Sun Light - Capítulo 20: Sangue

Ouvimos passos se aproximando e era Jane quem voltava até o local onde estávamos, agora sem a companhia de Morris, ela deslizou seus dedos infantis pelas barras de nossa cela e agachou-se sutilmente para falar conosco que estávamos sentando ao fundo do pequeno quadrado que nos prendia.

- É uma pena, mas vim avisar-lhes que terei que deixá-los sozinhos enquanto vou até aquele lugarzinho chamado La Push buscar a filha adorada de vocês. – O som da voz de Jane era doce e meigo, eu definitivamente odiava o som daquela voz.

Meu corpo enrijeceu ao som das palavras de Jane e o que veio depois foi um ataque de cólera e ódio.

Eu me aproximei da grade, o único obstáculo que separava de Jane e a protegia de mim e de Edward, tentei agarrá-la com minhas mãos, mas Jane conseguiu se afastar a tempo antes que eu pudesse arrancar seus dedos pelo fato de ela ter pronunciado o nome da minha filha. Edward me segurou puxando os meus braços contra o seu corpo para que eu pudesse me afastar das grades, eu estava descontrolada e não era pra menos, Jane estava me fazendo chegar a todos os meus limites.

- Você não irá tocar nela – Eu disse a Jane aos gritos. – Você não irá tocar em fio de cabelo dela Jane, esta me ouvindo? Ela é boa de mais para você. – Eu continuava a gritar enquanto Edward me envolvia em um abraço.

- Como ousa tocar em mim sua vampira imunda? – Jane se colocava novamente em pé, enquanto cuspia as palavras sobre mim, com repulsa por eu ter tentado tocá-la.

- Eu tenho sido muito boazinha com vocês e é assim que vocês retribuem?

- Você deveria rever seu conceito de bondade Jane, ele esta um tanto quanto fora da realidade. – Edward respondeu a ela cinicamente.

Eu ainda não tinha compreendido a calma de Edward, como ele ainda se mantinha relaxado vendo que Jane estava seguindo para La Push atrás de nossa filha, da pessoa ao qual juntos amávamos como a mais ninguém.

Ele ainda mantinha-se calmo e eu sabia que Edward estava lendo os pensamentos de Jane e era impossível que houvesse algo de bom em sua mente que o pudesse manter calmo daquela maneira.

- Edward se você acha que o meu conceito de bondade esta fora da realidade, então gostará de saber qual será o meu conceito de maldade assim que Renesme estiver aqui conosco.

Edward soltou-me e desta vez foi ele quem se chocou contra as grades de nossa cela, sua calma esvaiu-se em segundos assim que ele viu o que Jane havia pensando, era nesses momentos que eu preferia minha mente muda a nitidez de leitura que Edward tinha ao ler os pensamentos dos outros, eu jamais suportaria ver qualquer mau pensamento que alguém pudesse ter em relação as pessoas a quem eu amava e principalmente a minha filha, a pessoa mais importante da minha existência.

- Juro pela minha filha que eu mesmo a matarei Jane, eu irei cortá-la em pedaços. – Edward falava de uma forma que poucas vezes eu o vira daquela maneira, seja lá o que Jane havia pensando aquilo mexeu com os nervos de Edward.

- Acalme-se Edward, você não vai querer que a sua filha o veja nesse estado, logo ela estará aqui com vocês. – Jane falava enquanto saia nos deixando em um estado desconcertado, mas antes de alcançar a porta Nahuel a chamou.

- Eu devo ir com você Jane? – Nahuel parecia ter medo da resposta de Jane, como alguém como medo da resposta errada.

- Claro. – Jane respondeu sorridente fazendo uma pausa. – Que não. – Ela continuou. – Você ficara aqui para que aquela vampira Alice, não possa ver a localização desses dois. – Ela disse virando-se e apontando para nós.

- Mas Jane... – Nahuel tentou objetivar, mas Jane o interrompeu antes que ele pudesse falar alguma coisa.

- Basta Nahuel! Você esta aqui para obedecer a ordens. – A voz de Jane agora era dura e fria, nada parecida com a voz de anjo que ela costumava fazer quando queria conquistar suas presas. – Morris irá comigo e com sorte conseguiremos pegar a menina mesmo tendo aquela vampira para nos ver chegando, mas isso não será um problema.

- Como quiser Jane. – Nahuel manteve os olhos fixos ao chão ao responde-la.

- Alice vera Jane, você não vai conseguir. – Eu gritei a ela antes que Jane pudesse sair, mas ela ignorou meus gritos e continuou em seu caminho rumo a caçada contra Renesme.

Eu estava desesperada, eu podia sentir minha garganta arder, agora não mais pela cede, mas pelo ódio e toda a repudia que eu sentia em relação à Jane, eu nunca quis matar alguém em minha vida, mas pela primeira vez em minha existência eu sentia que meu instinto assassino tomava conta das minhas emoções, se eu pudesse mataria Jane, eu acabaria com a sua doce face de anjo, destruiria o som doce de sua voz de meus ouvidos, mas esses eram instintos que nós, os Cullens repreendíamos de nós e eu me controlei para não pensar mais naquilo, mesmo tratando-se de Jane.

Meus olhos deveriam estar negros pela maneira como Edward me olhava, sua expressão era de assombro, provavelmente devido aos meus pensamentos, não era preciso ler a mente de Edward para saber que ele estava surpreso com minhas reações, de certa forma eu também estava.

- Acalme-se Bella. – Edward segurava meu rosto em suas mão, direcionando minha cabeça para que meus olhos pudessem se encontrar com os dele. – Nós sairemos daqui em algumas horas.

- Como? – Eu o fitei desconfiada, eu já não conseguia assimilar mais nada em minha mente e Edward só poderia estar enlouquecendo, estávamos aprisionados naquele lugar há meses, como ele poderia acreditar que em horas estaríamos fora dali.

- Você esta ficando louco Edward. – Minha expressão de duvida era evidente, talvez houvesse mesmo uma forma de enlouquecer vampiros e Jane havia descoberto como.

- Bella, confie em mim. – Ele me disse ainda com as mãos em meu rosto. – Olha Bella, temos uma chance, mas é uma chance não é?

- Do que você esta falando afinal? – Ele realmente deveria estar enlouquecendo. – Edward eu não estou entendendo nada.

- Bella, você confia em mim? – Que tipo de pergunta era essa agora?

- Edward você sabe que eu confio, afinal o que você esta planejando? – Eu tentava identificar na expressão de Edward o que ele estava tramando, mas eu não conseguia compreender.

- Bella, Alice virá nos buscar, mas a gente tem que ajudá-la a identificar onde estamos e para isso precisaremos machucar Nahuel, entende.

- O que você esta me dizendo Edward? Você definitivamente está ficando louco. – Eu o olhava incrédula, eu não acreditava que seja La o que fosse que Edward estivesse planejando para a nossa saída daquele lugar ele havia aceitado que em troca teríamos que machucar alguém.

- Bella.. – Nahuel que estava parado ao lado da parede sem sequer falar alguma coisa, decidiu pronunciar-se naquele momento. – Edward não irá fazer nenhum mal a mim.

Agora eu tinha certeza de que aquele lugar enlouquecia as pessoas eu com certeza deveria ser a próxima, Nahuel e Edward só poderiam estar mesmo enlouquecendo.

- Bella, ninguém está enlouquecendo. – Edward respondeu aos meus pensamentos. Puxei meu escudo de volta a mim já que Jane não estava presente entre nós, mesmo estando naquela situação eu ainda não suportava a invasão que Edward provocava a minha mente.

- Por que fez isso? – Ele me perguntou com a expressão triste.

- Você sabe muito bem por que Edward, eu não gosto quando você fica concentrado em meus pensamentos. – Eu não estava mentindo.

- Bella, nós estamos aqui há meses e seus pensamentos são a melhor coisa que possa ter neste lugar, por favor não me prive deles.

De certa forma eu entedia exatamente o que Edward queria dizer, se eu tivesse que passar por aquilo tudo sozinha sinceramente eu não suportaria, estiquei novamente meu escudo até ele permitindo que ele pudesse ler meus pensamentos novamente.

- Ok, Edward a minha mente está novamente a sua disposição, então agora me explique que história é essa que vocês estão tramando?

- Bella, acho melhor que Nahuel explique, afinal a idéia foi dele.

Eu assenti que sim e Nahuel se aproximou de nossa cela, ele ainda estava muito envergonhado por ter ajudado Jane por tanto tempo, seus olhos fixados em um ponto perdido em meio a escuridão evitando o encontro com os nossos.

- Bella. – Ele começou pausadamente. – Eu queria me desculpar, eu não pensei em nada, Jane simplesmente colocou minhas irmãs em uma situação a qual eu não tinha o que fazer, eu fiquei simplesmente desesperado. – As palavras agora saiam atropelando umas as outras. – Eu não sabia o que fazer, bom eu quero pedir desculpas a vocês.

- Você esta desculpado Nahuel – Eu fui sincera, eu não conseguia mesmo sentir nenhum tipo de rancor por ele. – Então me fale de uma vez por todas o que vocês tem em mente.

- Bella, Alice não pode vê-los por minha causa, eu posso apenas me afastar mas Alice nunca ira identificar esse lugar. – Neste Nahuel tinha razão, deveriam existir milhares de lugares no mundo como aquele, não era o tipo de lugar que pessoas normais freqüentava, mas não havia nada nele que pudesse identificar a localização. – Então, talvez como eu ouvi uma vez vocês dizendo que Alice só via Nessie quando ela chorava por ser seu momento mais humano, talvez possamos usar meu sangue em um monto humano também.

- Eu não estou entendendo Nahuel, isso significa exatamente o que? – Eu perguntei a ele agora tentando me concentrar no que ele me dizia, era verdade que Alice só poderia ver Nessie quando ela chorava, mas o que o sangue de Nahuel poderia fazer para nos ajudar? Eu olhei para Edward procurando uma resposta, mas ele apenas assentiu para que eu continuasse a ouvir Nahuel.

- Bella, escute. – Agora ele tentava me explicar calmamente. – Um ferimento é atitude humana e não de um vampiro certo?

- Sim. – Eu concordei, aquele história não estava me agradando.

- Bom. – Ele continuou com a minha afirmativa. – Se eu me ferir, meu sangue é humano, é isso que faz de mim parte humano, então poderíamos usar o meu sangue para escrever na parede exatamente onde vocês estão e Alice poderá ver vocês e com sorte ela prestará atenção ao cenário lendo na parede o que escrevermos.

Eu estava incrédula com o que os meus ouvidos tinham acabado de ouvir, não era de se negar que o plano de Nahuel fosse bom, mas as custas do que ele poderia dar certo. Nahuel assim como Nessie tinha uma parte humana a qual não conhecíamos e não sabíamos quanto sangue precisaríamos e o que aquilo poderia causar a ele.

- Bella, não se preocupe. – Edward me disse acariciando minha bochecha. Eu estava tão perdida em meus pensamentos que seu toque me fez voltar a realidade. – Nahuel já fez isso antes.

- Você o que? Você já usou seu sangue desta forma? – Eu perguntei me dirigindo a Nahuel.

- Sim, quer dizer não exatamente dessa maneira, na verdade alguns anos atrás eu sofri um acidente de carro com as minhas irmãs, elas ficaram desesperadas por que nada aconteceu a elas, mas eu estava ensaguentado na estrada onde nosso carro capoto.

Inicialmente elas acharam que eu não iria sobreviver, havia muito sangue na estrada e muitos curiosos no local, elas estava perdidas sem saber exatamente o que fazer, mas então como por um milagre eu simplesmente me levantei e sai andando, não havia mais feridas e o meu sangue ficou no chão daquela estrada, marcando o local do aciedente.

Os curiosos no local chamaram aquilo de milagre, eu e minhas irmãs tratamos de sair dali antes que o socorro chegasse, não queríamos ter que ficar dando explicações.

Na noite em que Morris encontrou vocês na estrada, eu realmente havia lutado com ele, neste ponto Morris não mentiu, ele me atacou repentinamente sem motivos, só depois é que descobri que Jane queria testar minhas forças, o quão forte eu era, o sangue que vocês viram em Morris naquela noite era meu, meu sangue diferente dos humanos demora mais para coagular.

- Então você esta me dizendo que você pode sangrar e não ira morrer? – Eu perguntei a ele com a expressão perplexa pela informação que eu acabara de receber.

- Exatamente Bella. – Foi Edward quem me respondeu. – Nahuel irá nos ajudar com seu próprio sangue e isso não causara mau algum a ele.

- Bella, eu comecei a pensar nisso hoje quando Jane disse que estava indo a tal La Push atrás de Renesme, talvez eu nunca tenha pensando nisso antes por que Jane ou Morris sempre estavam aqui, mas hoje eles não estarão e se formos rápido tudo isso pode dar certo.

Eu me encostei próximo as grades da cela e estiquei meus braços o máximo que pude para fora em direção a Nahuel que se aproximou, eu o abracei o mais forte que pude e isso era tudo que eu poderia fazer até ali para agradecê-lo, ele já havia nos livrado da morte uma vez e pela segunda vez em sua existência ele estaria fazendo aquilo de novo, agora usando seu próprio sangue.

- Nahuel, obrigada. – Eu sussurrei a ele. – Eu nem sei como agradecer a você. – Eu realmente não sabia como poderia um dia agradecer a Nahuel por aquilo.

- Bella, eu só preciso que você me perdoe. – Ele me disse retribuindo o meu abraço.

- Você não precisa me pedir perdão Nahuel, tudo que você fez foi para proteger sua família, nós talvez teríamos feito o mesmo. – Eu não tinha essa certeza, provavelmente nós nunca teríamos colocado outras pessoas em risco, ou talvez sim, mas quantas vezes a alcatéia se envolveu em nossos problemas, quantas vezes os Cullens me tiraram dos meus problemas antes que eu fosse uma deles, eu não tinha certeza de mais nada, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu não sentia nenhum tipo de ódio por Nahuel.

Eu me soltei de seus braços e Edward me puxou contra o seu corpo mais uma vez, ele sorriu para mim aquele sorriso torto que a muito tempo eu não via e isso estimulou meu corpo que o abraçou fortemente, Edward segurou mais uma vez meu rosto com suas mãos e ainda sorrindo ele me falou as palavras que eu queria ouvir a meses.

- É hora de irmos para a casa Bella. – Eu assenti que sim devolvendo um sorriso para ele.

Nahuel pegou um recepiente que nos serviu como um tipo de copo para escoar o seu sangue, eu vi quando ele com os seus próprios dentes mordeu seus pulsos, aquilo me deixou transtornada, mas era nossa única chance, enquanto o sangue escorria Nahuel não mantinha nenhuma expressão de dor ou de estar se sentindo mal com aquilo e mesmo Edward e eu estando com cede não conseguíamos sentir nenhum desejo por aquele sangue, quando finalmente Nahuel encheu o recipiente por inteiro ele o entregou a Edward que na parede de nossa cela escreveu:

MASMORRA DE VOLTERRA.