

- A paisagem é linda, Charlotte! – Ela riu.

- Sintam-se em casa, também! – Charlotte brincou.

Entramos na casa deles e um moço estava sentado de frente à janela, ele encarava a cachoeira.

Quando entramos, ele olhou para nós. Mais especificamente, para mim.

E eu para ele.

E ele era... perfeito!

E ele não é estranho para mim, o conheço de algum lugar... Mas, mesmo assim, ele é lindo, encantador!

- Oi, meu nome é Alice!

- Oi – ele se levantou da cadeira e veio até mim, pegou minha mão e deu um beijinho na palma, como um legítimo cavalheiro. – Meu nome é Jasper!

Oh, não... É ele! É ele! É... É o Jasper!!!

Ai, meu Deus!!!

É ele, o Jasper! Sim, era ele mesmo. Me lembro de suas feições, dos tons dourados de seus cabelos em minhas visões. Sim, era ele.

Só que ele não parecia tão perigoso assim! Ele parecia muito triste. O que será que aconteceu com ele?!

Será que eu estava errada quanto a ele?!

Ele foi tão gentil comigo agora há pouco. Ele não mostrou comportamento ou nem decidiu me atacar, simplesmente se levantou e veio me cumprimentar como qualquer cavalheiro faria.

Como é que ele poderia ser cruel e sanguinário?!

Hmm... Não sei...

Odeio assumir, mas creio que eu estava errada!



Jasper

Acabei de conhecer a pessoa mais maravilhosa em todas as minhas décadas, no meu quase um século de existência. Ela é uma deusa, maravilhosa, divina, encantadora... Seus cabelinhos espetados combinavam perfeitamente com o seu formato de rosto, e o seu tamanho também. Ela era pequena, miúda, parecia uma boneca de porcelana. Será que se eu a tocasse, ela quebraria e tudo se mostraria apenas uma visão, um sonho?

Resolvi deixar de ser um babaca. Deixei os meus sentimentos e os meus problemas anteriores para admirar a sua beleza.

- Oi, meu nome é Alice! – Até a voz dela me soava perfeita, encantadora. Era como se anjos sopravam as palavras. Ela era como um imã, o seu lado positivo atraía e me forçava a dar o melhor de mim, enquanto o seu lado negativo espantava todos os meus problemas com as minhas vítimas e o sangue.

Resolvi agir, ficar parado olhando aquela fonte de beleza e de alegria não me levaria a nada. Só mostraria o quão covarde eu era perante a sua divindade.

- Oi – fui até ela, peguei sua mão e dei um beijinho na palma, da forma que fui ensinado, eu aprendi com meu pai e os mais velhos. – Meu nome é Jasper!

Assim que disse meu nome, ela se assustou. Seus sentimentos mudaram rapidamente da alegria para surpresa, mas... Ela era encantadora até com os sentimentos. A surpresa durou pouco tempo, e então ela já estava se alegrando. E isso tudo sem nenhuma intervenção minha.

Mas, os sentimentos do rapaz não me pareciam favoráveis. Aliás, quem é ele?!



Emmett

O quê?! Então, esse era o tal do Jasper?! Ah, ele ia se ver comigo!

- Aí, o nanico. Desencosta dela! – cheguei o empurrando.

- Hei!

- “Hei” o quê, rapaz?! Não vem encostando nela, não!

- Mas... Por que não?! Ela é sua propriedade? Pagou quanto?!

- Jasper, por favor... – Peter entrou no meio da conversa. – Emmett, o que você pensa que está fazendo?!

- É ele, é ele o homem que aterroriza a Alice!

- Como?! – Peter, Charlotte e Jasper responderam juntos.

- Sim. Eu sei que você fez coisas horríveis!

- Bem... – ele estava assumindo. Sim, eu sabia que ele era culpado de tudo isso!!!

- Emmett, eu acho melhor irmos embora!

Ah, coitada. Está com medo desse infeliz chamado Jasper. Ah, não, ele ia pagar por tudo o que fez para Alice! Ah, se irá!!!

- Não, Alice, nós vamos ficar!

- Emmett, é melhor vocês irem! Você está com os ânimos muito exaltados!

- Mas eu tenho uma boa causa.



Jasper

O que diabos aconteceu? O que eu fiz para irritá-lo? Foi só eu cumprimentar Alice – até o nome me soava encantador – que ele se exaltou. Será que ele era apaixonado por ela?

Bem, resolvi instigar um pouco as ações para saber o que ele sentia por ela, mas não tive êxito. Há muito tempo eu não faço dessas...

De qualquer forma, eu mal conheço o rapaz e a belíssima senhorita, e ele já vem querendo me esganar?!

Será que a senhorita, Alice, era namorada dele?! Não, não pode. Ele é muito agressivo, destrambelhado... Se ela ficasse muito perto dele, poderia até se machucar. Eles não podem estar juntos! Não mesmo!

Além do mais, ela estava apenas surpresa comigo, apesar de eu não saber o motivo. Mas, com ele, ela está agindo diferente. Ela está aterrorizada! Ela já deve tê-lo visto bravo, irritado desta maneira, e sabe o quão perigoso ele pode ser.

Eu poderia fazer algo, convencê-lo a parar de assustar a belíssima Alice, eu poderia lutar com ele, fazer pedir perdão por agir de forma tão grotesca diante de uma donzela como Alice, mas eu não faria algo tão cruel. Ela ficaria tão atordoada se eu lutasse e destroçasse seu amigo, ficaria inconsolável. E eu me sentiria péssimo, pior do que já me encontro.

- Emmett, por que você está agindo assim?! – Peter, um bom rapaz que sempre tenta apaziguar os ânimos sem minha ajuda, tentava conversar em vão com Emmett.

- Por quê?! Você me pergunta por quê?! Por que não pergunta para o seu amiguinho aí atrás?! Pergunta para ele, não para mim!

Para mim?! O que eu tenho a ver com isso?!

- Jasper, o que está acontecendo?! O que houve?!

- Boa pergunta, Peter. Não estou entendendo nada!

- Não se faça de inocente! – Mas que cara mais insolente!!!

- Eu não estou me “fazendo” de inocente! Eu não sei o que está havendo. Acabei de conhecer vocês dois, nunca os vi antes, e, sinceramente, não sei o motivo de você sentir tanta raiva de mim!

- É claro que sabe!

- Sei?! – Bem, há poucos motivos para alguém sentir tanta raiva assim de mim. O mais provável é se eu matei alguma amiga ou companheira dele nos antigos tempos. Ixi, será? – Ah, eu matei sua companheira?!

- O quê?!

- É, eu matei sua companheira para você reagir assim perante mim?!

- Não, nunca tive companheira antes.

- Jasper, o Emmett é quase que um recém transformado! – Charlotte me alertou. Hmmm... Novato. Tem força, mas não sabe usá-la controladamente. Alvo fácil. Isso também torna Alice um alvo fácil.

Inspirei casualmente. Sangue... Alguém estava por perto. Algo. Um animal. Ele estava ferido. O cheiro de seu sangue não era dos melhores, mas era até que bom...

Parei de respirar instantaneamente. Peter e Charlotte perceberam no mesmo segundo o motivo, e então correram fechar a porta e as janelas.

- Qual o problema?! Vai querer encarar agora? Está achando que ficar em um ambiente fechadinho, pequeno, você me intimida?!

- Emmett! – a belíssima Alice pedia a ele.

- Você acha que me dá medo?!

- Emmett, por favor!

- O que me diz?! Agora? Aqui mesmo? Onde?! Me diz magricela!!!

Ele ignorava totalmente os pedidos de Alice, a lindíssima senhorita. Um pecado fazer o que ele fez!

- Emmett, por favor!!! – ela gritou.

- O que foi?!

Seu idiota!

- Não seja rude com ela! – rosnei.

- Por quê? O que vai fazer? Vai me bater? Vai me matar?!

Boa opção. Flexionei os joelhos e me preparei para atacá-lo a qualquer segundo. Ele continuava como uma presa fácil, e eu já sabia o que fazer. Eu passaria correndo pela sua lateral esquerda, onde eu não corria risco de acertar Alice, e depois me desviaria de possíveis tentativas de me pegar. Atrás dele, eu cravaria meus dentes em seus braços – marca de guerra – e o faria cair ajoelhado. Aos meus pés, eu arrancaria sua cabeça. Sangue iria cair para todos os lados da cabana, mas eu não me importava, a casa não era nossa mesmo... E dificilmente alguém – humano – se sentiria confortável em morar em uma casa tão suja, imunda e nojenta como esta.

- Emmett! Chega!

Depois do grito banhado em raiva de Alice, de impaciência, eu até me recompus da posição de ataque.

Emmett ficou envergonhado, mas ainda me olhava pelos cantos dos olhos. Seu corpo ardia em ódio, raiva e tudo o que era maligno. Ele me odiava, e o pior de tudo isso era que eu nem sabia o motivo.