Nota da Autora: Este capítulo será contado, novamente, pelo vampiro Thomas, visto que Alice AINDA não pode falar absolutamente nada.
Então... Era isso.
Passei o resto do meu dia à sombra da grande árvore do pátio, refletindo sobre a conversa que tivera com Madeleine.
Madeleine... Perdoe-me. Eu pensei. Perdoe-me por tirar mais um membro da sua família. Mais uma Alice.
Como era difícil pensar na minha Alice. Na minha adorável noiva. Era incrível como a semelhança entre elas, as duas Alices da família Brandon, era possível. Os mesmos grandes olhos azuis, o cabelo longo e escuro. A mesma pele de marfim, as mesmas bochechas, as mesmas mãos. Tudo. Tudo na garota me lembrava a minha Alice.
Será que fui egoísta? eu pensei. Será que eu pretendo que a garota assuma o lugar da minha Alice? Será que ela viraria minha companheira assim como Carlisle tem a Esme? Eu travava esse duelo entre minha vontade, minha solidão e o bom senso. Não, Thomas. A garota não é uma substituta. Ela não é a mesma Alice. Concentre-se em ajuda-la. Você é praticamente tio da garota. Além do mais, ela não iria querer um “velho”. Eu pensei, lembrando-me de que minha aparência era de um homem adulto de 30 anos e ela era apenas uma garota de 17 anos.
- Que ridículo. – Eu disse a mim mesmo. – Acho que este lugar está exercendo uma força negativa em cima de mim. Estou ficando biruta. – eu sorri.
- Caro amigo, não diga tolices. – eu ouvi a voz de Carlisle se aproximando.
Sabia que haviam outras pessoas pelo pátio, outros internos. Mas, por Deus, quem acreditaria em tais testemunhas. Olhei ao redor e lá estavam: Napoleão Bonaparte, Cleópatra, Aquiles e muitas outras figuras históricas. Quem acreditaria quando dissessem que eu estava acompanhada de uma outra pessoa?
- Pediu autorização à esposa, Carlisle? – eu brinquei.
- Esme entende minha necessidade de ajudar um velho amigo, Thomas. – ele me disse. – Mas ficou extremamente curiosa pelo fato de não poder dizer com quem estava.
- Por que não lhe disse onde e com quem estava? – eu questionei.
- Porque quando se tem um filho que lê os pensamentos da mãe, não é apropriado guardar para si segredos. Edward pode ser bem persuasivo quando quer. Fico impressionado com a habilidade daquele rapaz. – ele sorriu.
- Deve ser muito bom ter para quem voltar no final do dia. – eu sorri, tristemente.
- Mas você tem para quem voltar, meu amigo. Será bem vindo em minha casa.
- Você entendeu o que quis dizer. – eu suspirei, um velho hábito humano. – Uma família. Filhos, esposa. Não qualquer esposa... ainda não me conformo com a perda.
- Sabe, Thomas. Eu nunca contei isso a ninguém, exceto a Esme. Em um raro momento sem Edward eu a confidenciei de que antes dela havia alguém muito especial na minha vida.
Alguém além de Esme? Nunca imaginei que Carlisle havia amado alguém além de Esme nesta... vida.
- No velho continente, quando ainda era humano, havia uma bela criatura que habitava a vila vizinha. Seu nome era Cecile. Lembro da primeira vez em que vi. Parecia um anjo, com longos cabelos loiros e grandes olhos escuros. Todos os domingos vinha até a nossa cidade com a sua mãe e sua avó, para ouvir o sermão do meu pai. Nunca gostei de ir às pregações dele, mas ia para vê-la. – ele sorriu. – Crescemos e nos víamos todos os domingos. Ela era tímida e eu também. Nunca nos falamos, apenas nos cumprimentávamos de longe. Quando completei vinte e poucos anos, resolvi pela primeira vez cumprimenta-la.
- E o que aconteceu? – eu perguntei, curioso.
- Decidi falar a ela o que sentia. Disse que para mim, ela era a criatura mais bela que já havia existido. Que eu não precisava ir além dos céus, prometidos por meu pai em seus sermões, para ver os anjos pois Deus já havia enviado o anjo mais belo à Terra. Disse tudo o que desejara. Vi seu rosto iluminar-se em um sorriso, o mais belo sorriso de todos que já dera.
- E ela o aceitou, meu amigo? – eu questionei.
- Não... Quer dizer, ela disse que era recíproco, mas não poderiamos nos ver. Seu sorriso se desfez e ela me confidenciou: Ela havia sido prometida a um rapaz duas semanas antes. Ela já tinha um noivo. – ele sorriu.
- Nossa. Isso deve ter sido difícil. – eu disse.
- Não, na verdade, nem tanto. – ele olhava um ponto fixo no horizonte. – Logo depois eu virei vampiro e percebi que realmente não daria certo, sabe, esta coisa, humano-vampiro. – ele sorriu. – Mais de duzentos anos depois e eu encontrei a Esme. E realmente, não amaria mais ninguém em minha vida. Queria que Edward também amasse alguém, então não resisti quando vi o anjo loiro caído no meio da neve. Eu não teria Cecile, mas poderia dar uma Cecile para o meu filho. É claro, já devia saber: Edward não gosta de loiras. – ele sorriu. – Muito menos as de temperamento difícil como a Rosalie. Pelo menos esta já tem alguém. Emmett despertou um instinto materno em Rose que eu não imaginei que ela teria. Pudera, Emmett se comporta como uma criança. – ele sorriu novamente.
- É uma bela história, com um belo final feliz, mas não vejo como ela se encaixa à minha. – eu quis saber.
- Sabe, eu perdi minha chance com Cecile, mas não perdi a chance no amor. – ele sorriu. – Você perdeu a Alice, mas sei que ela ficaria feliz que você seguisse sua vida.
- Como pode ter tanta certeza disso?
- Pois ela abriu mão de você no momento em que pediu para eu transforma-lo. – ele me disse, olhando em meus olhos. – Ela sabia, eu a expliquei, que vocês não ficariam mais juntos. Sabe o que ela me disse?
- O que? – eu perguntei.
- Que preferia vê-lo feliz por toda a eternidade, vivo e morrer sem você do que vê-lo morto dentro de um caixão e viver uma vida inteira sem você.
Nossa. Eu pensei. Isso doeu. Nunca imaginei que Alice já havia previsto também as coisas que aconteceram. Nunca me passou pela cabeça. Ela preferiu morrer sem mim a me ver morto? Que criatura mais altruísta. Jamais conseguiria ser tão altruísta quanto ela. Aquilo me fez ficar um pouco desconcertado. Devia, agora, o bem estar da menina, de sua sobrinha.
- Então... Vai me ajudar a esconder a menina? Sabe que o vampiro virá, com certeza, atrás dela e não posso contar com outra ajuda além da sua. – eu falei. – Tenho medo que os Volturi queiram observa-la mais de perto. Não quero que Aro tenha influência sobre ela em hipótese alguma.
- Tudo no seu devido tempo. Eu não sei se Aro terá conhecimento dela se ela resolver ficar por aqui pela América.
- É... tem razão. Mas depois que ela estiver a salvo, vou seguir meu próprio rumo.
O sol já estava se pondo quando resolvi entrar. Carlisle me fez companhia no cair da noite até o nascer do sol. Símos do asilo assim que caiu a noite.
Ficamos nas proximidades da residência dos Brandon. Estava cheia. Pude ver pela janela aqueles rostos tão familiares: Adélia, Madeleine, a viúva Franklin, Eliza... Nossa, como sentia falta das tortas e do guisado de Eliza. A melhor cozinheira que existia em todo o Alabama, eu dizia, toda vez que visitava a casa dos Brandon. Nunca vi Eliza como uma empregada. Ela era um membro da família, uma tia das crianças Brandon.
Havia uma pequena figura ao lado do caixão, acariciando a mão do corpo que se encontrava estendido. Uma garotinha, muito parecida com a mãe, com o rostinho vermelho de tanto chorar, afagava a mão da irmã que já não poderia brincar com ela. Desculpe-me, Cynthia. Eu pensei. Este nome me apertava o coração. Era o nome que Alice deu a uma de suas bonecas. Quando éramos pequenos ela carregava a boneca em todos os lugares que íamos. Certa vez, perguntei porque gostava tanto daquela boneca já ela possuía tantas.
- Pois o nome dela é Cynthia. – ela sorriu. – E quando eu tiver uma filhinha, seu nome também será Cynthia, como a minha boneca. – ela me disse, no jeito serelepe e gracioso que ela tinha. Decidimos, quando namorávamos, que quando tivéssemos nossos filhos, o menino se chamaria Peter, em homenagem a seu irmão e meu amigo e a menina Cynthia. Sabia que Peter tinha dado o nome de suas filhas em homenagem à sua irmã preferida.
Ah, Peter... Pensei. Meu amigo, meu melhor amigo. Desculpe por ter levado duas das pessoas que você mais amou na sua vida.
Doeu muito ver a face triste e abatida do meu amigo, velando o corpo de sua filha. Por tantas vezes Peter esteve a meu lado. Quando meu pai morreu, quando eu pedi a mão de Alice em casamento. Quando assumi seu lugar em campo de batalha para honrar o nome da minha família, ele me apoiou. Passamos momentos bons e momentos ruins juntos, como dois amigos, dois irmãos, poderiam ser.
Sentada na poltrona estava Madeleine. Ela estava com uma expressão mais aliviada, mais tranqüila. Sabia que sua neta não estava morta, sabia que viveria, embora nunca mais fosse vê-la com vida novamente.
Ficamos de vigília à noite inteira, permitindo que a paz da família Brandon fosse mantida intacta.
Nas primeiras horas da manhã nublada, a procissão que seguiria até o cemitério de Biloxi saiu da residência, indo até a cidade. Eu e Carlisle corremos até onde seria o enterro e esperamos atrás de um grande mausoléu, que pertencia à família do prefeito da cidade.
A cerimônia foi rápida. Sabia que Madeleine havia agilizado, prevendo que estaria lá. Peter estava abraçado à pequena filha que segurava uma longa rosa branca. Mais adiante, Eliza abraçava a governanta da casa de Peter que estava aos prantos. Um garoto muito parecido com o Coronel Franklin estava ao lado do caixão o tempo inteiro. Seu rosto ainda vermelho, acompanhava a sua amada que iria jazer dentro do túmulo. Perdoe-me, jovem, por acabar com seus sonhos.
Logo que o padre acabou de dizer suas considerações finais, rosas foram jogadas onde a garota seria enterrada. A última rosa a ser jogada foi a de sua irmã, que começou a chorar. Carlisle, compadecido da minha dor, colocou seu braço ao redor do meu ombro.
- Eles ficarão bem. – ele me assegurou.
Eles estavam indo embora quando eu percebi que o olhar de Madeleine em minha direção. Acredito que ela já sabia onde estava escondido.
- Cuide para que ela seja feliz. – ela pediu, sussurrando. Eu não tinha idéia se ela sabia se eu poderia escutar. A frieza de Madeleine pra certos assuntos me assustava.
Saí do meu esconderijo para poder vê-la melhor. Ela estava parada, olhando para onde eu estava. Acenei com a cabeça, cumprimentando-a e certificando de que ela estaria bem.
- Eu espero que ela fique Madeleine. – eu disse. – Eu espero.
2 comentários:
Tadiinha da pequena Cynthia :(
coitada da Cyinthia
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