Nascer do Sol - Capítulo 28: Despedidas?

- Em que posso ajudá-la. – a recepcionista perguntou à moça de grandes olhos azuis.
- Procuro minha filha, ela está internada aqui. Isabella Marie Swan.
Eu me aproximei com cautela. Analisei a expressão preocupada de Renée. A agonia em saber se a filha estava bem, o medo estampado em seu rosto me fez sentir um pouco de tristeza. James havia dito que minha mãe me pusera no asilo em Biloxi, mas Carlisle disse que ela só havia feito isso no intuito de me proteger. Até que ponto aquilo era verdade, eu não sabia. Será que a mãe de Bella teria agido assim caso ela “delirasse”? Será que se eu supostamente caísse de uma escada a minha mãe estaria tão preocupada. Resolvi espantar os velhos fantasmas do passado e focar no que realmente importava agora: o bem estar de Bella.
- Renée Dywer?
- Sim? Eu a conheço? – ela me perguntou.
- Não pude deixar de ouvir que procura por Bella. Sou Alice Cullen, nós ligamos pra você informando o que aconteceu.
- Você é a amiga da Bella? Onde ela está? Ela está bem? Ela vai ficar bem?
- Bella está bem agora, não se preocupe, ela está fora de perigo. Meu pai está lá com ela...
- Seu pai? – ela me perguntou.
- Sim, Dr. Carlisle Cullen. Meu pai é um dos médicos do hospital de Forks.
- Ah, sim. Fico um pouco mais aliviada. Será que eu poderia falar com ele?
- Assim que ele sair do quarto. Aparentemente ele é o único que pode entrar lá. – eu resmunguei. – Edward também não está contente com isso.
- Edward? Quem é Edward?
- Meu irmão. Você vai conhecê-lo. Ele está na porta do quarto, ele não sai de lá.
Ela me olhou um tanto quanto desconfiada. Eu podia ver mais tarde que ela me perguntaria mais sobre Edward e Bella. Aparentemente ele leu os meus pensamentos.
- Não diga a ela que nós estamos juntos. Isso é algo que Bella tem que fazer, se ela quiser. – ele disse numa voz inaudível aos humanos, em algum lugar do hospital.
Está bem... Você tira toda a minha diversão.
- Você estava na Flórida? – eu olhei para as suas roupas amarrotadas. Sua pequena mala de mão denunciava que havia acabado de chegar do aeroporto. Não deve ter dormido nem comido no vôo. – Venha, você precisa comer alguma coisa.
- Não, querida, estou bem. – ela me disse, dando um pequeno sorriso sem graça.
- Eu insisto. Venha, você vai conhecer os outros também. Carlisle está vindo e Edward também. – eu disse. Logo após eu comuniquei aos outros que Renée havia chegado. Pedi a Emmett que se comportasse e a Jazz que se controlasse. Avisei a Edward que Renée devia conhecê-lo e que queria falar com Carlisle.
Ao chegar à cafeteria, avistamos Emmett estava fazendo barquinhos com os guardanapos. Eu dei graças a Deus por ele estar fazendo algo que parecesse um tanto quanto normal, dentro das suas limitações. Jazz estava lendo um livro.
- Jazz, Emmett, está é Renée Dywer, a mãe de Bella.
Emmett deu um grande sorriso para ela, mostrando todos os seus dentes. Ela tremeu de medo e eu lancei um olhar para ele, reprovando a sua ação.
- É um prazer conhecê-la, Sra. Dywer. – Jazz acenou levemente com a cabeça.
- É... é um prazer conhecê-los... meninos. – ela disse, um quanto assustada. Quem poderia culpá-la depois do sorriso de Emmett. Além de o meu irmão ser extremamente alto, Emmett podia ser bem assustador quando queria.
- Sra. Dywer, sou Carlisle Cullen. – Carlisle chegou, seguido por Edward. Estendeu à mão para a Renée. – Desculpe pela mão gelada. O ar condicionado estava forte no quarto de Bella. Vejo que conhecer meus filhos. Este é meu caçula, Edward.
- Prazer em conhecê-la, Sra. Dywer. Bella me falou muito sobre a senhora. – Edward disse, educadamente.
Por um momento ela contemplou cada um dos rostos da nossa família. Um a um, lentamente, como se ela não acreditasse muito que nós estivéssemos ali. Ela piscou algumas vezes, ensaiou alguma coisa pra falar. Emmett riu. Jazz voltou para a sua leitura. Edward também deu uma discreta risadinha.
- O que é tão engraçado? – eu perguntei à ele.
- Ela está se perguntando como alguém que parece ter saído do catálogo da Calvin Klein poderia ser médico e pai de quatro filhos. Ela está deslumbrada conosco também.
- Acho que sabemos de onde Bella herdou isso. – eu sorri. Ele acompanhou meu sorriso.
- É um prazer conhecê-lo, Dr. Cullen. Por favor, me chamem de Renée, todos vocês. – ela finalmente disse. – Por favor, diga-me, o que aconteceu com a minha filha?
- Acho que Edward e Alice poderão explicar-lhe melhor, Renée. – Carlisle concluiu.
Han? Como assim? Eu também? Eu pensei. Edward também pareceu pouco confortável com a situação. Renée também pareceu um pouco confusa com porquê dois adolescentes iriam explicar o motivo pelo qual sua única filha estava deitada em uma cama de hospital.
Renée sentou na cadeira que antes estava sendo ocupada por Emmett. Eu e Edward sentamos logo à frente. Os demais nos deixaram sozinhos para que pudéssemos conversar com ela.
- Então... O que aconteceu?- ela nos perguntou.
Passei mentalmente toda a cena que eu tinha criado. Edward explicou a ela que Bella tinha decidido voltar para Flórida, pois tinha medo de ficar presa em Forks, como ela. Ele, depois de muito esforço, conseguiu o número da residência delas em Phoenix, com Srta. Cope. Ligou para Bella e avisou que estávamos indo para lá, para trazê-la de volta. Bella concordou em vê-lo, e ao chegar ao hotel, tropeçou em seus próprios cadarços e caiu escada abaixo, atravessando a janela.
- Uau... Bom, isso não me surpreende tanto assim. Bella sempre foi um pouco... Bem, desastrada seria uma boa palavra para defini-la, não é mesmo. – Renée deu um pequeno sorriso preocupado.
Eu pensei em pegar em sua mão para ampará-la, mas Edward me deu um olhar, reprovando a minha intenção. Estendi a mão e toquei a manga de seu casaco. Ela me olhou instantaneamente e seu sorriso se abriu um pouco mais.
- Bella vai ficar bem. Vamos cuidar dela. – eu a confortei. – E vamos cuidar de você também. Você precisa comer, vou providenciar alguma coisa.
- Sério, Alice, estou bem. Prometo que como mais tarde, quando tiver notícias de Bella... – ela pausou, pensativa. - Bella tem sorte de ter amigos tão bons. – ela disse, olhando para mim e depois para Edward. Eu soltei uma pequena gargalhada e logo fui repreendida por um olhar do meu irmão. Ela pareceu entender e também sorriu. Amigos... Edward, amigo de Bella... Isso era inimaginável.
Um longo minuto silencioso e constrangedor se fez até que Edward decidiu ir até onde Bella estava.
Renée estava confusa, tentando decidir se me perguntava sobre Edward e Bella ou não.
- Sabe Renée. – eu me antecipei. – Bella sabe que pode contar comigo pra o que ela quiser. Quero que você se sinta a vontade comigo também. E com nossa família...
- Alice... Quero fazer uma pergunta.
- Sim. Pode fazer.
- Bella... Ham... Bella e seu irmão... – ela balbuciou. – Você sabe... eles têm alguma coisa?
Eu sorri um grande sorriso espontâneo. Aquilo pareceu assustá-la um pouco, então me controlei mais um pouco.
- Bella é a melhor amiga que eu tenho. É até a melhor amiga que já tive em toda a minha... vida. E foi a melhor coisa que aconteceu a Edward. Ele é um bom rapaz, sabe? E ele gosta dela. Sei que o papel da mãe é avaliar o namorado da filha, mas tente conhecê-lo. Ele é adorável. Meu irmão é um verdadeiro cavalheiro e fica feliz em deixar Bella feliz.
Ela não pareceu mais aliviada em ouvir aquilo.
- Dê uma chance aos dois. – eu disse.
Ela deu um longo suspiro.
- É... Acho que não tem para onde escapar. Minha filhinha está crescendo. – ela disse, olhando para suas mãos entrelaçadas. – Pelo menos ela está em boas mãos... Já que você fala que esse rapaz, seu irmão, gosta tanto dela.
Ela ainda parecia preocupada.
- Bella é bastante responsável. Ela e Edward se parecem muito nesse aspecto. Odeio admitir, mas Edward é o favorito dos nossos pais. – eu ri. Eu sabia que era verdade, principalmente por ele ter sido o primeiro e conviver mais tempo com Esme e Carlisle. – Ele é o mais talentoso. Ele toca piano, sabe? E fala outros idiomas.
- Você soa como Mrs. Bennett tentando vender suas filhas. – ela riu.
Mrs. Bennett? Quem era esta pessoa? Deve ser algum desses livros que Edward disse que Bella gosta de ler. Tenho que parar de ler revistas adolescentes e me tornar um pouco mais culta. Eu ri para não deixá-la desconfortável.
De repente, Edward apareceu com uma sacola de papel na mão e um copo de café.
- Não sabia o que trazer... Sei o quanto comida de hospital é ruim, então tomei a liberdade de trazer algo da lanchonete do outro lado da rua para você, Sra. Dywer.
Renée ficou contemplando alguns segundos a figura de Edward. Quando finalmente ela conseguiu falar, ela sorriu e agradeceu.
- Muito obrigada, Edward. – ela se levantou e tentou abraçá-lo. Ela era espontânea. Eu gostei bastante dela. Ele estava de casaco, então se permitiu que ela o tocasse. – Uau, o ar condicionado desse hospital deve estar forte, você está gelado, querido.
Eu ri. Ele deu um pequeno sorriso torto e aquilo pareceu confundi-la. Tal mãe, tal filha.
Ela sentou na cadeira e abriu o pacote que continha um sanduíche de atum e uma salada de folhas.
- Obrigada. – ela agradeceu novamente. – Por tudo. Por isso, por estar ajudando Bella.
Resolvi sair para dar privacidade aos dois. É claro que eu estaria ouvindo tudo do corredor.
- Você não precisa agradecer nada. Eu faria e farei tudo o que estiver ao meu alcance para deixar Bella feliz ou manter a sua felicidade. Bella significa muito para a minha família e muito para mim também.
- Você parece ser um bom rapaz, Edward. Fico feliz que minha filha tenha pessoas que se importam com ela em Forks.
- Fico feliz que pense assim. – ele disse com a voz um pouco alterada. – Desculpe, mas preciso ver se Bella está precisando de alguma coisa. Meu pai está ajudando, mas fico mais tranqüilo quando acompanho mais de perto. Se me der licença...
- Fique a vontade. E obrigada pela comida, está deliciosa.
Ao longo do corredor, os passos de Edward ficavam impacientes. Sabia que isso significava. Ele estava incomodado com algo.
- Fale. – eu disse, acompanhando os seus longos passos até a enfermaria.
Silêncio.
- Vamos, Edward. O que Renée pensou. Não foi algo que ela disse que o deixou assim, eu sei pois ouvi a conversa inteira e você nem ouse brigar comigo pois você sabia muito bem que eu estaria ouvindo. Você não pode me privar de saber o que está acontecendo com Bella, ela já é a minha melhor amiga, você sabe disso...
- Alice, Alice. Ela quer levar Bella embora. – ele disse, parando bruscamente e se colocando frente a frente.
- O quê? – eu perguntei, incrédula.
- Ela quer levar Bella embora!