As Promessas Que Devemos Cumprir - Capítulo 09: Agradecimentos

Caminhamos em silêncio não sei por quanto tempo. Ele estava á uma distância considerável de mim. Eu não achava palavras para agradecer e nem ele achava palavras pra dizer. Esperava mais bronca do tipo "você é estúpida", "você não sabe que até em Forks andar á noite é perigoso?", coisas desse tipo. Mas elas não vieram. E agora a única nota musical que se ouvia era o silêncio.

Agora eu já conseguia me localizar, estava há alguns quarteirões de minha casa, e ele continuava indecifrável ao meu lado. Eu não poderia agüentar mais isso por muito tempo. Eu precisava, era uma necessidade de agradecer, de fazer algo para mostrar a ele que eu estava profundamente grata. Eu não conseguia pensar no que poderia ter acontecido comigo se ele não tivesse aparecido, eu poderia ter sido assassinada que nem minha mãe foi. Minha mãe, não teve ninguém que a defendesse, mas eu tive. E era meu dever, ser eternamente grata ao meu Anjo.

- Eu... – comecei querendo encontrar as palavras certas. Ele não olhou para mim. - Eu... Queria agradecer por tudo mesmo que você fez essa noite. Você pode achar que não é grande coisa, mas pra mim é.

- Não se preocupe, só fiz o meu dever.

Ele continuava a não me olhar. Mas eu achava que o que eu tinha dito não era o suficiente. Eu precisava mostrar pra ele o que aquilo significava. Ele não só me livrou de ser estuprada ou morta. Ele me impediu de reviver o trauma. De morrer de uma forma tão parecida com a da minha mãe. Ele livrou Charlie de todo o desespero. Ele me livrou! EU precisava mostrar isso pra ele, mas parecia que palavras não tinham muito significado.

- Não, você salvou minha vida. Me salvou de sofrer mais traumas. Salvou meu pai de sofrimento. Eu não tenho palavras pra te dizer como eu sou grata.

- Ok, de nada. – Ele falou rude.

Eu fiquei muito chateada com isso. Esse era um momento tão importante pra mim, e ele era rude comigo?

Ele deve ter percebido o meu estado, então tentou contornar.

- Isabella, desculpe se eu fui rude. É que eu não sou muito bom de agradecimentos. Eu fiz meu dever, e estou feliz por ter feito isso. – Ele tomou fôlego. - E por ter feito você feliz. De ter salvado você.

- Como você sabe meu nome?

Ele ficou sério de repente. Mas depois sorriu.

- Acho que todos sabem seu nome. – Ele sorriu o sorriso mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida. - Acho que precisamos de uma apresentação formal. – Ele esticou a mão – Edward Cullen.

Eu ri, e apertei a mão dele. Era fria. Mas não me importei.

- Isabella Swan. Pode chamar de Bella.

- Ok, Isabella.

Nós rimos.

- Bella...

Ele disse o nome quase como se fosse uma canção. E eu morri com isso.

Há alguns minutos atrás eu estava correndo perigo de vida, e agora eu estava rindo! Olha como estava meu estado, agora! Legal, Bella, Legal.

- Ficou séria de repente, por quê? – Ele me perguntou, preocupado.

Eu dei um meio sorriso.

- É, que... Há algum tempo eu estava correndo risco de vida, e agora eu estou rindo com você!

Ele ficou sério, mas depois a expressão dele se suavizou.

- Você faz eu me sentir bem.

- Acho que essa fala era minha. – Nós rimos. Mas ele ficou sério.

- Bom, chegamos á sua casa. Por favor, não faça mais excursões noturnas.

- Pode deixar chefe! – Me virei para entrar em casa, mas voltei de novo á olhar pra ele. - Você vai pra escola amanhã?

Ele pareceu surpreso com a pergunta, mas respondeu.

- Sim, a vida não é só proteger donzelas em perigo.

Eu ri.

- Bom, pelo menos acho que você vai começar a me tratar um pouco melhor da próxima vez, né?

Ele ficou sério. Ponto contra pra você, Bella. Boca maldita. Tinha que falar isso.

Ele baixou a cabeça, e ficou olhando pras mãos, constrangido.

- Não vai acontecer de novo, prometo. Já tomei minha decisão.

Quando eu ia perguntar que decisão era aquela, ele se foi, me deixando deslumbrada em frente à porta da minha casa.


Edward

Eu estava caminhando em silêncio com ela. E isso estava me incomodando. Mas o que eu poderia dizer? O que eu poderia fazer? Eu tinha salvado ela. Isso era um fato. E eu tinha que me orgulhar. Pelo menos um ato bondoso em toda a minha existência! Ela estava inquieta ao meu lado, também querendo achar palavras.

Foi quando ela me agradeceu, e eu me senti muito comovido. Simplesmente, por ela ignorar certos fatos, pois se ela soubesse o que eu fui, ou o que eu era, ela nunca me agradeceria. Um monstro como eu não poderia receber agradecimentos. Só castigo.

Ao final da nossa conversa, eu me despedi dela. Ela perguntou se eu iria à escola, eu disse que sim. Ela havia notado minha ausência! Ela tinha se importado comigo. O que isso significava? Ela havia ficado chateada com a forma rude com que a tratei no primeiro dia. Também não era pra menos. Mas eu havia tomado minha decisão.

Eu saí correndo de perto dela. Com todos os meus sentimentos misturados num emaranhado de confusão.

E agora pela primeira vez na minha vida, uma luz iluminou minha cabeça. Eu acho que Bella não era uma praga, mais sim uma forma de eu mostrar que eu estava arrependido. Bella talvez tivesse sido enviada para ser minha salvação, nem que pelo menos aos meus olhos. Talvez fosse um anjo. Um pequeno anjo, o anjo mais bonito que eu já tinha visto em minha vida. Eu já tinha tomado a decisão, muito antes de saber que a tinha tomado, eu a protegeria para proteger a mim mesmo.