Sol Ardente - Capítulo 27

Você acredita que ainda tinha de ir à escola no dia seguinte? Mesmo depois de tudo que tinha acontecido nas últimas 24 horas?

Meu pai disse que era porque seria muito suspeito se todos nós e Derek não aparecessemos na escola no mesmo dia. Os rumores iriam circular, especialmente depois que as pessoas descobrissem sobre os ferimentos de Derek. De qualquer maneira, era uma chance para que nós contássemos a nossa versão da história antes que qualquer outro fizesse. Pelo menos Jake estava finalmente de volta.

Antes de que eu saísse para a escola, visitei Derek. Forcei a mim mesma a fazer isso, afinal era em parte minha culpa que ele estivesse nessa condição. Mesmo tendo terminado com ele e tudo mais, eu ainda me sentia mal. E não sei porque, mas senti a necessidade de falar com ele.

Quando espreitei com minha cabeça pela porta, vi Carlisle cutucando o corpo pacífico de Derek com algo médico. Quando dei uma olhada mais próxima, descobri que era outra seringa cheia de um líquido claro.

“Bom dia, Nessie, ” cumprimentou Carlisle, sem levantar os olhos de suas mãos. Gentilmente pegando o tubo fino, ele injetou a substância na circulação sangüínea. “Pronta pra escola?”

“Sim, ” respondi, e abri minha boca para perguntar a ele como Derek estava indo, mas Carlisle me venceu. Às vezes acho o traço de leitura de pensamentos do meu pai tinha passado para ele.

“Derek está indo bem. Ele está estável, e seu corpo está respondendo muito bem às drogas e os remédios que eu estive dando. Acabei de dar outra dose de sedativos; ele continuou acordando no meio da noite pela dor, e ele realmente precisa de descanso se quiser se curar normalmente, ” disse Carlisle, me dando um relatório. Então falar com Derek estava fora de questão. Jogando a agulha usada no cesto de lixo no pé da cama, Carlisle levantou o olhar para mim, seus olhos dourados irradiavam empatia.

“Não é sua culpa, Nessie, ” ele disse suavemente. “Você não fez nada de errado. O garoto chamou isso a ele mesmo desde o momento em que decidiu tomar aquele primeiro gole até o instante em que ele te ameaçou com aquela faca. “

Embora eu soubesse que ele apenas dizia aquilo para o meu bem, eu ainda sorri de volta para ele com gratidão. “Obrigada, Carlisle, ” murmurei enquanto ia para frente para beijar seu rosto suavemente.

Carlisle sorriu para mim com amabilidade, acariciando meu ombro paternalmente, então ele fez seu caminho à porta. “É melhor você ir andando antes que os outros te deixem para trás, ” ele falou por cima do ombro com sua mão na maçaneta. “Tenha um bom dia na escola. “

“Tchau, Carlisle, ” disse voltando minha cabeça para a forma imóvel de Derek. Ouvi a porta fechar levemente. Carlisle estava me dando privacidade. Meu coração se inchou com sua benevolência silenciosa.

Olhei Derek enquanto ele dormia, seu peito subindo e descendo lentamente no ritmo do sinal agudo e fraco do monitor de batidas do coração. O pobre rapaz ainda parecia horrível com todas as ataduras e gessos que cobriam seu corpo. Uma sensação leve de revulsão passou por mim enquanto me lembrava daquela noite: sua embriaguez, como ele tentou me forçar a beijá-lo, como ele puxou aquela faca e me ameaçou…

Mas enquanto eu olhava para ele, não conseguia sentir aquela raiva. Ele parecia tão pacífico, tão cheio de tranqüilidade. Seus músculos faciais estavam relaxados, e faziam ele parecer quase como se estivesse sorrindo. A sensação de repulsão foi afastada por um afeto estranho.

Por que eu me sentia desse jeito?

Bem, ele foi o meu primeiro beijo. E meu primeiro amor. Eu sempre teria uma espécie de conexão com ele.

Mesmo que ele teve aquele mal momento na noite passada, não pude deixar de pensar que todo o bem que ele fez ultrapassava isso. Claro, ele tinha defeitos. Mas todo mundo tem. Por todo o breve tempo que saímos juntos, ele tinha sido tão cortês comigo, tão gentil, tão carinhoso, e de verdade um ótimo namorado. Passada essa impressão de bad-boy que ele usava em público, ele era cheio de compaixão e doçura. Se eu não tivesse me apaixonado por Jake, eu não teria terminado com ele.

Ele merece uma garota especial. Mesmo que ele tenha tentado me machucar, não acho que acontecerá novamente. Meu pai vai ter certeza disso. Acho que ele realmente se arrependeu do que aconteceu também. E estava claro que ele só fez o que fez porque estava bêbado, e estava bastante óbvio que ele não era um bebedor regular.

Um dia, ele irá encontrar uma menina, e eles irão se apaixonar. Ele não beberia mais, e a trataria com tanta – ou mais – cortesia e respeito como ele me mostrou. Sua vida estaria livre das falhas que ao me conhecer lhe foram dadas. Ele iria se esquecer de mim e seguiria em frente.

Enquanto eu pintava o quadro perfeito de seu futuro, não pude deixar de desejar que ele de fato se realizasse. Não queria ter arruinado a vida dele por minha causa, e por causa do que aconteceu na noite passada. Esperava que ele nunca se lembrasse dos verdadeiros detalhes daquela noite. Esperava que ele simplesmente acreditasse na fantasia que plantamos na sua cabeça.

Mesmo enquanto tentava me convencer disso, uma leve sensação de medo se enrolou no meu estômago. Ele sabia que algo estava acontecendo. Ele não era estúpido. Ele deve ter notado algo sobre o modo que estávamos agindo. Talvez partes de sua memória até estavam voltando para contradizer a história que contamos à ele. Afinal, nenhuma mínima parte da mentira pareceu soar verdadeira para ele, mesmo com sua amnésia.

Diabos, talvez ele até notou algo estranho sobre nossa família antes mesmo do ataque – a pele pálida deles que era dura como pedra, como eles evitavam a luz solar, as mudanças sutis na cor de seus olhos, como eles se mantinham longe dos humanos, suas ações estranhas, o sentimento primitivo que os humanos tinham quando nos olhavam e que dizia a eles para correr para o outro lado – e o evento que ocorreu na noite passada somente reforçou isso. Ele poderia ter até notado poucas coisas fora de lugar sobre mim também:minha temperatura quente que não era comum, minha pele dura, quando mordi o lábio dele, minha falta de comer comida humana, meus comportamentos estranhos…a lista era infinita.

Analisei a sua figura. Talvez ele não notou nada disso. Talvez ele era tão desligado quanto qualquer outro humano.

Dei passos para mais perto da cama. Eu realmente esperava que tudo desse certo no final.

Estendi a mão inconscientemente e deixei ela pairar por cima de seu rosto adormecido. Ele simplesmente parecia tão suave, pacífico e inofensivo. Deixei minha mão passar por sua bochecha. Ele se sentia tão frio comparado à minha temperatura superaquecida.

Suspirando, olhei pela pequena fenda entre as duas cortinas brancas que adornavam a única janela no quarto. Melhor eu ir andando se eu não quisesse fazer os outros esperararem. Podia ouvir os motores ligados na garagem lá embaixo. Papai deve ter dito a eles para esperar ou algo do tipo – o que foi provavelmente a razão pela qual ninguém tinha aparecido aqui para arruinar meu momento.

Olhando de volta para Derek, um impulso tomou conta enquanto meus olhos traçavam pela expressão serena dele. Curvando, coloquei meus lábios ligeiramente em sua bochecha. “Sinta-se melhor, ” murmurei suavemente enquanto me endireitava e ía em direção à porta.

Mas na hora que me virava mais uma vez, pensei ter visto seus cílios tremularem quase não visivelmente e um fraco e presunçoso sorriso sombreando seus lábios – um sorriso que eu tinha certeza que não estava lá há um momento atrás. Mas então pisquei, e ele voltou para aquela posição de quase estátua na qual estava antes. Minhas desilusões deviam estar vazando para outras partes da minha vida agora.

Fechando a porta quietamente atrás de mim, voei para o meu quarto para apanhar minha mochila, antes de zunir escada abaixo e sair pela porta. Olhando pela entrada para carros, notei que o Jeep e Volvo já tinham ido. Roncando em frente da porta da garagem estava a Harley vermelha de Jake, o seu ocupante esperando no assento que vibrava.

“Todo mundo já foi, ” Jake afirmou enquanto me chamava com um sinal para que eu subisse atrás dele. Estava aliviada que ele estivesse de costas para mim quando eu corei. Tomara que ele não sabia o que eu estava fazendo lá dentro.

“Obrigado, Capitão Óbvio, ” tentei brincar ao mesmo tempo que envolvia meus braços cuidadosamente em volta da cintura dele. O chiado do ar em minha volta fez minha cabeça querer explodir. Minhas bochechas ficaram mais quentes enquanto eu lembrava do meu sonho da noite passada, sonho no qual Jake estrelava.

Jake riu baixinho e suavemente enquanto reavivava o motor, então levantou o apoio da moto para nos mandar zunindo pela estrada.

3 comentários:

Kaline disse...

Cara é sério eu nn sei se sinto pena ou ódio por Derek, em um Cap. ele parece o mal em pessoa no outro ele parece mais inocente que uma criança aiiii qe raiva!!!!!

Amanda disse...

Que raivaaa d mim tipoo... to morrendo de penaa do Derek!

Larissa Prates disse...

Concordoooo!!

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