Como Eu Me Tornei... - Capítulo 01: Medo

Eu podia ouvi-los. Seus pesados passos batendo no chão de pedras do lado de fora de nossa casa, mais perto a cada momento, uma multidão de gente da cidade, todos querendo nosso sangue. Meu coração estava em minha boca, minha respiração curta e aguda. O medo que sentia era imensurável enquanto lutava contra as lágrimas, cuidando para não mostrar a Alec minhas emoções. Olhei para ele agora e mesmo na escuridão, era claro que ele sentia o mesmo que eu. Seu pequeno e pálido rosto cor de oliva, emoldurado com curtos e grossos cabelos castanhos, estava abaixado e parado, seus olhos de meia noite cheios de medo pelo que estava a caminho.

“O que eles farão conosco?”

O suspiro suave de Alec era quase inaudível, ainda assim preenchia o úmido ar com pavor e pânico. Tentei responder, dizer à ele que ficaríamos bem, mas as palavras ficaram presas em minha boca, me sufocando. Tomou várias tentativas para falar antes que finalmente desisti, engolindo seco e dando de ombros, cerrando os dentes para parar as inevitáveis lágrimas de escorrer pelo meu rosto. Eu sabia o que aconteceria. Eu tinha ouvido pessoas cochichando sobre isso, me encarando, seus olhos cheios de aversão, medo e curiosidade. Minha pequena mão agarrou a corrente prateada pendurada ao redor de meu pescoço; Olhei para baixo e para minha surpresa, vi um rastro quente de um líquido vermelho escorrendo no meu colo.

Sangue.

Deus nos ajude.

Estávamos nos escondendo no pequeno porão no topo de nossa casa pequena e torta. Alec estava sentado de pernas cruzadas de frente para mim, brincando com um vaso velho que ele tinha achado empilhado em um dos muitos montes de lixo espalhados pelo local. O vaso estava rachado e lascado com um leve toque do que pode ter sido um desenho de flores na beira do lado de fora, ele olhou para mim com seus grandes olhos.

“Jane?”

“Sim?” sussurrei de volta.

“Você me diria se algo horrível fosse acontecer, certo?”

Senti um peso horrível cair em meu estômago. Éramos gêmeos e raramente éramos vistos separados, contávamos tudo um ao outro, nunca houveram segredos entre nós. Pelo menos até agora.

“Não, pare, ” eu disse a mim mesma, tentando me livrar do sentimento de culpa que tomou conta de mim.”Você apenas está tentando protegê-lo.”

Acenei com minha cabeça.

Estava empoeirado no chão sótão e cheirava a madeira úmida e apodrecida. O telhado estava bem acima de nós, e a pouca luz que tínhamos entrava pelas rachaduras e buracos nas telhas velhas de ardósia. Olhei por entre uma das rachaduras, esperando ver um pedaço da lua. Se fosse um céu limpo, eu teria visto a grande e pálida esfera flutuando lá, dando-me esperança. Mas, estava nublado, as grandes formas obscuras flutuando pelo céu como anjos negros, pesados e baixos na mais sinistra e ampla escuridão.

Aquela noite estava insuportavelmente quente e grudenta. Era o meio do verão e os céus não se abriam há quase dois meses. A praga havia devastado a pequena cidade, deixando para trás o constante cheiro de carne podre, sempre presente era o medo da morte, como uma sombra, te seguia para todos os lugares. Senti o suor escorrer por minha testa; tentei secar como pude, entretanto, de alguma forma conseguiu aterrisar em minha boca. Era quente e salgado, e tinha gosto do terror constante que corria dentro de mim.

Ouvi gritos e berros vindos da rua abaixo e o forte bater em nossa porta de madeira. A respiração de Alec cessou de repente, seus olhos em todos os lugares antes de finalmente pousarem nos meus. Olhei para ele e me aproximei, perguntando-me o que aconteceria quando eles finalmente nos pegassem. Eu sabia mais ou menos, seria lento e doloroso, mas eu estava mais interessada no que aconteceria depois. Iríamos para o céu? Se nossos condenadores estivessem certos, não iríamos. Eu sabia que alguns pensavam que seríamos lançados nos poços de fogo do inferno e queimaríamos durante mil anos. Outros achavam que seríamos recebidos pelo próprio diabo com seus braços abertos, e seríamos recompensados por nosso tempo na terra, espalhando suaas notícias. Eu sabia disso por ouvir as conversas das pessoas nas ruas.

“Crianças do demônio!”

“Descendentes de Satã!”

“Bruxos!”

“Assassinos!”

Era isso que eles nos chamavam. Dizendo tais coisas por entre dentes cerrados, olhando para nós com tanto desprezo e ódio que me sentia tanto intimidada quanto furiosa ao mesmo tempo. Não éramos tais coisas. Éramos livres de pecado, crianças nem com doze verões de idade, porém, eles nos temiam. Isso era o que eu não conseguia entender.

Por que? Não havíamos feito nada de errado.

4 comentários:

Bella disse...

que dó dela!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

jessica ribeiro disse...

ai pra fugir de tanto sofrimento feito o de  jane athe eu me juntaria aos  volturi
       tadinha delaaaaaaaaaa
aiaiaiiaiiaii

jessica ribeiro disse...

alguem ache um final feliz ai
sthephane pensa numa redençaoo dos volturi aiaa
bjkasssssssssssss

Anônimo disse...

pois acho que devia fugir
triste tttttttttt :'(

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