Verde, Vermelho, Dourado - Capítulo 18: Rendas sem sangue

Eu estava em admiração de minha linda irmã. Ela era uma vampira recém-nascida e ainda assim se segurava com um controle inacreditável. A tentação estava lá, claro. Eu podia facilmente imaginar como sua garganta queimava com uma dor seca já que podia ler tudo isso em sua mente. Mas ela resistia, entoando seu mantra repetidamente. Eu não terei nenhum deles em mim. Ela apenas queria a morte para seus atacantes. Ela sentia que os permitindo viver enquanto ele chupava todo seu sangue seria uma morte muito fácil. O horror em seus olhos enquanto ela quebrava seus frágeis ossos humanos era mais que suficiente.

Ela era uma assassina natural, nascida para causar destruição para aqueles que mereciam ser punidos dolorosamente. Uma vampira com olhos vermelho-sangue, arrastando seu vestido de noiva de renda branca na rua escura e fria, enquanto a neve flutuava ao redor de seu cabelo como uma aréola. Eu estava tão satisfeito quanto ela quando ouvi os aterrorizados gaguejos nas mentes dos homens que ela matou. Apesar de seus acentuados odores humanos, o cheiro de nossa presa natural estar impregnado nela e pesado em minha mente, ela nunca bebeu o sangue deles. Nem sequer uma única vez.

Rosálie era linda, uma fina espécime de vampira. Mas sua mente era muito superficial, transparente e clara como vidro. Minha lealdade permanecia com minha família, antes de mais nada e por tudo. Naturalmente eu cuidaria dela como um irmão faria com uma irmã. Isso era o certo. Sem importar de toda minha admiração por seus talentos sensuais, quebrando os pescoços dos homens que cruzaram seu caminho sem nenhuma dificuldade, eu apenas podia apreciar suas habilidades. Seu corpo, se assim preferir. Mas sem ter a capacidade de ler mentes, eu não sentia conexão alguma com ela. Ela era linda, mas não era minha. E eu não era dela.

E então, a noite de terror que tinha caído sobre a cidade de Rochester, Nova Iorque, tinha acabado. Não em um banho de sangue, mas com a renda esfarrapada de um vestido de noiva.

Eu estava recostado em meu sofá, lendo um atlas dos Estados Unidos. Carlisle veio até meu quarto, enraivecido. Ouvi seus confusos pensamentos de fúria muito antes de ele ter entrado. Sua mente estava completamente sem coesão.

Ele jogou um jornal aos meus pés e me encarou. Eu olhei a manchete, “Royce King brutalmente assassinado”. Eu olhei de volta para ele, apertando minha mandíbula.

“E você me acusa de falta de discrição”, disse Carlisle entre seus dentes.

Balancei meus ombros. “Era necessário. ”

“Necessário?” ele gritou. “Exatamente como você poder chamar isso de necessário?”

“Ela estava segurando sua raiva fortemente demais”, respondi calmo. “Era a única maneira de ela poder seguir adiante. ”

“Então você pensou que assassinar sete homens, dois dos quais eram guardas inocentes, necessário?”

Eu sorri ao lembrar dos guardas. Eu falei para Rosalie onde Royce estava se escondendo, ela correu imediatamente ao local. Eu sussurrei urgentemente, “Rosalie, cuidado, há dois guardas!” Ela deu risada em sua mente e respondeu, “Haviam dois guardas”.

“Você acha isso engraçado, não acha?” A raiva de Carlisle me trouxe de volta ao presente. Coloquei minhas mãos atrás da cabeça.

“De algumas formas, foi bem divertido. ” Eu sorri.

“Edward!” ele rosnou. “Eu não posso tê-lo aqui se você continuar se comportando como um adolescente rebelde!” Como meu filho pode fazer isso. . . ?

“Carlisle”, eu franzi, “Eu não matei aqueles homens. ”

Todos os pensamentos chegaram à um ponto de parada. Ele estreitou os olhos. “Estes foram claramente os atos de um vampiro”, ele afirmou.

“Sim”, eu concordei. “Rosalie precisava encerrar esse assunto”.

Parecendo derrotado, ele se sentou perto de mim no sofá. Os dois olhamos o jornal com pensamentos bem diferentes em nossas mentes. Eu estava orgulhoso da forma que Rosálie lidou com toda a situação. Ela não deixou cair uma única gota de sangue. Enquanto os pensamentos de Carlisle eram uma mistura de desapontamento e culpa. Eu criei um. . .

“Não, Carlisle”, eu interrompi seu raciocínio calmamente. “Você não criou um monstro. ”

“Como pode estar tão certo?” Carlisle franziu preocupado.

“Ela não tinha interesse no sangue deles. Ela apenas queria que eles sofressem do jeito que ela sofreu. ”

“Mas se ela cometeu esses atos uma vez. . . ”

“Não”, eu interrompi novamente, “ela não fará isso novamente. ”

Eu a tinha encontrado naquela noite, o olhar perdido, sentada na sala com o corpo desfigurado de Royce. Ela não me olhou quando me aproximei dela. Ela estava chorando, secas e pesadas lágrimas. Eu deslizei um braço por baixo de seus joelhos e passei o outro ao redor de suas costas. Eu a levantei e a levei para casa. Assunto encerrado.

Ele viu o atlas no meu colo.

“Você percebe que nós teremos que nos mudar por causa disso”, Carlisle disse.

“Eu bem ciente disso”, respondi colocando uma mão no atlas. “Eu estava pensando que o Apalache seria legal. As montanhas são perto o suficiente. ”

“Procurando por mais leões da montanha?” Carlisle sorriu.

Eu sorri de volta. “Realmente, não há suficiente nesta área. ”

Ele deu uma risada. “Está bem, então, hora de termos uma reunião de família. ”

Nos encontramos na sala de estar, Esme sentava-se perto de Rosálie, acariciando seu cabelo. Ela parecia apreciar ser mimada. Eu permaneci indiferente, se Rosálie não sentia nenhum arrependimento, então eu também não sentiria. Carlisle, porém, parecia ter outras coisas em mente.

“Rosalie, ” ele começou, “é muito importante nesta família não termos segredos. ” Ele me lançou um ligeiro olhar. “Apesar de respeitarmos a privacidade uns dos outros, privacidade absoluta é praticamente impossível nesta família. ” Ela concordou com Carlisle e então olhou em minha direção. Eu sorri suavemente. “Preciso deixar isso perfeitamente claro, ” Carlisle continuou. “Eu não concordo com seus atos contra aqueles homens, mas eu não não a impediria também. ” Ambos, Rosalie e eu, olhamos para ele em choque. Ele sorriu. “Estou apenas dizendo que não podemos ter esse tipo de segredos. Algum aviso teria sido melhor, já que agora teremos que nos mudar. ”

E foi o que fizemos. Todos os pertences empacotados e prontos em pouco tempo. Conveniente velocidade de vampiro. Rosalie estava demorando em seu quarto, Esme me mandou para ver qual era o problema. Ela estava sentada em seu quarto vazio, afagando o vestido de noiva roubado em seu colo. Eu me agachei ao seu lado.

“Você entende que não pode ficar com isso, ” eu disse.

Ela suspirou, “Oh, eu sei, mas foi tão adorável enquanto durou. ” Ela me olhou séria. “Você não acha que eu fiquei linda nesse vestido?”

Era difícil responder honestamente. Apesar de reconhecer sua imensa beleza, eu pessoalmente não sentia nenhuma atração por ela. Eu tive que usar diplomacia novamente.

“Sim, é um vestido muito bonito, ” eu disse. Ela sorriu sem forças. “Venha, ” Eu ofereci minha mão, “eles estão esperando lá fora. ”

Paramos a algumas milhas da casa enquanto Carlisle cobria os pisos com querosene. Ouvimos o riscar do fósforo e a casa ardeu em chamas.

“Eu deixei o vestido lá, ” ela sussurrou pra mim, “mas fiquei com isso. ” Ela me mostrou sua mão aberta. Um botão de metal.

Aquela era Rosalie. Bonita, de metal e sozinha. Por um tempo senti que éramos camaradas lidando com essa existência singular juntos. Ela era de verdade uma irmã para mim, nada mais.

1 comentários:

Leotrinti disse...

eles parecem se dar tão bem agora... ninguém imagina que depois eles vão se 'odiar' ... 

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