Consegui atravessar o Oceano Atlântico, sem ao menos sequer sentir o mínimo de cansaço. Era incrível a força que esse corpo possui na transformação, ou como somos chamados de vampiros recém-criados. E a mente possui tanto espaço, que consegui pensar em várias coisas ao mesmo tempo.
Comecei a sentir raiva novamente. Desespero. Ódio. Esses eram os sentimentos que me tomaram naquele instante em que pisei na areia.
Novamente comecei a correr e tentar chegar a algum lugar que eu não fazia a menor idéia de qual seria. Nessa corrida, comecei a sentir novamente o cheiro de humanos, onde este, estava a me queimar a garganta e eu não tinha forças para superar esta dor. Estava sem me alimentar, não conseguia suportar a ardência em minha garganta, queimação estava pior a cada minuto que meu instinto tentava me arrastar para meu lado selvagem, e eu não queria manifestar esse sentido.
Em minha corrida, cheguei à cidade de Calais, França.
Havia um sentimento terrível crescendo dentro de mim, e neste instante comecei a quebrar as árvores que estavam à minha volta. Um barulho começou a surgir dentro de meu peito, e dei-me conta de que estava rosnando como um animal. Não haveria solução para mim, e percebi que estava mesmo destinado a ser o predador mais destemido deste mundo.
De repente, o acesso de raiva passou. Senti um cheiro que fez voltar à queimação em minha garganta. Mas não era o cheiro de humanos que eu havia sentido quando coloquei meus pés na França. Era sim, um cheiro de dar água na boca. Percebi que comecei a caçar e ir atrás daquele cheiro que vinha através da mata.
Pude sentir o cheiro doce, pulsando através de veias, e corações batendo, próximo do local onde estava. Avistei um rebanho de cervos.
Ataquei sem pensar, o que seria o macho maior daquele rebanho. Na caçada, o pobre animal tentou correr o máximo que pode e não pode fugir de minha agilidade. Saciei a queimação em minha garganta com aquele cervo, mas o desejo por sangue não foi suficiente para saciar a sede. Ataquei outro cervo. E a cada suspiro, o sangue fluía quente e delicioso por minha garganta. Ataquei outros dez cervos e me senti plenamente saciado com a refeição.
Senti-me aliviado por não ter atacado humanos. Foi quando, apareceu uma resposta para meu martírio, à resposta para todos os meus problemas que não teriam solução. Poderia sobreviver alimentando-me de animais. Não precisaria atacar humanos para me alimentar. Sim, eu tinha uma alternativa. E com esse pensamento e um sorriso nos lábios, segui em direção à Paris para começar a dar um sentido para minha existência. Afinal, eu tinha uma nova chance.
Estava noite, deveriam ser sete horas da noite e naquele instante eu acabara de chegar na cidade de Paris.
1 comentários:
Ah que ótimo...Cada vez gostando mais !
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