A Visita dos Franceses - Capítulo 36: Sangue Exposto

[Bella]

Meus olhos registraram fatos que ocorriam em velocidade nauseante.
Havia um caminhão carregado de grandes toras de madeira mal-amarradas quase apodrecidas pela neve.
Havia uma motocicleta branca com um jovem rapaz sem capacete.
Havia o Renault de Stuart, que levava minha filha Renesmee no banco de caronas, devidamente com cinto de segurança.
Assim como havia, repentinamente, um cervo de longos chifres que cruzou a estrada em alta velocidade.
Mas não alta o suficiente para evitar o impacto.
Não! – foi só o que eu pude gritar.
O caminhão freou bruscamente, mas vinha tão rápido que colidiu assim mesmo com o animal.
As cordas que prendiam as toras se romperam com o movimento brusco.
A maior parte delas rolou para o acostamento. Mas uma delas não.
Uma delas acertou o motociclista em cheio.
Quando dei por mim, estava sozinha. Sozinha entre o sangue animal e o sangue humano.
Edward e Carlisle já haviam disparado até o carro dos Éclat.
Mas eu não pude sair do lugar. O aroma do sangue quente que começava a encharcar a calçada invadiu meu olfato e inflamou minha garganta.
Tudo o que eu queria era distância.
Porém também queria provar aquele delicioso líquido que me deixava irracional. Notei que estava rosnando de dor – minha garganta estava em chamas.
“Renesmee”, eu pensava; lutava para desviar a concentração para minha filha.
A mente domina a matéria.
– Renesmee! – arfei.
Eu não sabia se ela estava ferida. Não sabia se estava... viva.
Me senti um monstro. Finalmente compreendi o que Edward tentara me dizer durante anos. Eu, enquanto vampira, daria mais valor aos instintos do que aos sentimentos.
Eu não queria ser assim. Carlisle, Edward... todos os Cullen tinham orgulho de meu auto-controle.
Ergui a cabeça, e ignorei a imagem sedutora do sangue escoando.
A mente dominou a matéria.
– Papai! – eu ouvi a vozinha doce de Nessie exclamar, cheia de emoção. Ainda não podia ver de onde ela falava, pois o caminhão ocupava minha vista.
Meu coração gelado se esquentou.
– Onde está a mamãe? – ela questionou, ainda fora de meu campo de visão.
Edward finalmente percebeu minha situação e apareceu.
Eu esperava ver seus olhos cautelosos pelo acidente. Mas não havia nenhum vestígio de angústia em sua face perfeita.
Ele estava em júbilo completo. A felicidade mal era disfarçada em seu rosto.
Com Renesmee em seus braços.
De repente, o sangue jamais existira. Só o que existia, era Nessie.
Compartilhei a imensa alegria de Edward e corri até minha família amada, enfim unida.

1 comentários:

Roseli de oliveira colella disse...

adorei como foi colocado o desejo de sangue para Bella e como ela resistiu firmemente.

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