Vivo ou Morto?
Sim eu estava vivo. Era um morto vivo. Depois de toda a queda livre, depois de todas as tentativas, me dei conta de que nada poderia ser feito para acabar com minha vida.
Isso me revoltou e me deixou sem escolha, me deixou sem tem pra onde ir, sem amigos, sem família, sem casa, sem roupa... sem nada.
Comecei a correr, correr e correr sem olhar para trás. Tive vontade de chorar e fui tomado por outra novidade: O corpo, meu novo corpo de pedra não produzia mais lágrimas e estava condenado a ser um monstro por toda a eternidade, sem poder dar um fim a essa condição.
No momento de desespero no qual me encontrava, as pequeninas casas, árvores, matas iam passando por mim como um desenho borrado causando pela velocidade na qual eu corria, onde meu único pensamento era que tudo aquilo não passava de um pesadelo horrível e que logo eu acordaria para minha vida de antes. Mas não, tudo estava acontecendo, pudera sentir tudo vivo ao meu lado, e a minha frente um futuro incerto, onde eu não poderia adivinhar o que viria em um futuro próximo.
Fiquei horas e horas correndo e não me sentia nem um pouco cansado. De repente avistei o mar e com esses olhos vi sua perfeição, a cor azul nítida. Percebi que estava no Canal da Mancha, onde o Oceano Atlântico separa a Inglaterra da França.
Decidi que atravessaria a nado o Oceano para ver o quanto esse corpo era resistente. Entrei no mar e nem frio senti naquele momento. Comecei a nadar e nadar e no meio do caminho encontrei golfinhos, aquilo era fascinante, o modo como eles nadavam em sincronia um com os outros me deu um desespero, lembrando-me que eles eram uma família e que estaria sozinho para sempre. Tomei um último fôlego de minha existência e afundei-me na imagem de minha mãe novamente e me lancei ao fundo do mar para sempre.
Mas nada aconteceu, nem um ferimento, nem falta de ar, absolutamente nada. Estava perdido para sempre. Sentia vontade de chorar e não conseguia, não tinha vontade de respirar, mas meu corpo não tinha essa necessidade e queria desistir, pois deveria estar cansado, porém, mais uma vez estava intacto.
Mas contra minha vontade, meu corpo voltou a nadar como se soubesse para onde estava indo, sempre nadando em linha reta, e me atirando contra minha vontade a um destino sem solução para mim, mas de repente avistei com esses olhos de visão aprofundada, a costa do outro lado do Canal da Mancha, no que na minha dedução seria a belíssima França.
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