Sem dizer mais nada, olhamos um para o outro e sorrimos. Não precisávamos de palavras para estragar um momento tão perfeito. Eu o amava e ele a mim. Isso bastava. Ficamos por mais algum tempo na beira do rio até que sentimos as primeiras gotas de água caídas do céu. Corremos para o abrigo da cabana. Não queria me aborrecer com tia Rose ofendendo Jake e realmente estava preocupada com mamãe.
Chegando lá, a casa estava escura, com exceção da janela que dava ao jardim dos fundos. Do meu quarto. Tentei ouvir algum ruído, mas nada denunciou a presença de alguém dentro do meu quarto. Entrei pela porta da frente. Não havia ninguém na sala. Fui caminhando para o meu quarto com Jacob logo atrás de mim. Mamãe estava deitada de olhos fechados na minha cama e papai estava sentado, com a cabeça dela em seu colo, acariciando enquanto cantarolava uma música que era muito familiar. Era a sua canção de ninar. Apesar de mamãe não poder dormir, sabia que essa música sempre a acalmava. Papai diz que essa música espantava os pesadelos dela. Hoje, devia estar espantando um de seus maiores pesadelos.
Papai acenou com a cabeça quando nos viu e sorriu. Passou as mãos pelos longos cabelos escuros da sua esposa e disse:
- Meu amor, Renesmee está aqui.
- Renesmee? – ela abriu os olhos, enquanto levantava e sentava-se na cama. – Filha, vem cá por um instante, sim?
Me aproximei. Jake estava se preparando pra sair do quarto, quando ouvimos mamãe dizer, sorrindo suavemente.
- Não saia, Jake. Agora não há mais necessidade de afastá-lo de Renesmee.
Então, eles já sabiam. Por um momento eu havia esquecido da capacidade de papai ler pensamentos, mesmo à distância. Lancei-lhe um olhar e ele sorriu, levantando as sobrancelhas. Vampirinho fofoqueiro. Ri com esse último pensamento e ele também. Já havia se acostumado com o apelido carinhoso que eu dei às suas habilidades.
- Filha, - ela continuou. – não posso deixar de me preocupar com sua avó vindo nos visitar. Mas também não posso esconder a vontade que tenho de encontrá-la. Espero que você compreenda que com a vovó vai ser diferente. Ela vai achar estranho, poderá não aceitar de imediato, mas sua avó é uma pessoa maravilhosa. Eu sei, pois eu a criei bem. – Ela sorriu e nós também. Sabíamos que mamãe havia cuidado mais de vovó Renée do que ao contrário. – O que quero dizer é...
- Que eu devo esperar qualquer comportamento dela. – eu disse, me lembrando da Virgínia. – É, eu sei. Mas eu realmente quero correr esse risco.
- E nós vamos. – mamãe sorriu. – Chegou a hora de enfrentar nossos medos. E teremos apoio da nossa família e do Jake. – ela sorriu mais uma vez. – Apesar de que, Jake já faz parte da família.
- Mãe! – eu disse e pela primeira vez minhas bochechas coraram na frente dos meus pais. Senti que papai gostou da reação e pensei que isso o fazia lembrar de mamãe humana.
- Antes como um irmão, agora como ... – Jake ia completar, mas ela interrompeu primeiro.
- Por favor, Jake, não use a palavra, sim? – mamãe olhou para ele, séria. – Não estou velha o suficiente para ter um desses.
Todos rimos. Meus pais aceitaram Jacob em nossa família. Isso foi muito gratificante. Decidiram que era a hora de eu dormir, alegando que eu havia tido emoções demasiadas por um dia. Como discordar de seus pais vampiros e de seu namorado lobo?
- Mas Jake vem com a gente. – mamãe disse. – Quero dizer, ele poderá dormir em outro quarto, mas não o mesmo que o seu, como ele costumava fazer.
- Porque? – eu quis saber.
- Bom... – papai falou, mas seu um pequeno sorriso. – Agora que vocês não são mais amigos, acho que é isso que os pais normais fariam. Não vamos deixar seu namorado dormir com você até completar dezoito anos.
- Mas eu NUNCA vou completar dezoito anos. – eu falei.
- Essa é a idéia. – ele sorriu.
- Bom, - Jacob disse. – Pelo menos eu teria permissão e não teria que pular a janela e esperar você dormir como você fazia com Charlie.
- Felizmente, Jacob, eu não preciso dormir. – papai sorriu triunfante. – E Charlie não lia os pensamentos da filha.
Então, depois de uma longa série de beicinhos e testas enrugadas da minha parte, Jacob partiu para a casa conosco. Eu dormiria no quarto da tia Alice e ele dormiria no quarto do meu pai. Foi uma noite cheia de sonhos. Quando finalmente abri os olhos, vi tia Alice sentada na beira da cama, olhando-me com curiosidade e sorrindo.
- Ai, que susto!
- Desculpe Nessie. – ela ainda estava sorrindo. – É que eu não pude deixar de compartilhar da minha alegria com você.
- Do que está falando? – eu perguntei.
- Eu não sei o que aconteceu ontem à noite. – ela falou. – Mas por algum motivo eu consigo ver o seu futuro. Mesmo quando você está ao lado de Jacob, eu consigo ver o seu futuro.
- Pensei que não pudesse ver o futuro quando Jacob estava presente. – eu questionei, sentando na sua cama.
- Aparentemente, algo aconteceu para que isso mudasse. – ela estava saltitando pelo quarto. – E sabe o que me deixou mais feliz?
- O quê? – eu tinha até medo de perguntar.
- Você vai concordar em dar o baile!!!! – ela pulou em cima de mim e me deu abraços e beijinhos. – Eca, mas, por favor, tome um banho... Você está com o cheiro do Jacob.
Decidi tomar um banho. A minha roupa estava, milagrosamente, separada e dobrada no banheiro de tia Alice. Um vestido branco de algodão com pequenas flores cor-de-rosa. Quem haveria escolhido? Ri com meu ultimo pensamento. Olhei-me no espelho e sorri. Gostei da imagem da menina pálida de vestido delicado.
Desci as escadas. As mulheres da casa estavam decidindo ir caçar antes de vovó Renée chegar. Já havia algum tempo que não íamos caçar e eu estava começando a ficar sedenta por sangue.
- Se eu soubesse que estávamos vindo caçar, eu teria vestido algo que eu não sentisse pena de sujar. – eu disse a tia Alice enquanto vovó Esme, mamãe, tia Rose, eu, ela e Jake estávamos indo em direção às montanhas.
- Que bom que alguém aprecia meu gosto por roupas. – tia Alice disse, olhando para mamãe, e sorriu. – Mas eu posso pedir para fazerem outro igual a esse, caso aconteça algo com ele.
- Vou tomar cuidado na hora de caçar.
- Não sei se você vai conseguir Nessie, - Jacob me disse. – afinal, você caça igual a uma lobinha.
Essa afirmação me fez sorrir. Papai sempre dizia que mamãe, assim como ele, caçava igual a um leão da montanha. Jacob afirmar que eu, assim como ele, caçava igual a um lobo me fez corar as bochechas.
- Você ainda tem vergonha de receber meus elogios. – ele gargalhou. Ele ainda era o Jake, afinal de contas.
Demorou algumas horas até que eu pudesse pegar meu primeiro alce. Mamãe havia se afastado, mas as minhas tias e avó. Eu não precisava de muito sangue, já que meu lado humano estava saciado com comida. Deixei uma lebre escapar, mas peguei um pequeno veado que bebia água num lago por perto, deixando Jacob pra trás.
- Pobre Bambi. – ele brincou.
Eu ri, mas ignorei seu comentário. Era madrugada quando retornamos para casa. A caçada tinha sido proveitosa. Todas as mulheres apresentavam seus olhos num tom de dourado vivo. Sabia que ficaria mais fácil para mamãe usar lentes de contato quando a vovó chegasse. Lembro que ela usava quando ia visitar o vovô quando seus olhos ainda eram vermelhos. Tio Jasper e tio Emmett estavam vendo um jogo pela televisão. Papai estava tocando, como sempre, pra recepcionar mamãe. Vovô Carlisle ainda não havia chegado do hospital. Provavelmente estava ocupado com pesquisas e também com os enfermos.
- Como foi a caçada? – papai perguntou à mamãe quando ela sentou-se ao seu lado no piano, dando-lhe um beijinho.
- Boa. Um leão da montanha macho, uma gazela e dois ursos pardos. – mamãe disse, orgulhosa.
- Eles estavam agitados? – tio Emmett gritou de dentro da sala.
- Não, Emmett, eles estavam hibernando. – mamãe respondeu. Ouvi os resmungos do meu tio, dizendo que mamãe não aproveitava uma boa briga com ursos.
- Alguma novidade, Alice? – papai perguntou.
- Renée já está a caminho. O vôo vai se atrasar e ela vai ter que fazer uma escala a mais. Vai passar a noite em Illinois e deve chegar à Port Angeles pela madrugada. Vai dormir em um pequeno hotel e de manhã cedo vem à Forks, para a casa de Charlie.
- Pensei que ela soubesse onde nós morávamos. – tia Rose falou. – Afinal, ela esteve no casamento de Bella e Edward.
- Ela deve estar com medo. – mamãe disse. – Minha mãe sempre foi impulsiva, mas coragem com certeza não é o seu forte. Ela deve ir começar com Charlie e depois vem para cá. Não consegue ver nada, Alice?
- Bom, não há decisões tomadas, afinal, Renée não sabe o que a aguarda. Então só poderei ver quando Charlie contar que somos diferentes.
- Então, esperaremos. – papai disse.
- Por falar nisso, Jacob, - tia Alice completou – preciso tirar suas medidas para o baile de debutante.
- Minhas? Porque as minhas, baixinha? Vai me fazer um vestido também? – ele riu e ela mostrou-lhe a língua.
- Não, mas já que você está namorando a minha sobrinha, você deve estar impecável na hora da valsa. É claro que você vai ter que dançar com ela, logo após a dança do pai. E depois Edward e Bella vão dançar enquanto você dança com Nessie.
- Como? Ninguém me falou nada em dançar. – mamãe se levantou do piano.
- Pensei que o medo de dançar havia ficado com a Bella humana. – papai gargalhou. – Afinal, você não tropeça em nada desde que virou vampira, amor.
- Mesmo assim, dançar... não soa tão bem.
Rimos do medo bobo da minha mãe. Lutara contra o clã mais temido e respeitado dos vampiros, mas morria de medo de dançar. Me despedi da minha família e de Jake e dormi um sono sem sonhos, apenas movido pelo cansaço que me fez adormecer.
4 comentários:
è maravilhoSSSOOO!!!!!
ParabénsN!!!!
bella cum medo de dança ...kkkk
e uma sansaçaomuito boa desta historia
Como sempre arrasando !
Jake ♥♥
Postar um comentário