Meia-Noite Envenenada - Capítulo 09: Um Novo Líder

Luz. Os Volturi. Scarlet. Layla. Layla… Layla… Escuridão… Névoa.

As imagens eram nubladas e um tanto apressadas. Eu notei o fraco suspiro do coração de pássaros antes do recomeço… Havia muita dor em suas lembranças.

Os Volturi ainda estavam lá. Elegantemente parados ao norte da clareira com a sua imensa guarda – o vermelho intenso e sedento nos olhares de Jane e Alec mais assustador do que no dos outros que nos confrontavam – porém é claro, sem a presença de Felix e Demetri. Entretanto, não era isso que eu estava olhando naquele momento. O som dos pássaros longe – em algum lugar ao sul de onde estávamos – também era convidativamente apelativo para a minha atenção. Uma combinação perfeita entre o doce e o suave, mas ainda assim… Não era o que eu estava olhando. Havia algo muito mais intrigante para os meus olhos. Quando pensávamos que estava chegando ao fim… A lenda das safiras estava apenas começando.

Gabriela estava maravilhosa com os seus cabelos loiros dando contraste no tom cinza de seus olhos. A roupa completamente branca – que de alguma forma lhe conferiam um ar mais selvagem – brincavam com a graciosidade no corpo dela. O sorriso no seu rosto pálido era… Perturbador. Havia malícia, satisfação e então, uma intensidade meio áspera onde os seus lábios finos certamente estavam esfomeados… Chamá-la pelo nome soava inapropriado para a sensação assustadora que naturalmente exalava dela. Hoje havia apenas Scarlet… A mais perigosa de uma geração sombria. Tão bela que parecia um sonho muito torturante.

Layla era quem a confrontava do outro lado. Não Anika, mas Layla… Eternamente graciosa com os seus inesquecíveis olhos azuis e, mesmo que para sempre uma safira, eu não poderia jamais vê-la como menos do que parte da minha família. Uma Cullen e tão filha de Carlisle e Esme quanto nós éramos. Mas, apesar do encanto de observar a delicadeza em seu corpo perfeito, havia algo naquela imagem que estava completamente errado. Layla estava ainda de pé – com os músculos rudemente enrijecidos fazendo contraste na pele de porcelana – mas, muito mais próxima dos Volturi do que de nós… E estava me perturbando. Mais do que o aceitável. Algo nos separava naquela imensidão da clareira – acima dessa distância –, nos deixava ainda mais longe de Layla… Havia certa deformidade na vista… Umescudo.

Pequenas claridades – como fracas e suaves nuvens de luz – começaram a pairar na clareira em lugares diferentes demarcando a grandiosidade do que estava cercando a minha família. Certa admiração tingiu os meus pensamentos ao ver a dimensão das habilidades de Layla e o seu esforço em proteger aqueles que eu mais amava quando estive tão longe para fazer isso. O escudo era impressionante – o tamanho verdadeiramente me assustava – mas o horror de tudo era saber que esses delicados fulgores mostravam que alguém estava tentando nos atacar nesse momento. Eu me perguntei se seria Scarlet. Porém algo me dizia que ainda não era ela – talvez as suas habilidades não fossem paradas pelo escudo de Layla –, e meus pensamentos foram até os gêmeos dos Volturi, Jane e Alec. Jane estava sorrindo… Era ela.

Layla resfolegou – um som baixo e torturado. O suficiente para despertar meu olhar na sua direção e foi como se tudo passasse em câmera lenta… Os músculos de suas costas se arquearam grosseiramente e ela caiu de joelhos sobre o verde pálido – se entregando. A dor no meu peito era angustiante… Eu sentia as chamas violentas em minhas veias consumirem o corpo enquanto veneno se misturava ao gosto de minha saliva – amargo. Eu não sabia o que havia acontecido naqueles breves segundos… Eu queria gritar, chorar, impedir o que estivesse realmente acontecendo e então, Layla mais uma vez resfolegou – sufocando em algo que eu não conseguia impedir –, fazendo os sentimentos agonizantes se intensificarem.

Os meus olhos foram até Scarlet. E foi então que eu compreendi, era assim que havia começado… Suas mãos estavam apertando a suave claridade que havia se formado – aquela mesma bola de luz de quando eu ainda estava na clareira –, sincronizado com a forma que a dor de Layla era refletida em seu corpo. Scarlet estava machucando-a… Eu sentia que ela estava tentando resistir – o seu corpo se enrijecia justamente para evitar se entregar a dor –, mas ainda assim deveria ser difícil afrontar a violência dos poderes da mais perigosa safira. Não havia palavras suficientes que descrevessem o quanto ver isso estava me dilacerando por dentro… Layla parecia extremamente frágil. Ela não estava mais agüentando, eu via isso.

A minha mente confusa fazia inúmeras teorias – eu não conseguia entender por que ela não se protegia ou então reagia contra Scarlet assim como esta estava fazendo-o – então, eu notei que Emmett havia dado um passo á frente se afastando mesmo que ligeiramente de Rose, chamando a minha atenção. Ele estava com aquela postura vagamente protetora que o deixava ainda maior e não era difícil compreender que ele queria se aproximar de Layla quando seu rosto estava dominado de fúria e agonia. Aquela expressão não combinava com ele e esse pensamento fez com que seus sentimentos refletissem os meus… Havia muita dor.

Eu olhei para Layla novamente… Encurvada sobre os joelhos, sendo sustentada pela mão esquerda contra a grama verde. Algo diferente naquela imagem me despertou… Estava meio nublado – eu não conseguia vê-la com uma nitidez apropriada – mas, não era pela névoa que predominava a clareira. Aquela distorção era vagamente familiar. Outro escudo, porém não era a mesma coisa… Ele estava protegendo os Volturi e Layla ao mesmo tempo e então era impossível dizer quem o teria criado. Uma massiva, densa bola de neblina branca começou a se formar no centro – marcando o tamanho assustador da imensa tela protetora – e tornando-se mais assombrosa conforme ganhava tamanho lentamente. Havia pânico no olhar dos Volturi – eles olhavam confusos para Scarlet e eu percebi certa inquietação nela.

A compreensão me veio. Era Layla… Não um escudo de proteção, mas deretenção.

Eu fechei os olhos… A despeito da curiosidade que ameaçava transbordar dos meus pensamentos, eu não seria capaz de ver aquela cena. Mas, ainda assim havia o barulho… O aumento freqüente de sons metálicos – pedras de ferro sendo arranhadas e quebradas – e os gritos agonizantemente altos e penetrantes na clareira deixavam bem claro que o fim estava chegando para alguém. Não era Layla, nunca poderia ser… Eu repetia essa frase como reza na minha mente – apenas pensar nas possibilidades me machucava – e então os sons foram se tornando cada vez mais grosseiros. Meu corpo queria desmoronar com aquele desespero.

Agora o silêncio… O suspiro agudo de Esme foi audível me indicando que acabara e eu abri deliberadamente os meus olhos receosos. Layla estava lá... Encurvada sobre a perna esquerda enquanto suas mãos apoiadas na grama verde sustentavam o seu peito – como nos havíamos encontrado-a. Ela ainda respirava – fraca… Aquilo parecia ter consumido ela

Eu afastei as mãos delicadas de Renesmee…

Os meus braços circundaram o seu corpo carinhosamente enquanto uma onda de calor percorria todo o meu corpo. Apesar da dor deixada por suas imagens tristes da realidade, meu coração estava aquecido por tê-la comigo agora – bem protegida. Não havia mais a distância torturante e aquele vazio que antes estava no meu peito parece nunca ter existido. Um arrepio impetuoso percorreu o meu corpo quando ela suspirou profundamente no meu ombro – como se estivesse deliciando o cheiro – e, de alguma maneira tentando encontrar consolo. Nada do que eu fizesse a ajudaria – o sofrimento de Renesmee estava refletindo perfeitamente dentro de mim –, mas os meus lábios foram docemente até seus cabelos chocolate para tentar acalmá-la.

O silêncio sufocava inconsolável o meu coração imerso em angústia e eu olhei para Edward ao meu lado em reflexo – ele certamente teria usado de sua habilidade para acompanhar as imagens de Renesmee comigo – e então, não havia palavras que descrevessem com clareza a dor que estava em seus olhos cor de caramelo. Profunda e certamente deixaria cicatrizes em seu coração tão bom… Isso estava muito além do que eu poderia agüentar – me machucou de uma forma que jamais poderia imaginar – e então foi impossível conter como eu me sentia torturada por ver Layla tão fraca e não poder fazer nada para ajudá-la. O meu rosto se abaixou para a clareira – olhando o verde pálido procurando certo conforto naquela frieza – encontrando o vazio.

Ao meu lado eu vi Edward dar um passo á frente olhando intensamente para Layla – ele parecia não ter desgrudado os olhos dela desde que havíamos chegado – e seu rosto transtornado parecia muito mais inconsciente do que jamais esteve. Algo dentro de mim sabia o que sua atitude significava e então quando ele estava prestes á dar o segundo passo minha mão foi involuntariamente ao seu ombro – impedindo-o. Eu não sabia dizer o motivo, mas sentia que era eu quem deveria ir até ela e então mantive minha atenção presa no rosto perfeito e anguloso de Edward demonstrando a ferocidade na decisão… Eu estava disposta á enfrentar os riscos apenas por ela.

A minha família estava segura. Os braços de Emmett circundavam carinhoso o corpo de Rose – eles eram os mais próximos de nós –, como se fosse para confortá-la dos sentimentos pesarosos que certamente estava em todos. Alice e Jasper uniam-se pelas mãos entrelaçadas firmemente contra o corpo – os meus olhos viram a ternura com que Jasper acariciava apaixonadamente os dedos de minha adorável irmã – e ao lado então estavam Carlisle e Esme. Apesar da aparência envelhecida – muitos anos demarcando o rosto extremamente vulnerável de ambos e os olhos torturados – eles estavam bem. O coração de pássaros de Renesmee ainda batia forte, nossos amigos respiravam a vida e Edward estava comigo… Os meus olhos eram somente dele.

- Eu vou… – minha voz estava automática tamanha a determinação nos meus pensamentos, mas o olhar que dominou a expressão severa de Edward deixou claro que aquela não era uma idéia a ser considerada. O seu rosto assombrado me deixou incapaz de ter alguma reação contra e minha teimosia não se pronunciou entre meus desejos. Eu não sabia se Layla ainda estava tão conectada á mim – eu desejava que a minha mente estivesse alto suficiente pra que ela ouvisse – pois havia muito á dizer. Obrigada… Você prometeu que os deixariam seguros e cumpriu com sua palavra…

Não houve voz em resposta dessa vez. A dor rasgou intensa em meu peito e o veneno parecia uma bola em chamas queimando as minhas veias. Por favor, Layla… Você deve ser forte por todos nós… Esse não podia ser o fim, não podia acabar assim para a minha família. Quando nos encontramos pela primeira vez ela disse que tudo ficaria bem e ela prometeu que nada iria nos acontecer. Que droga, você prometeu, Layla… Mas continuava apenas o mesmo silêncio torturante. Eu ainda olhava para o rosto de Edward intensamente – ele retribuía dessa mesma forma – e sua agonia era a que mais me machucava pois ele não a merecia. Agora eu sabia o preço de estarem todos lá – naquela clareira – seguros… Havia custado uma safira A minha safira.

Os meus olhos foram até Layla novamente depois de certo tempo – o coração no meu peito se preparava pra dor de vê-la tão frágil – e então, quando eu esperava que ela ainda estivesse encolhida de encontro ao chão, uma nova cena me pegou de surpresa. Layla estava se levantando… Os seus braços que agora pareciam tão fracos se endireitaram amparando o corpo enquanto suas pernas se moviam pela primeira vez depois de tanto tempo. Eu sabia que ela ainda estava sofrendo… Os músculos de suas costas arquearam mais uma vez quando ela enfim se apoiou nos pés descalços – não havia mais as botas pretas que a cobriam até o joelho e não importava o destino delas –, mas a sua pele de seda e porcelana não parecia mais capaz de suportá-la.

A despeito da dor que ela estava sentindo e do quanto machucava vê-la assim tão fraca, um novo sentimento surgiu dentro do meu coração adormecido… O calor da esperança se apossou do meu corpo depois de tanto tempo sob aquela escuridão sufocante de incertezas. Eu senti uma pequena lágrima atingir o meu ombro quando Renesmee se remexeu receosa nos meus braços pra olhar em direção á safira que ela tanto amava e então Edward alcançou a minha mão deliberadamente carinhoso com um suspiro baixo e profundo que soou vagamente confortável. Eu sabia que não era necessário olhar a minha família para saber que eles estavam com a mesma surpresa e o mesmo alívio no rosto. Naquele momento tudo que eu conseguia ver era ela.

Layla ainda não estava olhando para nós… Ela continuava olhando em direção á névoa que havia criado contra os Volturi – conforme eu havia visto nas imagens de Renesmee –, que agora espairecia um pouco mais rapidamente do que antes, ela não estava mais tão densa. Algo na sua postura estava me deixando intrigada – como se houvesse alguma mensagem para nós – mas eu não conseguia imaginar o que seria… Não havia muito sentido nos seus músculos tensos e vagamente hostis para a nuvem branca da clareira – como se estivesse esperando que ela a atacasse – mas quando as primeiras árvores começaram a se tornar nítidas através dela então eu compreendi o que seu corpo tentava dizer… Jacob se aproximou ainda mais de Renesmee – até que seu pêlo castanho-avermelhado estivesse tocando-a no ombro e o cheio de Seth em algum lugar atrás de mim se tornou ainda mais intenso – próximo. Um rosnado feriu grosseiro em meu peito assim como outros tornaram audíveis… Havia alguém lá.

Uma pequena tela protetora protegia um Marcus Volturi com o olhar saltado de repugnância. Era a primeira vez que eu o via com o olhar tão vivo – ele sempre se mantinha á esquerda dos irmãos com um perceptível tédio na sua expressão – desde que o conheci há muitos anos. A manta extremamente enegrecida que antes cobria o seu corpo – bem como de todos os Volturi – agora estava jogada na grama verde ao lado revelando as vestimentas pretas impecáveis e elegantes dignas de um líder que governava um mundo tão fantástico como o dos vampiros. Havia dor em seu rosto – não era difícil imaginar os motivos quando seus irmãos haviam sido destruídos – mas para minha surpresa não haviaraiva e nem fúria como eu naturalmente achava que fosse ser a sua reação. Ele parecia estar muito mais consciente do que jamais o vi.

Os meus olhos foram desviados muito brevemente quando Benjamin colocou-se ao meu lado em uma postura completamente precavida – a sua atenção estava na safira de olhos azuis muitos metros á nossa frente – mas então, eu não perdi tempo questionando a sua atitude e logo voltei á olhar para o escudo que protegia o nosso inimigo. Qualquer que fosse a atitude de Layla fazendo isso – o poder de Marcus não era nada relacionado com criar bloqueios –, Benjamin parecia ter entendido e então, eu sabia que Edward também. A sua mão ainda presa firmemente na minha alisou o meu pulso tenso querendo claramente suavizá-lo enquanto Renesmee apertava mais os seus braços frágeis ao redor do meu corpo duro. Ela estava assustada – talvez com medo de um novo ataque e que Layla se machucasse novamente – e sendo assim, eu obriguei que a minha fúria recuasse e o rosnado profundo no meu peito se calou.

Durante um longo tempo estava tudo sincronizado em um perfeito silêncio – os pássaros já não cantavam mais e o vento não brincava entre ás árvores –, havia os corações agitados dos lobos apenas. A névoa branca que agora se tornava mais rasa nos mostrou quando o escudo abandonou o corpo de Marcus deixando-o vulnerável para nós, mas ninguém ousou algum movimento. Layla continuava imóvel – a dureza que transparecia em seu corpo dizia o quanto estava sendo difícil pra ela se sustentar em pé – mas seus olhos ainda eram exclusivamente dele. Avaliando suas atitudes.

Uma parte de meus pensamentos estava comprometida em teorias tentando entender porque Layla o manteve vivo quando ele estava atrás de nós com o mesmo propósito de sua família – nos destruir – e havia certa hostilidade na sua postura que me intrigava. Ela estava apenas cautelosa… Não como se fosse atacá-lo, mas como se estivesse apenas esperando para se defender – ou á nós – caso ele tentasse qualquer coisa ofensiva – o que Marcus não parecia inclinado á fazer já que o seu rosto estava sem qualquer expressão a não ser pela vaga dor. Eu não entendia como ele podia ser tão calmo quando a sua família havia sido brutalmente assassinada… Eu não seria.

Layla suspirou profundamente ganhando minha atenção. Com um perceptível esforço ela endireitou os músculos de suas costas enquanto o rosto se levantava em inquestionável autoridade. Ela soaria nosso veredicto… Finalmente estava acabando.

- Marcus Volturi, a partir de hoje estará á seu encargo governar este mundo… – havia uma cadência milenar em sua voz dura. – Em Volterra uma nova guarda espera pelas suas ordens. Vampiros completamente designados para seguir o líder que trará a era de paz e justiça para todos. Você deverá conduzi-los bem com a mesma resignação e a mesma determinação da qual Aro e Caius utilizaram – seja consciente e então será capaz de governar melhor que eles. Eu acredito nos seus ideais, Marcus… – o tom dela estava mais suave abandonando a formalidade que antes a tingia. – O seu coração é bom e você conseguirá cumprir com essa missão se o seguir… Eu vi o futuro com uma inquestionável clareza e sei que você fará deste mundo um lugar mais justo.

Eu não duvidada que houvesse surpresa nos pensamentos de Marcus – minha mente também estava tendo sérios problemas em acreditar no que Layla havia dito – e então, um silêncio imensurável dominou toda a clareira. Ninguém ousou alguma palavra ou uma reação perceptível – mesmo as respirações pareciam desaceleradas.

- Você sabe que eu não posso aceitar essa sua condição… – Layla respondeu ao pensamento de Marcus… Qualquer que fosse ele. –As pessoas dizem que todos vêem á Terra para cumprir com uma missão na vida, e que há um equilíbrio a ser mantido no mundo… Para tudo há um motivo de se acontecer, Marcus… Me desculpe, mas eu não posso trazê-la de volta… Ela cumpriu com a tarefa que lhe havia sido designada e teve o destino que merecia, assim como Aro e Caius… Eu entendo que você não acredite no futuro depois da fogueira, mas digo que deve ter um pouco mais de esperança. Não há sentido em existirmos se também não tivéssemos uma missão pra desempenhar e um destino para cumprir depois… – apesar do tom vagamente afetuoso, as suas palavras ainda eram ásperas e estavam arranhando dolorosas dentro dos meus pensamentos.

A conversa de Layla e Marcus de repente se tornou clara para mim quando me lembrei da triste história daquele Volturi… Marcus havia perdido sua esposa em uma violenta batalha contra as Crianças da Lua – os lobisomens – há muitos anos. Esse era o motivo por trás de sua expressão lisa e sempre muito entediada. Ele não via mais a beleza de viver quando seu grande amor não lhe fazia mais companhia, e Edward me disse que por muitas vezes ele desejou queimar na fogueira – sem sucesso até então por que ninguém ousava tal ato quando Aro e Caius estavam ainda vivos para vingá-lo… Eu não sabia como seria a partir de agora – se ele seria capaz de seguir o mesmo destino que os irmãos quando estivesse sozinho –, mas algo me dizia que Layla veria se isso acontecesse. Aliás, de certa maneira… A história dele me lembrava a dela.

- Você será capaz de governar com perseverança. – Layla interrompeu os meus pensamentos com sua intensa determinação. – A partir deste momento, eu o proíbo de se aproximar novamente da família Cullen, bem como dos que estão presentes. Eles serão incomodados apenas em situações que exijam máxima urgência e devo dizer que as conseqüências serão gravíssimas se descumprir com essa ordem. Você tem a minha palavra de que eles cumprirão com as regras determinadas sem precisar de sua visita e acredito que Carlisle não se importará em lhe dar qualquer auxílio se muito necessário. – nada poderia questionar a autoridade de seu tom. –Você cumprirá com tal tarefa? Será capaz de governar levando o nosso mundo á era de paz e justiça?… Será um líder?

Parecia inapropriado que houvesse resposta á essa pergunta e eu percebi que Marcus não parecia inclinado em responder. Ele apenas balançou a cabeça…

Surpreendentemente concordando.

- Um novo futuro o aguarda em Volterra, Marcus Volturi… Você conseguirá! – a consignação que queimava em sua voz era inquestionável. –Seja um líder… – e algo me dizia que ele seria… Uma nova era estava chegando ao mundo dos vampiros, nós sabíamos disso. Eu sinceramente desejava que ele fosse capaz de cumprir com o que as palavras de Layla pressagiavam e então… Marcus partiu. Sua corrida graciosa era digna de um Volturi. Eu não sabia quando o veria novamente – se um dia eu o veria – mas era bom saber que havia esperança pra ele também…

Uma chance de recomeço.

O meu coração adormecido se apertou ansioso no meu corpo…Esperando. Eu desejava mais do que tudo naquele momento que Layla voltasse com os olhos azuis na nossa direção mostrando que estava tudo certo, mas ela ainda estava totalmente imóvel – uma perfeita estátua de mármore branco – muitos metros distante de nós. Ela não estava mais respirando… Os seus músculos pareciam mais relaxados por não precisarem fazer esse esforço inútil – uma rápida compreensão me veio de que antes ela talvez apenas o fizesse para nos acalmar –, mas ainda havia certa fragilidade com a forma que seu corpo estava posicionado. Layla estava de pé, mas as pernas de sedaporcelana tremiam levemente… Como se quisessem ceder ao chão de uma só vez.

O focinho imenso de um lobo com pêlos castanho-avermelhados empurraram delicadamente os meus ombros – apenas querendo minha atenção – e conseguindo-a. Apesar da expressão que me encarava não ser humana, eu podia sentir como a dor e a preocupação tocava o olhar de Jacob – tanto por Renesmee ainda encolhida em meus braços quando por Layla de costas para nós – e, vê-lo assim me machucava. Eu não conseguia encontrar mais forças dentro de mim para resistir – por ninguém mais –, o sofrimento estava dilacerando lenta e dolorosamente tudo o que me mantinha viva por dentro. Dores – humanas – de cabeça me dominaram insuportavelmente.

Layla se virou deliberadamente para nós e a tensão na clareira se tornou mais densa ainda. O seu olhar pousou torturado exclusivamente na direção de Edward e a sua expressão nos desarmou – não havia tranqüilidade e muito menos conforto que esperávamos ver em seu rosto quando estivesse tudo acabado bem –, ao contrário… A intensidade do azul queimando caloroso em meu marido perfeito estava sofrendo tamanha a fúria da dor que ela estava sentindo – eu não duvidava da magnitude dos poderes de Scarlet quando agora havia ferido a safira que eu amava loucamente – e então, os olhos oceano voltaram-se para mim… A sensação que percorreu meu corpo ao encontrá-los era a mesma que olhar o fundo do mar – nada além da escuridão.

Eu cumpri com o meu destino, Bella… A voz ecoou pela primeira vez depois de muito tempo dentro da minha cabeça – havia um pequeno sorriso de satisfação nela –, fazendo com que as suas palavras me assustassem imensamente. Minha promessa está cumprida agora… Eu finalmente poderei ficar com Lukas, Bella… Eu consegui…

Não. Não. Não. Eu não ia aceitar isso, esse não poderia ser o fim.

Não, Layla…

- Você sabe o que fazer?!… – o seu olhar não estava mais em mim. Eles haviam pousado intensamente no rosto de Jasper – esperando alguma resposta que o resto de nós desconhecia. O receio crescia dentro de mim – de todos nós – conforme suas palavras tensas afundavam nos meus pensamentos. Uma parte de mim parecia saber do que ela estava dizendo, mas havia a parte que não queria acreditar… Aceitar.

- Não sei se quero fazer isso… – eu notei a incerteza e a dor no tom de Jasper.

- Se eu não tiver forças o suficiente, você e Benjamin deverão fazê-lo… – havia a inquestionável autoridade em sua voz e então… Os joelhos de Layla cederam. Meus olhos observaram o seu corpo fraco cair violentamente contra o chão sendo parado apenas pelas mãos ainda insistentes – o movimento passou lentamente para mim como se fosse apenas para apunhalar ainda mais o coração – e assim eu notei uma nova deformidade se formando em volta dela. Um novo escudo estava surgindo, mas eu não entendia o motivo por trás dessa atitude de Layla.

Por que se proteger quando não havia mais o inimigo?

Alice resfolegou – alto e torturado – e eu senti a respiração de Edward tremer audível em seu peito tamanho o desgosto excruciante que o dominava. Alguma coisa iria acontecer – algo que Alice havia visto e que machucava Edward – mas, que meus pensamentos se recusavam á aceitar. A compreensão veio então logo em seguida.

Não um escudo de proteção, mas de retenção O oceano estava se tornando cada vez mais escuro.

5 comentários:

INGRIDLINDINHA1533 disse...

ADOREI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!LINDA,LINDA,LINDA.................................VOÇE TEM QUE CONTINUAR...............

Larissa Prates disse...

Meu Deus!? Oq esta acontecendo?? Estou confusaa!! =)( Layla morreu??

Bella_** disse...

Tbem estou de mais!

BellaCullen disse...

Essa fic tá me deixando mt surpresa.
Seráa o quê q vai acontecer com Layla?

BellaCullen disse...

Siim :"(

Postar um comentário

blog comments powered by Disqus
Blog Design by AeroAngel e Alice Volturi