Sol Ardente - Capítulo 50 - Parte 1

A estonteante pancada em minha cabeça que Felix lançou me impediu de descobrir para onde ele estava me levando. Chacoalhei minha cabeça furiosamente, tentando tirar as brilhantes estrelas que piscavam em minha visão, mas não tive sucesso. Eu não podia me concentrar bem o suficiente para prestar atenção em todos os curveados caminhos pelos quais ele estava me levando, mas eu ainda podia lutar. E lutei.

Eu ataquei selvagemente, sabendo que não havia forma de que eu pudesse ser mais forte que esse massivo vampiro mas com a esperança de que se eu o pegasse desprevenido apenas por um meio segundo….Frustada por sua falta de resposta aos meus ataques, eu fechei meus olhos e tentei algo novo. Era algo que eu tinha contemplado tentar desde minha ultima visita a Zafrina mas não tive a chance de fazê-lo ainda.

Imaginando a mais horrenda imagem que podia pensar, eu a deixei passar pelo contato pele com pele que seu maléfico aperto tinha com meu antebraço. Ele se congelou momentaneamente, balançando sua cabeça para livrar-se da imagem que penetrou sua visão. Aproveitando o momento de surpresa, eu puxei meu braço mas subestimei sua força. Eu estava tão concentrada em manter a imagem sólida na cabeça dele que não percebi seu outro braço vindo em minha direção até que já fosse tarde demais. A segunda pancada em minha cabeça com sucesso me deixou inconsciente por meio segundo, escuridão embaçou minha mente antes que lutei para fora dela. Vacilei e a imagem sumiu de minha cabeça, libertando Felix do meu truque. Porcaria.

Olhei confusa acima para a massiva figura de Felix desde minha posição no chão – quando eu vim parar aqui? – o ameaçador olhar em seus vermelhos olhos e o perigoso rosnado em sua garganta. De repente me senti sendo levantada e jogada por cima de seu ombro enquanto ele começou a correr para onde diabos seja o destino que ele estivesse me levando. A turbulência de sua corrida não se misturou muito bem com a dor pulsante em minha cabeça, então fechei meus olhos em uma tentativa de suprimir o enjôo que agora sentia.

Tão repentinamente quanto ele começou a correr, ele parou. Percebi o pairar do ar e cuidadosamente abri meus olhos, visão ainda turva pelas pancadas em minha cabeça. Senti a forma abaixo de mim desaparecer enquanto eu era jogada no chão sem cerimônia. Fiquei naquela posição, desejando que as estrelas sumissem mais uma vez. Permaneci tensa, meus sentidos agudos e preparados.

“Aqui está,” a voz forte de Felix parecia soar em algum lugar acima de mim. “Não tente nada estúpido, mestiça.” Parecia quase um aviso. Ouvi passos retrocederem e decidi pelo peso que era Felix indo embora. Então um raspar de pedra com pedra e um golpe seco. Mas eu podia sentir outra forma nesse quarto comigo.

“Ness?” uma familiar voz passou por meus ouvidos, mais perto do que eu esperava. Pulei repentinamente, me jogando para longe dessa ameaça e caindo em posição agachada. A dor em minha cabeça estava desaparecendo o suficiente para me deixar perceber o que estava ao meu redor. Eu estava em um pequeno e cercado espaço sem forma de escape. Claro.

Meus olhos então se focaram em meu novo amigo transformado em inimigo. Nahuel. Um rosnado borbulhou em minha garganta com a visão que não era bem-vinda, sem engulir sua posição passiva ou seus braços esticados com as palmas viradas mostrando que ele não significava perigo.

Ele deu um passo à frente, e eu sibilei. “Fique longe,” eu cuspi.

Seus olhos me suplicaram. “Por favor, temos que ir embora,” ele soltou suavemente. Perdi o tom de urgência em suas palavras enquanto a fúria me tomava, manchando minha visão com aquele familiar vermelho.

“Bastardo,” eu rosnei, mantendo ritmo com os passos dele para frente dando meus passos para trás, para manter o espaço entre nós.

De repente, ele me pegou de surpresa indo rapidamente em minha direção e envolvendo seus braços ao meu redor, com sucesso prendendo meus braços em meu corpo. Porcaria, eu odeio ser arrastada de lá pra cá como uma boneca de pano. Antes que eu pudesse lutar em resposta, houve um som ensurdecedor e aquela familiar sensação de ir pelo ar em uma velocidade não-humana – ou não-vampírica? – me tomou. Para onde ele estava me levando agora?

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