Nascer do Sol - Capítulo 2: Tolices

- Boo! – Um jovem alto, de olhos escuros e cabelos castanhos surgiu por trás da macieira.

- Jesus, Maria, José! – eu exclamei assustada, quase abafada pelo grito das meninas que me acompanhavam.

A figura de Taylor Franklin, o jovem alto e forte, de olhos escuros e expressivos e cabelos castanhos com algumas ondulações, era diferente de suas irmãs. Vovó sempre dizia que Taylor lembra o Coronel Jeremiah Franklin, seu pai. Era o mais velho da família Franklin, tinha vinte anos. Era agradável vê-lo, mas não sentia a afeição que eu sabia que ele nutria por mim.

- Mary Alice Brandon. – ele falou, enquanto sorria. – Você é uma visão para os meus olhos.

- Taylor, como vai? – eu reverenciei, enquanto ele educadamente beijou a minha mão. – Lembra-se de Cynthia, a minha irmã?

- Claro que sim, não a vejo desde o último verão, Cynthia, quando você jogou torta de morango nos cabelos de Louise. – ele sorriu, abaixando-se para dar um beijinho em sua bochecha.

- De framboesa, na verdade. – ela corrigiu. – Foi divertido, poderíamos tentar esse ano de novo. – Ela sorriu para ele. Ouvimos a risada sarcástica de Louise, mas ignoramos.

- De fato. – ele respondeu. – Meninas, mamãe pediu para que entrassem e a ajudassem com o chá. A senhora Brandon pediu para que levassem a pequena Cynthia com vocês. Eu farei companhia a jovem Mary Alice.

- Por favor, somente Alice. – eu pedi. Olhei para Cynthia que sorriu, enquanto se afastava com as garotas. Por algum motivo óbvio ela gostava de Taylor. Era um jovem educado. Era apenas um ano mais velho que Louise, mas já se portava como um cavalheiro. – Não é preciso formalidade com velhos amigos.

- Então ainda me vê como um amigo, Alice? – ele me perguntou, enquanto caminhávamos para a proteção de uma grande macieira. – Não sente por mim mais do que um amor fraterno?

- Nós praticamente crescemos juntos, Taylor. – eu tentei explicar, enquanto sentava à sombra da macieira. – Nós nadávamos no lago da propriedade da minha avó, líamos histórias de terror às tardes no sótão da sua mansão. Você sempre cuidou de mim quando eu me machucava e quando suas irmãs brigavam comigo. Não poderia desejar um amigo melhor.

- Eu... Eu não quero ser seu amigo, Alice. – ele parou diante de mim e sentou-se. – Esperava que... Que um dia me aceitasse como esposo. – ele disse, timidamente.

- Taylor... Eu... Não sei o que dizer. Você é um jovem admirável e qualquer jovem sonharia em tê-lo a seu lado.

- Menos você, é claro. – ele me olhou com tristeza.

- É... Complicado. – eu tentei explicar. – Diferente.

- Já existe outro alguém em sua vida? – ele quis saber.

- Sim. – com relutância eu afirmei.

- Ah, sim, eu posso ver. – ele baixou a cabeça, com um sorriso amarelo nos lábios. – Conheço o sujeito de sorte que conquistou seu coração?

- Na verdade... – eu me levantei. – Eu... Eu ainda não o conheço.

- Não? – ele questionou confuso.

- Não. Eu o vi... Num sonho. – eu expliquei.

- Num sonho? Está delirando, Alice.

- Não. Ele está esperando por mim em algum lugar. Eu sei. – e eu realmente sabia, mas não tinha certeza de quando e onde, muito menos quem era meu cavaleiro loiro.

- Bom... Boa sorte. – ele me desejou, enquanto beijava a minha mão. – Mas enquanto esse senhor misterioso não a encontra, gostaria de companhia para o chá?

Um pouco resistente para não cortar o coração de Taylor, fui cautelosa. Acenei com a cabeça e sorri para ele.

- O último que chegar até a mesa do chá é um grande maricas e vai ter que ajudar Dom Joseph com a missa de domingo. – e me pus a correr. Ao chegarmos à casa, nossas companhias já nos esperavam.

- Desde pequeno, sempre correndo atrás de Mary Alice, não é Taylor? – Senhora Franklin piscou para nós. – Nada me deixaria mais feliz do que vê-lo casado com a jovem neta da minha grande amiga.

- Quem sabe, cara amiga, um dia nós possamos ver esses dois juntos. – vovó concordou, sorrindo. Sabia que Taylor havia ficado feliz com a aprovação da minha avó, mas eu não concordava com essa idéia. Não queria me casar com Taylor.

A tarde seguiu tranquilamente. Louise ao piano, tocando melodias para alegrar as visitas de sua mãe. Margareth e Cynthia trocando farpas entre elas, como sempre. A viúva e vovó conversando sobre algumas notícias da região. Novos fazendeiros, alguma moça que desposou, novos vizinhos. Taylor estava fazendo um questionário da minha vida quando um mensageiro veio montado em seu cavalo.

- Viúva Franklin, Senhora Brandon. – ele cumprimentou as mais velhas. – Trago uma terrível notícia da cidade. Um assassinato.

Aquelas últimas palavras me fizeram gelar o sangue. Assassinato.

- Assassinato? Aqui? Você deve estar ficando maluco, George Sullivan. Não há indícios de morte aqui há anos, por isso meu filho confia tanto deixar minhas netas virem me visitar sozinhas por um mês em todos os verões. – Vovó explicou.

Eu lembrava do rapaz. Era George Sullivan, filho do Sr. Sullivan, dono da sapataria e lojas de sapatos da cidade.

- Senhoras, meu pai viu com seus próprios olhos. Um homem. Um homem alto e loiro, usando algumas roupas surradas. O crime já havia acontecido. Ele não pôde impedir o homem, tampouco pará-lo. Meu pai já é um senhor de idade. Chamou por ajuda, mas à noite apenas eu e Nataniel, meu irmão caçula, ouvimos.

- Por Deus, quem foi assassinado? – senhora Franklin perguntou aflita.

- Judy, senhora. Judy Simons. Filha do relojoeiro. – ele contou. – Tenho que ir, vou dar apoio à família, Judy morava na propriedade vizinha.

- Judy Simons? – Taylor perguntou. Nessa altura, a música já havia cessado, a atenção estava voltada apenas ao jovem Sullivan. – Ela estava prometida ao meu amigo Fred, mamãe. Iam se casar no outono. – Ele baixou a cabeça, refletindo. – Vou até a casa deles para ver como ele está.

- Com um assassino a solta, você realmente acha é prudente sair por aí, Taylor. – vovó disse. - Não estamos seguros. Precisamos sair daqui. Imagine só, Melinda, temos filhas e netas que poderiam ser alvo fácil para esse homem. Vamos para a casa de Peter e Adélia, em Biloxi.

- Não acho que isso seja necessário, Madeleine. – a viúva disse.

- Eu não quero sair daqui, mamãe. – Louise reclamou.

- Nem eu. - murmurou Margareth. – Não gosto de lá, mamãe.

- Ficaremos felizes em recebê-las aqui se não sentirem segurança em sua residência, minha amiga. Taylor está aqui, não há o que temer..

Houve murmúrios de como e quando deveríamos, ou não, partir. O rapaz Sullivan já havia partido em direção à cidade. Aquilo estava fazendo a minha cabeça doer. Involuntariamente, as palavras deslizaram da minha boca.

- Ele vai atacar de novo. – Eu disse, com a mão na cabeça, mas em alto e bom som. Cynthia pôs a mão na boca pra abafar um grito. Só ela tinha conhecimento dos meus sonhos.

- Como... O que disse, Alice? – vovó perguntou.

- Eu vi, vovó, em um sonho. Um homem loiro, de cabelos compridos, ele atacava uma jovem. Havia um senhor parado, olhando toda a cena sem poder fazer nada. O homem já havia matado a garota. – eu contei, enquanto lágrimas rolavam em meu rosto. – Eu vi isso duas vezes. Uma enquanto dormia e outra hoje, antes de vir para cá.

- Ele... Ele vai atacar de novo? – vovó perguntou.

- Madeleine, não alimente as fantasias de Mary Alice. – a viúva bufou. – Tolices de uma menina com saudades de casa.

- Estou dizendo a verdade. Eu vi. – eu dizia desesperada. – Ele vai atacar novamente... Se meus sonhos estiverem certos, ele vai atacar.

- Calma querida, tudo vai ficar bem. – vovó me abraçou. Vovó não tinha costume de abraçar, então eu sabia que ela estava me levando a sério. – Cynthia, Alice, vamos antes que escureça. Telefonaremos a seus pais quando chegarmos, avisando que amanhã ao meio dia partiremos. Se vocês quiserem vir conosco, minha amiga, ficaremos felizes em recebê-los...

- Tolice. Estaremos bem por aqui... Não há motivos para tais fantasias. É só uma bobagem de Mary Alice para chamar sua atenção. – ela disse. Pela primeira vez eu vi a viúva ser tão desagradável quanto suas filhas.

- Se é assim... Passar bem. – vovó respondeu disse.

Eu já havia me adiantado. Tinha certeza que a coisa certa havia sido feita. Então, escrevi o telefone e endereço da casa de meus pais em um pedaço de papel e entreguei a Taylor.

- Caso precisem de nós. Por favor, não seja teimoso, ligue se precisar de algo. – eu disse.

- Claro. Eu prometo. – Ele me disse, gentil, me abraçando. Por um singelo momento eu quis realmente poder retribuir todo o afeto que Taylor sentia por mim. Mas não com a espera do meu cavaleiro dourado. Agora que eu sabia que uma das minhas visões ocorrera, poderia ser uma questão de tempo para encontrá-lo.

Enquanto a charrete se afastava eu vi a residência dos Franklin desaparecendo. A figura ruiva de Louise estava na varanda, nos encarando. Tive calafrios e a impressão que esta seria a última vez que eu as veria, tanto a casa como a garota.

4 comentários:

Pi Da Ros disse...

own q fofo alice tendo sua primeira visão

Amy Lee disse...

Fofo???

la previu que uma menina ia morrer! POR DEUS Pi Da Ros!

Anônimo disse...

Foi muito engraçado o "-Jesus, Maria, José!" Que a Alice gritou, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

bjks.
Mary Alice.

Anônimo disse...

Louise vai morrer!!!!! Nossaaaaaa!!
Pena que as primeiras visões de Alice tenham sido de morte. mas mesmo assim foi lindo!!!!

bjs.
- Mary Alice.

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