A Visita dos Franceses - Capítulo 44: Mutuamente

[Bella]

Eu não fazia ideia do que Dominique mostrara ao Aro, mas podia ter durado horas a fio. Era bem enervante ter que encará-los – encarar os Volturi – estando eles ali, com máscaras de nobreza falsas e (algo que me deixava com pingos de tranqüilidade) em menor número.
Nada mais que a verdade: os Volturi eram seis, e nós éramos treze, tirando as crianças da equação. Isso não mudava a situação. O que eles tinham em mãos poderia levar rapidamente nossas esperanças para o fundo do poço.
E o caroço na minha garganta doía pelo triste fim dos humanos parisienses que ali estavam. Eu precisava de algo maior que me trouxesse esperança.
Sem tirar os olhos de Aro, ou desviar a atenção do resto da guarda em minha visão periférica perfeita, beijei a mãozinha pálida de Renesmee, que estava fechada em punho.
Pensei em Jacob, em sua expressão de intenso sofrimento quando deixei Forks. Pensei em Charlie, que a esta hora já estava enchendo os ouvidos de uma já desestabilizada Alice com perguntas que ela não podia responder. Pensei em Esme, uma mãe longe de seu filho, seu marido, sua neta. E de mim.
Edward repetiu o gesto que eu havia feito com Nessie em minha mão, deitando o rosto macio em minha palma. Sua mandíbula trincada ia relaxando aos poucos.
Nessie juntou-se a mim ao tocar o rosto do pai, mas ela queria dizê-lo algo por mente. Edward curvou um pouco o canto da boca para ela, respondendo à pergunta que somente ele ouvira.
Foi quando Aro finalmente soltou a mão de Dominique. Ela parecia – tanto quanto eu – sentir falta das lágrimas humanas que estariam lavando seu rosto agora, se ela não fosse imortal.
Aro parecia falsamente encantado... e decepcionado.
Ele obviamente esperava que Arthur tivesse algum poder destruidor em massa, ou algo semelhante. Ele também parecia mais ciente do fato de que estava em menor número do que antes. Talvez porque Tanya e Kate sibilavam para a guarda, dor e perda estampada em seus rostos.
Ele enfim falou, sua voz macia preenchendo o silêncio absoluto.
– Creio eu que a regra geral não se aplica a semi-vampiros do norte – ele riu, passando a errada impressão de estar deliciado com sua derrota. – Mas saibam da situação. Fizemos um levantamento da quantidade de meio-vampiros no mundo, e o resultado não alcançou a casa dos
vinte. São raros os sobreviventes, como são raros os vampiros que suportam o contato físico com humanos.
Ele olhou de esguelha para Edward, ainda admirado com seus feitos.
– E assim também constatamos que há híbridos com o DNA pendente para atitudes e características humanas, assim como há aqueles que são quase completamente vampirescos. Pelo visto, mais da maioria é tão perigosa quanto nós. Com exceções, claro. Exceções que devem ser... avaliadas.
Eu e Edward rosnamos acompanhados de Tanya, Kate e os gêmeos Éclat. Phoebe tremeu de leve, ato que balançou suavemente as cortinas beges que ladeavam seu rosto assustado. Aro queria saber se ela era talentosa, ou ao menos perigosa.
Eleazar deixou escapar outro uivo de dor quando um breve lance de compreensão cruzou seu rosto. Foi tempo suficiente para notar que estava longe de Carmem, e tentar encurtar a distância entre eles. Jane agiu duplamente: para incapacitá-lo e para fazê-lo dizer sua avaliação sobre Phoebe.
– Nenhum! – ele berrou, agonizando. – A garota não tem talento específico. Ela não é como os sulamericanos.
Edward ergueu as duas sobrancelhas, espantado.
– Os meio-vampiros da América do Sul são talentosos?
Aro suspirou; ele claramente não queria que meu marido descobrisse aquilo. Mas era inevitável.
– Você deve entender, meu caro Edward, que nós somos uma guarda em expansão. Estamos de braços abertos para novos talentos ao nosso lado.
Ouvi no mesmo instante um som que nunca ouvira antes. Renesmee tinha a face lívida, e um rosnado tímido vinha de seu peito. Eu nunca a ouvira rosnar. Nunca a vira sair de sua imperturbável alegria.
O motivo era enjoativo: Os Volturi queriam aniquilar os híbridos que não fossem “especiais”.
Arthur tinha um talento inútil para ser utilizado em vampiros, e era mais humano que minha própria filha.
Phoebe não tinha dons.
Eles tentariam mata-los, se não estivessem em menor número.
Nesse momento, um leve alívio percorreu todos os meus nervos.
Os Volturi não ganhariam desta vez. Eles não matariam mais ninguém de nossa família. Não se nós, do clã Olympic, do clã Denali, do clã parisiense e do clã de Tousseau, pudermos evitar.
Juntos, erguemos a cabeça em direção à guarda e à Aro, prontos para proteger-nos mutuamente.

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