Sol Ardente - Capítulo 30

A floresta estava silenciosa enquanto eu mergulhava atrás dos galhos e dos troncos retorcidos. Na minha mão, eu segurava uma bola de neve perfeitamente redonda que estava comprimida em gelo, pronta para atacar. Podia ocasionalmente ouvir um barulho pálido de gelo batendo contra pedra que repercutia pela floresta, mas pareciam longe, portanto, nada a se preocupar.

Pulei para cima sem muito esforço para aterrissar nos troncos de uma árvore particularmente alta. Me agachando atrás dos galhos, eu me escondi, olhos e ouvidos atentos para qualquer som. Eu podia sentir a adrenalina pulsando em minhas veias enquanto meu coração batia mais rápido que o usual. Essa é a melhor parte em uma guerra de bola de neve com minha família. Me dá a excitação de uma batalha, ainda assim estou perfeitamente segura. Me dá a chance de me sentir como uma vítima pra variar, ao invés do predador.

Muitos não entenderiam este meu sentimento. Afinal, quem gostaria de ser uma vítima? Mas por toda a minha vida, parecia que eu tinha uma grande vantagem sobre todas as criaturas vivas. Um estalar de dedos e eles estariam no chão, mortos. Ser caçada pra variar, mesmo que seja em um jogo, me coloca em meu lugar. Era uma chance de me sentir como minhas vítimas se sentiam. Me deixava simpatizar deles, de modo que eu não seria completamente um monstro e perderia todos meus sentimentos. Era meu modo de manter minha humanidade. Além disso, adorava a adrenalina que vinha junto.

Alguns arbustos se moveram abaixo de mim, e de imediato virei minha cabeça tensamente naquela direção.Também pude ouvir a batida acelerada de um coração e sentir o cheiro do sangue agitado nas veias da criatura. Na hora, um pequeno coelho fugiu da cena, obviamente deixado para trás por seu mais inteligente companheiro que tinha fugido no momento em que sentiu um grande predador por perto, ou, neste caso, um bando de perigosos predadores: Nós.

Relaxei minha forma, mas deixei meus olhos passarem insistentemente através do terreno vazio.

Ouvi o fraco quebrar de um galho, e o cheiro familiar entrou por minhas narinas, mas fui muito devagar para ter uma reação. Me virei para a fonte, balançando minha mão para atirar em qualquer um com minha bola de gelo, no exato momento em que o míssil me pegou direto no peito.

“Oomph!” resmunguei enquanto tropeçava do meu lugar na árvore. Me curvei em uma bola instintivamente quando caí no chão coberto pela neve, enviando uma nuvem suave de partículas aos céus de onde eu caí.Me mantive na minha posição, escutando os silenciosos e os cuidadosos passos do meu atacante. Eu podia dizer que era Emmett. Ninguém mais jogaria uma bola de neve tão forte em mim – todos eles tinham uma estranha super proteção comigo, e seus passos eram muito pesados para ser de qualquer outro além de Jake. E o cheiro também era distintamente de Emmett.

No momento que os passos dele estavam dentro do alcance do meu braço de arremesso, girei no lugar, atirando minha bola de neve ao mesmo tempo. Ouvi o satisfatório baque quando minha munição atingia seu alvo.

Corri pra longe, me jogando para trás de uma árvore, justamente enquanto outra bola de neve raspava em mim. Tomando fôlego e sorrindo enquanto pressionava minhas costas contra um tronco seguro, eu cavei mais algumas bolas de neve e as apertei em gelo.

“Agora você vai me pagar, baixinha!”, a voz grossa de Emmett gritou. Calculei sua posição pelo som de sua voz antes de pular para fora e atirar outra bola de neve em sua direção. Continuei através do espaço aberto para mergulhar atrás de outra árvore. Sorri enquanto ouvia o impacto do gelo batendo em seu corpo.

Emmett ficou em silêncio, mas eu podia levemente detectar seus quietos passos enquanto ele tentava dar volta ao redor da árvore que servia de escudo. Mas eu o imitei, me movendo através do tronco, até dançarmos um círculo em volta um do outro com a árvore no centro, terminando onde começou.

Ouvi outra figura entrar na vizinhança. Considerando o batimento de um coração e os suaves passos em conjuntos de quatro, concluí que o novato era Jake, na sua forma de lobo. Agora a questão era se ele ia se juntar com Emmett aqui ou comigo. Eu brevemente me perguntei como ele jogaria uma bola de neve se ele era um lobo.

Emmett parecia não ter ouvido Jake ainda, então ele continuou fazendo seu caminho em volta da árvore, sem hesitar.

Espiei pra fora de meu esconderijo bem no momento que um gigantesco lobo castanho-avermelhado pulou para dentro da pequena clareira, com um pedaço de gelo em sua boca. Continuando seu caminho para a cobertura das árvores, ele se atirou pelo ar se transformando na metade do pulo com tempo suficiente para cuspir a bola de gelo em sua mão e arremessar na forma atordoada de Emmett, antes de se explodir de volta em um lobo e aterrissar no chão. Ele fugiu de nossas vistas, latindo uma risada na expressão chocada de Emmett.

Isso tudo aconteceu em menos de um segundo. Ele passou de lobo para humano para lobo de novo tão rápido que até meus olhos de meio-vampira viram apenas um borrão. Isso me fez meio feliz de não ter visto nada que fizesse as coisas estranhas entre a gente, mas meu lado perverso estava desapontado.Tentei acabar com o desapontamento e meus sentimentos vergonhosos, e então ri às custas de Emmett ao invés disso.

“Maldito vira-lata!” , Emmett rosnou enquanto se jogava na floresta atrás de Jake, esquecendo-se completamente de mim.

Deslizei pelo tronco de uma árvore, tentando evitar que minha imaginação não fugisse de mim. Tarde demais.

Imagens do que eu poderia ter visto apareceram por meus olhos, e me senti um pouco mal pelo prazer que passou por mim com essas fotos de Jake. Em algum momento seria eu capaz de deixá-lo de lado? Ele claramente não me amava, e ainda assim continuava me agarrando nele e no amor que sentia por ele. Droga!

Esperava que papai estivesse longe o bastante para conseguir ler minha mente, mas esta era uma causa perdida. Éramos tão apegados um ao outro que ele poderia estar a 10 milhas de distância e ainda continuar me ouvindo. Com sorte, ele não diria nada à mamãe sobre meus delírios e imaginação selvagem. Tenho certeza que ela não aprovaria. Não sei bem de como ela reagiria se descobrisse que eu estava loucamente apaixonada por seu ex-melhor amigo, mas a maternidade dela provavelmente iria achar algum jeito de por um final nisso.

Quando me coloquei em pé – eu não deveria ficar aqui por muito tempo no caso de que um dos outros ouvisse nosso encontro e viesse fazer uma emboscada em quem tivesse sobrado – um sentimento estranho me inundou. Fez minha pele formigar com a consciência e arrepios subirem em minha pele de pedra. Meus sentidos se aguçaram imediatamente enquanto minha cabeça rodava nervosa. Eu não gostava desse sentimento. Era o sentimento de ser observado. Agachei-me e formei outra bola de neve, tentando convencer a mim mesmo que era só mais um dos membros de minha família esperando para me atacar, mas não conseguia tirar o sentimento de que seja de quem for esses olhos em mim, não eram de brincadeira ou de um amigo.

Fiquei parada em minha posição, músculos prontos para lançarem um ataque ou para fugir. Segundos passaram e nada aconteceu, mas o sentimento de ser observada nunca diminuiu.

Tentei me convencer de que tudo estava bem, eu estava segura. Se houvesse um perigo em minha volta, papai teria ouvido os pensamentos dele ou dela e já estaria aqui, me defendendo de quem quer que fosse. Considerando que nem meu pai nem meu observador apareceram, não deve ser nada, certo? Embora eu seja apenas um borrão nas visões de Alice, ela também teria visto algo se eu desaparecesse para sempre ou se algo interferisse em meu futuro. E havia oito vampiros, um meio vampiro e um lobisomem nas proximidades, alguém teria ouvido ou sentido o cheiro de algo fora do comum se um estranho viesse para uma visita.

Pausei em um falso sentimento de segurança embora eu soubesse fundo dentro de mim que minhas certezas não estavam completamente corretas. Há modos de evitar a leitura de mente de meu pai ou as visões de Alice – embora a distância permita ouvir meus pensamentos, ele pode estar longe demais para ouvir o de um estranho, e já foi provado que dá para evitar ser visto por Alice, tudo era possível.

Mas papai já deve ter ouvido meus pensamentos preocupados. Porque ele não veio ainda para se certificar que eu estava realmente segura? Ele acreditava que eu já estava completamente sem perigos e esse sentimento de preocupação era apenas o resultado de uma brincadeira de guerra de bola de neve em andamento? Talvez fosse exatamente isso. Alguém estava apenas se preparando para me atacar com uma bola de neve, só isso, e por isso meu pai ou Alice não vieram correndo.

A apreensão continuou. Até mesmo o sentimento de ser observada parecia ter aumentado. Senti alguém se aproximar pela esquerda e eu rodopiei, lançando a última arma que eu tinha – a bola de neve – para acertar o alvo na mosca. O intruso caiu no chão com um grunhido, imóvel e em silêncio. Mas quando vi quem era, eu me arrependi.

“Jake!” eu gritei, correndo em direção de sua forma caída. Ele não tinha pele dura feito pedra como nós vampiros. E eu tinha lançado aquela bola de neve com toda a minha força. Bati em seu pelo grosso, querendo que ele abrisse seus olhos. Eu não gostava de quão imóvel ele estava. “Jake” Meu Deus, por favor, esteja bem. Onde está Carlisle quando você precisa dele?

O lodo de repente me deu o bote, rápido demais para eu reagir, e me lançou tombando com ele sobre mim. Deslizando até parar no chão enevoado, a boca de Jake abriu-se num sorriso de lobo, sua língua se reclinando alegremente em cima de mim.

“Seu idiota!” gritei amistosamente empurrando o peito dele. “Pensei que eu tinha realmente te machucado” mas eu estava aliviada que ele estava aqui. Era realmente apenas Jake que deve ter estado me observando.

Ele latiu uma risada enquanto arrancava para a cobertura das arvores. Um breve cintilar deturpou a atmosfera e o Jake humano reapareceu, com um par de shorts em farrapos.

“Onde estão as roupas que você vestiu para escola?” Perguntei, olhando sua vestimenta criticamente. Alice não ficaria muito feliz se ela descobrisse que ele explodiu suas roupas da escola que ela escolheu especialmente para ele no seu primeiro dia de volta.

Jake avançou em minha direção, sorrindo. Tentei fixar meu olhar em seu rosto ao invés de seu corpo bem definido. “Eu troquei de roupa no quintal antes de mudar de fase” Tentei impedir que as imagens de suas palavras entrassem na minha mente. “Ainda bem que eu guardei um outro short na varanda. Peguei ele antes de me mandar, ” ele respondeu, me dando a mão pra me levantar do chão. “A sua cara quando você pensou que tinha me machuca foi impagável, ” ele gargalhou. Ergui meu queixo em indignação. “Não sei como você acha que um monte de neve pode me ferir.”

“Era gelo”, me defendi. “E eu joguei bem forte.”

“Bem, sua versão de forte e minha versão de forte são bem diferentes então, delicado” Jake zombou.

Amarrei a cara pra ele. “Eu não quis te acertar, se eu soubesse que era você, eu não teria jogado.”

“Wow, eu realmente devo ser bem esperto, ” “espreitei o Emmett e você!”

Dei um soco no braço dele mas deixei que ele se sentisse orgulhoso. Eu não quis dizer a ele que eu estava bem mais preocupada com os olhos me vigiando do que para prestar atenção em quem se aproximava. Porque isso me levaria a ter que contar à ele de como sentia que estava sendo observada, e tenho certeza que ele reagiria mais do que o necessário. Mas era apenas Jake que estava me observando, certo?

Ele me encarou de cima a baixo com um sorriso largo em seus lábios e puxou meus cachos brincando. “Desculpa pelo susto. Trégua?”

Agarrei sua mão estendida, enrijecendo o pequeno choque de prazer que para sempre passaria por meu corpo por qualquer contato de pele entre nós. “Trégua.”

Sorrindo, Jake puxou a minha mão. Vamos nessa. Vamos emboscar Emmett. “Deixe-me trocar de fase rapidinho e já volto.”

Eu vi quando a forma de Jake foi tragada pela mata. Logo quando a presença de Jake desapareceu, percebi que estava errada. Ainda estava sendo observada. A presença de Jake tinha me feito sentir protegida e segura, então eu tinha feito vista grossa sobre o sentimento enervante.

Mordi meu lábio, tentando apagar o sentimento. Jake voltaria logo. E devo estar imaginando tudo. Afinal, eu tenho mesmo uma imaginação fértil e muito iludida, como já foi provado antes em termos de minhas ilusões com Jake. É isso aí. Só minha imaginação.

Ignorei a ardência da pele em minha nuca, forçando um sorriso em meus lábios quando Jake reapareceu em sua forma de lobo. Um sentimento de segurança me inundou, e eu esqueci completamente a sensação de ser observada quando olhei nos olhos acolhedores de Jake. Seguindo o aceno de sua cabeça, ambos mergulhamos na floresta, a caça do urso.

5 comentários:

Kaline disse...

eu acho qe ela estava mesmo sendo observada... Aiiii qe meda

Ana Lúcia Ferreira da Silva disse...

OPS,QUEM SERÁ?

Nessie Cullen disse...

Meu Deus!!!Ela tá sendo observada siiim :E

Amanda disse...

Volturi????Séraa??

kety cullen disse...

Comcordo

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