A Visita dos Franceses - Capítulo 46: Conversando No Bendito Penhasco

[Jacob]

Eu não podia respirar em paz agora. Não por enquanto. Esse tempo inteiro foi como se Nessie tivesse levado meus pulmões para a França.
Mas o alívio me inundou quando o telefone de Billy tocou e ouvi a voz fina da paranormal dizer as palavras que eu esperei por longas 48 horas.
“Está tudo terminado, Jacob. Os Volturi estavam em menor número, e resolveram não arriscar. Nessie está bem. Nós vamos para a França.”
Suspirei.
Era
humilhante.
Não a questão da minha necessidade de Nessie, mas a minha situação atual.
Os Cullen passariam o resto da semana na pequena e gelada cidadezinha dos outros sanguessugas, comemorando o aniversário de um ano de Ness.
Isso poderia ser injusto, e eu estava prestes a gritar com a baixinha Alice, mas ela acrescentou rapidamente –
“Bella implorou que você viesse junto. Nós já compramos sua passagem, cacho… Jacob.”
Aceitei sem hesitar. Só me toquei quando desliguei e me joguei no pequeno sofá que estremeceu pelo meu peso. Onde estava meu orgulho?
Pior: Onde estava meu juízo?
Humilhante.
Uma semana inteira com franceses fedidos,
vampiros fedidos, e todos aqueles “Merci”, “Bon Jour”, e ainda... Argh. Festinha de Alice.
Eu estava deitado olhando pro teto, sem vontade de arrumar malas. Billy fora visitar Charlie e Sue, e eu estava me preparando psicologicamente para lhe anunciar que cruzaria o Atlântico para encontrar um grupo imenso de sugadores de sangue.
Resolvi andar pela floresta, como humano. Não estava com vontade de dividir minhas novidades com meu bando.
Mesmo como humano, eu pude ouvir as criaturas sonolentas sob o céu escuro, a lua minguante que iluminava precariamente o povoado.
Queria dar um mergulho.
Abafei uma risada ao tomar o caminho do penhasco de onde queria pular. Era o penhasco da Bella-sedenta-por-adrenalina. Isso parecia ter ocorrido há séculos, e não meses.
Ouvi um farfalhar nas folhas no cume do penhasco. Havia alguém ali?
– Oi? – chamei. Nada.
Dei longas passadas nas rochas, afastando os galhos cheios de musgo dos meus olhos.
Era um lobo de pelo castanho-claro, com algumas faixas de tom mais claro, como o pelo de Seth. Parecia maior que Leah, mas exalava o mesmo teor doentio. Mesmo de costas e em silêncio, o animal parecia sofrer.
E não se virou para me olhar, apesar de saber da minha presença.
Eu sabia que Meggie era do bando de Sam, e por isso eu não ouvira sua mente quando ela veio à aldeia quileute.
Esquadrinhei os ombros e tomei coragem. Estava na hora de resolver isso.
– Meggie? – perguntei, cauteloso. Ela era recém-transformada, ainda tinha o humor muito instável.
Aos poucos sua cabeça virou para me encarar. Seus olhos combinavam com o pelo. Eram claros e doentios.
Ela correu para as árvores, mas eu sabia que não estava me deixando. O
imprinting não permitia esses atos.
Momentos depois ela voltou, agora humana e vestida.
Mas os olhos permaneciam tristes.
– Eu… – pausei, limpando a garganta. – Eu quero conversar com você. Quero que compreenda que eu sei o que está passando.
Um lágrima rolou pelo seu rosto.
– Você não sabe – ela sussurrou.
Indiquei uma rocha para ela sentar-se. Ela balançou a cabeça e continuou de pé.
Sentei-me e soltei o ar lentamente, junto com as palavras dolorosas.
– Acredite, eu sei perfeitamente. Não estou mais neste estado, mas há poucos meses eu… eu me lembro que achava a vida inútil. Você conhece os Cullen?
Ela fechou os olhos e assentiu.
– Bem, sabe então que Bella deixou de ser humana há pouco tempo… – e assim contei toda minha sina para ela. Durante todo o falatório, ela não abriu a boca nenhuma vez. Quando terminei, ela finalmente falou.
– Eu não sabia. Me desculpe – sua voz quebrou na última palavra.
Percebi que as desculpas não eram só pela sua falta de ciência. Era por tudo, por ter tido o
imprinting, por estar na cidade…
– Não! – eu exclamei – A culpa não é sua, Megan. Você não escolheu isso.
Ela deu um sorriso educado.
– Não se preocupe. Eu já estou voltando para minha cidade n Canadá, não passarei mais tempo aqui…
– Megan, não…
– Me escute – ela me interrompeu – Eu não pretendia passar muito tempo aqui. Será difícil, mas ninguém tentou ainda. Não deve ser impossível. Talvez eu aprenda a não sentir o mesmo por você. Talvez se torne apenas uma forte afeição, como a que sinto por meu irmão Collin. Eu só não quero fazê-lo sofrer por esta situação, muito menos fazer Renesmee desconfortável. A criança precisa de você, muito mais do que eu preciso.
Eu senti meu queixo cair. Uau. Ela tinha uma personalidade e tanto. Me lembrava Sue.
– Isso é horrível de dizer, mas acho que tem razão. Eu sinto muito que tenha que sofrer assim, mas eu também não vejo outro meio de… resolver isso.
Ela acenou com a cabeça.
– Sabe que, quando Bella era humana, ela pulou desse penhasco para se divertir? – contei, para quebrar a tensão. Funcionou, ela riu e fez cara de espanto.
– Ouvi dizer que ela era um pouco desastrada quando humana…
Um pouco desastrada? Bella tinha dois pés esquerdos.
Queria que Bells estivesse aqui para ouvir isso. Ela provavelmente me daria outro murro no rosto, mas dessa vez ela conseguiria quebrar minha cara e não sua mão.
Eu senti as horas passando enquanto eu conversava e ria com Megan.
Sentia uma nova amizade se formando, intensa.

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