A Visita dos Franceses - Capítulo 14: O Crepúsculo

[Bella]

Forcei minha a mente a fechar-se em um estalo. Era muito trabalhoso, como sempre, mas achei inconveniente indagar certas questões em voz alta.
“As crianças não estão cansadas?”, pensei, embora esta não fosse a principal pergunta.
Edward a captou com um sobressalto, virando-se para me fitar daquele modo encantado (e também encantador) que ele fazia ao poder ouvir meus pensamentos. Naquele momento, era o homem mais feliz do mundo.
– Nessie é forte – ele sussurrou, rindo bem baixo – e você deve ter percebido que Arthur também é.
Oh, sim. Arthur tinha uma inexplicável fortaleza interior que o deixava inabalável.
E era essa questão (de fortaleza interior) que me atacava.
“E Jake?”.
Aguardei enquanto ele hesitava.
– Receptivo.
Foi o suficiente para eu compulsivamente deixar a inconveniência de lado e fazer minha próxima - e principal – pergunta em voz alta.
– Vem conosco Jacob?
Senti a excitação nos seus olhos arregalados e receosos. Eles estudavam Stuart e Dominique. Esta ergueu os ombros.
– Cacei com Alice, Rose e Emmett ontem a noite, Stu. Você pode acompanhar Arthur, não pode? – ela pediu ao marido.
– È claro, amor. Que tal baixinho? – perguntou, passando a mão nos cabelos dourados do anjinho.
Ele sorriu abertamente.
– Tenho sede, Père. – e deitou a cabeça, olhando para cima, a fim de falar com Jacob – Não vejo problemas em ires também, Monsieur Jacob.
Era impossível resistir à tamanha doçura. Jake não era de pedra.
Confirmando minhas expectativas, ele finalmente sorriu.
– Se você não vê problemas... – respondeu, fazendo ênfase em “você”.
– Não se preocupe – Stuart disse tranquilo – ele estará em boas mãos comigo por perto.
Alice de repente apareceu na cena, vinda de onde ninguém havia percebido.
– Então, que tal ir a Olympia? Fazer compras, entende.
Dominique e Lilith entendiam.
– Então vamos. – incitou mais uma vez Edward – Caçamos geralmente nos arredores de algumas florestas boreais da região. Tem belos ursos e leões por lá.
– Excelente.
Então eu, Renesmee, Edward, Jacob, Stuart e Arthur adentramos pela mata.
Seguimos o aroma de carnívoros que nos levava a algumas pequenas montanhas.
Paramos em uma área escura da floresta. Senti o movimento quente do sangue pulsante nas veias de dois leões particularmente sadios e grandes.
Preparei-me para o bote certeiro, disputando uma corrida mortal com a presa, que já percebera-nos.
Atingi sua jugular com o mínimo esforço. O metal quente de minha garganta passou de irritante para aceitável. O líquido acalmava a queimação e fortalecia.
Ouvi o grito de satisfação de Nessie ao capturar sua presa junto de Edward, que a ajudara em pouca parte (Ness já caçava muito bem sozinha); assim como a velocidade elegante de Stuart ao confrontar um urso selvagem, a alguns quilômetros. Jacob caçava à seu modo por perto.
Foi quando percebi que o outro leão era a presa do pequeno Arthur, a poucos metros de mim. O animal já estava abatido, mas havia algo diferente nele.
Era como tivesse sido empalhado. Inteiro, sem vestígios de morte ou ataque. Só soube que estava drenado porque seu coração já não batia.
Os outros voltaram em poucos instantes, satisfeitos. Eu ainda estava aturdida.
Senti as mãos confortadoras de Edward em minha cintura.
– O que houve?
Encarei-o incrédula.
– Isso. É. Tão... Diferente.
Ele riu em meu ouvido.
– Se você está assim, imagine a cara de Jacob.
Virei para visualizá-la. Era realmente cômica. Um misto de admiração e incredulidade que o faziam abrir a boca num “O” paralisado.
Todos nós – exceto Arthur – rimos em uníssono.
– É mais fácil não deixar provas assim – explicou o garoto.
– Surpreendente – admitiu, enfim.
Arthur franziu o cenho.
Renesmee tocou seu rosto.
– Oh. Sur-pre-en-den-te. – repetiu Arthur.
– Quer dizer… – ela virou para Edward, esperando alguma resposta.
– Surprendre.
Eles saíram trocando as palavras confusas de cada idioma na volta.
Jacob acompanhou meu passo.
– Sério Bella. Eu antes achava que Alice era a coisa mais espantosa que podia existir. Isso até ver... isso.
Gargalhei.
– Renesmee é parecida. Seu poder também está nas mãos.
Ele fechou um dos olhos.
– Nessie é mais... Encantadora por natureza.
Lancei-lhe um olhar intenso.
– Okay, okay. Ele também é... – ele hesitou – hum, encantador.
– Isso é um progresso – ri.
Quando vi, estávamos de volta para a casa. Ainda não anoitecia, mas já não era de tarde.
– O crepúsculo. Sempre o crepúsculo. – suspirou a voz macia de Edward.
Beijei seu rosto, comovida.
– O crepúsculo sempre antecede momentos difíceis. – reparei.
– Venha o que vier, eu sempre estarei ao seu lado.
Perdi o fio da meada no momento que seu hálito embaçou minha face. Ficamos assim por um bom tempo. Até já não haver crepúsculo no céu.
O carro de Carlisle estacionou na garagem, e o doutor saiu do veículo apressado. Aflito.
Edward enrijeceu nos meus braços.
– Oh, não. De novo não.

1 comentários:

Laurinha disse...

Passou rápido demais denovo e faltou descrever melhor as cenas.
Nossa...eu gostei do jeito do Tur de caçar, é diferente.
Oq aconteceu??? 

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