O Sopro do Vento - Capítulo 07: Uma Vampira

Quando acordei, o céu ainda estava escuro. Não consegui dormir direito. Minha família já estava reunida. Todos, menos vovô Carlisle. Ele ainda devia estar no hospital. Vovó Esme estava na cozinha, preparando alguma coisa para comer. Ela queria que a casa tivesse um ar normal quando vovó Renée chegasse e ela teria que comer após o choque. A casa inteira cheirava a biscoitos, bolo e frango assado com legumes. Esse cheiro me deixou enjoada.

Tia Rosalie estava sentada, assistindo televisão. Tio Emmett estava sentado a seu lado, reclamando do programa para mulheres.

- Ah, Emmett, dá um tempo.

- Coloca no Discovery Channel, Rose. Hoje vai passar um especial sobre ursos pardos em seu habitat natural. – ele pediu, um tanto manhoso. Era engraçado ver o maior dos meus tios falando como um menino mimado.

Tia Alice estava ao telefone. Se vovó me aceitasse, ela teria que providenciar todos os preparativos do baile para fazê-lo enquanto a vovó estivesse conosco. Então, decidiu ligar para estilistas e decoradores para acelerar os preparativos.

- Eu disse dourado, dou-ra-do. Não quero prata. Eu já tenho o vestido perfeito para a minha sobrinha, não vou refazê-lo porque vocês não têm a decoração dourada. – uma pausa foi feita. Quem quer que estivesse do outro lado da linha estava tentando argumentar. – Eu não quero nem saber. Pinte, compre outros, dinheiro não vai ser problema. – outra pausa. – Você está sendo rude comigo? Não me faça ir até você, mocinho...

Tio Jasper estava sentado, lendo um livro grande de capa dura e preta. Lia sobre a história dos Estados Unidos. Sabia que lia sobre as batalhas que aconteceram aqui. Ele havia participado de alguma dessas. Acho que procurava nome de amigos antigos ou até o dele.

Papai, sentado em seu piano, observava mamãe andando de um lado para o outro.

- Ela estará aqui em algumas horas. – ela disse. Pude perceber a caixa de lentes de contato em cima do piano preto de papai. – O que devo fazer?

- Acalme-se, Bella. – papai disse. – Vai sair tudo bem.

- Eu pensei, bem... uma idéia absurda, mas válida. Renesmee poderia fingir que era eu. Afinal, ela se parece mais comigo quando era humana do que eu pareço agora. É só dizer que fiz uma plástica para corrigir o nariz.

- Claro... e outra para diminuir de tamanho. – papai sorriu, tocando o piano. – Bella, ela é sua mãe. Acredito que ela saberia a diferença. E ela vai conhecer a neta. Renesmee precisa conhecer a avó dela.

- Mesmo assim... – ela dizia.

- Não seja absurda, amor. – ele sorriu.

- Você não me chama assim desde que eu me transformei... – ela olhou para ele.

- É porque você nunca esteve tão absurda em toda a sua... existência. – ele parou de tocar, mas sorria. – Venha cá. – ele chamou. Ela sentou a seu lado. – Renée tem a mente mais curiosa que eu já vi, quase infantil. Mas ela tem um coração justo. Ela te amará independente do que você é e amará Renesmee. Ela não a julga por ter seguido o mesmo caminho que ela. Ela só se preocupa com o seu futuro, mas sabe que estará bem comigo.

- Tem certeza disso? – ela o olhava nos olhos.

- Tenho certeza do que fui capaz de ver. – ele sorriu. – E tenho certeza do amor de Renée por você. É tão grande quando o que tenho por você. Embora...

- Embora o que? – mamãe perguntou.

- Ela não acha que você fica tão linda nesse vestido azul escuro como eu acho que você fica. – ele sorriu. Eles se beijaram intensamente. Quando pararam, mamãe olhou para ele e sorriu, pela primeira vez naquela manhã. – Mas prefiro quando você não está com ele.

- Mais tarde, você e eu, lá em cima, Sr. Cullen. – ela disse como se estivesse chamando papai para uma briga, mas sorriu ao mesmo tempo.

- Mal posso esperar, Srª. Cullen. – ele deu o sorriso torto que ela adorava.

Eu desci as escadas. Eles perceberam a minha presença e levantaram-se da cadeira.

- Não se preocupe. – eu pensei, sabendo que meu pai ouviria. – Eu vou fingir eu não ouvi nada. Uma preocupação a menos para ela. – e sorri. Ele sorriu de volta. – Bom dia mamãe, bom dia papai. – eu finalmente falei.

- Bom dia meu amor. – mamãe veio me abraçar. – Como dormiu?

- Bem, e você? – eu menti e sorri. Sempre perguntava a ela como ela dormiu. Ela sempre ria com isso.

- Bem... alguns roncos do seu pai, mas consegui dormir. – Ela olhou para ele e sorriu.

- Ei... Eu não consegui dormir a noite toda. – ele se juntou a nós. – Sua mãe falou a noite inteirinha. “Eu te amo, Edward”... “Alice, não quero usar esse vestido”... “Cala a boca, Jacob”.

Rimos bastante do que papai disse. Lembro que papai me contou de quando observava mamãe dormir quando era humana. Ela falava enquanto dormia. Mas falar de Jacob me fez perguntar se ele ainda estava dormindo.

- Na verdade, Jacob está esperando sua avó junto a Charlie. – ele não esperou eu falar o que havia pensado.

- Pensamos que se ela pudesse ver Jacob se transformar, ela entenderia como funciona o nosso mundo. – mamãe completou.

Uma boa idéia... mas até onde era uma boa idéia? E se vovó Renée se assustasse quando visse Jacob se transformar em lobo e não quisesse aparecer aqui?

- Não se preocupe. Alice viu sua avó chegando à estrada de nossa casa depois que decidimos mandar Jacob.

- Mas as visões delas são imprevisíveis quando tem Jacob no meio, não é? – eu perguntei.

- De certa forma, mas ela tem acertado bastante depois que você e Jacob se acertaram. – mamãe falou. – Dê um crédito a sua tia.

Ela sabia que eu confiava em tia Alice. Mas o nervosismo, a ansiedade, eles estavam me sugando. Eu não via a hora de estar com a minha avó. Não via a hora de poder ver com meus próprios olhos a vovó Renée.

As horas iam se arrastando. O sol começou a nascer. Recebemos o telefonema desnecessário do vovô. Desnecessário porque nós tínhamos a tia Alice. Vovô havia ligado para dizer que a vovó ligou, já saindo do hotel. O ônibus que ia de Port Angeles à Forks percorria o caminho em uma hora e meia. Então, sabíamos que vovô teria uma hora e meia para se acalmar. Ainda bem que Jacob estava lá. Ele não estaria sozinho, afinal.

Tia Alice, que estava em outro telefonema com a empresa de convites de aniversário, deixou o telefone cair no chão. Seus olhos focalizando um ponto no nada, enquanto sua fisionomia mudava.

- Ela liga pra vocês em breve. Teve que atender outra chamada. – tio Jasper havia pegado o telefone do chão. – E então, Alice? O que vê?

- Renée mudou de idéia. – Ela disse. – Ela está vindo direto para cá.

- O quê? – mamãe deu um salto da cadeira onde estava sentada. – Como? Ela não ia ver o Charlie primeiro?

- Ela decidiu dentro do ônibus. Ela pensou que não queria incomodar Charlie com as desconfianças dela.

- Desconfianças? – mamãe perguntou.

- Ela acha que você está grávida, Bella. – tia Alice disse. – E que por esse motivo está evitando encontrar com ela. Mas ela não está zangada. Ela repete o tempo todo que vai ser compreensiva com você se isso for verdade.

- Bom, então a idéia de ser avó não a aterroriza. – tia Rose disse.

- De um bebê, talvez não, mas de uma menina imortal que tem quase a idade de sua filha... – eu falei, e então me calei.

- Nessie, por favor, não é isso. – papai tentou me acalmar.

- Eu entendo papai. Eu sou diferente. Só quero que ela me aceite como aceitaria um bebê ainda dentro da barriga de sua filha.

- O que você acha disso Bella? – papai perguntou à mamãe, mas ela não respondeu. – Bella? Bella, meu amor, você pode me ouvir?

- Renée... está... chegando. – Ela falou, apavorada.

Uma onda de tranqüilidade nos envolveu e eu nem precisei olhar para o meu tio e saber que ele estava tentando nos acalmar.

- Acho que isso não vai adiantar muito, Jasper. – mamãe disse com a voz tranqüila, mas ao mesmo tempo alterada.

- Eu sei... mas evita de cometer alguma bobagem. – ele disse, calmamente. – Alice, quanto tempo até que Renée esteja aqui?

- Vinte minutos e ela solta em Forks. Mais vinte até que ela chegue aqui de táxi.

- Edward, ligue para Charlie e peça para ele vir para cá. – tio Jasper disse. – Esme e Alice, vocês fiquem com Bella e Renesmee lá em cima. É melhor vocês não estarem aqui. Nós iremos tranqüilizar Renee e então a levaremos até vocês.

- E nós? – tia Rosalie perguntou, referindo-se a ela e Emmett.

- Precisamos ter um ar de naturalidade quando Renée chegar. Então você ficará exatamente onde está. Assistindo televisão mais Emmett.

Ela resmungou, mas não discordou. Nós subimos as escadas. Tia Alice abraçada com mamãe. Vovó Esme me conduzia até o quarto de tia Alice quarto, seguidas pelas outras. Um silêncio mortal se fez no quarto. Passados os quarenta minutos, todas nós ouvimos o barulho de um carro chegando à beira da estrada. Vovó Renée havia chegado.

Se não fosse pela nossa incrível audição, nós não teríamos escutado o que eles estavam conversando. Vovó soltou para fora do carro. Meu avô já estava posicionado em frente a nossa casa mais Jacob. Nenhum dos vampiros estava do lado de fora ainda. Se não fosse a nossa audição perfeita, não ouviríamos a conversa.

- Charlie? – pude ouvir a voz desconhecida de vovó Renée. – Como sabia que eu vinha para cá?

- Renée, eu preciso falar com você antes de você encontrar com Bella. – ele falou. Seu tom era firme e sério.

- Quem é esse menino? – ela perguntou. Sabia que estava se referindo a Jacob. – É o filho mais novo de Billy, não é?

- Sim, este é Jacob Black.

- E o que ele está fazendo aqui com você? Pensei que ele e Bella haviam perdido o contato depois do casamento.

- Jacob está aqui pra me ajudar a explicar porque Bella andou evitando um contato direto com você no último ano. – ele tentou explicar.

- Então você sabia? – sua voz saiu abafada. – Como pôde, Charlie? Eu confio nossa filha a você e você sabe de tudo o que acontece com ela, mas não me conta?

- Renée, me escute. Eu preciso que você entenda que Bella está diferente. Mas ela continua sendo a nossa filha.

- Ela está diferente? Como assim?

Ouvi um barulho que já reconhecia. Era Jacob. Ele estava se transformando em lobo. Assim que a transformação cessou, pude ouvir o grito de terror de vovó Renée. Não durou muito tempo. Foi breve e agudo. Pude perceber que chorava, pois sua voz saiu abafada quando dirigiu a palavra ao vovô.

- Charlie Swan, você quer me explicar o que está acontecendo? – ela perguntou. Sua voz tinha um misto de medo e fúria. Eu sabia que ela estava assustada com o grande lobo que estava em sua frente.

- Quero que você entenda que no nosso mundo existem criaturas diferentes. – ele falou, calmamente. – E que elas vivem entre nós sem maiores problemas. Jacob é uma delas. Ele e alguns dos Quileutes podem se transformar em lobos. Eles não fazem mal a ninguém, eles só fazem isso para defender a suas terras.

- E o que isso tem a ver com Bella? – ela perguntou.

- Bella está um pouco diferente. Depois da lua de mel, ela sofreu algumas alterações físicas. Mas continua a mesma pessoa, a nossa filha.

- Como assim, alterações físicas? Eu quero ver a minha filha.

- Ela estará conosco em breve. – reconheci a voz suave do meu pai.

- Edward, onde está Isabella? – ela perguntou, impaciente.

- Ela está no quarto de Alice. Mas ela quer ter certeza de que você a aceitará mesmo estando diferente.

- Quanto ela está diferente, Edward?

- Digamos que ela se parece mais comigo do que com você. – ele resumiu. – Renée, eu e minha família temos algumas semelhanças com o povo Quileute. Nós estamos nessa terra há algum tempo e não somos exatamente o que vocês chamariam de normais. É claro, Bella sabia de tudo antes de começarmos a ter um relacionamento e aceitou-me do jeito que eu sou.

- E o que vocês são, exatamente, Edward? Alguma seita? Bruxos?

- Para a sua segurança, não podemos contar. – ele disse, calmamente.

- Como assim? Eu acho que eu tenho o direito de saber o que vocês são. É com você que a minha filha casou.

- Renée, não acho que seja prudente. É um segredo. E quem o souber estará correndo risco.

- Eu quero saber. – sua voz estava alterada.

- Renée, não...

- EDWARD CULLEN, ME CONTE DE UMA VEZ. – ela estava gritando. Não vi mamãe desaparecendo a meu lado. Só percebi a sua ausência quando ela já havia descido as escadas.

- Mãe. Estou aqui. – mamãe dizia calmamente.

Houve uma pausa. Não ouvi a voz de ninguém. Em um instante, pensei que vovó estivesse analisando a sua filha. Não a que tinha visto meses atrás, mas sim a sua nova filha. Aquela mulher pálida, fria e linda, de longos cabelos escuros e de olhos dourados. Ela optou não usar as lentes.

- Edward. Acho que podemos revelar aos meus pais o que somos. Eles não me trairiam dessa forma.

- Você é quem escolhe, meu amor. – ele disse de forma serena.

- Mãe. Por favor, não se assuste. – mamãe disse. – Eu preciso explicar porque estou assim. Logo após a lua de mel, algo aconteceu comigo. Eu engravidei de Edward.

- Como? – vovó perguntou.

- Eu engravidei de Edward. Eu não sabia que isso era possível, achei que sua espécie era estéril. De qualquer forma, o bebê cresceu de forma irregular na minha barriga. Em algumas semanas de gestação eu dei a luz a uma linda menina. Seu nome é Renesmee, uma mistura de Renée com Esme. Mas o parto de Renesmee foi muito difícil e se Edward não tivesse me transformado no que sou hoje, eu teria morrido.

- E o que você é, minha filha? – ela perguntou.

- Uma vampira. – ela disse, fria e secamente.

6 comentários:

Yasmin disse...

é a cosa + normau de se falar pra seu mae eu SOU uma VAMPIRA

Flávia Araújo disse...

Meu sonho é ser uma vampira !!
eles são muito linndos e eu também !!

Sieg disse...

tambén !!!!!!!!!!

Sieg disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sieg disse...

tambén !!!!!!!!!!

Sieg disse...

tambén !!!!!!!!!!

Postar um comentário

blog comments powered by Disqus
Blog Design by AeroAngel e Alice Volturi