O silêncio era muito mais do que simplesmente perturbador – era torturante. Não havia mais os pássaros cantando ao leste ou o vento cortando pelas árvores da clareira e nem mesmo o som delicado do coração de Renesmee… Estava tudo muito silencioso ao meu redor. Havia a dor, a angústia e o medo. A escuridão profunda e o vazio que dorme insolente entre nós, mas não havia a luz e nem mesmo a esperança. Não deveria acabar assim… Como ganhamos sendo que havia tanto sofrimento? Ela prometeu que ficaríamos bem – protegidos e seguros pelos seus poderes – mas qual o objetivo se isso nos fez incapaz de ajudá-la? Os meus olhos levantaram torturados – impossíveis de esconder toda a dor – e eu percebi que Layla não estava respirando, apesar de saber que ela ainda estava conosco… Mas, até quando ela agüentaria?
Ela estava muito fraca… Incontrolável. O escudo que agora a cercava era para deter os seus poderes de saírem faiscando livremente de forma que certamente iria acabar com uma cidade inteira em menos de um segundo, mas então essa escolha de nos proteger mais uma vez possivelmente estaria utilizando dos últimos vestígios da sua força – em outras palavras, ou era ela ou era todos nós. Layla havia tomado uma decisão que custaria a sua vida em troca daqueles que ela tanto amava – e eu faria o mesmo inquestionavelmente – porém, do outro lado da história agora eu sabia como seria difícil para aqueles que ficavam para trás. Eu queria que houvesse uma maneira para que tudo fosse diferente – que ela estivesse fora daquele escudo e conosco.
Os seus braços sedosos como a mais delicada porcelana tremiam suavemente enquanto os inesquecíveis olhos oceano encaravam Carlisle de maneira intensa – sua expressão há muito que já havia abandonado as tentativas inúteis de controlar a dor – e agora o seu rosto perfeito estava contorcido em um imensurável sofrimento. Ela ainda estava amparada pelas mãos e encurvada sobre a perna esquerda procurando equilíbrio – e então conseqüentemente, fazendo uma angústia insuportável dilacerar o meu coração adormecido – mas eu sabia que a sua aparência não era sequer perto das sensações excruciantes que certamente ardiam impiedosas dentro do corpo.
Eu não conseguia encontrar a voz dentro de mim que teria feito Edward ficar ao meu lado – as minhas mãos sequer foram capaz de agarrar sua camisa impedindo-o de caminhar ao encontro dela –, a verdade era que parte de mim queria que ele de alguma forma pudesse ajudá-la apesar dos riscos iminentes que corria estando perto de uma safira mística e perigosa. Os meus olhos foram exclusivamente na direção de Edward avançando com um deliberado receio – não porque alguma coisa poderia dar errada e ele estava temendo o fim que traria a sua atitude – mas porque ele parecia estar esperando por alguma coisa que eu ainda não sabia dizer. Ele caminhou alguns passos mais e então era isso… Edward parou. As suas mãos levantaram-se cautelosas até que estivesse pairando na altura do ombro parecendo encostar ela ao vento.
Não demorou muito para que eu entendesse o que tinha passado inativo aos meus olhos na primeira impressão – o que realmente tinha acontecido – mas então a minha mente agora se via cheia de perguntas intrigadas tentando entender as razões por trás de tudo isso. Havia outro escudo nos protegendo – esse muito mais perto de nós do que aquele demarcado perto do corpo de Layla pela névoa densa da clareira – e eu não sabia dizer se ele era mesmo necessário. A massiva tela protetora ao redor de Layla parecia agüentar suficientemente o trabalho, então porque dois? Talvez ela não precisasse então gastar todo esse esforço mantendo-os. Apenas um bastaria.
Edward pressionou a sua mão contra o ar onde ele havia pousado-a – os seus músculos enrijecidos nas costas me mostraram isso – mas o escudo era impenetrável até mesmo pra coisas corpóreas. Edward então recuou a mão apenas um pouco para socá-la depois de volta á imensa tela fazendo uma pequena claridade se formar onde ele havia pressionado. Enfim ele jogou-se – o seu ombro esquerdo contra o escudo – fazendo um ruído ecoar quase inaudível desde onde ele tinha depositado toda a sua força até nós. Me machucava profundamente ver o desespero na atitude de Edward e não poder fazer nada para livrá-lo de todo esse sofrimento – certamente injusto ao coração tão bom que á ele pertencia – mas então algo estava tentando despertar na minha mente por cima da atitude dele. A compreensão me veio logo em seguida.
Esse escudo também era de retenção – mas não á poderes ou algo parecido – e sim á nós. Layla estava nos impedindo de aproximarmos dela – certamente pra que não interferíssemos na sua atitude insana de nos proteger. Era agonizante saber que nós estávamos presos á esse destino – confinados á apenas assistir a eterna safira de olhos azuis que tanto amávamos se entregar ámorte. Eu queria implorar pra que ela não fizesse isso – entregaria a minha vida se houvesse outra saída – e apesar de toda a dor que me dominava eu continuava forçando os meus pensamentos de encontrar um jeito de ajudá-la – algo que havia passado despercebido –, mas tudo era tão vazio e escuro dentro de mim da mesma forma que agora estava em seus olhos oceano.
- Por quê…? – a voz de Edward estava muito distante e intensa de forma que deixassem explícito o sofrimento por trás dele. A sua pergunta porém, foi o que mais chamou minha atenção – ela não era tão consciente como se estivesse questionando apenas os motivos que estavam ao alcance dos olhos –, havia certa profundidade em seu tom que parecia estar conectado diretamente aos pensamentos de Layla. Depois de muito tempo hoje ele finalmente pode ouvi-la. Mas então… Por que só agora?
- Eu sinto muito… Edward… – a voz de Layla era apenas um sopro ao vento. Eu sentia como estava sendo difícil para ela esse esforço, mas não podia negar que meu coração precisava desesperadamente se aquecer com o som de sua voz. – Você teria me impedido se soubesse de tudo, mas eu não queria deixá-lo sem a verdade… Eu vi o futuro de vocês… Mas eu não estava mais nele, não depois de hoje… – Layla suspirou profundamente pressionando seus lábios. Havia tanta dor. – Você pode me perdoar?
- Não precisa acabar dessa forma… – os seus olhos castanhos queimavam nela.
- Mas não há outra… – apenas um sussurro silencioso. – Eu fiz a minha escolha, Edward e não a mudaria por nada nesse mundo… Safiras nunca deveriam ter existido e há muito tempo eu devia ter partido… Apenas precisava saber que vocês ficariam bem.
- Nós não vamos ficar bem se você não vai mais estar conosco… – o veneno das palavras de Edward me machucava intensamente porque era uma verdade. Eu senti as pequenas lágrimas escorrerem silenciosas no rosto de Renesmee me atingindo no braço ao mesmo tempo em que a voz de Edward soou tão fraca. A angústia da minha adorável filha e do meu perfeito marido era certamente o que mais me perturbava.
- Os Volturi não vão mais incomodar vocês, nunca mais… Tudo ficará bem…
- Eu não quis dizer isso…
- Eu sei o que você quis dizer… – Layla soltou um fraco gemido de dor e então encarou as suas mãos na grama verde da clareira; se recompondo. – Abandoná-los foi a coisa mais difícil que eu já fiz em toda a minha vida… Eu passava um dia após o outro apenas sobrevivendo para que chegasse o momento em que eu finalmente cumpriria a missão para qual fui designada e enfim pudesse descansar em paz… – finalmente Layla então levantou os intensos olhos azuis para nos encarar mais uma vez. – Eu estou feliz agora, Edward… Há muito tempo que eu não sabia mais como era essa sensação… – ela abriu um vago sorriso que acabou em uma careta de dor. – Eu estaria mentindo se dissesse que não gostaria que tudo fosse diferente… Não passou um dia sequer em que eu não pensasse em como teria sido se nunca tivesse partido em primeiro lugar!
A ternura inexplicável no rosto de Layla parecia dizer muito mais do que suas palavras seriam capazes, enquanto ela finalmente descansava o olhar sob Carlisle. Eu não conseguia mais encontrar as palavras para descrever como tudo parecia escuro e vazio na clareira, mas aquela certamente seria a despedida mais dolorosa pra ela.
Carlisle era seu pai… E ela nunca veria de outra forma.
- É o seu aniversário… – não era o aniversário de Carlisle. Todos nós sabíamos disso e ela principalmente. Mas hoje poderia ser se Layla realmente quisesse. – Eu te chamei de pai, o derrubei com um estranho abraço, e lhe dei um livro… Algo que você nunca tinha lido antes, por mais que isso soe impossível… – eu senti que Carlisle sorria com a fantasia, mas não havia felicidade nele. – Edward e Jasper teriam organizando a viagem de caça para comemorar… Juntos, como uma família deve ser sempre! – seu pequeno sorriso fechou-se e um lamento de dor escapou dos lábios. – Eu sinto tanto, pai… – ela suspirou profundamente. – Você continuaria me amando amanhã?
- E por todos os dias da minha vida… – a voz de Carlisle estava fraca e distante. Os quase quatrocentos anos de vida agora pareciam pesar em suas costas conforme o seu olhar perdia-se entre soluços na tristeza daquela imensidão azul no rosto dela.
Algo completamente novo e inesperado nos surpreendeu… Lágrimas soturnas da mesma cor incrivelmente oceano dos olhos de Layla desceram pelas bochechas de seu rosto – marcadas pela lividez como em qualquer outro vampiro – mas de textura perfeitamente equilibrada entre a seda e a porcelana que pertencia apenas às safiras – mais intensa especialmente na única que eu amava mais que a minha própria vida.
- Não importa para onde eu vou agora, vocês sempre serão a minha família!
A névoa branca e densa, então formou-se no escudo que acariciava Layla.
Um último olhar… Um último suspiro… O silêncio…
A neblina perdia espaço lentamente para a realidade…
Mas ela já não estava mais lá.
Edward deitou o corpo adormecido de Renesmee sobre os lençóis brancos de sua cama imensa – que ela mesma havia escolhido quando o berço já não lhe acolhia mais – e então eu usei a manta que estava em seus pés para cobri-la. Minha adorável filha esteve chorando durante todo o caminho de volta para casa e nesse momento o que eu mais queria para ela era que o sono a levasse á um lugar mais tranqüilo, onde não havia tanta dor e tanto sofrimento. Um lugar que eu e Edward jamais estaríamos e minha família também – para falar a verdade talvez já estivéssemos presos dentro do inconsciente, mas não havia sonhos alegres… Eram apenas pesadelos. Escuros.
O caminho de volta para casa tinha sido silencioso – mas também não havia o que dizer –, fazendo com que a viagem não fosse mais sufocante do que já estava. Eu precisava um pouco da calmaria que apenas o meu refúgio com Edward ofereceria – estava muito vazio dentro da minha mente – e por esse mesmo motivo Alice e Jasper também não haviam voltado pra casa branca. Eles haviam ficado na clareira, os lobos voltaram á La Push – Jacob estava cercando a janela do quarto de Nessie –, e nossos amigos certamente estavam se despedindo de Carlisle á essa hora. Estávamos bem – seguros e protegidos como ela havia prometido – mas… não estávamos todos aqui.
A minha mão se entrelaçou fervorosa na de Edward – procurando o conforto que não estava lá – e então nós fomos até o único lugar que realmente nos daria um pouco de tranqüilidade já que os pensamentos não conseguiam. Nosso quarto estava exatamente como o havíamos deixado – aquele mesmo tom tropical das Ilhas Esme que preservamos nos últimos anos como lembrança de um momento de felicidade – mas também havia algo pequeno e diferente que meus olhos rapidamente notaram descansar sobre a cama. O cheiro de algo velho e com poeira me recordava dos livros antigos de Carlisle, mas eu nunca havia vistoaquele diário. Eu teria me lembrado.
Meus olhos foram intrigados até Edward ao mesmo tempo em que a sua mão se separava da minha pra caminhar em direção aquele objeto um tanto brilhante. Os seus passos eram certamente deliberados – sem a urgência que pedia a curiosidade á algo desconhecido – e então ele o tomou nas mãos avaliando a capa de couro e seus ornamentos dourados enquanto se sentava na cama. Sua atitude parecia dizer muito mais do que as palavras e, portanto, eu o segui mesmo inconscientemente – os meus pensamentos agora se distraiam com uma nova teoria – Edward conhecia o diário.
- Era de… Layla! – ele começou quando percebeu minha intensa avaliação pelo seu rosto completamente inexpressivo. – Nós compramos na Inglaterra em 1920, e foi a única coisa muito… Ostentosa, na falta de uma palavra melhor, que eu a vi desejar… Pelo menos enquanto esteve conosco; Layla tinha um gosto muito mais reservado. – a capa daquele diário era tudo menos reservada. Era… Tão belíssimocomo a sua dona. A capa ordenada com detalhes á ouro tinha o velho estilo Modernista de sua época e então logo no canto direito no rodapé havia uma inscrição de mesmo tom, um nome.
Eu peguei o diário das mãos de Edward e o abri – em qualquer página – tudo o que eu queria era sentir que ao menos lá, Layla ainda estava viva. O cheiro de poeira era ainda mais intenso quando de perto e as páginas refletiam os anos envelhecidos, mas eu não me importava. Eram os cheiros mais deliciosos agora, porque foram dela.
Junho de 1921… A primeira data em que abri. Layla não estava mais com eles.
As palavras daquele diário estavam queimando em sofrimento – dor – mas eu não podia deixar de me sentir aquecida com isso. Saber que aquela letra cadenciada pelo século vinte pertencia ásafira de inesquecíveis olhos azuis que eu tanto amava, era extremamente reconfortante. Talvez o que nós precisássemos para… Descansar.
Virei mais algumas páginas e percebi que Edward agora o acompanhava comigo – a curiosidade pelos últimos anos de Layla certamente falou mais alto que os receios dominando o seu coração. Era a verdade que estaria escrito naquelas páginas, e nós sabíamos muito bem o quanto ela poderia ser confortante ou então angustiante.
Eu não imaginava que Layla pudesse controlar o fogo… Se bem que eu deveria saber que ela podia fazer de quase tudo. Essa habilidade certamente era apenas uma entre muitas – que poderiam ser mais perigosas do que controlar o centro da Terra – e então uma nova amargura me bateu, porque nós nunca saberíamos enfim todas as coisas extraordinárias que Layla certamente podia fazer… Estava tudo perdido.
- Ela não o absorveu? – a pergunta de Edward era muito mais inconsciente do que se estivesse fazendo-a á mim. As suas palavras no entanto faziam muito sentido.
- Acredito que seja algo relacionado á astrologia como ela interpretou… – meus pensamentos agora estavam absortos em teorias. – Ou então talvez ela tenha criado-o inconscientemente. Você lembra que… Layla, disse que a combinação de poderes lhe dava a capacidade de criar outros?! Talvez ela apenas tenha se esquecido desse fato…
- Sim, talvez… Mas ainda assim soa meio estranho. Talvez Carlisle saiba de algo.
E então foi assim que eu percebi. O diário de Layla estava aqui apenas por um simples motivo – e tão importante que eu sentia como se segurasse algo muito mais precioso em minhas mãos do que imaginava –, ela estava nos dando a oportunidade de conhecê-la quando pensávamos que nunca teríamos essa chance com sua partida. Ela queria que descobríssemos os seus segredos e desvendasse o que não conseguiu de sua história… Tudo que ela queria nos dar era a vida em que estivéssemos juntos.
Layla realmente viu o futuro… Eu precisava desse diário mais do que nunca.
- O que vocês fizeram… – meus olhos foram até Edward. – No aniversário dele?
- Caçar, na verdade… Nós fomos para o norte, a região Ártica, onde se encontra um dos lugares mais frios da Terra e ursos polares. Eles são um dos maiores carnívoros que se conhece e se alimentam excessivamente de carne… Uma experiência diferente, Esme derrubou três ursos antes mesmo de Carlisle terminar o primeiro e eu aproveitei para brigar com alguns já que eles não gostavam de lutar comigo… Foi até engraçado…
Um pequeno sorriso – entristecido – se formou nos lábios de Edward e eu não pude negar o calor que percorreu o meu corpo ao vê-lo iluminar o seu rosto perfeito.
- Eu gostaria de ter estado lá… A sua vantagem ia se perder comigo! – meu tom soou mais vazio ainda na tentativa fracassada de animá-lo.
- Geralmente eu a perdia quando lutava com Layla… Ela também podia ler meus pensamentos então basicamente ficávamos parados. Era mais mental do que corporal!
Eu sorri também enquanto virava mais algumas páginas.
1936… Eu sabia perfeitamente onde Layla estava.
As palavras de Layla certamente me lembraram de quando eu conheci Edward – mas não pelo meu ponto de vista –, na verdade eu me perguntava se era isso o que estava na cabeça dele naquela época. Era como ler os dois lados da mesma história.
- Eu não sabia que ela tinha alguém… – havia certa intriga nas palavras dele. – E ainda mais um humano… De alguma maneira, essa história soa como uma que eu me lembro muito bem. – então seus olhos castanhos queimaram em mim. – Me pergunto o que terá acontecido com esse tal de Lukas, mas receio em virar a página e descobrir…
Eu entendia perfeitamente que Edward temesse saber a verdade – e eu tinha as minhas preocupações sobre o quanto poderia machucá-lo ler o fim dessa história quando ela poderia ter sido igual á nossa – mas não adiantaria muito escondê-la sob outras páginas quando não mudaria o passado. Talvez então eu devesse apenas esperar o momento certo.
- Algum dia, eu irei te dizer o que Layla me contou… – eu lhe disse ternamente.
- Você sabe como termina… – não era uma pergunta. Edward notou a verdade.
Os meus dedos passaram mais algumas páginas logo em seguida. Percorrendo com os olhos as muitas anotações sobre a época em que esteve com Lukas – mas de maneira que Edward não lesse – e então, parando em 1941… A sua última anotação datada no dia 11 de abril – pouco antes do triste fim daquela história – mencionando o acampamento para o qual Lukas a levaria… Eu não queria me lembrar do resto.
As minhas mãos voltaram a mexer no diário novamente, mas só encontraram folhas vazias. As páginas estavam envelhecidas como todas as outras – era a letra de Layla que não estava mais entre elas. 1962… Foi quando eu a encontrei novamente.
Quase vinte e um anos sem escrever e então, apenas encontrar duas linhas.
Era feriado. Ano Novo de 1962. Dia de comemoração – mas não para Layla. As únicas duas palavras daquela página me machucaram mais do que qualquer outra… Havia algo diferente em sua escrita apesar da letra continuar com a mesma cadência.
Sua resposta á vida parecia mais automática.
Ela não estava mais vivendo… Estava apenas sobrevivendo.
- Sara Crewe é a personagem de um livro com mesmo nome escrito por volta de 1905, pelo melhor escritor daquela época, Frances Hodgson Burnett. Virou filme em 17 e depois em 39, mas a peça de 1973 foi a melhor representação do livro… A história na verdade não é tão boa – um pouco tediosa, mas a suposição de Layla sobre o final está correta… Não existe final perfeito á pessoas como Sara! – a voz de Edward resgatando o passado daquele livro soava um tanto distante e eu sentia o seu olhar sobre mim.
- Como termina a história dela? – a minha curiosidade era intensa.
- Bom, ela reencontra o pai e tem a chance de ter a vida de uma garota de sete anos que é o apropriado… – aquilo me confundiu profundamente… Era um final feliz.
- Mas você disse que…
- Não existe final perfeito para pessoas como Sara. De fato, não existe… Quando ela reencontrou o pai e partiu com aquele completo estranho para essa vida normal, ela estava abandonando o único lugar em que realmente se sentia em casa e que estavam as pessoas que ela amava… Era uma vida de mentira, mas ainda assim a fazia feliz… – um pequeno sorriso se formou mais uma vez nos lábios de Edward fazendo um novo calor percorrer o meu corpo. – Tudo depende do ponto de vista… Sara não seria feliz!
Não era difícil também perceber porque Layla havia se identificado tanto com aquela história. Ela vivia uma vida que não era dela – completamente feliz ao lado de Carlisle e Edward – e então quando a realidade a despertou desse sonho ela teve que abandonar o único lugar que havia sido verdadeiramente feliz e que estava quem ela mais amava em todo o mundo. Layla pode não ter descoberto o final dessa história – e certamente eu agora me arrependia de ter perguntado – mas o adivinhou bem.
Não houve final feliz para Sara Crewe… Nem mesmo para a minha safira.
- Carlisle pode se interessar… Talvez um dia, por essa teoria! – Edward disse.
Eu virei muitas páginas rapidamente. Eu não queria saber se Layla era mesmo capaz de alterar o passado – era tudo o que eu mais desejava naquele momento – e então ela ter partido, sem nem ao menos ter tentado fazer isso. De repente, palavras intensas vieram ás minhas lembranças… “Não há outra maneira, Bella, eu tentei…”
Edward ajeitou-se ao meu lado tentando entender a minha atitude, mas eu o ignorei e sequer ousei olhar para a intensidade que certamente estaria naqueles olhos dourados que me avaliavam – o meu coração facilmente traia os meus propósitos.
29 de julho de 2007… Eu me lembrava perfeitamente desse dia.
- Edward… – eu não estava conseguindo encontrar as palavras.
- Isso não é possível… Eu não consigo acreditar nisso… Eu estive nas redondezas de Portland, na noite anterior do casamento para a despedida de solteiro com Jasper e Emmett, ela não poderia estar lá… Eu teria sentido ela, eu saberia se ela estivesse lá! – mas tanto Edward quanto eu sabíamos que não era bem assim. Layla poderia muito bem passar despercebida por qualquer um, até para o melhor rastreador do mundo, mas eu entendia como era impossível para ele refrear a culpa por tê-la tão perto e nem sequer tê-la confortado em um abraço por tantos anos separados. – Todos esses anos longe e então um dia tão perto de nós… E eu nem mesmo sabia…
- Não tinha como você saber, Edward. Layla não queria que soubéssemos dela…
- Mas ela estava no nosso casamento, Bella… Aquele era o dia mais importante, significativo e feliz da minha vida – eu desejei todos os dias que ela estivesse conosco e então, eu nem mesmo notei que ela estava tão perto de mim… Ela estava lá, Bella!
- Edward… – eu não estava conseguindo encontrar as palavras.
- Isso não é possível… Eu não consigo acreditar nisso… Eu estive nas redondezas de Portland, na noite anterior do casamento para a despedida de solteiro com Jasper e Emmett, ela não poderia estar lá… Eu teria sentido ela, eu saberia se ela estivesse lá! – mas tanto Edward quanto eu sabíamos que não era bem assim. Layla poderia muito bem passar despercebida por qualquer um, até para o melhor rastreador do mundo, mas eu entendia como era impossível para ele refrear a culpa por tê-la tão perto e nem sequer tê-la confortado em um abraço por tantos anos separados. – Todos esses anos longe e então um dia tão perto de nós… E eu nem mesmo sabia…
- Não tinha como você saber, Edward. Layla não queria que soubéssemos dela…
- Mas ela estava no nosso casamento, Bella… Aquele era o dia mais importante, significativo e feliz da minha vida – eu desejei todos os dias que ela estivesse conosco e então, eu nem mesmo notei que ela estava tão perto de mim… Ela estava lá, Bella!
Inconscientemente – levada pelas palavras de Edward – eu desgrudei minhas mãos do diário – para levá-las ao rosto anguloso de meu marido – fazendo-o cair com a densa e forte rajada de vento que entrou pela porta aberta de vidro. Eu poderia muito bem ter impedido a queda se não estivesse tão ocupada e então, após um beijo carinhoso em Edward, eu me abaixei para pegá-lo fazendo algo escorrer de suas páginas.
Duas cartas... Uma endereçada á Edward e outra á Carlisle.
- O que é isso? – Edward perguntou quando viu os envelopes em minha mão. Eu os coloquei ao meu lado, sobre a cama e fui em direção á data marcada na página de onde haviam caído com o vento. Era maio de 1971. Layla estava nas Ilhas Fiji.
Os meus olhos foram até Edward – entristecidos – procurando algum conforto e então encontrando a mesma dor profunda no seu tom ouro. Não havia palavras ao que eu estava sentindo agora – era como se toda a força que eu havia sentido com o diário agora estivesse partida em milhões de pedacinhos – restando assim, o mesmo sofrimento e o mesmo vazio escuro de antes. Era uma chama impiedosa… Silenciosa.
Desde o começo… Layla escolheu pelo nosso futuro.
As minhas mãos foram desesperadas procurando pela sua última anotação no velho diário enquanto eu sentia que Edward me observava. Não demorou muito para que eu encontrasse… 12 de março de 2019 – um dia antes de ela se juntar á nós.
Havia apenas uma linha escrita… E que significava mais do que qualquer palavra no mundo.
Edward se esticou para pegar a caneta descansando sobre a mesinha ao lado da cama e então tomou o diário de minhas mãos procurando pela página seguinte.
Estava no mesmo tom envelhecido, mas não havia nada… Não até agora.
Ela estava agora ocupando devidamente o lugar nessa família que sempre foi e nunca deixou de ser seu. Layla pode ter vivido como uma DeChantelle durante todos esses anos, mas descansaria na eternidade como uma Cullen.
A nossa eterna safira de inesquecíveis olhos azuis oceano…
Layla estava em casa.
10 comentários:
Amei...
Mais também não consigo visualizar as imagens do diário...
Tente atualizar a página, pois aqui no meu computador elas estão aparecendo ;)
Já estou conseguindo visualizar...
Obrigada pela atenção...
Vlw...
De nada ;)
Beijinhos!
Não consigo visualisar as imagens do diário.......... a história fica incompleta........ Mas a fic é perfeita!!!!!!!! Parabéns para a autora!!!!!!!
Oi! Obrigada por avisar, já consertei isso, as imagens já estão aparecendo! ;)
Valeu!!!!!!!
Perfeita! Ameiii
Que lindoooo!! Mto emocionada!!
Ameeeii essa fiic. Queem a escreveu está de parabéens
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